Autores

Santos do Nascimento, A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) ; Dantas Estevam, A.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) ; Sousa Santana, N. (IFBA)

Resumo

A cidade de Salvador é cenário de deslizamentos nas encostas decorrentes da ocupação indevida nas zonas do relevo com elevado grau de declividade. O clima Tropical Chuvoso associado aos modelados de mares de morro e solos profundos geram as condições ambientais ideais para a instabilidade hidrodinâmica nas vertentes. Este trabalho tem o objetivo analisar a fragilidade ambiental no bairro Cabula utilizando o método Sistema Clima Urbano. Avaliou-se os episódios pluviométricos dos anos de 2012 e 2016. Os procedimentos metodológicos adotados corresponderam à análise dos dados pluviométricos, da análises das Cartas de Declividades e do Uso do Solos. O estudo possibilitou avaliar os fatores indutores dos movimentos de massa nas encostas. Os dois anos demonstraram chuvas abaixo do esperado, porém os danos materiais e das perdas de vidas humanas causados pelos deslizamentos foram significativos. Observou-se que as declividades e a urbanização intensificaram os deslizamentos.

Palavras chaves

Sistema Clima Urbano; Eventos pluviométricos; Deslizamentos

Introdução

O estudo sobre clima urbano é de suma relevância para entender a transformação da dinâmica da natureza, e do espaço geográfico. No Brasil, há grandes repercussões de eventos naturais, especialmente os eventos de origem meteorológica que impactam os centros urbanos. Neste contexto, objetivo deste trabalho é analisar sob a ótica do Sistema Clima Urbano os episódios pluviométricos nos anos de 2012 e 2016 e seus impactos na dinâmica das encostas no Bairro do Cabula. Estes dois anos foram elencados devido a expectativa que desencadearam nos órgãos de Defesa Civil. Ou seja, esperavam-se períodos com alturas pluviométricas acima dos volumes acumulados de anos anteriores catastróficos para a cidade. Medidas preventivas foram instaladas pelo poder público nas áreas de risco. Porém, o volume de chuvas ocorreu em menor intensidade na quadra chuvosa. Mas deslizamentos de diversas magnitudes e intensidades ocorreram em Salvador. Neste contexto, houve a necessidade de analisar os movimentos de massa da cidade sob a perspectiva do Sistema Clima Urbano no intuito de melhor compreender a interação dos problemas urbanos desencadeados pelo fenômeno de urbanização e a dinâmica do clima no sítio urbano. Para Monteiro (2003) o Clima Urbano é fruto das condições ambientais locais determinadas pela alteração das superfícies como a retirada das florestas, impermeabilização dos solos, verticalização e ocupação indevida das APP´s. Tais condicionantes geram impactos sobre às temperaturas, circulação dos ventos, escoamento das águas pluviais. Gera-se o clima urbano com forte influencia sobre a qualidade de vida dos habitantes das metrópoles. Vale ressaltar que os fatores do clima são os condicionantes do clima na superfície do planeta e que influenciam os elementos climáticos dos diferentes domínios ou localidades. Portanto, o estudo dos elementos e fatores do clima são primordiais para entender os fenômenos que ocorrem no sistema climático global. No entanto, os grandes centros urbanos detém forte pressão do uso e ocupação do solo sobre o clima local. A ocupação indevida do relevo, desflorestamento generalizado e impermeabilização das superfícies geram as condições ideais para o estabelecimento do caos e do desconforto urbano. Os deslizamentos das encostas correspondem a um dos problemas ambientais gerados pelo clima urbano nas metrópoles. Estes eventos são ocasionados principalmente pela ocupação desordenada do relevo. Segundo Guerra (2011), os deslizamentos correspondem a movimentos coletivos de solos ou de rochas, podendo ser corridas ou escorregamentos, os quais tratam-se de movimentos rápidos, devido a grande concentração de água superficial em áreas com declividades acentuadas, como ocorre na cidade de Salvador, especificamente no bairro do Cabula, objeto dessa investigação. A cidade de Salvador está localizada numa faixa litorânea e ocupa uma posição oriental da Baía de Todos os Santos, e o Oceano Atlântico localizado a oeste e a leste, que interferem para sua variabilidade climática e a compartimentação topográfica e nível de Albedo. O sitio da cidade é composto de desníveis topográficos, resultado da intemperização profunda das rochas granulíticas de idade pré-cambrianos. A localização geográfica em extensa margem oceânica produz sobre parte da cidade o efeito da maritimidade com sistema de brisas que amenizam o desconforto das temperaturas mais elevadas e dinamizam os sistemas atmosféricos para a produção de precipitações. A configuração do relevo em feições de mares de morro e fundo de vale em V confere às vertentes as condições essenciais para ocorrência de deslizamentos. A elevada susceptibilidade conjugada a ocupação indisciplinada das encostas é um fator essencial responsável pela alteração da hidrodinâmica dos solos.

Material e métodos

Localização e caraterização da cidade de Salvador A cidade de Salvador está localizada numa região estratégica ao longo da Região do Recôncavo Baiano. Possui zona costeira voltada para o oceano Atlântico e porção Oeste voltada para a Baía de Todos os Santos. Detém seus limites Norte e Nordeste com os municípios de Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari que dentre outros constituem a Região Metropolitana de Salvador. Localizada sob o domínio do clima Tropical Chuvoso de Floresta a área investigada detém períodos chuvosos marcantes entre os meses de abril a julho. Nesta quadra chuvosa a cidade é submetida a precipitações intensas gerando movimentos de massa ao longo das encostas. O relevo é constituído essencialmente de mares de morro com vertentes de elevado grau de declividade, zonas de fundo de vale abrigando sistemas de drenagens permanentes. A unidade geológica predominante é constituída de rochas granulíticas. O intemperismo químico tropical acelerou a pedogênese e produziu solos intensamente profundos, porosos e com alto teor de argilas. Os solos identificados correspondem essencialmente nos Argissolos Vermelho- Amarelo ao longo das encostas e Latossolos Vermelhos nas áreas de topo (Projeto Radam Brasil, 1981). Procedimentos metodológicos Para a realização da pesquisa foi elencado os anos de 2012 e 2016 devido ao ao forte impacto causado por precipitações abaixo de valores acumulados esperados. A cidade de Salvador deteve nestes anos (ao longo das quadras chuvosas de abril a julho) problemas significativos decorrentes dos deslizamentos de encostas com perdas materiais e humanas de extremo significado. Os dados de precipitações para a montagem dos climogramas foram coletados na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizada no bairro de Ondina zona da orla Atlântica da cidade. A sistematização dos dados associados à observação de cartas sinóticas e das células de pressão permitiram identificar os sistemas atmosféricos responsáveis pelo elevado volume das precipitações neste período. A correlação dos dados de precipitações fornecidos pelo INMET e a análise visual da Carta de Declividade e dos Usos dos Solos permitiram a análise dos fatores indutores de deslizamentos no bairro do Cabula. O contexto de elementos responsáveis pela instabilidade das encostas com relação aos movimentos de massa ao longo do bairro do Cabula. Foram realizados levantamentos de informações junto a Comissão de Defesa Civil de Salvador para diagnosticar as áreas de risco ambiental de deslizamentos de encostas no bairro do Cabula. Para posteriormente serem realizadas as visitas técnicas e a conferência com as unidades de mapeamento da Carta de Uso do Solo. Foram utilizadas como bases cartográficas ortofotos na escala de 1.2000 fornecidas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) para a produção das cartas citadas. A análise visual das ortofotos e a utilização do Programa ArcGIS consistiram em importantes ferramentas para a geração das Cartas e a interpretação das unidades de mapeamento dos usos do solo e das classes de declividades. Destacou-se também a análise das literaturas especificas do tema com ênfase para o entendimento do Sistema Clima Urbano idealizado por Monteiro (2003). Neste contexto, foram analisadas também teses, dissertações e artigos científicos com abordagens para o tema de movimentos de massa.

Resultado e discussão

Análise das precipitações na cidade de Salvador O aspecto marcante que atua fortemente para os deslizamentos nas encostas na cidade de Salvador é o elevado conteúdo das precipitações com destaque para a quadra chuvosa dos meses de abril a julho. Neste período a erosividade é intensa. O impacto das gotículas de chuvas sobre as estruturas dos solos desflorestados propiciam as condições ideais para a ocorrência de áreas de risco. O volume significativo das chuvas saturam os poros dos solos sobre as vertentes, proporcionando assim o aumento de peso da massa e induzindo ao deslizamento sobre as vertentes declivosas. As áreas de risco monitoradas pela Defesa Civil de Salvador aumentaram significativamente no período de abril a julho. Neste sentido, os sistemas de alerta indicadores do risco de deslizamento consubstanciam as políticas públicas destinadas ao controle dos deslizamentos na cidade. Os Gráficos 01 e 02 demonstram os contrastes da média acumulada mensal das precipitações e a média esperada das precipitações para a quadra chuvosa. Tais informações são relevantes pois correspondem a dados de suporte técnico para as ações do poder público de previsibilidade dos eventos pluvioerosivos. Ao analisar o Gráfico 01 observou-se que o volume de chuvas acumulado foi de 1.260 mm (40% abaixo do total esperado para todo o ano). De acordo com os dados fornecidos pelo INMET o mês de maio demonstrou o maior índice pluviométrico (411,5 mm), ultrapassando 17,7% a média climatológica do mês. No entanto o mês de abril a média climatológica esperada foi de (326,2 mm), mas o acumulado do mês foi (48,9 mm). Os meses de julho e agosto mantiveram suas respectivas médias e os demais registraram índices muito abaixo do esperado para os respectivos meses. No Gráfico 02 observou-se que no ano de 2016 os maiores volumes de chuva (acima de 100,0mm) foram registrados pelos pluviômetros das seguintes localidades: Cabula (168,1mm), Pirajá (122,3mm), Rio Sena (113,2mm), Brotas (110,6mm) e Águas Claras (105,5mm). A defesa civil constatou uma média climatológica de (309, 7 mm) para o mês de abril e (359,9 mm) para o mês de maio, os índices acumulados nos meses de abril e maio foram (168,1 mm) e (281,0). Observou-se que houve maior volume de chuvas no mês de maio. De acordo com a Defesa Civil de Salvador, as chuvas ocorridas em abril de 2016 em Salvador, foram em decorrência da atuação dos ventos úmidos vindos do mar, bem como, os distúrbios de leste. Já no mês de maio deste mesmo ano a passagem de sistemas frontais (frentes frias) e os ventos úmidos vindos do oceano favoreceram a ocorrência de chuvas em diversas áreas do município, mas que não foram suficientes para superar a média climatológica (359,9mm) para o mês de maio. Com base na Defesa civil de Salvador, o posicionamento de vórtices ciclônicos em altos níveis da atmosfera foram desfavoráveis à ocorrência de chuvas ao longo do mês de março 2016. A formação de fracos episódios de ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) foi notada no decorrer da segunda quinzena de março causando chuvas fracas a moderadas. Em 2012, a Defesa Civil recebeu 5.334 solicitações de vistorias, destas 508 solicitações foram registradas em abril e 1.911 em maio, sendo que as mais recorrentes foram ameaça de desabamento (39%), ameaça de deslizamento (14,5%), e deslizamento de terra (14%), no mês de maio houve 1.136 vistorias, sendo que 17 pessoas foram feridas (Defesa Civil, 2012). Neste contexto, avaliou-se volumes de precipitações menores do que o esperado para os referidos anos. Este fato surpreendeu os técnicos da Defesa Civil. Tal situação atmosférica não amenizou o trabalho de resgate e de visitas técnicas nas áreas de risco como encostas por exemplo. Contraditoriamente intensificaram-se como pode ser observado. Uso do solos no bairro do Cabula A urbanização no Brasil tem grande relevância para os estudos que envolvem o clima, como a urbanização em Salvador, ocorreu de maneira rápida, desencadeou uma série de consequências para o homem e o meio. Convém ressaltar que a expansão dos espaços urbanos resulta em ocupação desordenada do solo urbano, redução das áreas verdes, intensa pressão demográfica sobre os recursos naturais. Impermeabilização das superfícies e instabilidade morfogenética sobre o relevo. Desencadeiam-se inúmeros problemas enchentes e deslizamentos. A analisar o bairro do Cabula, identificou-se as feições de fundos de vale, mares de morros e encostas. O bairro compreende a área total de 343,15 hectares, sendo a área urbanizada 189,07 hectares, a cobertura vegetal corresponde 151,93 hectares e a lagoa 2,15 hectares. As referidas classes de uso do solo são identificadas no Mapa de Uso do Solo (Figura 3). Constatou-se que a única área verde corresponde a mata do 19º Batalhão de Caçadores de Pirajá. Zona com elevado grau de preservação ambiental, como pode ser observado. Enquanto que as demais porções do relevo são ocupadas pelo processo de urbanização marcado pelas ocupações preponderantemente nas encostas. No tocante as ocupações formais houve os investimentos em conjuntos habitacionais, tanto por parte do governo estadual, como os conjuntos conhecidos como loteamentos feitos de acordo com as normas estabelecidas pela Prefeitura Municipal de Salvador. Nas ocupações informais o risco de deslizamentos é elevado devido ao desmatamento generalizado e ao lançamento de águas residuárias e lixo ao longo das encostas. O Cabula está inserido numa área de ocupação urbana com alta declividade, variando de 0 a maior que 50%, conforme a Figura 4, isso indica que as comunidade detém problemas de deslizamentos ou desabamentos, com risco maior na quadra chuvosa de abril a julho. Devido às ocupações irregulares ampliou-se a zonas de abrangência suscetíveis aos deslizamentos. A área que apresenta declividade significativa correspondem na interface entre topos e fundos de vale. Nestes segmentos do relevo as construções não seguem um padrão de segurança, sobretudo com relação ao padrão técnico das fundações que são realizadas de forma indevida. Desconsiderando-se áreas de entulho e fundações subdimensionadas realizadas sem o acompanhamento técnico necessário. Quando há uma quantidade pluviométrica mesmo abaixo do esperado, como ocorreu no ano de 2016, ocorreram deslizamentos de encostas. Credita-se a estes fenômenos o fato de grande parte desta área ser composta por encostas íngremes com declives acentuados, sendo considerada como uma área de risco alto a movimentação de massa. No mês de abril de 2016 a localidade apresentou o índice de precipitações acumulada em torno de 168,1 mm. Consistiu num acumulado de chuvas bem maior em relação aos outros bairros da cidade, identificou-se um número significativo de solicitações de vistorias da Defesa Civil. Indicaram-se no bairro inúmeras encostas com elevada vulnerabilidade aos deslizamentos. Fatos indicados pelo desabamento de muros e deslocamentos de massas de solos em pequeno volume sobre as rochas granulíticas. Registrou-se movimentos de massa rápidos e volumosos decorrentes da formação de lençol subsuperficial com superfícies de deslizamento nas rochas do embasamento cristalino.

Figura 4 : Mapa da declividade do bairro Cabula

Representação da área de ocupação urbana com alta declividade, variando de 0 a maior que 50%.Fonte: Trabalhos de campo. Organizador Santana,2017.

Figura 1: Gráfico do índice pluviométrico da quadra chuvosa de 2012

Representação da média acumulada mensal das precipitações e a média esperada das precipitações para os meses de abril a julho.Fonte,Nascimento,2018.

Figura 2: Gráfico do índice pluviométrico da quadra chuvosa de 2016

Representação da média acumulada mensal das precipitações e a média esperada das precipitações para quadra chuvosa .Fonte: Nascimento,2018,

Figura 3: Mapa de uso do solo do bairro do Cabula

Representação das classes de uso de solo no bairro do Cabula.Fonte: Trabalhos de campo. Organizador Santana,2017.

Considerações Finais

Os riscos ambientais de deslizamentos na cidade de Salvador são consequências da associação de fatores como: i. Relevo constituído em grande parte de encostas com declividade acima de 30%; ii. Encostas recobertas por solos profundos, porosos e desflorestados; iii. Episódios pluviométricos intensos nos meses de abril a julho. Os bairros da cidade que chamam mais atenção para ocorrência dos movimentos de massa em virtude da catalogação de solicitações e vistorias pela Defesa Civil correspondem aos seguintes: Cabula, Cajazeiras, Liberdade, São Caetano, Liberdade, Pau da Lima e o Subúrbio. Estes bairros apresentaram forte instabilidade ambiental no ano de 2016. A explicação para isto advém do seu grau de antropização sem planejamento. As perturbações ambientais nas encostas e fundos de vale da metrópole ocorreram também no período que as precipitações concentradas detiveram valores menores que a média histórica. No bairro Cabula a ausência de drenagem urbana coletora das águas pluviais associadas às condições de impermeabilização dos solos e canalização dos rios urbanos criaram condições favoráveis à elevada suscetibilidade do relevo aos movimentos de massa. Os fatores que explicam o caos urbano estão intimamente ligados à ausência do planejamento no processo de consolidação do núcleo urbano enquanto metrópole.

Agradecimentos

Agradecimentos ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PICIN) da Universidade do Estado da Bahia.

Referências

GUERRA, Antonio José Teixeira. Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bretrand Brasil, 2011.
MONTEIRO, C.A. de Figueiredo. Teoria e Clima Urbano: Um projeto e seus caminhos. In: MONTEIRO, C. A F.; MENDONÇA, F. (Orgs). Clima Urbano. São Paulo: Editora Contexto, 2003.192p.
Planejamento Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador-BA. Disponível em http://www.sucom.ba.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/LEI-n.-9.069-PDDU-2016.pdf Acessado em 30/09/2017 às 09:52
Relatório anual da Defesa Civil-Codesal de Salvador, BA. 2012. Disponível em file:///D:/Desktop/PROJETO%20IC/RELAT%C3%93RIO%20ANUAIS%20CODESAL/relat%C3%B3rio%20anual%202012.pdf
Acessado em 19/09/2017 às 20:41
Relatório anual da Defesa Civil-Codesal de Salvador, BA. 2016. Disponível em file:///D:/Desktop/PROJETO%20IC/relatorio-operacao-chuva-2016.pdf
Acessado em 07/09/2017 às 11:15
PROJETO RADAMBRASIL. Folha SD-24. Salvador. Levantamento dos Recursos Naturais. Rio de Janeiro. V.24,1981.