Autores
- BUNA DA CRUZ ANDRADEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: bruna.c.andrade@live.com
- LEILA NALIS PAIVA DA SILVA ANDRADEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: leilaandrade@unemat.br
- WILLIAN EDUARDO SOUSA DOS SANTOSUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: willian.santos2@unemat.br
- GUSTAVO ROBERTO DOS SANTOS LEANDROUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: gustavo.leandro@unemat.br
; - FABIO JUNIOR DO ESPRIRITO SANTO ANDRADEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: fabio_jr.andrade@rotmail.com
- VANESSA DA SILVA LEITEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOEmail: vanessa.leite@unemat.br
Resumo
O trabalho teve como objetivo identificar as feições deposicionais no baixo
curso do rio Matrinxã, Mato Grosso. Foram levantados dados da temática em
livros, artigos. Foram consultados o projeto Radambrasil e atlas de Mato Grosso
para a caracterização geoambiental (geologia, relevo, solo, vegetação, clima e
hidrografia) e mensurados as feições morfológicas pelo Google Earth Pro 2017. No
levantamento registrou meandros abandonados, baías e depósitos no canal. Foram
contabilizadas 20 barras. Sendo 7 (sete) na margem direita e 14 na margem
esquerda. As áreas variaram entre 7, 22 m² a 88,24 m² nas barras BLD 3 e BLD 2,
respectivamente. Pode-se analisar que o rio Matrinxã devido a morfologia do
canal, a velocidade e baixa declividade estão contribuindo para o surgimento
dessas feições.
Palavras chaves
Morfologia; Baías; Barras; Velocidade; Declividade
Introdução
Os padrões de drenagem e de canal referem-se à disposição espacial dos cursos
fluviais, que podem ser influenciados em sua atividade morfogenética pela
natureza, disposição das camadas rochosas, resistência litológica variável,
diferenças de declividade e evolução geomorfológica da região. Uma ou várias
bacias de drenagem podem estar englobada na caracterização (CHRISTOFOLETTI,
1980).
A presença de confluência em ângulos retos, no padrão dendritico, constitui
anomalias que deve atribuir, em geral aos fenômenos tectônicos. Esses padrão é
tipicamente desenvolvido sobre rochas de resistência uniforme, ou em estrutura
sedimentares horizontais (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Segundo Guerra e Cunha (2013) os canais meândricos são encontrados com
frequência nas áreas úmidas cobertas por vegetação ciliar e descrevem curvas
sinuosas harmoniosas semelhantes entre si. Várias condições auxiliam para o
desenvolvimento dos meandros, como exemplos as camadas sedimentares, gradientes
modeladores, disposição do relevo, cargas em suspensão e de fundo. Esses efeitos
auxiliam na formação do meandro e traz estabilidade ao mesmo.
Segundo Justiniano (2010) o aspecto morfológico do canal fluvial depende do
equilíbrio entre erosão e deposição. Se um eventual desequilíbrio acontece entre
estes processos, o canal fluvial passa por uma adaptação de suas variáveis
morfológicas, a fim de alcançar nova forma estável compatível com as novas
condições.
Nessa dinâmica surgem as feições morfológicas como: as lagoas, planícies, baías,
os meandros abandonados e outros. Os meandros abandonados não possuem ligação
direta com curso de água atual. Os diques correspondem aos bancos de sedimentos,
que se desenvolve no lado interno da curva do meandro, dando origem a meandros
abandonados (SOUZA, 2012).
O canal meandrante pode possuir vários braços que podem ser denominados como
baías que “constituem áreas deprimidas, contendo água, delineando formas
circulares, semicirculares ou irregulares” (SOUZA, 2012 p.82). Proporcionando
uma dinâmica específica. Assim, a pesquisa teve como objetivo levantar as
feições deposicionais da sub-bacia hidrográfica do rio Matrinxã, no norte do
estado de Mato Grosso.
Material e métodos
A área de estudo é localizada na sub-bacia hidrográfica do rio Matrinxã,
afluente da margem esquerda do rio Teles Pires, localizada nas coordenadas
geográficas 10º59’ e 11º1’30” latitude sul e 55º52’ e 55º49’30” longitude oeste,
no município de Itaúba Mato Grosso (Figura 1). Para o desenvolvimento desta
pesquisa foi realizada revisão bibliográfica, que compreende a um levantamento
sobre os principais trabalhos científicos realizados sobre o tema escolhido, e
que são de suma importância, pois são eles que fornecem dados atuais e
relevantes. Ela abrange: publicações avulsas, livros, jornais, revistas, vídeos,
online entre outros (LUNA, 1999 apud QUARESMA, 2005).
Segundo Gil (2000) esse levantamento é importante tanto nos estudos baseados em
dados originais, assim como numa pesquisa de campo, bem como aqueles
inteiramente baseados em documentos ou dados sem um processo analíticos.
Para caracterização geoambiental (geologia, relevo, solo, vegetação, clima e
hidrografia) foram consultados o projeto Radambrasil e o atlas de Mato Grosso.
Para mensurar as feições morfológicas (meandros abandonados) e as áreas de
depósitos (barras laterais) foi utilizado o Google Earth Pro 2017 onde foi
possível analisar um trajeto de 9 km que compreende o baixo curso do rio
Matrinxã.
Resultado e discussão
A sub-bacia hidrográfica do rio Matrinxã pertence a uma formação geológica do
período proterozóico, pertencente ao grupo Caiabis onde possui o predominio
geológico da formação Dardanelos que é contituida por arenitos arcoseanos médios
a grosseiros com lentes de conglomerados (CAMARGO, 2011).
A morfologia compreende a serra do Caiabis que constitui um dos relevos mais
expressivo, pois configura um alinhamento de relevos predominantemente tabular
apresentrado especialmente em forma de interflúvio. Suas bordas funcionam como
dispersoras de drenagem, como os rios secundários que nascem na borda norte,
exemplo, o rio Matrinxã que deságua no rio Teles Pires. Segundo o RADAMBRASIL
(1980) Um fato interessante quanto a problemática da drenagem, é a presença de
marcas de deposição alinhada uma após a outra que ocorre devido a evolução do
relevo, sendo que a superficie está passando por um processo de aplanamento
regional de relevo tornado-se plano ou levemente ondulado (CAMARGO, 2011)
O rio Matrinxã está localizado no médio curso da bacia hidrográfica do rio Teles
Pires que se encontra na Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional,
Planaltos Residuais do Norte de Mato Grosso e Planalto dos Parecis com
superfícies de aplanamento com formas tabulares amplas (EPE, 2009). Ele possui
um perfil de elevação bem singular.
A sub-bacia hidrográfica do rio Matrinxã compreende a área de 862,51 km².
Hierarquicamente está classificada em canal de 5ª ordem de acordo a
classificação de Horton (1945 Apud Machado e Souza 2005). A bacia possui 56
(cinquenta e seis) canais de 1ª ordem, 16 (dezesseis) canais de 2ª ordem, 5
(cinco) canais de 3ª ordem e 1 (um) canal de 4ª ordem. Sua densidade de rios
equivale a 0,089 que corresponde a pouca possibilidade de surgimento de mais
canais.
A área de estudo apresenta uma fisionomia meândrica e dentrítica constituindo
assim o padrão de drenagem do afluente. Conforme Camargo (2011) a área
pesquisada possui uma distribuição pluviométrica que varia entre 2000 a 2100
(mm) ocorrendo com maior intensidade nos meses de novembro a abril, e os demais
meses estende-se o período seco. A temperatura apresentada corresponde a máxima
de 32,4 ºC e mínima de 21,0ºC.
A sub-bacia hidrográfica do rio Matrinxã é composta por três tipos específicos
de solo que correspondem: a latossolos vermelho escuro distrófico e latossolos
vermelho amarelo distrófico que se encontra em maior porcentagem e o
Concrecionário Latossólico Distrófico que foi encontrado apenas no alto curso do
rio em uma pequena porcentagem.
A área correspondente a sub-bacia do rio Matrinxã, apresenta um perfil de
Florestas transicionais, pois encontra-se como divisor de dois biomas
importantes: amazônico e o cerrado onde há o predromínio de florestas ombrófila
(CAMARGO, 2011). Na área da sub bacia hidrográfica e bem nítida a tensão
ecológica que envolve o bioma amazônico e o cerrado, tendo assim uma diversidade
de espécies de plantas sem denominações, com dossel emergente de médio e grande
porte sem arbustos entre elas.
Feições morfológicas
A morfologia do rio Matrinxã no baixo curso registrou meandros abandonados e
baías, decorrente de seu padrão meandrante. A migração lateral do afluente está
associada à própria dinâmica de rios com esse padrão, que através da erosão
fluvial vai esculpindo um novo traçado (SILVA, 2012).
“Os canais fluviais podem apresentar diferentes configurações geométricas de
acordo com as características litológicas, pedológicas, e climáticas de cada
região. Ao erodir, depositar e transportar sedimentos, os rios produzem canais
de diferentes padrões e formas” (FLORENZANO, 2008 apud CORREIA et al., 2010).
O rio Matrinxã devido em alguns trechos serem de padrão meandrante contabilizou
10 (dez) meandros abandonados, 6 (seis) baías e 1 (um) canal secundário. As
baías constituem áreas deprimidas contendo água, delineando formas circulares,
semicirculares ou irregulares. Na época da cheia elas servem como área de
conexão entre o afluente principal e a baía, constituindo uma ligação
intermitente nesse período (SOUZA, 2012).
Os canais meândricos dão origem a uma grande variedade de formas de lagos e
depósitos de planície de inundação (CORREIA et al., 2010). As características de
sua planície de inundação são resultado do regime sazonal de cheia e seca. O
leito é constantemente modificado especialmente por possuir o tipo de canal na
forma meandrante, através da remoção de materiais na parte côncava das curvas
com posterior depósito nas margens convexas à jusante (SILVA, 2012)
Os canais abandonados podem transformar-se em lagos com fauna e flora abundante
e baixa taxa de sedimentação, constituída principalmente, por argila e matéria
orgânica (SOUZA, 2012).
Depósitos de canais
O rio Matrinxã apresenta padrão meândrico em quase toda a sua extensão exceto em
um trecho que apresenta um formato retilíneo devido sua formação geológica.
Nessas áreas de padrão meandrante as margens têm caráter côncava e convexa.
Dessa maneira, a margem côncava sofre com os processos de erosão intensos e a
margens convexa torna-se áreas de deposição.
Esses sedimentos depositados no canal fluvial são denominados barras laterais,
centrais e de pontal. Nesse contexto, Cima et al. (2014) diz que esse processo
está relacionado com dinâmica de inundação periódica e estiagem em um processo
cíclico, bem como, a topografia da planície de inundação.
Foram contabilizadas 20 barras. Sendo 7 (sete) na margem direita e 14 na margem
esquerda. As áreas variaram entre 7,22 m² a 88,24 m² nas barras BLD 3 e BLD 2,
respectivamente (Tabela 1).
A barra lateral esquerda 10 está localizada no baixo curso da sub-bacia
hidrográfica do rio Matrinxã com área de 54,57 m². O processo de sedimentação
que ocorre no rio Matrinxã é associado a diversos fatores como: baixa
declividade; morfologia do canal; volume da carga sedimentar; velocidade do
fluxo; capacidade de transporte; alternância do regime de precipitação; tipo de
canal dentre outros (SOUZA, 2012) (Figura 2).
Essa área de deposição são encontras no percurso do rio Matrinxã, devido ao seu
padrão e fatores determinantes. Segundo pesquisas o rio Matrinxã tem
características de transportes de materiais grossos (seixos e Matacões) (ANDRADE
et al., 2018). Assim, esses bancos de areia têm como depósito no período de
estiagem seixos e matacões e no período de cheia sedimentos arenosos. Quando tem
maior carga de sedimentos finos e presença de vegetação, pode-se afirmar que a
barra está estabilizada.
A sedimentação no leito está associada à redução da energia, colaborando para
diminuição da capacidade de transporte da carga de sedimentos na margem convexa.
O acúmulo de carga grossa na curva do meandro atua como soleiras, gerando uma
redução na velocidade do fluxo e na capacidade de transporte formando assim os
bancos de areia (SILVA, 2012).
Segundo Carvalho (2017) em análise deposicionais o rio Tapaiuna concentra mais
de 90% de areia fina (processo de formação) não apresentando nenhum registro de
areia grossa e média. Confirmando que o transporte de sedimentos no rio Matrinxã
ocasiona a deposição e surgimentos de depósitos lateral e central.
METODOLOGIA: Localização da área de estudo.
Depósito de canal no rio Matrinxã, Mato Grosso
Barra lateral esquerda 10 no rio Matrinxã, Mato Grosso
Considerações Finais
Devido ao padrão do afluente ser meandrante, ele passa pelo processo de erosão na
margem côncava e deposição na margem convexa. Formando assim as barras laterais e
central.
As baías que são formadas nesse ambiente fluvial, no período de cheia com a
planície de inundação têm contato direto com o canal principal evidenciando que a
morfologia do canal está passando por mudanças constantes.
Agradecimentos
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso(FAPEMAT).
Universidade do Estado dE Mato Grosso(UNEMAT).
Referências
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