Autores

Alexandre, F.S. (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE) ; Ramos, R.P.S. (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE) ; Costa, S.O.S. (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE) ; Silva, S.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO-UFPE) ; Gomes, D.D.M. (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE)

Resumo

Este estudo tem por objetivo mapear o Alto Curso do Rio Mundaú nos três primeiros táxons do relevo, unidades Morfoestruturais, unidades Morfoesculturais e unidades Morfológicas. Para a realização do mapeamento geomorfológico seguiu-se as metodologias propostas por Ross (1991; 1992), Casseti (2005), Diniz (2017), Gomes (2015) e IBGE (2009). Foram identificadas na bacia hidrográfica do Alto Curso 1 unidade morfoestrutural; 2 unidades Morfoesculturais; e 4 unidades Morfológicas.

Palavras chaves

mapeamento geomorfológico; unidades morfológicas; Alto Curso do Rio Mundaú.

Introdução

O conhecimento geomorfológico é imprescindível para o ordenamento e gestão territorial, o entendimento e aplicação desses estudos deve ser a base para qualquer atividade antrópica na superfície terrestre, visto que ações humanas sem diagnósticos prévios e medidas mitigadoras podem gerar graves problemas ambientais no modelado do relevo. Um dos meios de se conhecer esse modelado é através do mapeamento geomorfológico, que segundo Tricart (1965) “constitui a base da pesquisa e não a concretização gráfica de pesquisa já feita”, já este mapeamento é a base para outros mapeamentos e conhecimentos da dinâmica local (GUERRA E MARÇAL, 2014). Neste sentido, Guerra e Marçal (2014) destacam a importância de se conhecer as unidades do relevo e sua formação, constituição e dinâmica, principalmente nas bacias hidrográficas, para que se tenha um melhor aproveitamento dos recursos hídricos e cuidados com o meio natural. Bacias hidrográficas podem ser consideradas como unidades que propiciam a gestão territorial, visando o gerenciamento, planejamento e desenvolvimento econômico e social (TUNDISI, 2003, p. 108). Bacia Hidrográfica pode ser definida como os limites naturais estabelecidos pelos divisores de águas, formada por bacias menores, mas dependentes (ALEXANDRE et al., 2016). A metodologia de classificação das formas do relevo usou como base as metodologias propostas por Ross (1991; 1992), Casseti (2005), Diniz (2017), Gomes (2015) e IBGE (2009), que classifica o relevo em unidades taxonômicas, unidades Morfoestruturais (1° táxon), unidades Morfoesculturais (2° táxon), e unidades Morfológicas (3° táxon), este trabalho tem como objetivo mapear as unidades do relevo até a terceira taxonomia. A bacia hidrográfica do Alto Curso está localizada entre a mesorregião do Agreste pernambucano e o Leste alagoano, com as coordenadas 9°13’ e 8°53’ de latitude Sul e 36°06’ e 36°34’ de longitude Oeste no Datum SIRGAS 2000, projeção UTM-Zona 24S (Figura 1).

Material e métodos

Inicialmente se fez o levantamento bibliográfico sobre as metodologias e conceitos geomorfológicos, material cartográfico e imagens orbitais. Foram consultados, livros, artigos, teses, monografias, dissertações e trabalhos técnicos para se ter o subsídio teórico da pesquisa. Foram utilizados dados obtidos a partir das cenas da constelação de satélites RapidEye, os dados disponibilizados são dados matriciais com resolução espectral divididos em 5 bandas, que vão de 440-510 nm (Azul), 520-590 nm (Verde), 630-690 nm (Vermelho), 690-730 nm (Red edge) a 760-880 nm (Infravermelho próximo), foram utilizadas as cenas: 2435026_2011-03- 17T133820, 2434926_2011-03-17T133823, 2434927_2012-03-17T133735, 2434928_2011-12-11T133952, 2434826_2011-03-17T133826, 2434827_2012-03- 17T133738, 2434828_2012-04-28T133629, as cenas foram capturadas, respectivamente nas datas, 17/03/2011, 17/03/2011, 17/03/2012, 11/12/2011, 17/03/2011, 17/03/2012 e 28/04/2012 (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012). Se fez uso dos dados do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) que são dados matriciais cotados, se utilizou das cenas: S10W037, S10W036, S09W037 e S09W036, todas as cenas foram reamostradas por meio da krigagem, um processo estatístico para melhorar a resolução espacial de cada pixel, passando de 90 para 30 metros cada (VALERIANO, 2002; VALERIANO, 2004). Com a melhoria na resolução dos dados, foi possível desenvolver um modelo triangular irregular network (TIN), que consiste em um modelo digital criado a partir de curvas de nível e/ou pontos cotados, aonde ocorre a interpolação dos valores de altitude por meio da criação de triângulos entre uma linha e outra e cria um modelo matemático com valores de altitude, assim como modelos de declividade e altitude, todos os modelos foram aferidos através de cálculos no software ArcGIS® 10.5. Para a realização deste estudo se seguiu a seguinte ordem: 1) confecção cartográfica dos dados; 2) Realização do mapeamento geomorfológico; 3) Realização de visitas a campo para aferir os resultados obtidos em ambiente SIG. Com o objetivo de organizar e se ter uma padronização dos dados cartográficos se adotou a escala de 1:250.000, que segundo Diniz et al., (2017) irá permitir mapear as unidades morfológicas com grande qualidade. Posteriormente a definição da escala de trabalho, se criou um banco de dados (BD) no software ArcGIS 10.5 com todos os dados reprojetados para o Datum SIRGAS 2000, o DB permite integralizar, manipular, organizar e analisar os dados (GOMES, 2015), em seguida iniciou-se o Processamento Digital de Imagens (PDI), para geração do relevo sombreado, curvas de nível, TIN, declividade e os dados morfométricos. Os dados referentes a geologia e pedologia foram obtidos no site do IBGE. Para a realização do mapeamento geomorfológico se adaptou as metodologias propostas por Ross (1991; 1992), Casseti (2005), Diniz (2017), Gomes (2015) e IBGE (2009), visando mapear a bacia até a terceira taxonomia do relevo e classifica-la em unidades Morfoestruturais, unidades Morfoesculturais e unidades Morfológicas. As unidades Morfoestruturais (1° táxon) são definidas como as macroestruturas, agrupamentos entre a litologia e os arranjos estruturais, com evidencias de das intervenções climáticas. Essa unidade pode conter uma ou mais unidades morfoesculturais. As unidades Morfoesculturais (2° táxon) correspondem aos compartimentos do relevo desenvolvidos atrás das ações climáticas pretéritas, com influência dos processos tectogenéticos. As unidades Morfológicas (3° táxon) são caracterizadas por agrupamentos de formas referentes aos modelados, são diferenciadas através da rugosidade topográfica do relevo. Segundo Ross (1992) são “formas fisionomicamente semelhantes em tipos de modelados; a similitude resulta de uma determinada geomorfogênese, inserida em um processo sincrônico mais amplo”. Com intuito de averiguar dos dados obtidos em escritório foram realizadas excursões de campo para a calibração dos resultados.

Resultado e discussão

A bacia hidrográfica do Alto Curso possui uma área de 895,03 km2 e um perímetro de 205,31 km, abrangendo 4 municípios do Estado de Pernambuco (Brejão, Correntes, Garanhuns e Lagoa do ouro) e 2 municípios de Alagoas (Chã Preta e Santana do Mundaú). O clima da bacia é do tipo Köppen, Aw (Tropical, onde o inverno é a estação seca), a precipitação média da bacia é de 1300 mm anuais. Foram identificadas na bacia hidrográfica do Alto Curso do Rio Mundaú 1 unidade morfoestrutural (1° táxon); 2 unidades Morfoesculturais (2° táxon); e 4 unidades Morfológicas (3° táxon), a pequena quantidade de unidades, se deu devido a mesma litologia em toda a bacia e a área pequena da mesma (Figura 2 e Quadro 1). Unidades Morfoestruturais No objeto de estudo foi identificado como unidade Morfoestrutural o Planalto da Borborema, que compreende todo o setor de terras altas, situado a norte do rio São Francisco, estruturado nos diversos litotipos cristalinos correspondentes aos maciços arqueanos remobilizados, sistemas de dobramentos brasilianos e intrusões ígneas neoproterozóicas sin-tardie pós-orogênicas (CORRÊA, et al., 2010; ALEXANDRE et al., 2016). Unidades Morfoesculturais Foram identificadas 2 unidades Morfoesculturais, Cimeira da Borborema e Relevo Residual. A Cimeira da Borborema pode ser classificada como uma área cristalina aplainada, tem uma altimetria que varia de 339 a 990 metros acima do nível do mar, seu litotipo é composto por Anfibolito, Migmatito, Metadiorito, Ortognaisse Granodiorítico, Ortognaisse Tonalítico Quartzitos micáceos, quartzitos-feldspáticos, metarcósios bandados com intercalações de rochas calcissilicáticas, Biotita e/ou muscovita xisto gnaisse, leucognaisse, metagrauvaca, migmatito e níveis de quartzito, anfibolito e mármore. O Relevo Residual possui uma variação altimétrica entre 180 a 700 metros, seu litotipo é composto por Metamonzodiorito, Metagranodiorito, Metagranito, Ortognaisse, Metatonalito, Granito e granodiorito grosso a porfirítico associado a diorito e a fases intermediárias de mistura, com ou sem epidoto magmático. Unidades Morfológicas Foram encontradas 4 unidades Morfológicas que juntas compreendem toda a área da bacia, são elas: Chapadas e Platôs, Platôs baixos, Planalto e Colinas e Morros. Chapadas e Platôs são áreas altas e planas, com menor representatividade na bacia, sua altimetria varia entre 690 a 990 metros de altitude, estão sobre uma superfície cristalina composta por Quartzitos micáceos, quartzitos- feldspáticos e metarcósios bandados com intercalações de rochas calcissilicáticas. A unidade definida como Platôs baixos está localizada em uma área com variação altimétrica entre 625 e 960 metros, sua estrutura cristalina é composta por Anfibolito, Migmatito, Metadiorito, Ortognaisse Granodiorítico, Ortognaisse Tonalítico. O planalto engloba uma porção da bacia com altimetria variando entre 390 e 695 metros acima do nível do mar, sua composição estrutural é de Biotita e/ou muscovita xisto gnaisse, leucognaisse, metagrauvaca, migmatito e níveis de quartzito, anfibolito e mármore. A unidade Morfológica definida como Colinas e Morros tem sua estrutura litológica composta por Metamonzodiorito, Metagranodiorito, Metagranito, Ortognaisse, Metatonalito, Granito e granodiorito grosso a porfirítico associado a diorito e a fases intermediárias de mistura, com ou sem epidoto magmático, sua altimetria varia entre 180 a 700 metros de altitude.

Síntese das principais características geomorfológicas das unidades



Unidades Morfológicas da Bacia Hidrográfica



Mapa de localização do objeto de estudo



Considerações Finais

Com o uso do Geoprocessamento foi possível mapear, analisar e gerar dados sobre o Alto Curso, transformando dados em informações acerca do relevo local, permitindo o mapeamento até a 3º grandeza taxonômica do relevo, mostrando assim a eficiência e qualidade no uso do Geoprocessamento em trabalhos dessa natureza. O mapa geomorfológico elaborado fornece subsídios ao planejamento e ao ordenamento do território dos municípios que fazem parte da bacia e pode servir como exemplo para outras áreas. Se percebeu a importância da aferição dos dados obtidos em escritório com os dados obtidos em campo, o que permitiu comparar os dados e melhorar nos resultados.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Universidade de Pernambuco (UPE) pelo financiamento dos recursos do projeto de pesquisa “Análise De Riscos Socioambientais em Bacias Hidrográficas Através da Utilização de Ferramentas de Geoprocessamento e Aerofotogrametria De Pequeno Formato”, junto ao Programa de Fortalecimento Acadêmico (PFA/IC), ao Laboratório de Geoprocessamento e Modelagem Ambiental pelo apoio em todo o decorrer da pesquisa.

Referências

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