Autores
Marcon dos Santos, F.S. (UEG/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Guerner Dias, A.J. (UP/UNIVERSIDADE DO PORTO/PORTUGAL) ; Marcon dos Santos, R. (PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, PUC/GO)
Resumo
Por esta pesquisa analisamos as ocorrências de erosões registradas em duas seções às margens do Ribeirão das Perdizes, durante um período de monitoramento de cheias e estiagens. A área compreende a Bacia Hidrográfica do Rio Preto, localizada no Sudoeste do Estado de Goiás, Município de Quirinópolis, Estado de Goiás. Para avaliação da erosão e acreção, foram aplicados os métodos dos pinos, das estacas e das perfilagens sucessivas. Optou-se por esses métodos que após um ano foi possível verificar a taxa de erosão ou acreção do solo pelas estacas e pinos instalados e monitorados. Realizadas as análises de campo, as informações armazenadas e comparadas com os dados de chuvas coletados pelo pluviômetro e dados históricos de chuva, possibilitou a elaboração de gráficos que permitiram efetuar a correlação da precipitação com os processos de erosão de solo. Os resultados apresentados contribuíram para o entendimento da dinâmica fluvial, o monitoramento e identificação dos processo
Palavras chaves
Processos Erosivos; Estacas; Pinos
Introdução
A pesquisa desenvolvida sobre as alterações nos processos erosivos face pulsos climáticos decorrentes das variações nas estações do ano, com ocorrência das estações seca e húmida com período chuvoso na Bacia Hidrográfica do Rio Preto. Pulsos procedentes das características físico- naturais e das ações antrópicas na bacia que constitui-se importante manancial hídrico e grande celeiro de produção agrícola para o Município de Quirinópolis. A área de pesquisa localiza-se no município de Quirinópolis, na Microrregião Homogênea (MRH) – 18 (Quirinópolis) e Mesorregião Geográfica Sul Goiano, com aproximadamentel 885 km2, entre as coordenadas geográficas 18º16’43” e 18º30’55” de Latitude Sul e 50º25’10” e 50º37’42” de Longitude Oeste, tem como principal canal de drenagem o Rio Preto que nasce no Município de Rio Verde – Goiás à uma altitude de 880 metros, entra no Município a uma altitude de 535 metros passando ao sul da Cidade de Quirinópolis no sentido noroeste – sudeste, percorrendo uma distância retilínea de 72.1 km até desaguar no Rio Paranaíba a uma altitude de 399 metros, segundo dados do (IBGE, 2010). A estrutura geológica é Bacia Sedimentar do Paraná formada por unidades litoestratigráficas englobando litologias magmáticas de idade Jurássica- Cretácica e cobertura sedimentar de idade Cenozoica da Bacia Sedimentar do Paraná, composta pelos Grupos São Bento - Formação Serra Geral (JKsg) e Grupo Bauru – Formação Adamantina (Kba). A estrutura geomorfológica corresponde ao Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Paraná; é formada por relevos de feições complexas, apresentando sulcos adaptados às estruturas, bordas escarpadas em alcantis com reversos em rampas pouco declivosas, geralmente interrompidas por relevos residuais de topos tabulares e níveis topográficos embutidos na superfície geral dos planaltos. No nível inferior da bacia, ao longo da maior parte do curso do Rio Preto e dos córregos desta bacia, predominam os Latossolos Roxos distróficos, bem drenados e com a ocorrência de horizonte B latossólico, de cores vermelho- escuras e com teores de Fe2O3 iguais ou superiores a 18%, originários do basalto da Formação Serra Geral. No nível superior, formado por rampas pedimentadas predominam os Latossolos Vermelho-escuros álicos, que são solos minerais, profundos, bastante intemperizados, contornados por relevos residuais de topos tabulares do Grupo Bauru - Formação Marília. A partir da década de setenta do século XX, ocorre nesta bacia a introdução da mecanização do processo de uso e ocupação dos solos, intensificando o desmatamento da vegetação nativa do cerrado para implantação de culturas cíclicas e formação de pastagens para a criação de gado bovino. Na estação húmida e chuvosa o uso intensivo de máquinas agrícolas expõem os solos às erosões pluviais com transporte de sedimentos através das enxurradas. Sendo, portanto, os pulsos climáticos fundamentais para o estudo dos processos erosivos nesta bacia. O objetivo principal deste trabalho é analisar a ação dos pulsos climáticos e do uso do solo nos processos erosivos, por meio das ações antrópicas no meio físico, como agentes modeladores que definem a dinâmica das vertentes. Dentre os objetivos secundários destaca-se inicialmente a associação dos processos erosivos às alterações climáticas. Para atender aos objetivos da pesquisa, foram aplicados os métodos dos pinos, das estacas e das perfilagens sucessivas para avaliar a evolução da erosão e acreção. Neste trabalho optou-se por estes métodos, que após um ano, possibilitou verificar a taxa de erosão ou acreção do solo onde estão localizadas as estacas e os pinos instalados e monitorados. Os resultados apresentados neste trabalho contribuíram para a caracterização da dinâmica fluvial e identificação e monitoramento dos processos de erosão.
Material e métodos
Os pioneiros a utilizarem o método de estacas, pinos e perfilagens sucessivas foram Wolman (1956), Schumm (1956) e Leopold (1960). O método dos pinos consiste na inserção de pinos metálicos na face da margem do rio, medindo-se o valor da erosão através da superfície de exposição dos pinos. São utilizados pinos de aço, com 1,0 m de comprimento e 1cm de diâmetro, distribuídos numa malha regular com espaçamento horizontal e espaçamento vertical. Após cada recolha de dados, o pino exposto pela erosão deverá ser introduzido novamente no terraço, deixando-o exposto no máximo 10,0 cm. O Método das Estacas consiste na instalação de estacas de madeira na superfície do terreno na mesma direção do pino instalado, enquanto que o método das perfilagens sucessivas consiste no levantamento de perfis nas margens pesquisadas e na evolução progressiva de seus perfis. Sala (1988, p. 24) afirma que “Una de las técnicas más sencillas y más utilizadas para evaluar la degradación del suelo es la de introducir en el terreno clavos o estacas e ir mediendo en determinados intervalos de tempo su altura relativa respecto a la superfície del suelo”. Foram utilizadas fotografias aéreas da USAF (1965) para delimitar formas de relevo e uso do solo através de esterescopia, aliadas a dados obtidos em levantamentos de campo e imagens de satélite para avaliar a evolução do processo de desmatamento e de uso do solo no período entre 1970 e os dias atuais. O levantamento dos dados históricos de precipitação pluviométrica dos anos 1970 a 2010, foram obtidos por duas estações hidrometeorológicas: QUIRINÓPOLIS (SIMEGO 1850004), Código ANA: 01850002 e RIO VERDE (83470), Código ANA: 01750007. Foi instalado na área de estudo um pluviômetro, para que sejam registrados os totais pluviométricos diários, no intervalo de setembro de 2016 à agosto de 2017 permitindo assim a determinação da intensidade da chuva, o que tornou possível fazer associações com as perdas de solo. As medições foram realizadas após cada evento chuvoso e os dados coletados após cada evento de chuva foram registrados em planilhas e dispostos em gráficos e armazenados em um banco de dados. Os processos erosivos foram estudados em 14 pontos amostrais, através do método de estacas de erosão. O método consistiu na introdução de uma Estaca Referencial no topo do terraço da Seção I e II; e a distribuição das demais estacas há 50 metros a partir da linha dágua, cujo recuo é medido pelo grau de exposição que as estacas ou os pinos apresentam. A medição da erosão/acreção, é registrada pelo grau de exposição que as estacas e os pinos apresentam. Uma campanha de monitorização consiste em ir/voltar à área de estudo, a cada 15 a 30 dias ou após um evento chuvoso de alguma intensidade, e medir o quanto a estaca está ficando exposta em relação ao solo.
Resultado e discussão
Realizadas as análises de campo, as informações armazenadas e comparadas
com os dados de chuvas coletados pelo pluviômetro e dados históricos de
chuva, possibilitou a elaboração de gráficos que permitiram efetuar a
correlação da precipitação com os processos de erosão de solo. Os resultados
apresentados neste trabalho contribuíram para o entendimento da dinâmica
fluvial, para o monitoramento e identificação dos processos de erosão.
Os dados de precipitação pluviométrica apresenta informações sobre as
variações dos elementos climáticos da Bacia Hidrográfica do Rio Preto, a
partir de observações contínuas das variáveis climáticas no anos 1970 a
2010, foram obtidos por duas estações hidrometeorológicas e entre setembro
de 2016 e setembro de 2017 com medidas tomadas em campo (Gráfico 1).
Na Bacia Hidrográfica do Rio Preto observou-se, no período que
compreendeu os anos de 2016 a 2017, valores bastante irregulares de
precipitação pluvial ao longo de do ano. É caracterizado por um período
chuvoso (outubro a abril) e um outro seco (maio a outubro). No período
chuvoso ocorrem 95% do total de precipitação pluvial com destaque para os
meses de dezembro e janeiro, que mostram que chove em torno de 887 mm. É
importante ressaltar que, sob o ponto de vista climático, nos meses de maio
a setembro pode ser considerado que a estação seca esteja estabelecida,
enquanto que de novembro a março a estação chuvosa esteja plenamente
estabelecida. O volume total de chuva registrado na área de pesquisa é a
apresentada no Gráfico 2. A análise de uma série de dados de chuva permitiu
entender a ocorrência de pulsos climáticos, como a tendência climática que é
o aumento ou diminuição do volume de chuvas ao longo de uma série de dados.
Após realizar análises dos dados atualizados de campo, através dos
pinos, das estacas, das perfilagens e dos índices de chuvas coletados pelo
pluviômetro, ao ser comparados com as informações armazenadas em dados
históricos de chuvas, possibilitou a elaboração de gráficos que permitiram
efetuar a correlação das precipitações com os processos erosivos.
Os resultados obtidos neste trabalho permitiram concluir-se que:
1. O período de maior precipitação pluviométrica, tem início em dezembro e
se prolonga até abril, indicando um período de maior processo de erosão.
2. Nos meses de maio a setembro ocorrem as menores precipitações do ano.
Foram aplicados os métodos dos pinos, das estacas e das perfilagens
sucessivas para avaliar a evolução da erosão e acreção, que após um ano,
possibilitou verificar a taxa de erosão ou acreção do solo onde estão
localizadas as estacas e os pinos instalados e monitorados. As medições de
campo foram realizadas no último dia de cada mês. Assim sendo, em setembro
de 2016 as taxas de erosão foram zero com uma precipitação acumulada de 12
mm, enquanto que no final de agosto de 2017, o mesmo parâmetro, foi de 2058
mm distribuídos por doze meses, que foi o suficiente para que possam ter
ocorrido fenómenos de erosão/acreção. Segue o quadro 01 de taxas de erosão
(valores negativos) e acreção (valores positivos).
Na década de 70, predominava a sedimentação resultando na formação de
terraços e bancos de areia denominado na seção I e na seção II onde estão
inseridas as estacas referencial e o resultado desta pesquisa entre 2016 a
2017 nesta área houve um balanço entre erosão e acreção. O terraço passou
por períodos de intensa sedimentação e transposição de sedimentos para
planície de inundação onde estão inseridas as estacas pelos períodos de
cheias até os anos de 2005. Há aproximadamente dez anos que a planície de
inundação não recebe sedimentos provenientes do canal de drenagem e durante
este período de monitoramento observou-se por meio das estacas de números 1,
2, 3, 4, 5 e 6 que houve o predomínio de acreção em relação a erosão.
Precipitação Média Mensal – Fazenda Perdizes e Fazenda Confusão do Rio Preto em Quirinópolis 2016/2017 (Palmira Gasparetto Marcon e Gilberto Celestino
Precipitação Média Anual de Quirinópolis 1970/2010, (ANA, 2010).
Taxas de erosão e acreção.
Taxas acumulada de erosão e acreção mensal nas seções monitoradas
Considerações Finais
As estacas de Referência de ambas seções não apresentaram erosão ou acreção pois os níveis do leito do rio não foram suficientes para alcançar e gerar alterações nessas estacas. No terraço da seção I onde foram instalados os pinos, apresentou-se elevadas taxas erosivas devido ao aumento da precipitação pluviométrica. As estacas instaladas nas seções I e II apresentaram taxas de acreção no período chuvoso, por estarem posicionadas em uma planície de inundação, sujeitas a receber sedimentos oriundos das vertentes.
Agradecimentos
Referências
FERNANDEZ, O.V.Q. Erosão marginal no lago da UHE Itaipu (PR). Rio Claro, Universidade Estadual de São Paulo, 1995. 107p. (Tese de Doutorado)
KONDOLF, G.M., PIÉGAY, H., SEAR, D. Integrating Geomorphological Tools in Ecological and Management Studies. In: Tools in Fluvial Geomorphology Department of Landscape Architecture and Environmental Planning and Department of Geography, University of California, Berkeley, CA, USA, 2003.
LEOPOLD L.B., WOLMAN Gordon. River meanders. Bulletin of the geological society of America. Vol. 71. P. 769-794, June 1960.
SALA, M. . Los clavos de erosión. In: Metodos y Tecnicas para la medicion en el campo de procesos geomorfologicos. Monografia nº 1. Sociedade Española de Geomorfologia. Barcelona, 9-11 junio 1988.
SHUMM, S.A. (1956): evolution of drainage sistems and slopes in badlands at perth amboy, New Jersey. Bull. Geol. Soc. AM.
WOLMAN, M. G. Factores Influencing Erosion Of A Cohesive River Bank. American Journal Of Sciense. 257:204-216, 1959. In http://www.ajsonline.org/content/by/year/1959