Autores

Oliveira, J.D. (UNEMAT) ; Souza, C.A. (UNEMAT) ; Sousa, J.B. (IFMT)

Resumo

Estudos pedológicos são importantes para a gestão do uso e ocupação do território. O objetivo desse estudo foi realizar a descrição morfológica de Nitossolo Vermelho Distroférrico típico no município de Salto do Céu. Os procedimentos metodológicos foram: elaboração da base cartográfica, trabalhos de campo para validação, descrição morfológica e coletas de amostras para análises granulométricas e químicas dos solos. Os resultados mostraram que a cobertura pedológica está localizada nas Serras do Roncador – Salto do Céu, litologicamente é composto pelo Grupo Rio Branco e Grupo Aguapeí a litologia é composta pelo Grupo Aguapeí e coberto por Nitossolo Vermelho Distroférrico típico encontrados, em altitudes que variam entre 340 a 613 metros. Os estudos pedológicos possibilitam maior compreensão do ambiente, assim, são fundamentais para adequar o uso do solo a suas potencialidades.

Palavras chaves

Geomorfologia; Solos; Gabro

Introdução

Segundo Lacerda e Alvarenga (2000), a natureza das rochas, representada basicamente pela constituição mineralógica/geoquímica e estruturação, sob ação de diferentes condições morfoclimáticas e agentes de erosão, reflete suas propriedades geomorfológicas ou comportamentais em relação à erosão. É sobre as rochas que os demais fatores de formação exercem sua influência no processo de evolução dos solos. O solo é um recurso conceitualmente renovável, mas, diante do imediatismo do uso antrópico deixa ser renovável devido o período que necessita para se regenerar das pressões sofridas. Detém funções ambientais, econômicas, sociais e culturais tais como: a) produção de biomassa, influenciando na agricultura e silvicultura; b) armazenamento, filtragem e transformação de nutrientes, substâncias e água; c) reserva de biodiversidade, como os habitats, espécies e genes; d) ambiente físico e cultural para o homem e as atividades humanas; e) fonte de matérias-primas; f) reservatório de carbono; g) conservação do patrimônio geológico e arqueológico (COM, 2006). Volchko et al. (2013) utilizam o conceito de função do solo para a avaliação de sustentabilidade de alternativas de remediações, propondo que a avaliação do desempenho do solo é objetivada em escalas espaciais diferentes, usando indicadores de qualidade do solo, tais como a física, a química e as propriedades biológicas que refletem efeitos sobre as suas funções; e indicadores de manutenção influenciando sobre serviços resultantes das funções do solo em todos os níveis da escala espacial. Ross e Del Prette (1998) ressaltam que a gestão ambiental caminha progressivamente para tomar as bacias hidrográficas como unidades de planejamento regional, mas com ênfase em recursos hídricos. Advertem, entretanto, sobre a necessidade de uma política que contemple outros componentes ambientais, tais como: solos, relevo, atmosfera, materiais rochosos, fauna e flora, bem como os componentes sociais. O material de origem dos solos, juntamente com seus fatores de formação, governa as características e propriedades dos solos formados, especialmente cor, textura, estrutura, porosidade e permeabilidade. A textura e estrutura são fatores que influem na maior ou menor quantidade de solo arrastado pela erosão (BERTONI; NETO, 1999). O tempo de exposição é então função da erosão. Num mesmo tempo, a taxa de modificação (pedogênese) é função da intensidade dos processos de formação do solo. Logo, quanto maior a erosão, menor o tempo de exposição do material, o que determina uma menor taxa de modificação no tempo (LACERDA; ALVARENGA, 2000). O solo é elemento básico na produção de alimento, embora o grande avanço na produção mundial a nutrição humana continua em crise. Mesmo a fome no mundo ter diminuído 21% desde 1990, pelo menos 805 milhões de pessoas ainda passa fome. A maior parte dos nutrientes essenciais as plantas também é fundamental aos seres humanos. Sendo assim a necessidade de inserir aos solos os nutrientes necessários para que haja uma absorção pelas plantas e assim repassada à dieta humana, principalmente nos alimentos com maior capacidade de reter esses elementos (DUXBURY; LYONS; BRUULSEMA, 2015). Dessa forma o objetivo deste trabalho foi realizar a descrição morfológica bidimensional de um perfil de Nitossolo Vermelho Distroférrico típico e analisar seus atributos fiscos e químicos, tendo em vista subsidiar ações voltadas à gestão ambiental.

Material e métodos

3.1 Área de Estudo O perfil estudado situa-se no município de Salto do Céu na bacia hidrográfica do rio Branco (BHRB) localiza-se entre as coordenadas geográficas de 15º 01’ 11,7” de latitude Sul e 58º 14’15,5” de longitude Oeste. 3.2 Etapa gabinete: produção bibliográfica Realizou-se o levantamento e o estudo de material bibliográfico. A produção cartográfica foi elaborada a partir das informações do Projeto Radambrasil (Brasil, 1982) com auxílio do software ArcGis, versão 10.3. 3.3 Etapa trabalho de campo: realização de coletas de solo e validação cartográfica. Os aspectos pedológicos foram observados no perfil de solo, com intuito de realizar descrição morfológica e coleta de amostra para determinação dos atributos químicos e físicos. O perfil foi descrito conforme Santos et al. (2005), e classificados segundo as normativas do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2014). A seleção do local para a abertura da trincheira foi previamente selecionado em visita de reconhecimento e levou em consideração as informações contidas na base cartográfica da cobertura pedológica do Projeto Radambrasil (BRASIL, 1982). 3.4 Análise de laboratório 3.4.1 Análise granulométrica e química de solos As análises granulométricas foram efetivadas para determinar os teores de silte, argila e areia. A fim de determinar a classe textural e a relação silte/argila presente em cada um dos horizontes do perfil, como complemento à classificação dos solos. As analises granulométricas foram realizadas conforme orientação do manual de métodos de análises de solo (EMBRAPA, 1997). Foram feitas análises químicas do solo de rotina de todos os horizontes dos perfis, determinando-se as variáveis: acidez ativa (pH em H2O e em KCl 1 mol L-1), acidez potencial, matéria orgânica, fósforo disponível, potássio trocável, cálcio trocável, magnésio trocável, alumínio trocável, acidez não trocável. Foram calculados: soma de bases, capacidade de troca de cátions (efetiva e a pH 7,0), saturação por bases e saturação por alumínio. As analises químicas foram realizadas conforme orientação do manual de métodos de análises de solo (EMBRAPA, 1997). Os critérios que foram utilizados para a interpretação dos resultados de análises de solos foram estabelecidos pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, tendo em vista que o Estado de Mato Grosso não possui parâmetros estabelecidos para tanto. Os valores de referência foram estabelecidos conforme Alvarez et al. (1999).

Resultado e discussão

O Nitossolo Vermelho Distroférrico típico encontra-se na Serra do Roncador – Salto do Céu, ocupando uma área de 87,23 km e o relevo caracteriza-se por formas convexas e superfície estrutural tabular que varia de 680 a 340 m de altitudes; com ocorrência litológica da Formação Morro Cristalino e Formação Vale da Promissão (BRASIL, 1982). A geologia é composta principalmente por dois patamares do Grupo Aguapeí, sendo a Formação Morro Cristalino constituída de metarenitos feldspáticos e ortoquartziticos, metarcóseos com finas intercalações de metassititos e ordósias que se encontram no topo. A superfície estrutural tabular e a Formação Vale da Promissão são constituídas de metassiltitos, filitos, ardósias e metarenitos subordinados onde são encontradas as formas convexas; porém, há uma estreita faixa abrangendo o Grupo Rio Branco, constituída de diabásios e gabros com relevo composto por formas convexas(BRASIL, 1982). A cobertura pedológica caracterizada como Nitossolo Vermelho Distroférrico típico (Figura 1) apresentou 400 g kg-1 de argila no horizonte Ap com matiz de 2,5YR nos primeiros 19 cm e 10R de 19 a 110+cm. A saturação por bases encontradas foram baixas, não passando dos 31,2% (Tabela 1) nos primeiros 100 cm. Figura 1 – Perfil de descrição morfológica do Nitossolo Vermelho Distroférrico típico na BHRB. Fotos: Acervo do autor (2016). Segundo a Embrapa (2014) os Nitossolos pertencem aos grupamentos de solos que possuem horizonte B nítico abaixo do horizonte A. Possuem avançada evolução pedogenética decorrida da atuação da ferralitização com intensa hidrólise. O horizonte B nítico possui pequeno gradiente textural; entretanto, apresenta estrutura em blocos subangulares ou angulares ou prismática, com grau moderado ou forte, a cerosidade é visível. Os Nitossolos Vermelhos são solos com matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B. O Nitossolo Vermelho Distroférrico típico descrito está a uma altitude de 534 metros, originado a partir da alteração das rochas de diabásio e gabro. Na análise química do horizonte Ap, pode ser observado que o pH em água ficou em 5,3, sendo assim, possui acidez média. O teor de matéria orgânica é muito bom, registrando 94,3 g kg-1. O fósforo (P) ficou 6,7 mg dm³ e o potássio disponível (K+) em 0,07 cmolcdm3 apresentam teores baixos. O teor de cálcio trocável (Ca2+) foi de 0,8 cmolcdm3, sendo definido como baixo e o magnésio trocável (Mg2+) foi de 0,10 cmolcdm3 caracterizando-se como muito baixo. A acidez trocável (Al3+) foi muito baixa ficando em 0,1 cmolcdm3. A soma de bases ficou em 1,0 cmolcdm3 considerada baixa. A saturação por bases foi de 17,8% sendo muito baixa (Tabela 1). Tabela 1 – Granulometria e atributos químicos do Nitossolo Vermelho Distroférrico típico. Organizado pelo autor O relevo no local do perfil é suave ondulado e o regional suave ondulado a ondulado. A erosão é moderada e o terreno bem drenado. O horizonte Ap apresentou cor bruno-avermelhado-escura (2,5YR 3/4, seco) e vermelho-escuro- acinzentada (10R 3/4, úmida). A estrutura apresenta-se forte com blocos subangulares muito pequenos. A consistência foi muito dura quando seca, firme quando úmida e plástica e pegajosa quando molhado. A transição entre os horizontes foi plana e gradual.

Perfil de descrição morfológica do Nitossolo Vermelho Distroférrico tí

Figura 1. Representa o perfil de solo estudado e sua interação com a paisagem e o relevo local.

Granulometria e atributos químicos do Nitossolo Vermelho Distroférrico

Tabela 1. Demonstra a granulometria e os atributos químicos de cada um dos horizontes do solo estudado.

Considerações Finais

O perfil foi classificado como Nitossolo Vermelho Distroférrico típico, originado a partir da alteração das rochas de diabásio e gabro com textura argilosa. O solo estudado possui uso predominantemente para pastangens onde é praticado a bovinocultura e apresentou saturação por bases muito baixa no horizonte Ap e baixa para as camadas intermediárias o que demonstra que esse solo necessita de correção química para o cultivo para plantas cultivadas. As propriedades fisicas do solo e a disposição do relevo mantem a erosão moderada. A falta de nutrientes e de manejo adequado evidenciam a falta de políticas publicas que visem o uso adequado do solo.

Agradecimentos

Referências

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