Autores

Santos, R. (UNICAMP) ; Amorim, R.R. (UNICAMP) ; Perez Filho, A. (UNICAMP)

Resumo

Este trabalho tem por objetivo, compartimentar em unidades geossistêmicas a Região Norte do Brasil, descrevendo os aspectos físicos desta, ressaltando a importância de conhecer as interações dos subsistemas para a formação da paisagem. A Utilização da compartimentação geomorfológica como ferramenta descritiva, tona-se importante pois destaca e melhora a viabilidade de estudos da paisagem, bem como, o planejamento de futuras áreas para a elaboração de zoneamentos ambientais e possibilidade de resguardar e aprimorar o uso dos recursos naturais ainda existentes na região. Baseando-se na metodologia adotada por Cavalcanti (2013), em que a paisagem é dividida em sítio (relação relevo-substrato) e estados (relação solo-vegetação), mais o banco de dados do IBGE(2014) e a utilização software ArcGis 10.1. O que resultou na subdivisão da região Norte em X Unidades Geossistêmicas, permitindo a agregação destas a para o planejamento ambiental.

Palavras chaves

Unidades geossistêmicas; Compartimentação Geomorfológica; Planejamento Ambiental

Introdução

A Região Norte do Brasil em sua imensidão territorial, apresenta inúmeras paisagens complexas, em que os elementos físicos combinados originam o Domínio Morfoclimático da Amazônia. Passiveis de estudos e analise, para uma melhor compreensão de como si dão as interações físicas da região, ressaltando o clima equatorial, as formas de relevo, as associações pedológicas com as fisionomias vegetais que constituem, ecossistemas únicos, formando um dos mais biodiversos biomas do mundo. Os estudos geomorfológicos sempre apresentaram fundamental importância para o entendimento das paisagens naturais. Na década de 1970, estes estudos elencaram o viés de uma orientação geossistêmica, em que possibilitou a observação e análise dos elementos atuantes na formação do relevo em escala geológica temporal e a interação de troca de energia e meteria entre os subsistemas. A análise sistêmica em acordo com Christofoletti (1999), não deve considerar apenas os elementos físico-naturais (geologia, relevo, clima, vegetação, solo), mas também as informações sobre as atividades socioeconômicas (sistema antrópico) e a configuração atuante no uso e ocupação da terra. Essas interações devem ser analisadas em conjunto, permitindo uma compreensão da ação antrópica sobre a dinâmica natural. A análise geomorfológica de acordo com Ross (1996), permite a caracterização da compartimentação topográfica; diferenciação dos padrões de vertentes e suas interações com outros componentes do sistema ambiental natural; classificação de feições geomorfológicas quanto à sua gênese, morfometria e dinâmica atual, bem como sua à fragilidade potencial e emergente. A análise descritiva das formas de relevo e o mapeamento geomorfológico gera um diagnóstico mais detalhado de possíveis áreas para estudos geosssistêmicos. Pissinati et.al.(2009) considera três conceitos (espacial, natural e antrópico) para analisar um sistema. Diante da necessidade de compreender as interações existentes entre os elementos da paisagem. Este trabalho tem por objetivo, compartimentar em unidades geossistêmicas a região Norte do Brasil, descrevendo os aspectos físicos desta, ressaltando a importância se de conhecer as interações dos subsistemas para a formação da paisagem. A Utilização da compartimentação geomorfológica como metodologia descritiva, ressalta a importância destes aspectos, comportando a viabilidade de estudos mais aprofundados, para o planejamento de futuras áreas de zoneamento ambiental e a possibilidade de resguardar e aprimorar o uso dos recursos naturais ainda existente na região.

Material e métodos

A compartimentação geomorfológica apresenta importante papel na descrição física e morfológica da conjuntura estrutural das paisagens. Baseando-se na metodologia adotada por Cavalcanti (2013), em que divide a paisagem em sítio (relação relevo-substrato) e estados (relação solo-vegetação). Em que primeiro se delimita o sítio, o qual foi considerado as unidades taxonômicas, além dos conceitos de morfoestrutura e morfoescultura, sendo realizado por meio de modelagem cartográfica. Em segundo a delimitação dos estados em que foi considerado as classes de solos e as relações destas com a fitossociologia, os tipos climáticos da região estudada. O produto final da análise dos sítios e estados foi a delimitação dos compartimentos geossistêmicos em X Unidades Geossistêmicas para a região Norte, apresentado na (Fig. 1) como um dos resultados da pesquisa. Para isso e para a elaboração do mapa foi usado o software ArcGis 10.1, mais dados secundários, disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2014), na escala cartográfica de 1:1.000,000. Além do Sistema de Informação Geográfica (SIG), que constitui uma das principais ferramentas para a descrição e análise geomorfológica, pois auxiliam a compreensão das relações geográficas na visualização, pesquisa e modelagem dos dados espaciais (BORGES, 2008).

Resultado e discussão

Com base nos aspectos físicos da Região Norte (relevo, solos, vegetação e clima) foram estabelecidos dez unidades geossistêmica como apresenta a (Fig 1). Unidade I- Apresenta cobertura sedimentares do fanerozóico, com unidades geomorfológicas de colinas, depressões, planícies e serras. As colinas se sub dividem em 02 tipos de formações; As Colinas do rio Javari/Juruá, cobertas por Argissolos, sob clima equatorial superúmido sem estação seca. As Colinas do Acre de terras baixas cobertas por Cambissolo, Luvissolo e Argissolo, com clima equatorial úmido. Permanência de Cambissolo e Luvissolo que tem formação pretérita. As formações estão sob florestas ombrófila aberta de terras baixas e a Colinas do rio Javari/Juruá apresenta enclave de campinarana. As depressões do Rio Solimões e do Rio Purus estão sob Argissolos e Latossolos, cobertos por Floresta Ombrófila aberta de terras baixas, sob influência da agricultura. Unidade II- Apresenta Depressão do Rio Ji-Paraná, a Depressão do Rio Guaporé, os Planaltos residuais do Guaporé e o Planalto dos Rios Roosevelt/Aripuanã, então no domínio dos crátons Neoproterozóicos, cobertas por Floresta Ombrófila aberta submontana e com enclaves de vegetação savânica arborizada, sobre Argissolos, Latossolos, Neossolo Litólico, Cambissolo e afloramento rochoso. Sobre o domínios das bacias e cobertura sedimentares farenozóicas estão a Depressão do Rio Madeira, a Depressão do Rio Purus e o Planalto dos Parecis, com Florestas; ombrófila densa de terras baixas, ombrófila aberta de terras baixas e submontana, vegetação savanica e um enclave de Floresta estacional semidecidual submontana sobre Neossolo Quartizarênico no Planalto dos Parecis. As depressões estão sobre Argissolos, Plintossolos e Gleissolos. As Planícies e pantanais do Rio Guaporé e a Planície Amazônica apresentam sedimentos do Quaternário, com Floresta ombrófila de terras baixas e vegetação alterada. A unidade está sob influência atividades agrícola. Unidade III- A unidade está no domínio dos crátons Neoproterozóicos, como planaltos e planícies. O Planalto do Cachimbo apresenta vegetação savanica, Floresta estacional decídua submontona e um Refúgio vegetacional alto- montano sobre Neossolo Quartizârenico influenciando o fitofisionomia da unidade. O Planalto do médio rio Sucunduri, planaltos dos Rios Apiacás, Sucunduri,Crepori, Depressão Amazônica Interplanáltica e Depressão Amazônica Meridional, com vegetação savanica, Floresta Ombrófila aberta submontana, e Floresta Estacional sobre Argissolos, Latossolos, Gleissolo e afloramento rochoso, sob clima equatorial quente úmido. Unidade IV- Apresenta depressões, planaltos, patamares e pediplanos, as Depressões dos Rios Negro/Japurá e a Depressão do Rio Solimões estão na unidade Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozóicas. A depressão dos Rios Branco/Negro estão sobre depósitos Sedimentares Quaternários e Pediplano. Apresentam vegetação de campinarana arborizada/arbustiva, florestada e gramínea/lenhosa, sobre Argissolo, Latossolo, Espodossolo, Neossolo Quartizarênico, Gleissolo e Plintossolo, sob clima equatorial super-úmido sem estação seca. Os Patamares de Roraima e o Planalto divisor do Rio Amazonas/ Orinoco estão na unidade dos crátons Neoproterozóicos, com Floresta Ombrófila montana no Planalto e Floresta Ombrófila submontana sobre Argissolo, Latossolo, Neossolo Litólico e pequenas manchas de Nitossolo, sob clima equatorial super-úmido a oeste e úmido a leste. Unidade V- Apresenta depressões dos rios Branco/Negro, Pediplanos dos rios Branco/Negro, Patamares de Roraima, Planaltos Residuais do Norte da Amazônia, Planalto do Divisor dos Rios Amazonas/Orinoco e Planaltos do Norte de Roraima todos integrando os Crátons Neoproterozóicos, com vegetação savanica e campinarana sobre Neossolo Litólico, Argissolos, Latossolos, Plintossolos e Gleissolos, sob influência de atividade agrária e clima equatorial quente e úmido e clima equatorial quente e semi-úmido. A depressão de Boa Vista está no domínio do depósito sedimentares Quaternários com vegetação savanica gramínea/lenhosa sobre Latossolos, Gleissolos, Plintossolos, Neossolo Quartizarênico e presença de uma macha de Planossolo. Unidade VI- Apresenta Chapadas do alto Rio Parnaíba, Chapadas do Rio São Francisco, Depressão do Médio Tocantins, Depressão do Alto Rio Tocantins, Planalto do Rio Tocantins estão na bacia e cobertura do Fanerozóico, com vegetação savanica, sobre Argissolos, Neossolos, Plintossolos, Latossolos, e pequenas manchas de Cambissolo e Chernossolo. A Depressão do Baixo Rio Araguaia, Depressão do Médio Rio Araguari e Serras e Patamares do Rio Tocantins e do Rio São Francisco estão nos Cinturões Móveis Neoproterozóicos; e a Planície do Rio Araguaia/Ilha do Bananal estão no Depósitos Sedimentares Quaternários com vegetação savanica sobre Plintossolos, Argissolos e Gleissolos. A unidade apresenta-se sob clima Equatorial quente semi-úmido e com forte influência antrópica em atividades agropecuárias. Unidade VII- Apresenta Tabuleiros Costeiros, Tabuleiros do Rio Amazonas, Tabuleiros dos Rios Gurupi/Grajaú, Patamar de Marabá e Superfície do Rio Gurupi encontram-se nas Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozóicas com Floresta Ombrófila densa submontana, Floresta Ombrófila densa de terras baixas, Floresta Ombrófila densa aluvial e Floresta Alterada sobre Latossolos. O Leque Aluvial do Rio Tocantins, Planícies Fluviomarinhas, Planícies Fluviolacustres estão em Depósitos Sedimentares Quaternários com áreas de Formações Pioneiras Vegetação com Influência Fluvial e/ou Lacustre e na porção mais a norte com influencia Fluviomarinha, com poucos remanescentes de campinarana e Floresta Ombrófila densa aluvial, sobre Latossolos, Plintossolos e Argissolos. Os Patamares Colinas do Amapá está em Crátons Neoproterozóicos com Floresta Ombrofila Densa Terras Baixas sobre Latossolos. A Unidade apresenta-se sob o clima equatorial quente úmido. Unidade VIII- Apresenta Depressão da Amazônia Meridional, Depressão do Rio Ji-Paraná, Depressão do Baixo Rio Araguaia, Planalto do Médio Rio Sucunduri, Planalto do Rio Tapajós e Serras do Sul do Pará em formação de Crátons Neoproterozóicos com Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Aberta Submontana e floresta alterada sobre Latossolos, Neossolos, Argissolos e Nitossolo, sob influência da agricultura. Além dos Tabuleiros do Baixo Rio Amazonas e Patamares Meridionais da Borda da Bacia do Amazonas em Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozóicas com Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas e Floresta alterada sobre Latossolo sob influência de atividade agrícolas e clima equatorial quente e úmido. Unidade IX- Envolve as Colinas do Amapá, Depressão da Amazônia Setentrional, Planaltos Residuais do Norte da Amazônia em Crátons Neoproterozóicos com Floresta Ombrófila Densa Submontana e vegetação savânica sobre Argissolos, Latossolos e Plintossolo. Os Patamares Setentrionais da Borda da Bacia do Amazonas, Tabuleiros do Baixo Rio Amazonas e Planície Amazônica, estão em Depósitos Sedimentares Quartenários com Vegetação Ombrófila Aberta Submontana, vegetação savânica e Floresta alterada sob influência de atividades agrárias sobre Argissolos, Latossolo, Gleissolos e Plintossolo. Em clima Equatorial quente úmido. Unidade X- Unidade com Depressão do Rio Solimões, Depressão do Rio Purus, Depressão do Rio Madeira, Depressão do Rio Ji-Paraná, Depressão dos Rios Negro/Japurá Planalto Rebaixado dos Rios Negro/Uatumã, Tabuleiros do Baixo Rio Amazonas, Colinas dos Rios Javari/Juruá em Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozóicas, com Floresta Ombrófila densa terras baixas com enclaves de Campinarana e Floresta alterada sobre Argissolos, Latossolos e Gleissolo. Floresta Ombrófila densa terras baixas em Depósitos Sedimentares Quaternários com áreas de formação Pioneiras influência Fluvial e/ou Lacustre,

Fig. 1

Mapa das Unidades Geossistêmicas da Região Norte do Brasil

Considerações Finais

Este trabalho torna-se importante para possíveis analises geossistêmicas, em relações as interações dos elementos físicos para a formação das paisagens. Entretanto aconselha-se estudar em escala maior, possivelmente em sub-regiões ou estados. O que permitiria analise, caracterização e uma correlação melhor dos elementos físicos e a importância e determinismo destes para a formação da paisagem regional. A exemplo o clima equatorial quente e com anuências de umidade, pode determinar os tipos de solos que sobressairão nas fisionomias vegetais as definindo, modificando a paisagem. Assim como apenas os solos sem a determinação do clima podem definir as fisionomias da paisagem. Diante deste exposto analises mais locais tornam-se necessárias para a compreensão de todas as interações dos elementos formadores das paisagens.

Agradecimentos

Referências

AB’SÁBER, A. N. Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Paleoclimas, São Paulo, n. 3, p. 1-19, 1977.

BORGES, M.E.S. Mapeamento geomorfológico da bacia do rio Preto e suas relações com a agricultura. (Dissertação de mestrado). Universidade de Brasília. Brasília, 2008.

CAVALCANTI, L.C.S. Da descrição de áreas à Teoria Dos Geossistemas: Uma Abordagem Epistemológica sobre Sínteses Naturalistas. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2013.

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo, Brasil: Edgard Büchler. 1999.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Manual Técnico de Pedologia. 2ª edição. IBGE: Rio de Janeiro, 2007. 316p.

PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Geossistema território e paisagem rural sob a ótica Bertrandiana. Geografia - v. 18, n. 1, jan./jun. 2009.

ROSS,J.L.S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1996.