Autores

Silva, P.L. (UNEMAT) ; Andrade, L.N.P.S. (UNEMAT) ; Souza, C.A. (UNEMAT) ; Carmo, J.A. (UNEMAT)

Resumo

A pesquisa teve como objetivo monitorar o processo erosivo, no Distrito de Vila Aparecida. Os procedimentos utilizados foram: levantamento teórico da temática em livros, artigos científicos, e outros; trabalho de campo para coletas de solo, instrumentalização da erosão pelas técnicas de pinos e estacas; trabalho de gabinete (análise dos dados). Analisando os dados da análise granulométrica e do monitoramento, bem como a falta de cobertura vegetal ao entorno e as margens da área de estudo, nota-se que o ponto 1 apresentou maior susceptibilidade ao processo de voçorocamento, com ocorrência de alta porcentagem de silte e areia fina, e durante o período de monitoramento foi o que mais erodiu.

Palavras chaves

Desmatamento; Erosividade e Erodibilidade; Composição granulométrica

Introdução

Apesar de ser um problema em escala mundial, a erosão dos solos ocorre de forma mais séria em países em desenvolvimento com regime de chuvas tropicais, sendo intensas consideradas por Blaikie (1985) uma causa e conseqüência do subdesenvolvimento. Wild (1993) ressalta que o solo é um dos recursos que o homem utiliza sem se preocupar com o período necessário para a sua recuperação, quando investe no solo, é para obter maiores colheitas, raramente para conservá-lo. E utilizam meios como uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e irrigação, levando a superprodução de alimentos, incluindo produtos de origem animal. Alguns autores monitoraram a erosão do solo e os resultados estão publicados em artigos, livros e outros trabalhos científicos. Imeson e Jungerius, (1976) monitoraram a estabilidade de agregados em Ardenas: Luxemburgo, Figueiredo (2003) versa sobre a analise de processos erosivos associados ao escoamento superficial na micro bacia do Córrego Jaberão no Município de Cáceres/MT e Fichio (2009) o monitoramento dos impactos ambientais devido à erosão no Distrito de Celma no Município de Jaciara/MT. Diante disso segundo Souza, (2004) diz que a erosão dos solos por ser um fator natural, atinge anualmente de 5 a 7 milhões de hectares de terras férteis reservadas para o cultivo, hoje são solos depauperados, e ainda milhões de hectares vêm sofrendo cada vez mais com o processo erosivos, tornando-se impróprias para o cultivo. Enquanto grandes partículas de areia resistem ao transporte, solos de textura fina (argilosos) também resistem à desagregação, sendo a areia fina e o silte as texturas mais susceptíveis à desagregação e ao transporte (LAL, 1988, p. 141-142). Segundo Ribeiro (1998) as reduções nas perdas do solo estão diretamente relacionadas com a quantidade de cobertura vegetal retiradas para atividades antrópicas (agricultura, pecuária, urbanização e outras). A área de estudo está voltada para práticas agropecuárias o que está contribuindo com o processo erosivo. A pesquisa teve como objetivo monitorar o processo erosivo, no Distrito de Vila Aparecida.

Material e métodos

A área de estudo está localizada entre as coordenadas geográficas 15º 48’ 12” e 15º 48’ 18” latitude sul e 57º 19’ 21’ e 57º 19’ 27” de longitude oeste na comunidade Cachoeirinha, Distrito de Vila Aparecida no município de Cáceres/ Mato Grosso (Figura 1). Figura 1. Localização da área de estudo Foi realizado levantamento bibliográfico em livros, artigos em periódicos e outros; trabalho de campo. Foi realizado de campo para o reconhecimento, observação, coleta do solo e instrumentação da área para monitoramento da erosão. O ponto foi subdividido em (A, B, C e D). Método consiste na inserção perpendicular de pinos de aço na face do barranco para medir o valor da erosão por meio da superfície de exposição dos pinos. Os pinos de aço de 30 cm foram inseridos na face do barranco com 10 cm, com o auxílio da trena. Para calcular a magnitude da erosão foi utilizada a fórmula de Hooke (1980), adaptada por Fernandez (1995). A técnica de estacas constitui na instalação de estacas de madeira na parte superior das margens, posicionadas de forma que não sejam afetadas por prováveis desmoronamentos e que não sejam retiradas pela ação dos habitantes locais. Foram inseridas as estacas nos cinco pontos escolhidos com posicionamentos de 2 m da margem da erosão para a realização de um ano de monitoramento do processo de voçorocamento. Foram coletadas amostras do barranco que posteriormente analisada em laboratório pelo método do peneiramento (SUGUIO, 1973) e pipetagem (EMBRAPA, 1997).

Resultado e discussão

O processo de voçorocamento está localizado na Comunidade de Cachoeirinha, situada a margem direita da estrada BR 070 há aproximadamente 65 km da cidade de Cáceres- MT. A área da voçoroca corresponde aproximadamente a 35.280 m². A localização da voçoroca na margem direita da estrada, também influencia no processo erosivo, levando ainda em consideração outros fatores como: a declividade do terreno, a textura do solo que apresenta grande teor de (silte e areia fina), bem como o desmatamento ao seu entorno. A atividade econômica local está voltada a pecuária leiteira e de corte. Composição granulométrica das margens e processo erosivo O ponto foi dividido em (A, B, C) (D1 e D2) é o ponto que apresenta maior susceptibilidade ao processo de voçorocamento. O primeiro ponto (A) é uma bifurcação em forma de arco com 23,45 m de largura. A altura do barranco é de 3 m margem direita, 10,30 m na margem esquerda e 3 m o centro. Neste ponto registrou a presença de 10,4% de areia grossa, 13,1% de areia média, 57,05% de areia fina, 18,25% de silte e 1,20% de argila. A maior porcentagem foi de areia fina e silte (Tabela 1). De acordo com Guerra (1998) estudos têm demonstrado que o teor de silte afeta a erodibilidade dos solos demonstrou ainda quanto maior o teor de silte, maior a susceptilidade dos solos a serem erodidos. O monitoramento da margem com a técnica de pinos da erosão mostrou que a erosão acumulada foi de 12 cm da margem direita, 11,5 cm na margem esquerda e 18 cm no centro. A magnitude da erosão registrou 0,16 (cm/mês) na margem direita, 0,12 (cm/mês) margem esquerda e 0,66 (cm/mês) centro. A erosão na técnica de estacas na margem direita foi 48 cm, 52 cm na margem esquerda e 8 cm no centro (Tabela 2). A vegetação próxima ao ponto I (A) é inexistente, com exceção de algumas raízes de árvores que estão expostas de uma margem a outra. A parte inferior do barranco esquerdo está solapando de forma intensa, onde houve grandes quedas de blocos de terra notáveis durante o período de monitoramento, local que mais erodiu, isso também, pode ser explicado pela falta de vegetação ao seu entorno. O primeiro ponto (B) apresenta bifurcação em forma de arco que totaliza 15,70 m de extensão. A altura do barranco da margem esquerda é de 4,50 m e 5 m na margem direita. Registraram 13,85% de areia grossa, 51% de areia média, 16,35% de areia fina, 18,8% de silte e 1,1% de argila (Tabela 1). O monitoramento da margem com técnica de pinos mostrou que a erosão acumulada da margem esquerda é de 11 cm, 15 cm na margem direita e 14 cm no centro. A magnitude da erosão é de 0,08 (cm/mês), da margem direita, 0,41(cm/mês) na margem esquerda e 0,33 (cm/mês) no centro (Tabela 2). Na erosão monitorada pela técnica de estaca apresentou na margem direita 22 cm, na margem esquerda 60 cm e no centro 40 cm, de acordo com os dados do monitoramento e a análise granulométrica a parte que mais erodiu foi a margem direita, apresentando dados relevantes de areia média, fina e silte como Farmer (1973) reporta que a remoção de sedimentos é maior na fração de areia média e diminui nas partículas maiores ou menores. É neste ponto que está localizada a cabeceira da voçoroca, há presença de algumas espécies nativas. Consideravelmente, o processo erosivo não foi tão intenso levando- se em consideração a outra subdivisão do primeiro ponto, devido à proteção vegetal (centro e margem). O primeiro ponto (C) apresenta uma bifurcação em forma de arco com 19 m de extensão. A altura do barranco da margem direita é de 6 m, da margem esquerda 6,10 m e do centro é de 0,42cm. Na análise granulométrica registrou-se 22,31% de areia grossa, 16,85% de areia média, 28,05% de areia fina, 32,8% de silte e 1,35% de argila (Tabela 1). Apresentou em maior quantidade a fração silte tendo mais probabilidade de erosão. O monitoramento com a técnica de estacas registra na margem direita 50 cm de erosão, na margem esquerda 42 cm e no centro 44 cm. Na técnica de pinos a erosão acumulada na margem direita foi 20 cm, na margem esquerda 14 cm e no centro 23 cm. A magnitude da erosão 0,83 (cm/mês) na direita 0,33 (cm/mês), na margem esquerda e 1,08 (cm/mês) (Tabela 2). Neste ponto há presença de gramíneas e algumas árvores de pequeno porte próximo ao arco, mas o processo erosivo foi intenso tanto que o pino do centro foi o que mais erodiu, foi o ponto que registrou maior índice de erosão. O primeiro ponto (D) apresenta a forma de dois arcos que foram considerados como (D¹ e D²) e uma porção de terra ligando um arco ao outro, possivelmente este ponto se tornará um só levando-se em consideração os dados monitorados e a análise granulométrica dos dois pontos: o (D¹) contém 45,5% de silte e 25,5% de areia média e o (D²) apresenta 59,65% de silte e 18,15% de areia fina ambos com características que propiciam ao fator erosivo (Tabela 1). Foi neste ponto que apresentou maior teor de silte considerando os outros pontos. O comprimento dos dois arcos totaliza 38,75 m, a altura do barranco da margem esquerda do D² é 5,35 m, do centro é 2,52 m e o da margem direita é de 4,60 m (Tabela 2). O monitoramento da margem utilizando a técnica de pinos apresentou a erosão acumulada na margem direita com 12,2 cm, na margem esquerda 16 cm e no centro 14,8 cm. A magnitude da erosão na margem direita é de 0,18 (cm/mês), na margem esquerda 0,50 cm (cm/mês) e do centro 0,40 (cm/mês) A técnica de estacas registrou na margem direita 75 cm de erosão, a margem esquerda 45 cm e no centro 42 cm (Tabela 2). Os fatores declividade do terreno, erodibilidade, erosividade e ação antrópica contribuem para o aceleramento dessa erosão.

Figura 1- Localização da área de estudo

mapa com a localização da área de estudo

Tabela 1. Composição granulométrica das margens

Tabela com a composição granulométrica

Tabela 2- Dados da erosão das margens, obtidos por meio de estacas e p

Tabela

Considerações Finais

A área é ocupada por pequenos sitiantes, que estão perdendo parte de sua propriedade pelos processos erosivos. Os processos erosivos estão associados ao uso da terra (desmatamento e implantação de pastagem), a declividade do terreno, a composição granulométrica do solo e o material de origem. Vale salientar a importância de implementação de uso e manejo do solo.

Agradecimentos

As autoras agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) e ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)

Referências

BLAIKIE, Piers. The political economy of soil erosion in developing countries. Longman Group Limited, Nova York, 1985.

FARMER, Eugene E. Relative detachability of soil particles by simulated rainfall. Soil Sciense Society American Journal, v. 37, n. 4, p. 629-633, jul. 1973.

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FICHIO, Silvana Delfina. Monitoramento dos Impactos Ambientais devido a erosão localizada no distrito de Celma no município de Jaciara/MT. 2009. 66 fls. Monografia (Licenciatura em Geografia) - Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres/MT, 2009.

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