Autores

Sabóia de Aquino, C.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Oliveira, J.G.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Aquino, R.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ)

Resumo

As distintas características/especificidades das regiões do globo culminam com distintos graus/níveis de risco de erosão. Objetivou-se neste estudo estimar o risco potencial de erosão dos municípios de Gilbués e Monte Alegre, Piauí, Brasil, considerando os parâmetros Erosividade da Chuva, Erodibilidade dos solos e ainda a Declividade, a luz da abordagem integrada. Os resultados obtidos indicam que 97,7% da área deste estudo apresenta risco natural moderado e alto a erosão. Este alto risco a erosão se configura em acelerados processos de degradação ambiental. Há necessidade premente de ações no sentido de minimizar a degradação ambiental dos municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí, posto que esta degradação promove para além das perdas relativas aos recursos naturais, redução da produtividade e como consequência desta comprometimento da qualidade de vida dos habitantes destes municípios.

Palavras chaves

Erosão; Degradação Ambiental; Desertificação

Introdução

As paisagens desde o século XVIII aparecem relacionadas a fisionomia de uma dada área. A época as paisagens estavam associadas às características de um dado território, resultado da combinação local dos elementos naturais e humanos, portanto, base de uma especificidade regional (SALGUEIRO, 2001). Bertrand (2004) afirma ser a paisagem o resultado da combinação dinâmica, portanto, instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. Considerando as peculiaridades das distintas regiões do globo, em parte resultantes da distribuição irregular da radiação solar, que culmina com distintos padrões climáticos e vegetacionais, tem-se a ocorrência de distintos processos erosivos, em algumas regiões resultado da ação predominante dos ventos, a exemplo das regiões localizadas nas latitudes aproximadas de 30º ao Norte ou ao Sul do Equador, em outras, a exemplo das regiões Equatoriais, resultado da ação da água proveniente da chuva que tende a ocasionar erosão hídrica e perdas de solo. A erosão hídrica tem sido objeto recorrente de investigação dos pesquisadores, tendo em vista suas implicações na redução da produtividade agrícola e ainda em danos ao meio ambiente. A erosão hídrica tem sido estimada considerando os parâmetros da Equação Universal de Perdas do Solo – EUPS, desenvolvida nos Estados Unidos e largamente empregada nas distintas partes do globo. A EUPS permitir quantificar, estimar e regionalizar as áreas com os distintos riscos a erosão hídrica. (NEVES et. al., 2011). Este estudo objetiva estimar o risco potencial de erosão dos municípios de Gilbués e Monte Alegre, Piauí, Brasil, considerando os parâmetros Erosividade da Chuva, Erodibilidade dos solos e ainda a Declividade.

Material e métodos

Os municípios de Gilbués e Monte Alegre localizam-se na mesorregião sudoeste piauiense (Figura 1). Geologicamente esta assentado sobre terrenos Paleozoicos da bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí e Mesozoicos da bacia sedimentar São Franciscana. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A estimativa do fator erosividade das chuvas (R) baseou-se no método proposto por BERTONI & LOMBARDI NETO (1999). Os dados de chuva do munícipio de Gilbués foram os indicados em SUDENE (1990). O processamento dos dados ocorreu a partir do emprego do pacote de programas USUAIS, desenvolvido por Oliveira e Sales (2016). O fator erodibilidade das associações de solos dos municípios de Gilbués e Monte alegre foi obtido a partir do emprego do método indireto considerando a equação de Römkens et al. (1987 e 1997). A equação de Römkens et al. (1987 e 1997) baseia-se na média geométrica do diâmetro das partículas primárias do solo proposta por Shirazi & Boersma (1984). A erodibilidade das 14 associações de solos identificadas na área de estudo (AQ2, AQ3, LA13, LA25, LA26, LA28, PE3, PE5, PV18, R6,R7, R10, R18, e R20)considerou as texturas (porcentagens de areia, silte e argila) do horizonte superficial dos perfis de solos descritos em Jacomine (1986). Para a obtenção do Índice de Aridez empregou-se o quociente entre a precipitação média anual (P) e a evapotranspiração potencial total anual (ETP), considerando os dados indicados em SUDENE (1990). Classes de Declividade A determinação das classes de declividade baseou-se no Modelo Digital de Elevação (MDE). A facilidade de aquisição, posto os MDE’s serem distribuídos gratuitamente na internet através do site <http://srtm.usgs.gov/index.html> do United States Geological Service (USGS), justificou o emprego desta técnica para elaboração do mapa de declividade. Risco potencial de erosão Para geração dos mapas de Erosividade das Chuvas, Erodibilidade dos solos e classes de relevo e ainda o mapa síntese que indica o risco potencial de erosão da área de estudo foram usados os software CARTALINX e IDRISI 3.2. Ressalta-se o emprego da abordagem integrada neste estudo.

Resultado e discussão

Os resultados indicaram que em 12,36% da área de estudo a erosividade da chuva varia de muito baixa, baixa, já em 87,5% da área a erosividade, ou seja a capacidade da chuva em causar erosão varia de média a alta. Em 58,8% da área as associações de solos evidenciariam suscetibilidade a erosão que variou de muito baixa a baixa. Já em 41,2% da área as associações apresentaram valores de erodibilidade variando de média, alta a muito alta. O índice de Aridez (IA) indica as áreas suscetíveis a desertificação no globo. Para a área de estudos os resultados indicaram que em apenas 5% da área o Ia foi menor que 0,65, caracterizando área suscetível a desertificação, considerando o aspecto climático. As classes de declividade predominante na área são do tipo plano a suave ondulado, estas somadas totalizam 64,48% da área de estudo. A classe de relevo muito ondulado, ondulado e montanhoso/escarpado ocupam 6,1%, 7,6% E 06% respectivamente. A partir do utilitário Overlay do software IDRISI 3.2 os dados relativos a erosividade da chuva, erodibilidade dos solos, índice de aridez e declividade foram superpostos, esta superposição, seguida de um fatiamento dos intervalos permitiu a identificação de distintas classes de riscos a erosão dos municípios objeto de estudo: Gilbués e Monte Alegre do Piauí, conforme Figura 2. Conforme Figura 2 em 2,3%; 57% e 40,7% da área de estudo o risco potencial a erosão é baixo, moderado e alto respectivamente. Somadas as classes de risco moderado e alto temos que 97,7 da área apresenta risco moderado e alto a erosão. Este alto risco a erosão se configura em acelerados processos de degradação ambiental conforme Figura 3.

Figura 1 – Localização dos municípios de Gilbués e Monte Alegre, Piauí

Figura 1 – Localização dos municípios de Gilbués e Monte Alegre, Piauí, Brasil.

Figura 2 – Classes do risco potencial de erosão nos municípios de Gilb

Figura 2 – Distribuição espacial das distintas classes do risco potencial de erosão

Figura 3 – Degradação da cobertura vegetal e dos solos município de Gi

Figura 3 – Degradação da cobertura vegetal e dos solos município de Gilbués, Piauí, Brasil.

Considerações Finais

Os resultados obtidos a partir da combinação de dados de Erosividade das chuvas, Erodibilidade dos solos, Índice de Aridez e da Declividade indicam que 97,7% da área deste estudo apresenta risco natural moderado e alto a erosão. Este alto risco a erosão se configura em acelerados processos de degradação ambiental verificados na área de estudo, fato que conferiu a indicação pelo Ministério do Meio Ambiente como um dos Núcleos de Desertificação do Brasil. Há necessidade premente de ações no sentido de minimizar a degradação ambiental dos municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí, posto que esta degradação promove para além das perdas relativas aos recursos naturais, redução da produtividade e como consequência desta comprometimento da qualidade de vida dos habitantes destes municípios.

Agradecimentos

Referências

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