Autores

de Souza Rodrigues, A. (UNIFESSPA)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo a descrição do processo de criação e elaboração de maquetes no laboratório de Geografia Física, para embasar as pesquisas realizadas pelos discentes e bolsistas do curso de geografia nas áreas em que as maquetes foram construídas. Estudo da geomorfologia e seu uso em sala de aula. Desta feita fizemos uso dessa metodologia no laboratório de geografia física da Unifesspa em uma oficina que dada para os discentes do curso de geografia e outros. A maquete enquanto metodologia de ensino nos permite fazer analises que antes eram abstratas, e por meio da maquete se tornam visíveis. Principalmente quando se deseja explorar a representação do plano ao tridimensional, as relações espaciais topológicas ou visualizar as diferentes formas de relevo e níveis de altitude, facilitando,e ampliando as oportunidades de compreensão da realidade. A partir de cartas topográficas utilizando imagens de duas aéreas (Serra das Andorinhas e Perímetro Urbano de Marabá – PA).

Palavras chaves

GEOMORFOLOGIA; MAQUETES; METODOLOGIA

Introdução

O ensino do relevo as escolas tem levado o professor ensinar aos alunos a importância do estudo da variação do relevo para os diferentes campos do conhecimento como o planejamento urbano e regional, análise ambiental ambos com estreita relação com Ciência Geográfica. O ensino de geografia permite não somente a compreensão, mas a transformação da realidade vivida por meio de um fazer e pensar entendidos como indissociáveis no processo de ensino e aprendizagem. Nesse processo, a utilização de maquetes como modelo de representação tridimensional do relevo, tem tornando-se um recurso didático importante para levar ao aluno de Geografia na interpretação de cartas topográficas e curvas de níveis, que levam a compreensão da Geomorfologia e dos outros ramos. A esse respeito, Ross (2008,) descreve: Sendo a Geomorfologia um ramo da ciência geográfica que tem como objeto de estudo o relevo, ela deve ser considerada e inserida junto com outras ciências da terra na elaboração dos estudos ambientais em geral. A geomorfologia como um ramo da geografia Física, apresenta através da maquete a possibilidade instrumentalizar e didatizar as aulas de geografia. Porém, é preciso saber usar esses recursos didáticos, pois, sabe-se que o uso de técnicas e metodológicas inovadoras não garante o aprendizado do aluno sem que o professor reflita sobre sua prática e defina quais objetivos desenvolver. Assim, o uso de jogos, vídeos, de excursões e tantas outras atividades ou recursos em sala de aula pode vir a serem estratégias para o professor não “dar aulas”, ficando o mesmo escondido nessas atividades. (Santos, 2005). A geomorfologia como base física de toda ocupação humana, tem potencial pedagógico que possibilita a compreensão dos principais eventos naturais que a cidade possui, por isso, urge instrumentalizar professores e graduandos com o uso dos estudos de geomorfologia no ensino de geografia. Para esse processo de intervenção pedagógica a utilização de imagens de satélites e a construção de maquetes sobre o relevo se expressa por ser um instrumento metodológico útil nas aulas de Geografia (Mascarenhas, Vidal, 2015). Assim, o uso das maquetes leva ao estimulo e auxilia o professor e aluno a transformar o conteúdo dado em sala de aula em algo mais interessante. Sendo a maquete um modelo tridimensional do espaço, esta funciona como laboratório do aluno. O objetivo do trabalho busca a construção de maquetas juntos aos alunos de geografia da Unifesspa, para que estes possam instrumentalizar suas aulas de Geografia. Uma vez que como nos pressupostos de Callai (1999), a leitura do mundo pelos alunos, leva-o a construir novos caminhos e explicações dos fenômenos. De acordo com Simielli (1991), a maquete contribui para a representação tridimensional da geomorfologia de uma área à medida que registra e permite a visualização das formas topográficas que são identificadas nas bases da maquete.

Material e métodos

Para a construção das oficinas no Laboratório de Geografia Física da Unifesspa, foi elabora as bases das oficinas, que descreve os materiais utilizados e conteúdo trabalhados. Para Tanto, utilizou-se dados SRTM para a composição das curvas de níveis a partir de MDE com intervalos médios e erros relativamente baixos. A geração das curvas de níveis foi processada em ambiente Q giz onde foi realizada ainda a composição de mapa hipsométrico para aprofundar a temática sobre o relevo. De início, foi discutida a escolha da área e foi construído o mapa de curva de nível utilizando o software Q giz 2.18, através de duas oficinas realizadas no Laboratório de Geografia Física da Faculdade de Geografia- Unifesspa. Para construir as maquetes com os discentes inscritos na oficina, foram observados alguns cuidados básicos, como a escolha das aéreas para a produção das maquetes, elencamos então: • Serra das Andorinhas, – Localizada no Município de São Geraldo do Araguaia na região sul do Pará, a escolha se deu por ser a mesma um dos estudos e pesquisas científicas realizadas pelos alunos. O Parque está localizado na região sudeste do estado do Pará, entre as coordenadas geográficas aproximadas de 06º 03’ 00’’ a 06º 23’ 00’’, de latitude sul e 48º 22’ 30’’ a 48º 36’ 30’’ de longitude oeste, no município de São Geraldo do Araguaia. A paisagem dominante na região do PESAM é caracterizada pela presença da Floresta Amazônica em seus diferentes estágios sucessionais e pelo Cerrado, sendo considerada uma região de ecótono entre Amazônia e Cerrado, cujo entorno encontra-se praticamente todo ocupado.(Plano de Manejo do PE da Serra dos Martírios/Andorinhas – PESAM/PA,2006) • O perímetro urbano da cidade de Marabá. Como nesse perímetro podemos encontrar unidades geomorfológicas de 0 a 80 m, 100m, 120m e 180m, como planícies fluviais, terraço fluvial com dissecação tabular, dissecação conexa, e pediplanos retocados desnudado. Perímetro Urbano de Marabá pode ser encontrado ambiente alterado pela ação antrópica, com o serviço de terra plangem executados por técnicas de engenharia que visa alocação de produtos imobiliários em terrenos colinosos ou em espaços que deveriam ser áreas de proteção permanente (APP), ocupado por residências de baixos padrões que tornou esse ambiente vulnerável a processos de inundações e alagamentos. (Mascarenhas, Vidal. 2014) Etapas para a construção das maquetes: 1° A construção da carta topográfica Feita através de alguns programas de computador como o Q giz 2.18; construção do mapa geomorfológico do perímetro urbano, em escala de 1/50.000( RADAR-SRTM) ; definição da escala vertical e horizontal para que fosse definido também a espessura do E.V.A, que é obtido através de um cálculo. 2º Seleção do material Cópia do Mapa Topográfico; Placas de borrachas de E.V. A; caneta ou lápis; tesoura ou estilete; papel vegetal e carbono; cola de isopor para fixar as curvas; alfinete com cabeça; placa de isopor (10 mm) para servir de base para a maquete. 3º Construção da maquete Imprimir o mapa base em papel A0 (A zero) em uma escala de 1/50.000; sobre o mapa base sobrepor o papel vegetal e realizar a copia de cada curva de nível em uma folha separada; depois transferir o contorno para o E.V. A e cada papel vegetal correspondente a uma curva de nível, uma folha de papel carbono. Para melhor visualização as curvas de nível deve-se utilizar cores diferentes nos contornos das curvas. Para as curvas de nível de altitudes maiores devem-se usar cores quentes. Em seguida, usar o alfinete em todo o contorno ficando a curva de nível demarcada no E.V. A; por fim recortar os E.V. A com a tesoura ou estilete e colar sobrepondo um sobre o outro, partindo das menores altitudes para s maiores.

Resultado e discussão

Ensinar geografia através do uso da maquete fortalece a educação geográfica, pois os usos da maquete elencam várias práticas que torna melhor não só o aprendizado, bem como o ensinar mais dinâmico e eficaz. E o uso de propostas didáticas diferenciadas no ensino leva a propostas também diferenciadas, pois, “os estudantes observam o mundo por meio de outras linguagens, estão interconectados, e possuem certas percepções da superfície terrestres” (CASTELLAR, 2014). Essas ideias pode-se verificar na elaboração das oficinas de maquetes no laboratório de Geografia Física. Isso por que ensinar certos aspectos da geografia física como a geomorfologia requer o uso de uma linguagem que os alunos entendam e dê a verdadeira importância para o mesmo.(FIGURA 1) Observou-se durante a oficina ministrada no laboratório de Geografia Física a interação entre os sujeitos e os objetos. O trabalho com a maquete torna possível a “mistura do real com o possível imaginário. É justamente na possibilidade desta amálgama que se desenvolve a criatividade individual ou trocas coletivas.” (CASTROGIOVANNI, 2014). Durante a execução das maquetes era para os participantes entenderem que as formas do relevo constituem o objeto da geomorfologia, e como aquela paisagem foi esculpida, que houve um processo que levaram para aquela configuração da paisagem morfológica.(FIGURA 2) Percebe-se que na geomorfologia é preciso compreender as formas e os processos, pois assim compreenderão como foram estabelecidas, e que “as formas, os processos e suas relações constituem o sistema geomorfológico, que é um sistema aberto, pois recebe influencias e também atua sobre outros sistemas componentes de seu universo”. (CHRISTOFOLETTI, 1980.).Reconhecerão os principais compartimentos do relevo de determinado território, e assim terão a possibilidade de construir novos saberes, novos conhecimentos, como a origem daquele compartimento e até mesmo de ocupações humanas distintas. Visto que a maquete faz parte de um processo de educação cartográfica, implicando em estudos morfometricos do relevo e não morfológicos. E nesse convém que se utilize as cores hipsométricas para treinar os alunos na leitura de mapas que aparecera em seu material escolar para representação do relevo ou seja, a área entre as curvas mais baixas em verde, depois em amarelo, laranja e marrom ou vermelho.( FIGURA 3 ) É importante que no momento em que os alunos estejam trabalhando com a maquete de relevo consigam, de acordo com as habilidades e competências que possuem, produzir conhecimento geográfico. Essa produção se faz a partir das informações que os elementos da maquete em si traduzem, assim como de informações que possam ser sobrepostas à maquete e trabalhadas para a elaboração de conceitos e para a compreensão de fenômenos em suas interações com o relevo. A maquete de relevo não é um fim didático e sim um meio didático através do qual vários elementos da realidade devem ser trabalhados em conjunto. (Simelli; Girardi; Morone; 2007).( FIGURA 4) Com isso, quando se analisa um trecho de uma carta topográfica, ao construir uma maquete essa analise se torna ou tem se mostrado um procedimento bastante eficaz na aprendizagem e leitura e interpretação das mesmas.

Considerações Finais

O uso ou trabalho com a construção de maquetes nas aulas de Geografia Física, torna-se uma ferramenta fundamental, principalmente quanto ao ensino da Geomorfologia. Portanto de acordo com a Oficina: “a construção de maquetes: instrumento pedagógico na formação em geografia”, aplicada no laboratório, viu-se o quanto é importante ensinar geografia física (geomorfologia) com suporte na maquete (representação tridimensional do relevo), pois é a construção de um modelo reduzido e simplificado dos principais elementos do relevo leva a compreensão da complexidade das paisagens. A maquete enquanto metodologia de ensino permitiu fazer análises dos ambientes (Serra das Andorinhas e Perímetro Urbano de Marabá), e aproximando os saberes e servindo como base para as pesquisas desenvolvidas nessas áreas, com os conteúdos geográficos, mostrou-se uma ferramenta de estudo bastante útil para o ensino.

Agradecimentos

Aos professores/coordenadores do Laboratório de Geografia Física da UNIFESSPA (Maria Rita Vidal, Abraão Levi Mascarenhas e Gustavo Silva) pela dedicação e apoio durante a construção do projeto. Aos discentes do curso de geografia pela cooperação durante a execução da oficina. A todos que contribuíram de maneira significativa para conclusão do presente trabalho.

Referências

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos, CALLAI, Helena C., KAERCHER, Nestor André. Ensino de Geografia e textualização no cotidiano. ______.. Porto Alegre: Meditação,2014.
CASTELLAR, Sônia Vanzella. Novos Rumos da Cartografia Escolar______. São Paulo: Contexto, 2014.
CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Cad. Cedes. Campinas. Vol. 25, n. 66, p. 227-247, 2005
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. São Paulo, Editora Blucher, 1980.
FLOREZANO, Teresa Gallotti. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
SIMIELLI, M.E.R.Temas da geografia na escola básica.1ªEd;São Paulo: Papirus, 2013.
MASCARENHAS, A.L.S; VIDAL, M.R. Cartografia digital e geomorfologia urbana em sala de aula.2015.

MASCARENHAS, A.L. S; VIDAL, M.R. Declividade e Hipsometria do Perímetro urbano da cidade de Marabá-PA: aportes conceituais de geomorfologia urbana.