Autores
- ANGELICA APARECIDA DOS SANTOSFACULDADE DE GEOCIÊNCIAS (FAGEO) - UFMTEmail: angelica_geologiaufmt@outlook.com
- LAURENICE LOPES SOUZAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - UFMTEmail: lopes.laurenice@gmail.com
- GABRIEL MANCILLAASSOC. PROD.FEIJÃO, PULS. E IRRIG. DE MT (APROFIR)Email: aprofir@aprofir.org.br
- GILZEMAR CANDIDO PINTOFACULDADE DE GEOCIÊNCIAS (FAGEO) - UFMTEmail: gilzemarcandido@hotmail.com
- AUBERTO SIQUEIRADEP. DE ENG.SANITÁRIA E AMBIENTAL (DESA) - UFMTEmail: ajbsiqueira@gmail.com
Resumo
Neste trabalho estudamos as feições morfoesculturais do inselberg do Morro de
Santo
Antônio, situado a sul da cidade de Cuiabá, MT. Ao analisarmos em ambiente SIG
uma
extensa base de dados digitais composta por imagens CBERS 4A, Modelo Digital de
Elevação e aerolevantamento por drone, caracterizamos esse inselberg como uma
estrutura
monoclinal moderadamente inclinada para NE, cujo front inclina-se para o azimute
oposto. Observações em campo mostraram o relevante papel da erosão diferencial
no
modelado do relevo. Concluímos que o morro tem uma grande riqueza de habitats e
geodiversidade ainda não cartografados e que o método de mapeamento empregado no
trabalho pode contribuir para a identificação e registro dessas feições.
Palavras chaves
Morro de Santo Antônio; Inselberg; Erosão diferencial; Modelo Digital de Elevação; Geodiversidade
Introdução
Ao longo da história de Mato Grosso, o Morro de Santo Antônio (MSA) sempre foi
notado pelos seus atributos singulares de altura e isolamento numa paisagem
topograficamente arrasada, constituindo-se em marco referencial na paisagem a
todos que adentravam o território do estado, tanto pelo rio Cuiabá, quanto por
via
terrestre ou aérea (AZEVEDO,1957; NORA e TAKATA, 2019). Atesta sua importância
a
constante referência iconográfica na heráldica de várias instituições do estado
(BERG, 2015), sendo-lhe atribuído amplo conjunto de significações culturais
tanto
pela sua beleza estética quanto pelos valores de resistência, resiliência e fé
(FERREIRA, 2010). Destaca-se nesse contexto, o papel que o MSA teria
desempenhado
como sentinela de defesa de Cuiabá contra possível ataque das forças inimigas na
Guerra do Paraguai (SIQUEIRA, 2002). Reconhecendo esse conjunto de valores, em
2006
o Estado de Mato Grosso cria o Monumento Natural Estadual de Santo Antônio
(MNEMSA),
uma unidade de conservação de proteção integral com 258 hectares (MATO GROSSO.
2006;
ISA, 2023).
Além do valor histórico, a unidade também agrega interesse geoturistico, com
trilhas
de caminhamento na subida do morro, trilhas de ciclismo, motociclismo e passeios
a
cavalo no seu entorno (NORA e TAKATA, 2019; SILVA e NORA 2021). Há que se
destacar
ainda a crescente tendência de reconhecimento do valor religioso e sagrado
associado
à sítios como este (FERNANDES-PINTO e IRVING, 2015). A categoria de Monumento
Natural, por outro lado, vem sendo reconhecida pela sua contribuição específica
à
conservação da geodiversidade brasileira, particularmente no que tange à
biodiversidade (endemismos, espécies, raras e refúgio de espécies (SCARANO,2007)
e a
valores culturais (fatos históricos, lendas) (COUTO e FIGUEIREDO, 2019). Embora
no
caso do MNEMSA a questão histórica tenha sido o fator determinante para a sua
criação, gradualmente pesquisas em campo vem mostrando as riquezas da
biodiversidade
local e cultural das comunidades no entorno (FERREIRA, PASA, NUNEZ, 2020).
Entretanto, no que se refere aos atributos geomorfológicos e geológicos,
observamos
que ainda faltam estudos com suficiente detalhamento cartográfico para subsidiar
os
planos de manejo e gestão requeridos por essa categoria de unidade de
conservação.
Assim, a diversidade das formas e ambientes que compõem o inselberg do MSA são
ainda
pouco conhecidas. Desse modo, a ampliação da cartografia das suas reentrâncias e
saliências morfoesculturais é o passo que hoje deve ser dado para revelar e
registrar toda a riqueza de geodiversidade associada ao MNEMSA. Com esse
objetivo, a
cartografia geomorfológica pormenorizada aqui apresentada, baseia-se na análise
e
interpretação de dados acesso livre, como imagens de sensoriamento remoto e
Modelos
Digitais de Elevação (MDE) para agregar novas informações em escala de maior
detalhe. Com o advento dos drones e VANT (Veículos Aéreos não Tripulados)
aerolevantamentos de alta resolução espacial tornaram-se viáveis especialmente
em
pequenas áreas. Esse conjunto de dados podem ser integrados em Sistemas de
Informações Geográficas (SIG), tornando possível a derivação de mapas-síntese
como o
de unidades geoambientais (SILVA e DANTAS, 2010 ; SIQUEIRA et al. 2022) que
servem
de base ao plano de manejo desse patrimônio natural.
Desse modo, o objetivo deste trabalho foi contribuir com o avanço da cartografia
da
geodiversidade do MSA. Mais especificamente, objetivamos classificar e descrever
a
sua forma tridimensional e identifar os processos erosivos diagnósticos que
atuaram
no modelado desse imponente inselberg na borda do Planície do Pantanal Mato-
Grossense.
Material e métodos
I. Área de Estudo
O MSA situa-se cerca de 20km ao sul do centro da cidade de Cuiabá. O acesso a
área e faz pela rodovia MT-040 em direção ao município de Santo Antônio do
Leverger norte do morro (Figura 1). As atividades preliminares desse estudo
ocorreram na Comunidade de Morrinhos, situada à oeste do MSA.
Figura 1 Localização da área de estudo.
O mapeamento mais detalhado do meio físico da região de Cuiabá é o do SIG Cuiabá
na escala 1/100.000 (CPRM, 2006). Segundo esse trabalho, o MSA está localizado
na unidade da Depressão Cuiabana (ou Baixada Cuiabana) dominada por rampas
pediplanadas na forma de colinas baixas, topos tabulares, com baixa densidade de
drenagem e vales abertos, muito pouco entalhados. Trata-se de uma vasta
superfície de aplanamento sustentada por solo tipo plintossolos, eventualmente
contendo horizontes pétricos/ crostas lateríticas. O substrato geológico
encontra-se exposto ou subaflorante formado por saprolitos de rochas pré-
cambrianas de origem glacial. São constituídas por intercalações de metapelitos
(filitos, filitos sericíticos) com lentes de metarcóseos/ metarenitos/
metaconglomerados, correspondendo à subunidade 5 do Grupo Cuiabá.
II. Base de dados
Múltiplas fontes de dados foram integradas neste trabalho: Modelo Digital de
Elevação (MDE) Topodata, Imagem CBERS 4A e aerolevantamento por drone. Todas
foram georreferenciadas ao Datum SIRGAS 21 e projetadas no sistema UTM21L. Para
a integração desses dados utilizamos os Sistemas de Informações Geográficas QGIS
3.30.1 e ARCGIS 10.4. O Topodata é um MDE obtido pelo refinamento do SRTM
(VALERIANO e ROSSETI, 2012). O pré-processamento digital visou os erros
inerentes á construção dos MDE derivados de radar (LEHNER, VERDIN, JARVIS,
2008). O pós-processamento visou ampliar o contraste de altitudes do MSA que
estavam atenuadas nos dados originais, impedindo o detalhamento morfológico
buscado neste estudo. Nessa etapa, escavamos digitalmente o MDE em 50m,
extraímos automaticamente a rede de drenagem e, em seguida realçamos as
geoformas por meio do filtro da diferença da elevação média. Empregamos os
geoalgoritmos do SIG WHITE BOX GAT (LINDSAY, 2014) nesses procedimentos. A
imagem CBERS 4A foi baixada do catálogo de imagens do INPE
(http://www.dgi.inpe.br/CDSR/), cena de 04 /09/2022, obtida pela Câmera
Multiespectral e Pancromática de Ampla Varredura (WPM). Empregamo-la na
modelagem 3D do MSA integrando-a ao Topodata após sua correção e realce, para o
que utilizamos o componente ARCSCENE do SIG ARCGIS 10.4. A visão integrada entre
as propriedades espectrais da imagem com dados de elevação do terreno
possibilita maior ganho de compreensão da cena do que a análise desses dados
individualmente (SINGH, PARKASH,CHOUDHURY, 2007; SIART, BUBENZER, EITEL, 2009).
Para esse fim, realçamos radiometricamente a imagem utilizando o Pan Sharpening
gerado no QGIS, que permitiu transferir a melhor resolução espacial da banda
pancromática (2mx2m) para as bandas multiespectrais 3,4 e 2 do sensor WPM.
III. Levantamentos em campo
Para validar as análises digitais e agregar novas informações, realizamos duas
viagens no entorno do MSA nos dias 29 de março e 27 de abril deste ano, cobrindo
uma área de aproximadamente 1.000 hectares (Figura 1). Para tanto,
confeccionamos um
mapa base em escala 1/30.000 com pontos de referência e rede de estradas
atualizados por meio de imagens Google Earth.
IV. Imageamento por drone
Afim de explorar as possibilidades de imagens de sensoriamento remoto mais
detalhadas do que as do CBERS 4A, realizamos um aerolevantamento com o Drone
MAVIC 2 PRO (MAVIC 2 PRO/ZOOM, 2019) na extremidade oeste do MSA, dentro dos
limites do MNEMSA. O imageamento ocorreu em 29/03/2023 por volta das 09 horas da
manhã. Para a produção do mosaico ortorretificado dessas imagens e do respectivo
MDE utilizamos o
SIG AGISOFT.
Resultado e discussão
Tendo como referência o Elipsóide WGS 84, o ponto culminante do MSA é de 454m.
Desse modo, a altura máxima do morro corresponderia ao desnível de 234m em
relação à cota de 220 metros adotada como nível de base dessa elevação (Figura
2). Essa cota corresponde aproximadamente ao nível de base da erosão local acima
da qual o inselberg se destaca conspicuamente. Todavia, ressaltamos que essa
altura pode variar consideravelmente em função do modelo elipsoidal adotado.
Portanto, o conhecimento acurado da altura máxima do MSA requer levantamento
geodésico específico para esse fim.
O realce da amplitude altitudinal do Topodata, visualizado em conjunto com as
curvas de nível e o padrão da rede de drenagem, possibilitou o destaque das
seguintes das seguintes feições principais que antes não haviam sido
identificadas:
a. Relevo residual do tipo inselberg, intensamente desgastado pela erosão;
b. Morfoestrutura monoclinal, suavemente inclinada para NE;
c. Entalhamento de canais de drenagem de primeira ordem próximos à linha de
cuesta (Figura 2 B);
d. Linha de cuesta de aproximadamente 2.000 m e direção geral N70W separando o
front a sudoeste do reverso a nordeste (Figura 3);
e. Sinuosidade do traçado da linha de cuesta formada por segmentos retilíneos
inferiores a 100 m dispostos em ângulos de aproximadamente 120º entre si (N45W e
N75E);
f. Trechos escarpados destacados pela Rede de Triangulação Irregular
(Triangular Irregular Network) construída com base nas curvas de nível do
Topodata realçado. Em campo foi possível observar mais detalhadamente que as
vertentes do reverso da morfoestrutura monoclinal inclinam-se moderadamente
(40º) por 600 m no azimute N35E (Figura 2 C) e que amplas exposições do
substrato rochoso coberto por escassa vegetação gramíneo-arbustiva predominam
nessas vertentes. Essas estão escavadas por 03 linhas de talvegues orientados
no sentido e inclinação do reverso. São canais efêmeros de primeira ordem,
espaçados em cerca de 200m. O entalhamento moderado desses canais (<30m) confere
ao relevo padrão suavemente ondulado. Supomos, tratarem-se de feições herdadas
de ciclo paleoclimático mais enérgico (desértico) que o tropical úmido atual.
Nesse sentido, D´Apolito et al. (2021), observam que várias evidências
palinológicas na região do Pantanal apontam para a prevalência de clima seco no
Pleistoceno Tardio antecedendo o clima úmido do Holoceno responsável pela
formação das atuais áreas úmidas dessa planície.Tais detalhes morfoestruturais
só foram reveladas pelas imagens do drone e levantamentos em campo. Assim,
distinguimos proeminentes linhas de afloramentos rochosos paralelos a
inclinação do reverso, possivelmente com até 10 m de altura.
São rochas muito resistentes a erosão (metarenitos arcoseanos recristalizados /
quartzitos), enquanto nas áreas escavadas entre elas ocorrem rochas mais brandas
(metadiamictitos / filitos).O front da escarpa é mais íngreme (61,2º) e mais
curto (407m), encontrando-se voltado para o azimute geral S20W (Figura 2C).
Exposições de paredões rochosos verticais são observadas em alguns pontos, junto
à linha de cuesta. Entremeadas por densa vegetação florestal (mata de encosta)
esses paredões estão parcialmente ocultos ao observador em campo. Nas imagens
CBERS 4A, ocorre o mesmo, pois o front fica em sentido oposto ao vetor de
iluminação solar resultando no seu sombreamento. Nas reentrâncias da escarpa
ocorrem pequenas embocaduras semicirculares (anfiteatros
erosivos) que a desgastam por erosão remontante. São situações favoráveis à
formação de depósitos de tálus. Nascentes perenes podem ocorrer nesses locais,
as quais porem só poderão ser confirmadas por levantamentos específicos em campo
(TASCA et al. 2021). É possível que se possa encontrar cavidades e até mesmo
sítios de interesse arqueológico/ histórico que também demandam levantamentos
específicos. No sopé do MSA, encontramos uma ampla superfície de erosão
sustentada por amplas exposições do substrato saprolitizado
(metadiamictitos/metarcóseos) intercalados com crostas lateríticas
correspondendo aproximadamente à nossa cota de referência. Fisicamente trata-se
uma superfície de erosão regional muito antiga (paleosuperfície), atribuída ao
período Terciário Médio/Pleistoceno, encontrando-se esculpida em rochas
metassedimentares do Grupo Cuiabá moldando toda a chamada Baixada Cuiabana
(ALMEIDA, 1964; ROSS, 1991). Outros inselbergs subsistem na Baixada Cuiabana,
mas não apresentam a singularidade dos atributos do MSA como sua altura e
isolamento, numa paisagem tão ampla e topograficamente arrasada no limiar entre
a Planície do Pantanal e a Baixada Cuiabana. A grandiosidade da vista do alto
desse morro pode ser explicada pelo descortinamento dessas grandes unidades, às
quais acrescentam-se ainda os contrafortes da Chapada dos Guimarães e os
meandros do rio Cuiabá. Essas observações concorrem com as impressões
registradas pelo geógrafo brasileiro Aroldo Azevedo em 1957 (AZEVEDO, 1957).
Quanto à sua forma, o autor também o reconheceu como “uma elevação isolada com a
forma de “hogback” que constitui um bom exemplo de “monadnock” (ou inselberg);
formando-se em quartzitos, cujas camadas têm direção NE-SW e um mergulho de 40 a
50º no rumo NW”. Destacou ainda a diferença de inclinação entre o reverso e o
front da estrutura, bem como o papel da erosão diferencial na esculturação,
observando que “as intrusões de quartzo formam uma verdadeira armação dentro do
quartzito, sendo algumas delas paralelas à xistosidade”. Evidências de
dobramento do substrato rochoso apoiam-se na repetição das camadas de
metarenitos/quartzitos associados às quebras positivas de relevo existentes no
reverso da cuesta, que precisam de mais estudos para definir sua forma e outros
elementos morfoestruturais. Já as assimetrias de relevo e drenagem entre as
vertentes do front e do reverso, bem como a quebra negativa relacionada ao
escarpamento do front, apontam para uma falha de gravidade paralela à linha de
cuesta. Nesse caso, o bloco baixo ficaria a SW, do lado da planície pantaneira
enquanto o bloco alto ficaria a NE. Entretanto, levantamentos em campo mais
detalhados, apoiados por imagens de sensoriamento remoto em Modelo Digital do
Terreno (MDT) de melhor resolução espacial são necessários para a descrição
dessas estruturas. Para esse fim, recomendamos um aerolevantamento por drone,
para a produção de mosaico ortorretificado e MDT apoiado
por pontos de controles no terreno cobrindo toda a extensão do inselberg do MSA.
Tais levantamentos são fundamentais para descrever e classificar toda a
heterogeneidade paisagística dessa morfoestrutura em escala maior que 1/5.000.
Vale ressaltar que a cartografia detalhada é a base para o registro da riqueza
da geodiversidade do MNEMSA, com papel relevante ao plano de manejo dessa
unidade de conservação.
Figura 2 Atributos da morfoescultura do MSA. A) estrutura monoclinal realçada
pela modelagem 3D da imagem CBERS 4A com o Topodata realçado pela escavação
digital da drenagem; B) Vista em planta do MSA com a delimitação da cota de
referência e do MNEMSA; B) Perfil topográfico do mostrando o relevo monoclinal.
Figura 2 Atributos da morfoescultura do MSA. A) estrutura monoclinal realçada pela modelagem 3D da imagem CBERS 4A com o Topodata realçado pela escava
Considerações Finais
Neste trabalho identificamos a forma tridimensional do inselberg do MSA,
caracterizando-a como uma morfoestrutura monoclinal muito desgastada pela erosão
diferencial em um maciço de rochas metassedimentares dobradas, litologicamente
heterogêneo e basculado, possivelmente por falha de gravidade. Essas formas
foram melhor observadas pelo realce digital de MDE Topodata, as quais encontravam-
se originalmente atenuadas, não possibilitando uma interpretação assertiva dessas
estruturas. A imagem CBERS 4A, radiometricamente realçada pelo processo de PAN
SHARPENING, foi relevante para a identificação da linha de escarpa e assimetria
do relevo do inselberg. Todavia, o mapeamento da rica geodiversidade local requer
imagens e MDE com resolução espacial menor que 1m para a cartografia geoambiental
em escala maior que 1/5000. Para esse fim, aerolevantamentos como VANT são
fundamentais, conforme ficou evidenciado pelo levantamento experimental realizado
em uma parte do MAS, pelo drone MAVIC 2 PRO.
Agradecimentos
Referências
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