Autores
- PRISCILA EMERICH SOUZAUNIFESPEmail: pesouza@unifesp.br
- FABIANO NASCIMENTO PUPIMUNIFESPEmail: f.pupim@unifesp.br
- RENATO PAES DE ALMEIDAUSPEmail: rpalmeid@usp.br
- CAIO BREDAUSPEmail: bredacaio@usp.br
- CAROLINA BARBOSA LEITE DA CRUZUSPEmail: cahleite94@gmail.com
- ANDRÉ OLIVEIRA SAWAKUCHIUSPEmail: andreos@usp.br
Resumo
Reconstruir a evolução dos rios que drenam a Amazônia é crucial para entender a
evolução do bioma amazônico. Antes, acreditava-se que a atual configuração deste
sistema de drenagem resultava de lentos processos geológicos ocorridos na escala
de milhões de anos. Contudo, estudos recentes mostram que esse sistema
apresentou mudanças substanciais na escala de milhares a dezenas de milhares de
ano, formando paisagens dinâmicas na Amazônia central e oeste ao longo do
Pleistoceno. A maioria dos dados que alimentam esse modelo geomorfológico provem
de depósitos sedimentares dispostos ao longo dos rios Solimões, Madeira e
Branco, sendo escassos ainda dados de rios que drenam exclusivamente as terras
baixas da Amazônia central (e.g. Juruá e Purus). Assim, o objetivo deste estudo
é reconstruir a evolução geomorfológica do rio Juruá ao longo do Quaternário
tardio, investigando possíveis mecanismos condutores de processos de agradação e
incisão fluvial. O mapeamento geomorfológico, a caracterização dos terraços
fluviais e a coleta de amostras para datação e análise de proveniência foram
realizados no trecho do médio rio Juruá. Idades de deposição foram obtidas pelo
método de luminescência opticamente estimulada (LOE), que corresponde à última
vez que grãos de quartzo/feldspato foram expostos à luz. A análise de
proveniência também foi obtida a partir de dados LOE, uma recente aplicação do
método que se vale do fato de que as propriedades de luminescência do quartzo
refletem sua fonte e/ou história sedimentar. Resultados preliminares indicam a
existência de pelo menos três níveis de terraços com idades que variam desde 5
até ~100 ka. Quanto à proveniência, os dados indicam mistura de sedimentos
andinos e cratônicos, similar ao padrão encontrado para os rios Negro e Madeira.
Esses dados reforçam a ideia de que os sistemas fluviais da Amazônia passaram
por significativas transformações ao longo do Quaternário tardio, com sucessivos
eventos de agradação e incisão fluvial.
Palavras chaves
geocronologia; proveniência sedimentar; terraços fluviais