Autores
Tavares Ribeir0, A. (IFMA)
Resumo
Este estudo trata da relação entre a erosão do solo e a formação de ilhas fluviais nos rios Corda e Mearim, no perímetro urbano da cidade de Barra do Corda – Maranhão. Os vales fluviais existentes propiciam um relevo com uma declividade acentuada e produz um escoamento direcionado, o que a médio e longo prazo pode provoca a erosão das áreas mais altas, havendo o transporte dos sedimentos para os rios. O uso inadequado do solo próximo aos rios aliado ao regime de chuvas tropicais tem dado, origem a sulcos por escoamento superficial, resultando na formação de ravinas e voçorocas. A formação de ilhas fluviais nos rios Corda e Mearim está associado a fatores como declividade, erosão e compactação das margens relacionada a retirada da vegetação, extração mineral em seu talvegue, bem como nas vertentes.
Palavras chaves
Erosão; Ilhas fluviais; Rios
Introdução
Tendo em vista que o Maranhão é o Estado nordestino que menos sofre com a escassez hídrica, em função de sua localização geográfica, onde seus rios são distribuídos por toda sua superfície do estado, os quais geralmente são grandes, extensos, perenes, exorréicos e com potencial de navegabilidade, apresenta ainda muitos rios que são propícios a darem origem a tais ilhas, valendo ressaltar a região da cidade de Barra do Corda a qual usufrui de dois rios, sendo que o fenômeno de formação das ilhas sedimentares pode ser observado em algumas localidade do rio Corda e outras após seu encontro com o Rio Mearim. Desse modo, em muitos desses rios é possível notar a formação de ilhas fluviais, a exemplo dos rios Corda e Mearim Rio Mearim: Genuinamente maranhense, o rio Mearim nasce nas encostas da Serra Menina numa altitude de 450 m, no município de Formosa da Serra Negra. Seu curso é de 930 km, O Alto Mearim estende-se desde a nascente à foz do rio Flores, afluente da margem direita, com uma extensão de 400 km aproximadamente. O desnível total do trecho é de cerca de 400 m, sendo a declividade bastante variável devido ao elevado número de corredeiras, que em muitos casos obstruem o leito. O Médio Mearim compreende o trecho entre a barra do rio das Flores e o Seco das Almas, com extensão de aproximadamente 180 km. O desnível total é de cerca de 20 metros, sendo a declividade média de aproximadamente de 11 cm/km. A largura situa-se entre 50 e 100 metros. Neste trecho encontram-se diversos alargamentos do rio onde os depósitos aluvionais tornam muito difícil a navegação, com profundidades da ordem de 0,80 metros em águas baixas. O Baixo Mearim compreende o trecho entre o Seco das Almas até à foz na baía de São Marcos. A sua extensão é de aproximadamente 170 km. O desnível total é de cerca de 12m, e declividade média, aproximada de 7 cm/km, apresentando características de um rio de baixada, com grandes meandros. O curso d'água é lento e as profundidades constantes, com a mínima em torno de 1,50 m, localizadas nos trechos de depósitos de aluvião denominados "secos" e em algumas corredeiras, que se constituem no principal obstáculo à navegação. Rio Corda: nasce na serra negra no município de São Raimundo das Mangabeiras, possui um a extensão média de 180km de extensão e tem sua foz na confluência com o rio Mearim na cidade de Barra do Corda- Maranhão, seu leito corre todo em um relevo de planalto. Por estar numa região alta possui muitas corredeiras, trechos encachoeirados e uma vazão maior que o rio Mearim, sobretudo no alto e médio curso, por ser um rio de menor extensão. No perímetro urbano de Barra do Corda este rio encontra-se com suas características bastante deformadas pela ocupação irregular na área analisada. Possui obras de grande porte construídas por quem teria o direto de resguardar esse patrimônio (poder público) com exemplo pode ser citado a urbanização da avenida litorril no bairro INCRA que percorre a margem esquerda por mais de 2,5km. Além de obras privadas que somam em torno de 30 portos nas duas margens em todo o perímetro urbano desta cidade. As imagens mostradas no trabalho mostraram essa realidade. Segundo SILVA (2007) o processo de formações de tais ilhas é dado da seguinte forma: [...] A origem das ilhas fluviais pode ser desde a elevação natural de uma porção do terreno que foi preservada das águas, até mesmo a sedimentação feita pelo rio que acumulou material naquele lugar, dando origem a uma ilha. As ilhas fluviais são comuns em rios caudalosos e de planície onde o processo de sedimentação é mais lento.
Material e métodos
Do ponto de vista metodológico, recorreu-se ao uso de imagens de satélite para o mapeamento das ilhas fluviais, de medida de vazão, levantamento fotográfico, de medida de largura, profundidade e coleta de sedimentos. As imagens foram coletadas em 2016 no programa Google Earth e foram registradas na escala de 1:30.0000 cm. Em seguida foram realizadas incursões “in lócus” para observação da paisagem geomorfológica e da dinâmica fluvial que originou as ilhas, bem como o Levantamento fotográfico na área de estudo. A coleta dos sedimentos foi realizada no mês de outubro de 2016 (período de baixa vazão) foi realizada no período no mês de outubro, ou seja, ainda no período de estiagem, época em que o rio se encontra no seu leito menor, portanto não foi encontrada excesso de sedimentos em suspensão. A coleta foi realizada em três pontos: 1 (um) coleta no rio corda, 1 no rio Mearim e 1 na foz do rio corda (encontro dos rios). A medição da largura foi realizada com um trena lazer de 100m de alcance em 6 pontos de cada rio e a medida de profundidade média do leito foi realizado com o uso de um profundimetro; Medida de vazão foi realizado com o uso de um molinete, está foi realizada com uma distância de a 50 metros antes e depois das ilhas já consolidadas, A medida da vazão dos rios foi realizada no mês de outubro período que compreende a baixa estação das chuvas, o que nos dá uma resposta parcial do esperado pela pesquisa uma vez que não se pode analisar a vazão somente no período de baixo nível, no entanto, por força de seguir o cronograma da pesquisa vamos apreciar apenas esses dados por enquanto. Para entender melhor os dados da tabela devemos nos voltar para o título do trabalho o qual objetiva realizar análises das ilhas sedimentares encontradas nos rios Corda e Mearim no perímetro urbano em Barra do Corda. Esses dados foram obtidos com a medida antes e depois de 2 ilhas a uma distância média de 50 metros, uma em cada rio no trecho acima citado e que foram escolhidos levando em conta o tamanho das ilhas. No primeiro caso a vazão é maior por que o rio é mais largo e tem um volume maior de água, isso se dá também por estar ainda em seu curso alto. No segundo rio verificou-se uma redução também em função da presença da ilha no meio de seu curso e uma vazão menor por ser um rio já em leito baixo e bem próximo da foz. O que se pode verificar nos dois casos é a redução da quantidade de agua descendo ocasionados pela presença das ilhas, isso vai gerar problemas maiores na foz, pois ao longo do rio Mearim que possui 930 km de extensão existem milhares de ilhas e também favorece o rápido aumento do nível da água no período chuvoso podendo ocasionar enchentes com maior frequência sobre tudo nas cidades localizadas no médio e baixo curso da bacia. Com a medida da vazão se verificou o seguinte: Figura 01: As vazões dos rios analisados tiveram uma pequena redução logo depois das ilhas, visto que a montante destes rios não existem barragens ou outros obstáculos que podem diminuir as respetivas vazões. Isso torna se preocupante uma vez que caracteriza que o rios tem sua capacidade de transportes de carga de fundo reduzidas a cada ilha formada.
Resultado e discussão
A formação de ilhas no leito de rios é um fenômeno natural, no entanto isso
ocorre de
forma mais acentuada em planícies onde a dinâmica fluvial permite o maior
acumulo de sedimentos. O instigou o início da pesquisa foi a observação de
tantas ilhas e bancos de areia num trecho de 5 km do rio Corda e 3 km do rio
Mearim com uma concentração muito elevada numa região (Planaltos) que em
teoria não seria normal elas (ilhas) existirem.
As ilhas identificadas na época da pesquisa estavam em áreas urbanas do rio.
O mal uso do solo nesta área tem sua importância no impacto observado, uma
vez que a falta de observância das leis ambientais vigentes, a ocupação
desordenada por portos, balneários privados e obras públicas. Uma outra
observação a ser feita é que na maioria dos casos observados, estes portos,
balneários são de pessoas abastados da sociedade cordinha, logo não ocupam a
área por falta de conhecimento ou por serem de baixa renda, fato inclusive
que dificulta a fiscalização dos órgãos competentes (SEMA,IBAMA e outros)
Na imagem 01 a parte indicada pela seta vermelha é uma ilha totalmente
formada e com vegetação o que acaba tornando mais difícil a possibilidade de
retirada da mesma. Segundo relatos da população local tal ilha sofreu ação
antrópica para se consolidar:
Tal fato acaba constatando a ignorância da população em relação aos
prejuízos que uma ilha pode causar ao rio. No entanto, em outros pontos do
perímetro urbano da cidade já se pode observar a formação de ilhas
ocasionadas pelos fatores citados inicialmente.
Na imagem 03 os pontos em amarelo referem-se aos excessos de areia
encontrados nos rios e os pontos em vermelho referem-se às ilhas totalmente
formadas ou em processo de consolidação.
Nas visitas feitas às margens do rio Corda no perímetro urbano na cidade
observou-se que o mesmo está largo e raso, características um rio com seu
curso em nível baixo, meandroso e com idade senil, ausência de mata-ciliar
em alguns pontos e a presença parcial desta em outros, o que acaba
provocando o alargamento do rio e consequentemente o preenchimento de
sedimentos em todo seu canal. Tais características são naturais aplicadas ao
Rio Corda, pois o mesmo encontra-se próximo de sua foz, no entanto em alguns
pontos do Rio Mearim pode-se observar características semelhantes o que se
torna preocupante, pois o mesmo ainda está em seu alto curso o que sinaliza
correnteza forte e curso retilíneo. Em algumas áreas observou-se ainda o uso
do solo de forma intensa e desordenada o que acabou ocasionando a erosão
fluvial.
A análise fotográfica e de imagens aéreas busca exatamente mensurar os
avanços antrópicos sobre o relevo e mata ciliar que circundam os rios, sendo
que estes ocorrem pelos seguintes motivos:
• Uso desordenado para construção civil;
• Uso para pastagens (pecuária), vazante (agricultura);
• Turismo e lazer.
As amostras foram recolhidas no fundo do rio em uma posição que indica a
média de sua largura, nestas pode-se observar a presença de areia com
granulometria variando de média à grosseira, cascalhos com média de 03 a 07
centímetros. Isso indica o grande poder de arraste da água do rio dando
sinal que os rios ainda apresentam uma boa vazão mesmo com a baixa estação
das chuvas. Outro ponto a ser destacado é a característica dos sedimentos
que são típicos de planaltos. Nestas amostras foram observadas também uma
fina camada de argila de fundo e com alta concentração do mineral o que
levantou alguns questionamentos, sendo estes os seguintes:
Se os rios são de planaltos, por que a argila é tão constante nas amostras?
A resposta está no relevo característico da área em estudo que está rodeado
de morros de pequeno porte recobertos por solos argilosos e sujeitos à
erosão pluvial por causa da retirada da vegetação nativa, o que tem
ocasionado arraste em grande quantidade de argila para o leito do rio.
Vista área das ilhas formadas ou em processo de formação nos Rios Corda e Mearim
MEDIDA DE VAZÃO DOS RIOS CORDA E MEARIM EM OUTUBRO DE 2016
Vista aérea da foz do rio Corda com uma ilha em destaque formada no encontro dos Rios Corda e Mearim
Vista da ilha totalmente formada no encontro dos Rios Corda e Mearim.
Considerações Finais
O presente trabalho foi finalizado no final de 2016 e com seu termino pode se observar que o resultado do processo erosivo natural provocado pelas chuvas e ventos presentes na região associados as ações antrópicas como mau uso do solo, e retirada da mata ciliar dos rios pesquisados, assim como a compactação do solo por obras de pavimentação. No decorrer da pesquisa se pode observar que a vazão do rios diminuiu depois das ilhas, que a sociedade cordinha possui um recurso natural grandioso que pose ser usado para pratica do turismo, ecoturismo e também pela indústria. No entanto, com o mau uso deste recurso em breves tempos nada poderá ser aproveitado por causa da negligencia do poder publico e da acomodação da população.
Agradecimentos
Agradecimentos para o IFMA e pelo programa PIBIC JR que financiou a Pesquisa
Referências
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GUERRA, Antonio Jose Teixeira . CUNHA, Sandra Baptista da. Geomorfologia do Brasil . Rio de Janeiro. Ed. Bertrand Brasil 1998.
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SILVA, Alexandre Marco da Silva. SHULZ, Harry Edmar. CAMARGO, Plínio Barbosa de. Erosão e Hidrossedimentologia em Bacias Hidrográficas. São Carlos: Rima, 2007. 2°Ed.
TEIXEIRA, Wilson .TOLEDO , M. Cristina Motta de. FAIRCHILD, Thomas Rich . TAIOLI, Fabio (orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo, Companhia Editora Nacional , 2008.
http://www.adenildobezerra.com/news/mearim-o-nosso-rio/ acesso em 21 de março de 2014