• 14° SINAGEO – Simpósio Nacional de Geomorfologia
  • Corumbá / MS
  • 24 a 30 de Agosto de 2023

USO DO GOOGLE EARTH PARA O ENSINO DE GEOMORFOLOGIA: do tradicional às novas tecnologias na cidade de Ouro Preto - MG

Autores

  • ARIANY GOMES PENAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: arianygomespena@yahoo.com
  • ALICE MORAIS DE FREITASIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: alicefreitas.morais@gmail.com
  • LUCAS HENRIQUE LACERDAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: luccaslacerda2606@gmail.com
  • MAYSA BARROS FERREIRA BEZERRAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: maysa.fbarros@gmail.com
  • CECÍLIA FÉLIX ANDRADE SILVAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: cecilia.andrade@ifmg.edu.br

Resumo

Este artigo discute o uso de novas tecnologias no ensino de Geomorfologia na sede de Ouro Preto — MG. Os autores descrevem o desenvolvimento do tutorial para traçar o perfil topográfico e ilustrando a morfologia e morfometria das vertentes existentes na configuração espacial utilizando o Google Earth. Os alunos puderam visualizar e compreender a relação da morfometria e morfologia das vertentes e a relação com os movimentos de massa no município. Destaca-se o potencial das novas tecnologias no ensino e aprendizagem na geomorfologia e sugerem que as mesmas possam ajudar a desenvolver métodos de ensino mais eficazes.

Palavras chaves

Ensino-aprendizagem; Movimentos de massa; morfologia ; morfometria; vertente

Introdução

As novas tecnologias proporcionam um cenário de dispersão de informações e conhecimentos para inúmeros lugares e um impressionante número de pessoas em pouco tempo. Nos últimos anos, durante a pandemia da Covid-19 permitiu evidenciar que precisa-se estar em constante desenvolvimento nos meios de ensino e no que tange a se adaptar às novas rotinas que podem mudar em um curto espaço de tempo e de forma inesperada. As áreas profissionais e educacionais, esteve de frente a um grande desafio, no momento em que o isolamento social era determinante para a segurança de docentes e discentes. Desta forma, o termo ensino-remoto se destacou de forma significante, ainda que pudesse existir diversos empecilhos. Portanto, a tecnologia também pôde auxiliar, permitindo desenvolver métodos mais atrativos para o ensino. Ainda nesse cenário, mas agora de forma presencial, seria possível uma nova abordagem com uso das inovações tecnológicas do século XXI, oferecendo aos alunos e os professores novos métodos de ensino e com diferentes linguagens, que, se tratando do campo geográfico, se tornam imprescindíveis. Essa inovação no uso das linguagens é uma forma em que se pode chegar em um enriquecimento das aulas de Geografia, facilitando o melhor entendimento do sujeito na vivência e o meio no qual ele vive (PONTUSCHKA et. al., 2007). A juventude está cada vez mais imersa nos aparelhos tecnológicos e a educação precisa acompanhar essa evolução. O computador é uma ferramenta perfeita para a aplicabilidade de atividades no ensino em geral. Há diversas ferramentas disponíveis com ajuda da internet que são capazes de introduzir o aluno muito mais do que apenas no ensino padrão. O uso de signos é de extrema importância no contexto em que se estuda, é comprovado cientificamente que recorrer à mediação por vários tipos de signo para melhorar as possibilidades de armazenamento de informações, é definitivo (VYGOTSKY et al., 1989). Nesse contexto o software Google Earth, que além de ser gratuito possui linguagem simples e de fácil acesso para os alunos. Contudo, é possível trabalhar com vários aspectos da geomorfologia, em diferentes escalas espaciais e temporais. Porém, neste trabalho será utilizado a microescala, trazendo de forma sucinta a morfologia e morfometria das vertentes que configuram a paisagem de Ouro Preto – MG, na relação com os movimentos de massa. Assim, o objetivo deste trabalho foi proporcionar aos alunos compreensão das vertentes existentes na sede do município de Ouro Preto – MG através do programa Google Earth.

Material e métodos

A geomorfologia da cidade de Ouro Preto, 90 km da capital Belo Horizonte, se explica pela mesma ser encontrada em um vale, tendo como limite norte a Serra de Ouro Preto e ao sul a Serra do Itacolomi. Já que a Serra de Ouro Preto está situada no flanco sul do Anticlinal de Mariana que litologicamente está envolvida no Quadrilátero Ferrífero, essa estrutura regional orienta-se na direção leste-oeste, possuindo camadas com mergulhos gerais para o sul, na ordem de 30º (SOBREIRA e FONSECA, 2001). A morfologia local caracteriza-se por altas montanhas de desenvolvimento linear, áreas aplainadas com altitudes diversas e vales alongados, muitas vezes bem encaixados. Cerca de 40% da área urbana exibe feições com declividades entre 20 a 45% e apenas 30% com declividades entre 5 e 20%. Zonas escarpadas são comuns em toda a área urbana (GOMES et. al., 1998). O relevo é acidentado com vertentes bem íngremes e vales profundos e encaixados. As altitudes estão em torno de 1.060m nas partes mais baixas e 1.400m no topo da Serra de Ouro Preto. A malha urbana estende-se ocupando tanto o vale principal, como as vertentes e contrafortes das serras que o delimitam.(GOMES et. al.,1998) A geologia do local apresenta rochas pertencentes a três grandes unidades metasedimentares: Supergrupo Rio das Velhas (Grupo Nova Lima), Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi (que é o predominante na área urbana da cidade) (MICHELLE, 2006). Para a abordagem da temática, foi fornecido para os alunos do primeiro ano ensino médio técnico integrado de Automação, o tutorial de como traçar um perfil topográfico. Cada aluno escolheria dois bairros e selecionava uma vertente, em cada bairro, para traçar os dois perfis topográficos. Segundo CASTRO (2006), os bairros que possuem alto risco são: Piedade, Alto da Cruz, São Francisco, São Cristóvão e Santa Cruz. Após traçarem demonstrariam como era composto a morfologia da vertente, explicando suas porções curvilíneas (côncavos – acumuladores de água e convexos - dispersores de água) e porções retilíneas: segmentos onde não há variabilidade no ângulo de inclinação. Para a morfometria foram obtidos os perfis topográficos, que contribuíram para que os mesmos tivessem uma melhor percepção do terreno em diferentes pontos de vista (visão de topo e oblíqua), dados de superfície e de onde se localiza o leito (CARVALHO et al., 2014). A execução da atividade foi realizada no Laboratório de Geoprocessamento do Curso de Licenciatura em Geografia do IFMG – campus Ouro Preto.

Resultado e discussão

Diante da atividade executada os alunos puderam visualizar e compreender a relação da morfometria e morfologia das vertentes que proporcionam os movimentos de massa no município. Como também a expansão urbana sem planejamento urbano torna-se um elemento alarmante na configuração da paisagem de Ouro Preto. Como alguns discentes são de outros municípios, a exemplo do município de Mariana, a 20 km de Ouro Preto, apresentam as mesmas condições geológicas e geomorfológicas que solicitaram a execução da atividade em seus bairros. A exemplo da discente, nas figuras 1 e 2, onde a mesma se baseou na sua vivência individual enquanto moradora do distrito de Monsenhor Horta pertencente ao município de Mariana, o qual já sofreu movimentos de massa anteriormente, onde o mesmo deixou alunos do distrito sem professores, por falta de passagem (ESPETO,2020). Sendo possível considerar a importância do método apresentado, tendo em vista que, a aluna vinculou sua experiência somada a geomorfologia do local à compreensão da ação dos movimentos de massa. Figura 01: Execução da atividade da aluna moradora do distrito de Monsenhor Horta, município de Mariana - MG Figura 02: Perfil de elevação obtido Ao analisar o perfil de elevação que a estudante traçou, pode-se observar que a vertente apresenta um segmento muito acentuado, devido ao relevo daquele local. Neste estudo de caso específico a altura da vertente apresenta 733 m, e o comprimento 132 m. A mesma compreendeu que a morfologia e morfometria da vertente analisada pode vir a ocorrer esses movimentos de massa. Estudar as dinâmicas das vertentes e os perigos que circundam sua existência é de estudo da Geografia Física, especialmente da Geomorfologia. Uma das áreas que têm importância para a percepção de riscos é a morfologia que auxilia na melhor compreensão das formas geométricas do relevo, como a extensão, largura, altura, comprimento, desnivelamento e declividade (AFONSO et al., 2014)

Figura 1

Figura 01: Execução da atividade da aluna moradora do distrito de Monsenhor Horta, município de Mariana - MG

Figura 2

Perfil de elevação obtido

Considerações Finais

Mediante ao trabalho exposto, pode-se confirmar a importância do uso de geotecnologias para o ensino-aprendizagem, como também de trazer exemplos que interagem com a vivência dos estudantes, pois quando o assunto passa a se encaixar no cotidiano os mesmo conseguem ter mais atenção e interação com o tema. Percebe- se um maior interesse dos alunos, tirando dúvidas e realizando a atividade proposta, além de manusear o programa e observando as diversas funcionalidades que o Google Earth oferece. Evidencia-se assim que a utilização de meios tecnológicos para o ensino, em especial o ensino em geomorfologia contribui para o melhor entendimento, desenvolvimento e interação dos alunos com o professor dentro da sala de aula.

Agradecimentos



Referências

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