Autores
Santos, L. (UESC) ; Baitz, E.O.F. (UESC)
Resumo
A cidades de ilhéus por conta da sua natureza pedológica e geomorfológica e naturalmente suscetível a desastres naturais de ordem hidrometereológica como enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra. O objetivo da pesquisa e analisar o meio físico com vistas a identificar as ocorrências e propor medidas a serem tomadas para evitar ou minimizar os impactos que esses fenômenos causam a população. A Metodologia da pesquisa foi dividida em três (3) fases. Na primeira foi realizado o levantamento bibliográfico e analise documental, na segunda foi realizado o trabalho de campo com o preenchimento de fichas geomorfológicas, Na terceira fase foi correlacionado índice de precipitação com ocorrências de deslizamentos e a produção de mapas temáticos no software Arcgis 10.1.
Palavras chaves
Moradias ; Topografia; Precipitação
Introdução
As vertentes são a forma de relevo mais importante para o homem, mas por falta de planejamento as cidades se desenvolvem de forma desordenada os morros são ocupados de forma irregular assim como as planícies aluviais e regiões de várzea que fazem parte do ciclo de cheia e de seca dos rios. Geralmente estas áreas são ocupadas por populações de baixa renda que não tem condições financeiras para morar em locais sem risco Por vulnerabilidades sócio econômica o modo de produção capitalista divide a sociedade em classes sendo assim o espaço e produzido de acordo com a classe social refletindo na cidade a desigualdade socioeconômica. O processo de ocupação dos morros em Ilhéus vem desde o Brasil colonial quando a divisão do Brasil era em Capitanias hereditárias, ainda nesta época foram construídas as primeiras casas nos topos dos morros, pois estes eram lugares estratégicos no período das caravelas porem com o processo de urbanização e expansão de ilhéus segundo FRANCO (2008) a cidade se expandiu, ocupando quase todos os espaços vazios nas zonas mais centrais durante o período de 1940 a 1960, como por exemplo: a Avenida Canavieiras, Avenida Itabuna e o bairro Cidade Nova. Houve uma forte migração após a crise do cacau, um aumento demográfico significativo na cidade de ilhéus. Á população mais carente acabou ocupando os morros de forma desordena e tornou-se o que temos hoje bairros periféricos que se encaixam no conceito de aglomerados subnormais do IBGE com ausência de vias de circulação e serviços públicos, como saneamento básico acesso a água e coleta lixo. Esses bairros tem risco eminente de deslizamento e alagamentos, o principal agente desencadeador dos deslizamentos e a água, mas as ações antrópicas contribuem para que os eventos sejam deflagrados, esses fenômenos envolvem muitas variáveis tais como constituição dos solos que em ilhéus e do tipo Argissolo e Latossolo muito vulnerável a movimento de massa, ausência de vegetação, a água infiltra diretamente no solo, ausência de redes de drenagem de água da chuva ausência de esgotamento sanitário, cortes irregulares nas encostas, acumulo de lixo e entulhos acabam por elevar o nível de risco a deslizamentos.Já os alagamentos são deflagrados porque a cidade cresceu sobre uma bacia hidrográfica próximo a região de várzea de rios, riachos e depressões aluviais, resultado do processo de denudação dos morros ao longo de milhões de anos, a urbanização dessas áreas não levou em consideração que os rios possuem o ciclo natural de cheia e de seca dependendo da estação do ano, e as cidades cobertas por asfalto e concreto impedem o escoamento de água e infiltração no solo que em maior volume acabam sobrecarregando as redes de drenagem, cheia de lixo e entulho a água sobe rapidamente invadindo as casas causando perdas de bens materiais e ocasionando proliferação de doenças. Nos últimos anos esses eventos vêm se intensificando e se tornando cada vez mais presentes na paisagem de ilhéus onde podemos observar inúmeras obras de contenção em diversos pontos, cicatrizes de escorregamentos anteriores e marca de água suja nas residências devido ás cheias.
Material e métodos
A pesquisa buscou analisar o risco a deslizamento e alagamentos nos bairros alto do Basílio, alto do malhado, cidade nova e Nelson costa na cidade de Ilhéus. Analisamos na pesquisa a identificação de áreas com suscetibilidade a novos deslizamentos correlacionando aos índices de precipitação nas datas que foram deflagradas as ocorrências de alagamentos e deslizamentos. A Metodologia da pesquisa foi dividida em três (3) fases na primeira fase foi realizado o levantamento bibliográfico e analise documental dos dados de precipitação do INEMET e de ocorrências disponibilizados pela Defesa Civil de Ilhéus. O trabalho de campo realizado na segunda fase com aplicação de fichas de observação das características geomorfológicas e os registros fotográficos das áreas consideradas de risco com base nos parâmetros definidos por FRANCO(2008) que nos ajudaram a correlacionar a concentração da precipitação com as ocorrências e por fim a terceira fase onde foram analisados os dados obtidos nas fases anteriores e tratados com base em uma analise qualiquantitativa com elaboração de mapas temáticos utilizando o software ARCGIS 10.0. Assim foi possível analisar a suscetibilidade e o risco daqueles locais sofrerem novos alagamento e deslizamento em períodos de chuva. Para a confecção dos mapas e modelos digitais foi utilizado o software ArcGIS 10.0®. A delimitação da área urbana de Ilhéus, através do aplicativo Arc Map, do referido software. O mapa de localização foi gerado a partir de dados disponibilizados no ano de 2010 pela prefeitura municipal de Ilhéus e pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI Bahia),as encostas foram observadas e analisadas segundo os seguintes aspectos descritos por FRANCO (2008.) clima, geologia, relevo, solo, vegetação e ação antrópica. A interferência da ação antrópica, ou seja, o que a população residente no local faz para retardar ou avançar os processos erosivos nas encostas, os alagamento foram analisados a partir de dados cedidos pela defesa civil com ocorrência de alagamentos e escorregamentos entre 2015 a 2017 correlacionamos as ocorrências com o índice de precipitação daquelas datas. Esses bairros correm o risco eminente de sofrem novos alagamento e deslizamentos, o programa das nações unidas para o desenvolvimento (PNUD) classifica o risco como “Risco é a probabilidade de ocorrer consequências danosas ou perdas esperadas (mortos, feridos, edificações destruídas e danificadas, etc.), como resultado de interações entre um perigo natural e as condições de vulnerabilidade local.”
Resultado e discussão
Ilhéus e uma cidade naturalmente vulnerável a desastres naturais devido a
constituição geomorfologia e pedológica aliado a ações antrópicas. Sendo
assim, nos meses que há maior concentração da precipitação nos meses de
dezembro a março com média mensal de ate 154,7mm, a população de ilhéus fica
em alerta, segundo a Defesa Civil da cidade que monitora as áreas de risco
e fazem levantamento periódicos das ocorrências de movimentos de massa e
inundação na cidade, pois segundo relatos de funcionários do órgão em
noticiários de TV e radio da cidade com 45mm de chuva já é possível a
ocorrência de movimentos de massa, Segundo (Franco 2008 p. 70) O tipo
climático que atua sobre o modelado de Ilhéus é classificado como quente e
predominantemente úmido, com temperatura média anual superior a 24ºC e média
do mês mais frio (junho) superior a 21ºC. Os totais pluviométricos anuais
são superiores a 1.900 mm bem distribuídos pelos diferentes meses do ano,
sendo que o período de dezembro a março contém os meses mais chuvosos
(variando de 144,9 a 195,2mm), enquanto setembro e outubro são os meses
menos chuvosos, com 71,8 e 99,1 mm. As áreas descritas como de riscos em
Ilhéus estão associadas com as características físicas do clima, relevo e
solos principalmente. Assim como, a precipitação o tipo de solo tem grande
influencia neste processo, e são caracterizados nestes bairros como
Latossolo e Argissolo. Segundo Franco (2008, p. 73) o tipo mais comum na
área da pesquisa é o Argissolo que tende a acumular argila por iluviação
isso pode se constituir em obstáculo para a infiltração da água ao longo do
perfil diminuindo a permeabilidade e favorecendo o escoamento superficial.
A sua suscetibilidade aos movimentos de massa tem relação direta com as
descontinuidades texturais ao longo do perfil.Já o latossolo, caracterizado
por um avançado estágio de intemperização, formado por argila de baixa
atividade, boa agregação e pouca acumulação, são solos profundos, bastante
porosos e permeáveis. Os latossolos, de um modo geral, apresentam reduzida
suscetibilidade aos movimentos de massa, pois tem uma boa permeabilidade e
drenabilidade e baixa relação textural, isso garante na maioria dos casos
uma boa resistência à erosão. As encostas apresentam boa estabilidade, mas
por conta da ocupação do espaço pelo homem, desmatamento, cortes abruptos do
terreno, interferência na drenagem natural, esgotamento inadequado etc,
esses fatores contribuem de forma decisiva para rebaixar o nível de
estabilidade das encostas. Os alagamentos ocorrem devido à impermeabilização
do solo ineficiência do sistema de drenagem entupidos de lixo e por estares
em planície aluvial com riachos canalizados como observamos nos bairros
Nelson Costa e Cidade Nova. Podemos perceber na imagem 1 que o relevo da
cidade e bem movimentado e os morros podem chegar ate 240 metro de altura em
relação ao nível do mar, essa e uma característica natural que torna a
cidade de ilhéus vulnerável já que os movimentos de massa são considerados
naturais ocasionados pela força da gravidade porém são intensificados a
partir do momentos que ocupamos o espaço de forma irregular. Na Figura 2. A
imagem (A) um jovem pratica standup no meio da rua alagada no bairro Cidade
Nova essa imagem e de 2014, a imagem (B) é no bairro Nelson costa ocorrência
de alagamento também em 2014, as imagens estão disponíveis na internet e
foram veiculadas em blogs de noticias locais, a imagem (C) e no bairro
malhado, alto do amparo Rua: 2 de julho local com ausência de via de
circulação devido a escorregamentos anteriores, a áreas e de risco muito
alto se medidas não forem tomadas haverá novos deslizamento no local, na
imagem (D) foto e no bairro Basílio onde também a ausência de vias de
circulação devido a deslizamentos anteriores e segundo a defesa civil de
ilhéus o local e de alto risco a deslizamentos, esse bairros se enquadram
nas características de aglomerados urbanos subnormais definidos pelo IBGE e
pela ONU que classificam aglomerados urbanos subnormais como sendo bairros a
a partir de 50 residências com ausências de serviços públicos essenciais
como acesso a saneamento básico, coleta seletiva de lixo, vias de circulação
Podemos dizer que esses bairros são vulneráveis ou frágeis neste caso a
vulnerabilidade esta associada aos processos sociais e econômicos as pessoas
em vulnerabilidade econômica e sociais estão mais suscetíveis a fenômenos
hidrometereológica por questões financeiras ocupam áreas de risco não tem
acesso a serviço de engenharia e urbanismo como acontece com as elites que
ocupam a melhores condições topográficas.
Considerações Finais
Diante dos dados apresentados verifica-se a necessidade de se tomar medidas para prevenir esses fenômenos hidrometereológico previsíveis e muitas vezes catastróficos, se forem adotadas medidas preventivas adequadas, seus danos podem ser evitados ou minimizados usualmente as medidas preventivas são agrupadas em dois tipos: estruturais e não estruturais. As medidas estruturais envolvem obras de engenharia, em geral de alto custo tais como obras de contenção de taludes, implantação de sistemas de drenagem, reurbanização de áreas, estas são as medidas que vem sendo tomadas em Ilhéus pelos gestores públicos nos últimos quinze anos. Quanto às medidas não estruturais, estas se referem às ações de políticas públicas voltadas ao planejamento do uso do solo e ao gerenciamento, como o zoneamento geoambiental, planos preventivos de defesa civil e educação ambiental. Neste sentido, percebe-se que a Comunidade pode ajudar a mitigar os efeitos naturais das chuvas adotando medidas preventivas como evitar jogar lixos nas encostas ou nas ruas, realizar cortes não autorizados nas encosta, não construir próximo a riachos e canal entre outras medidas. E preciso um monitoramento de áreas risco e com suscetibilidade a alagamentos mais eficiente pelos gestores públicos.
Agradecimentos
Referências
Desastres naturais: conhecer para prevenir / Lídia Keiko Tominaga, Jair Santoro, Rosangela do Amaral (orgs.) –. São Paulo : Instituto Geológico, 2009.
Rodrigues, Jose. Mateo (org). Geoecologia da paisagem. Fortaleza. UFC, 2010
Riscos Naturais e antropicos. Luciano Fernando Lourenço. Departamento de Geografia Faculdade de letras. Universidade de Coibra. 2013
Rabelo, Fernando. Geografia Fisica E Riscos Naturais. Universidade de Coibra. 2010
Mendoça, Francisco. Riscos Naturais e Vulnerabilidade. Jundiair. 2014
FRANCO, Gustavo Barreto. . Risco a escorregamento de encostas do sítio urbano de Ilhéus (BA) como contribuição ao planejamento urbano. 2008. UESC, Ilhéus, BA: 1 CD-ROM Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
NUNES, Lucí Hidalgo Urbanização e desastres naturais / Lucí Hidalgo Nunes. -- São Paulo : Oficina de Textos, 2015.
Reduction of vulnerability to disasters: from knowledge to action / Organizado por Victor Marchezini, Ben Wisner, Luciana R. Londe, Silvia M. Saito – São Carlos: RiMa Editora, 2017.