Autores
Lima, G. (UFS) ; Missura, R. (UFS)
Resumo
Neste trabalho são apresentados o Mapeamento Geomorfológico dos modelados de relevo do médio e baixo curso da bacia hidrográfica do rio real, localizada entre os estados de SE e BA. Foram utilizados para o mapeamento Sistema de Informação Geográfica SIG, os programas ArcGIS E QGis, nestes programas usou- se os Modelos Digitais de elevação MDE raster Alos Palsar. Como os MDEs foram gerados em ambientes SIG e das imagens de satélite do banco de dados dos programas. Através dos modelos MDEs e das imagens de satélite sobrepostas a estes modelos, foram analisados e individualizados cada unidade de modelado, desta forma comparando as diferentes texturas e rugosidade do relevo. Estes modelados foram classificados conforme as bibliotecas de padrões de relevo elaborado pela CPRM. Os modelados encontrados na área mapeada totalizaram 16 unidades de modelados. Este trabalho é uma importante ferramenta de subsidio a outros trabalhos e pesquisas que necessitem da informação geomorfológica da área.
Palavras chaves
mapeamento geomorfológico; modelados de relevo; bacia hidrográfica
Introdução
Este trabalho trata-se do mapeamento geomorfológico do médio e baixo curso da bacia do rio Real, área que engloba o sul do estado de Sergipe e norte da Bahia. Nesta pesquisa o objetivo foi mapear os modelados geomorfológicos da área da bacia hidrográfica do Rio Real, tendo como intuito inventariar e compreender a paisagem geomorfológica da mesma, mas ao mesmo tempo servindo de informação que possa subsidiar trabalhos e estudos da paisagem, sendo também utilizado segundo Florenzano (2008), para fins de zoneamento agrícola, ecológico e econômico, como suporte ao planejamento agrícola e urbano dos estados. Para produção dos mapas foram utilizados o Sistema de Informação Geográfica- SIG, os programas ArcGis versão 10.5 e QGis versão 2.14, nestes programas usou-se os Modelos Digitais de Elevação-MDE raster Alos Palsar com resolução espacial de 12,5m disponibilizados pela NASA EarthData, da área de estudo. Com os MDEs foram gerados em ambiente SIG os modelos de relevo sombreado, curva de nível, mapas de declividade e com auxílio de imagens de satélite do banco de dados do ARCGIS e do plugin Openlayer do QGis. Com a sobreposição das imagens de satélite aos MDEs e modelos gerados pelo SIG, possibilitou a individualização dos modelados de acordo com a sinuosidade, declividade, diferentes texturas e rugosidade apresentadas pelos MDEs individualizar as formas de relevo. Criando assim polígonos de cada unidade de feição, através das ferramentas de edição de polígonos. Pode-se afirmar que ainda hoje não existe um método unificado internacional de mapeamento geomorfológico, isso se deve a complexidade e variedades dos objetivos estudados pela geomorfologia e à consequente dificuldade em classificá-los. Como também além dos problemas metodológicos e de conteúdo, a questão da escala apropriada, principalmente para pequenas áreas não foi resolvida. Com o objetivo de nortear a classificações da morfologia do relevo, Ross (1992, 1996), propõe uma classificação em 6 níveis taxonômico, com base na morfologia e na gênese. Neste trabalho utilizamos os táxons 3º- Unidade Morfológicas ou aos Padrões de Formas semelhante e 4º- Tipos de forma de relevo. Estes modelados foram classificados de acordo com as bibliotecas de padrões de relevo elaborado por Dantas (2016) em projeto da CPRM – Serviço Geológica do Brasil, carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação e o projeto de mapeamento geomorfológico Porto Seguro - Santa Cruz Cabrália, Dantas et. Al (2002). Os modelados mapeados na área foram, unidades fluviomarinhas, tabuleiros, e superfície aplainadas que foram individualizadas conforme suas particularidades em relação a formas e processos.
Material e métodos
Para o mapeamento geomorfológico da bacia hidrográfica do médio e baixo curso da bacia do rio Real, priorizou-se a elaboração dos mapeamentos em ambiente SIG. Como base para a elaboração do mapa dos modelados usou-se os MDEs raster Alos Palsar com resolução de 12,5m, disponibilizados pela NASA EarthData de 2006 a 2011, que foi um projeto conjunto entre a Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA) e a Japan Resources Observation System Organization (JAROS), que tem como objetivo proporcionar dados de observação da terra. A partir dos MDEs Palsar, foram gerados em ambientes SIG, com os programas ArcGis versão 10.5 e QGis versão 2.14, os modelos de relevo sombreado, curva de nível e mapas de declividade, sobrepondo cada e observando suas rugosidades, sinuosidades e diferentes texturas do relevo. Foi utilizado também, imagem de satélites do Banco de dados do ArcGis e do plugin Openlayer do QGis. Com as sobreposições das imagens de satélites e dos modelos MDEs e gerados pelos programas, foram identificados e individualizados cada modelado de acordo com a textura da imagem de relevo sombreado proporcionada pela dissecação e densidade de drenagem apresentada pelo relevo. Em seguida foram vetorizados as informações e atributos dos mapas para a área de estudo deste trabalho. Como já citado anteriormente, este mapeamento baseou-se na biblioteca de relevo elaborado por Dantas (2016) em projeto da CPRM – Serviço Geológica do Brasil, carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação, o domínio das unidades gravitacionais que são os Campos de Dunas, Planícies de Inundação (Várzeas), Terraços Marinhos, Planícies Fluviomarinhas (mangues), Planícies Fluviomarinhas (brejos), Planícies Marinhas e Planícies Fluviolacustres (brejos), seguindo do domínio das unidades denudacionais em rochas sedimentares pouco litificadas, compreendidos pelos Tabuleiros e Tabuleiros Dissecados. Vimos também os Domínio das unidades denudacionais em rochas cristalinas ou sedimentares que são as Cristas isoladas e serras baixas e o domínio dos relevos de aplainamento que são as Superfícies Aplainadas Conservadas e Superfícies Aplainadas Retocadas ou Degradadas. Também foi utilizado o projeto de mapeamento geomorfológico Porto Seguro - Santa Cruz Cabrália, Dantas et. Al (2002), com sua unidade morfoestrutural o grupo Barreiras e sua morfoesculturas de tabuleiros costeiros, como os Tabuleiros pouco dissecados, Tabuleiros muito dissecados e Escarpas degradadas. Estas compartimentações geológicas dos dois projetos possibilitaram uma classificação, mais assídua do mapeamento geomorfológico da bacia do rio real.
Resultado e discussão
Neste trabalho foram identificadas 16 unidades morfológicas do relevo
(figura 1), abordando os aspectos morfológicos do relevo da área mapeada,
esta análise corresponde ao primeiro nível de abordagem de estudos do relevo
proposta por Ab´Saber (1969), o compartimentação topográfica regional e
características morfológica. Estes modelados identificados foram
classificados de acordo com a biblioteca de relevo elaborado por Dantas
(2016) em projeto da CPRM – Serviço Geológica do Brasil, carta de
suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação e o projeto
de mapeamento geomorfológico Porto Seguro - Santa Cruz Cabrália, Dantas et.
Al (2002). Sendo estas:
Campos de dunas - Relevo de agradação. Zona de acumulação atual ou subatual.
Superfícies de relevo ondulado, constituídas de depósitos arenoquartzosos
bem selecionados, depositados por ação eólica longitudinalmente à linha de
costa. Por vezes, encontram-se desprovidos de vegetação e apresentam
expressiva mobilidade (dunas móveis); ora se encontram recobertos por
vegetação pioneira (dunas fixas).
Cristas isoladas e serras baixas - Relevo de degradação em qualquer
litologia. Constituído por pequenas serras isoladas, com vertentes
predominantemente retilíneas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou
levemente arredondados, que se destacam topograficamente relevo
circunjacente. Amplitudes de relevo elevadas e gradientes muito elevados,
com ocorrência frequente de vertentes muito íngremes com gradientes muito
elevados (superiores a 45°) e paredões rochosos subverticais (60° a 90°).
Rede de drenagem incipiente, com nítido controle estrutural. Atuação
dominante de processos de morfogênese (formação de solos pouco profundos em
terrenos declivosos, em geral, com moderada a alta suscetibilidade à
erosão). Atuação frequente de processos de erosão laminar e linear acelerada
(sulcos e ravinas) e ocorrência esporádica de processos de movimentos de
massa. Geração de colúvios e depósitos de tálus nas baixas vertentes.
Curso d’água - Qualquer corpo de água fluente. Apresentam-se em terrenos
perfeitamente drenados nas planícies de inundação.
Escarpas degradadas - Vertentes íngremes e bastante dissecadas, com
gradientes elevados (30° a 45° ) e amplitudes de o relevo entre 60 e 100
metros.
Planícies fluviomarinhas mangues - Terrenos lamosos, saturados em água,
muito ricos em matéria orgânica, situados em fundo de baías ou enseadas, ou
deltas dominados por maré. Superfícies planas, de interface com os sistemas
deposicionais continentais e marinhos, constituídas de depósitos
argiloarenosos a argilosos. Terrenos periodicamente inundados, com padrão de
canais bastante meandrantes e divagantes, sob influência de refluxo de
marés. Muito baixa capacidade de suporte dos terrenos.
Planície marinha - Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos
arenosos, apresentando microrrelevo ondulado, geradas por processos de
sedimentação marinha. Terrenos bem drenados e não inundáveis elaborados
sobre terraços marinhos e cordões arenosos.
Planícies fluviolacustres (brejos) - Superfícies planas, de interface com os
sistemas deposicionais fluviais e lacustres, constituídas de depósitos
argiloarenosos a argilosos. Terrenos mal drenados, prolongadamente
inundáveis. Os abaciamentos (ou suaves depressões em solos arenosos) em
áreas planas ou em baixos interflúvios, denominados Áreas de Acumulação
Inundáveis (Aai), estão inseridos nessa unidade. Baixa capacidade de suporte
dos terrenos.
Planícies fluviomarinhas brejos - Superfícies planas, de interface com os
sistemas deposicionais continentais e marinhos, constituídas de depósitos
argiloarenosos a argilosos, ricos em matéria orgânica. Terrenos muito mal
drenados, prolongadamente inundáveis, com padrão de canais bastante
meandrantes e divagantes, presente nas baixadas litorâneas, em baixos vales
dos principais rios que convergem para a linha de costa. Baixa capacidade de
suporte dos terrenos.
Planícies de inundação várzeas - Superfícies sub-horizontais constituídas de
depósitos arenosos ou areno-argilosos a argilosos, bem selecionados,
situados nos fundos de vales. Apresentam gradientes extremamente suaves e
convergentes em direção aos cursos d’água principais. Terrenos
imperfeitamente drenados nas planícies de inundação, sendo periodicamente
inundáveis; bem drenados nos terraços. Os abaciamentos em áreas planas e as
Áreas de Acumulação Inundáveis, frequentes na Amazônia e no Pantanal, também
estão representadas nesta unidade.
Superfícies aplainadas conservadas - Superfícies planas a levemente
onduladas, promovidas pelo arrasamento geral dos terrenos, representando, em
linhas gerais, grandes extensões das depressões interplanálticas do
território brasileiro.
Superfícies aplainadas retocadas ou degradadas - Superfícies suavemente
onduladas, promovidas pelo arrasamento geral dos terrenos e posterior
retomada erosiva proporcionada pela incisão suave de uma rede de drenagem
incipiente. Inserem-se, também, no contexto das grandes depressões
interplanálticas do território brasileiro.
Tabuleiros - Formas de relevo suavemente dissecadas, com extensas
superfícies de gradientes extremamente suaves, com topos planos e alongados
e vertentes retilíneas nos vales encaixados em forma de “U”, resultantes de
dissecação fluvial recente. Predomínio de processos de pedogênese (formação
de solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a moderada
suscetibilidade à erosão). Ocorrências esporádicas, restritas a processos de
erosão laminar.
Tabuleiros pouco dissecados - Superfícies tabulares sulcadas por extensos
canais, formando uma rede de baixa densidade de drenagem de padrão paralelo
a dendrítico, com vales encaixados de pequeno aprofundamento (15 a 40
metros) e gradientes médios (15 a 25m ).
Tabuleiros dissecados - Formas de relevo tabulares, dissecadas por uma rede
de canais com alta densidade de drenagem, apresentando relevo movimentado de
colinas com topos tabulares ou alongados e vertentes retilíneas e declivosas
nos vales encaixados, resultantes da dissecação fluvial recente. Predomínio
de processos de pedogênese (formação de solos espessos e bem drenados, em
geral, com baixa a moderada suscetibilidade à erosão). Ocorrência de
processos de erosão laminar ou linear acelerada (sulcos e ravinas).
Tabuleiros muito dissecados - Tabuleiros ou colinas tabulares de topos
planos a levemente arredondados, sulcados por densa rede de pequenos canais,
com padrão paralelo a dendrítico; vales encaixados de pequeno aprofundamento
(geralmente inferiores a 20 metros) e gradientes médios (15 a 25m ).
Terraços marinhos - Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos
arenosos, apresentando microrrelevo ondulado, geradas por processos de
sedimentação marinha e/ou eólica. Terrenos bem drenados e não inundáveis.
Figura 1- Mapeamento Geomorfológico do médio e baixo curso da bacia do rio real, 2017.
Considerações Finais
Este mapeamento Geomorfológico da bacia do rio real, trabalhou com a escala de 1:24.000, teve o objetivo de abordar o compartimentação topográfica regional e caracterização morfológica (analisa os diferentes níveis topográfico e as características do relevo, destacando a morfologia), nível de abordagem proposto por Ab´ Saber (1969), recentemente retomado por Casseti (2007). Este estudo morfológico da paisagem, demonstrar a importância do mapeamento ( e das geotecnologias) para a Geografia, como forma de subsídios para trabalhos que poderão a partir dela destrinchar os outros níveis de abordagem proposto por Ab´ Saber (1969), como a estrutura superficial da paisagem (relaciona os depósitos correlativos com as condições climáticas, enfatizando a morfogênese) e processos morfoclimáticos e pedogênicos atuais, a morfodinâmica, inserindo o homem como agente desses processos). Portanto se considera um ponto inicial para um trabalho mais aprofundado de todos os aspectos do relevo (morfológico, morfogenéticos, morfocronológicos e morfodinâmicos), ou seja, base para os estudos pertinentes da bacia do rio Real. Como também manual para futuras elaboração de ordenamento e zoneamento urbano e agrícola da área mapeada.
Agradecimentos
Referências
ABʼSÁBER, Aziz Nacib. Ritmo da epirogênese pós-cretácica e setores das superfícies neogênicas em São Paulo. Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia, 1969.
CASSETI, Valter; CASSETTI, Geomorfologia Valter. introdução à geomorfologia. http://www. funape. org. br/geomorfologia/cap1/index. php. Acesso em, v. 1, n. 06, p. 2007, 2007.
DANTAS, Marcelo Eduardo. Biblioteca de padrões de relevo: carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação. 2016.
DANTAS, Marcelo Eduardo; DE MENEZES MEDINA, Antonio Ivo; SHINZATO, Edgar. GEOMORFOLOGIA DA COSTA DO DESCOBRIMENTO-EXTREMO SUL DA BAHIA: MUNICÍPIOS DE PORTO SEGURO E SANTA CRUZ CABRÁLIA. Augustus, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, p. 41-47, 2002.
FLORENZANO, Teresa Gallotti. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. Oficina de Textos, 2016.
ROSS, J. S. Registro cartográfico dos fatos geomorfológicos e a questão da taxonomia do relevo. Rev. Geografia. São Paulo, IG-USP, 1992.
ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Geomorfologia aplicada aos EIAS-RIMAS. Geomorfologia e meio ambiente, v. 3, p. 291-336, 1996.