Autores
Pauleski Della Justina., D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA-RS) ; Flores Dias, D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA-RS) ; Robaina, L.E.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA-RS)
Resumo
O presente trabalho apresenta o mapeamento das unidades de relevo da Bacia Hidrográfica do rio Jaguari-Mirim, localizadas a oeste do estado do Rio Grande do Sul. O objetivo desse trabalho é analisar as formas de relevo a partir da avaliação de parâmetros morfométricos. O trabalho foi desenvolvido a partir da análise do Modelo Digital de Elevação, determinando altitudes da área, declividade e amplitude altimétrica. Sendo assim, definidas em: colinas de altitude, associação de morros e morrotes, colinas levemente onduladas, colinas onduladas e áreas planas. O mapeamento busca oferecer informações que irão auxiliar nas análises e interpretações sobre a evolução da paisagem, sendo uma ferramenta essencial ao planejamento ambiental.
Palavras chaves
Relevo; Jaguari-Mirim; Bacia Hidrográfica
Introdução
As formas de relevo influenciam nas características físicas da bacia hidrográfica, propiciando uma investigação referente aos estudos de evolução do modelado da superfície terrestre. Além disso, a intensidade no processo de transporte de materiais pelos canais de drenagem estão relacionados as formas de relevo (SANTOS, 2015). Conforme Penteado-Orelhada (1985) a análise geomorfológica consiste na identificação das formas de relevo, por meio de estudo de sua origem, estrutura, natureza das rochas, clima e dos fatores endógenos e exógenos responsável pelo modelado ou formação de determinados elementos da superfície terrestre, desta forma, os estudos geomorfológicos podem contribuir no planejamento e conservação dos recursos naturais, estabelecendo formas racionais de uso destes recursos, sem alterar bruscamente o equilíbrio. Para a análise do relevo, levam-se em consideração alguns parâmetros básicos, definidos pela altimetria e pela análise das vertentes, sendo caracterizadas pelo comprimento, declividade e amplitude. A escolha da área de estudo, está relacionada a continuidade dos estudos realizados pelo Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM/UFSM) na região oeste do estado do Rio Grande do Sul. O objetivo do trabalho é mapear, analisar e caracterizar as formas de relevo presentes na bacia hidrográfica do arroio Jaguari-Mirim/RS. A bacia hidrográfica do Arroio Jaguari-Mirim está inserida nos municípios de São Francisco de Assis, Nova Esperança do Sul e Jaguari, estando transicionalmente entre as unidades geomorfológicas Depressão Periférica e Planalto da Serra Geral (ROBAINA, 2010).
Material e métodos
O levantamento dos dados foram realizados através de trabalhos no laboratório e pesquisas secundarias, consultas e seleção bibliográfica relacionadas ao mapeamento e análise das unidades de relevo. Para o mapeamento da área de estudo, utilizou-se a base cartográfica vetorial contínua do Rio Grande do Sul com escala 1:50.000 desenvolvida por Hasenack e Weber (2010), utilizada para identificar a rede hidrográfica da área de estudo e as imagens Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) com resolução espacial de 1arcsec (30 metros), que serviu como base para a elaboração do Modelo Digital de Elevação (MDE) da área de estudo. O estudo topográfico da bacia hidrográfica do Arroio Jaguari-Mirim realizou- se a partir da análise do MDE, que possibilitou estipular nove classes hipsométricas: < 100 metros, entre 150 e 200 metros, entre 200 e 250 metros, entre 250 e 300 metros, entre 300 e 350 metros, entre 350 e 400 metros, e entre 400 e 450 metros e >450 metros. A carta de declividade se baseou na meto¬dologia apresentada por Trentin (2007 pág. 42) que utilizou os intervalos de 2, 5 e 15 onde: as áreas até 2% de inclinação correspondem a áreas muito planas com baixa capacidade de drenagem e quando próximas às drenagens estão sujeitas à ocorrência de inundações; o intervalo de 2 a 5% com predomínio de processos de acumulação e meteorização; intervalo de 5 a 15% quando os processos de transporte de massa passam a ser significativos e; intervalo superior a 15% onde processos de movimento de massa podem ocorrer especialmente pela necessidade de cortes e aterros. As amplitudes das encostas foram determinadas a partir da análise de perfis topográficos nas diferentes unidades geomorfológicas. Para definição das formas de relevo, usou¬-se como base a proposta apresentado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnologicas) (1981) que define rampas, colinas, morrotes e morros. A elaboração do mapa de unidades de relevo da Bacia Hidrográfica do arroio do Jaguari-Mirim realizou-se a partir do processo de vetorização manual, onde foram sobrepostos os hipsometria e declividade, além da análise de perfis topográficos, e imagens de satélite disponibilizadas pelo serviço Basemap World Imagery do ArcGIS e do Google Earth Pro.
Resultado e discussão
A bacia hidrográfica do Jaguari-Mirim, geograficamente, entre as coordenadas
geográficas 54°57’17.29’’ a 55°05’16.03’’ de longitude oeste, em relação ao
meridiano de Greenwich e 29°19’31.85’’ a 29°38’46.73’’ de latitude sul, em
relação a linha do equador, apresentando uma área de aproximadamente
261,472,973 km² (Figura 01).
As áreas de maiores altitudes, onde estão localizadas próximos as nascentes
da bacia hidrográfica do arroio Jaguari-Mirim, ocorrem na unidade
geomorfológica do Planalto das Missões, constituindo o Modelado de
Patamares, representado por um empilhamento de rochas vulcânicas. A foz do
arroio, escoa a sudoeste junto ao rio Jaguari ocorre na unidade
geomorfológica da Depressão do Ibicuí, constituindo um relevo ondulado em
rochas sedimentares. A passagem do Planalto para a Depressão, onde escoa
grande parte da drenagem do arroio Jaguari-Mirim, ocorre na unidade de
Modelados do Rebordo do Planalto, representado por um relevo movimentado,
constituindo uma frente de escarpa recuada e com forte controle estrutural
da rede hidrográfica (ROBAINA,2010).
O relevo é caracterizado por altitudes maiores de 450 m e as menores
altitudes de79 m, apresentando uma amplitude geral da bacia de 371 metros.
As altitudes inferiores a 100m, abrangem porções do baixo curso, com
características de planícies de inundação da bacia hidrográfica. Na altitude
de 200m ocorre uma mudança brusca do relevo, marcando a passagem de áreas
onduladas para as áreas fortemente onduladas. A unidade do Planalto inicia
ao redor das altitudes de 350m caracterizando a retorno do relevo menos
movimentado (Figura 02).
As declividades inferiores a 2% ocorrem formando áreas de planície de
inundação, e entre 2%-5% nas áreas levemente onduladas, e entre 5%-15%
representam porções do alto planalto. E as declividades superiores a 15%
ocorrem na bacia como associação de morros e morrotes (Figura 03).
Unidades do relevo
As formas de relevo são o resultado de agentes modeladores da superfície,
internos como externos, assim se apresenta como o objeto de estudo da
geomorfologia e outras áreas da geografia, tanto nos aspectos de gênese como
na evolução das formas, com velocidades variadas, onde interagem a todo o
instante com os demais componentes do espaço (Figura 04).
A bacia hidrográfica do Jaguari-Mirim, encontra-se com áreas planas próximas
ao baixo curso do rio e áreas escarpadas do rebordo e, diante disso, foram
definidas as seguintes unidades de relevo: colinas de altitude, colinas
ondulados, associação de morros e morrotes, colinas levemente onduladas,
áreas planas.
Colinas de altitude
Esta unidade de relevo representa 21% da área estudada, estando no
topo do planalto, tendo declividades inferiores a 5% e entre 5%-15% tendo
amplitude de 20-30m.
Colinas onduladas
Está presente no médio curso da bacia, sendo a menor área
caracterizada na bacia. Representando um total de 7.2% esta unidade tem como
características altitudes entre 229 e 304 metros com declividades entre 5% e
15%.
Associação de morros e morrotes
Representam 31.9% da área total da bacia hidrográfica, esta área
possui uma grande extensão, dominando o meio curso da bacia. Caracteriza-se
por apresentar altitudes superiores que 304 - 379 metros, e com declividades
maiores que 15%, destacando-se um relevo muito íngreme.
Colinas levemente onduladas
Esta unidade de relevo apresenta-se no baixo curso do rio com uma área de
22.2% do total da bacia, com características de altitudes entre 154 a 229
metros, e com declividade entre 2% e 5%. Onde os processos erosivos tendem a
ser um pouco mais significativo, como o surgimento de ravinas e voçorocas,
influenciados por fatores climáticos ou ação antrópica.
Áreas planas
Representam um total de 15.9% de toda a bacia hidrográfica, esta unidade tem
como características altitudes inferiores a 150 metros e com declividades
menores que 2%, sendo associadas as planícies de inumação.
Mapa de localização da área estudada, Bacia Hidrografia do Jaguari-Mirim
Mapa hipsométrico da área de estudo da Bacia Hidrografia do Jaguari-Mirim
Figura, Mapa de declividade da área estudada da bacia hidrográfica Jaguari-Mirim
Figura, Mapa de unidades de relevo da área estudada, bacia hidrográfica Jaguari-Mirim
Considerações Finais
A compartimentação geomorfológica apresentada tem como finalidade, definir de forma geral, as formas e unidades de relevo da bacia hidrografia do Arroio Jaguari-Mirim/RS, assim identificando de forma geral as principais feições encontradas nesta área. Foram analisadas e definidas 6 formas de relevo, sendo elas; colinas de altitude, associação de morros e morrotes, áreas planas, colinas onduladas e colinas levemente onduladas, que permitiram compreender como se especializa a área estudada. A caracterização geomorfológica vem cada vez mais apresentando uma posição relevante, isto se deve ao fato de que os processos geomorfológicos realizam um papel natural como agentes da evolução do relevo. Os elementos delimitados nas unidades geomorfológicas apresentam compondo a superfície dos processos da dinâmica superficial, assim mantendo uma identidade única na paisagem. Desta forma, a definição dessas unidades de relevo proporcionam um avanço nos trabalhos de mapeamento mais detalhado, auxiliando as interpretações e analises na determinada região, assim permitindo o conhecimento geomorfológico e o entendimento para as potencialidades e fragilidades da área de estudo.
Agradecimentos
Referências
INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (IPT). Mapeamento geomorfológico do estado de São Paulo. São Paulo. Escala 1:500.000, V.2, 1981. 130p.
Penteado-Orelhana, M. M. (1985). Metodologia Integrada no Estudo do Meio Ambiente. Rio Claro: IBGE.
Santos. V.S Analise Geoambiental da Bacia Hidrografica do Rio Jaguari-RS, 2015. Monografia (Graduação em Geografia licenciatura) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.
Robaina. L. E. d. S. (2010). Compartimentação geomorfologica da Bacia Hidrografica do IBICUIÍ: Rio Grande do Sul, Brasil: Proposta de classificação. Revista Brasileira de Geomoforlogia , 11-22
TRENTIN, R. Definição de unidades geoambientais na bacia hidrográfica do rio Itu – oeste do RS. Santa Maria: UFSM/PPGEO, 2007. 110 f. (Dissertação de Mestrado).
Wasenack, H.; Weber, E. Base Cartográfica Continua do Rio Grande do Sul. Série Geoprocessamento. Porto Alegre. Centro de Ecologia da UFRGS. 2010.