Autores
Ramos, D.A.M.C. (UFPE) ; Silva, D.G. (UFPE) ; Correa, A.C.B. (UFPE)
Resumo
O mapeamento geomorfológico é uma ferramenta indispensável para o entendimento do modelado terrestre, auxiliando não apenas na compreensão da paisagem e na visualização dos compartimentos do relevo, como também no processo de identificação de áreas de estocagem de sedimentos. O mapeamento geomorfológico da área da bacia do Pioré foi apresentado em escala de detalhe, para fins de localização e distribuição espaciais dos diversos compartimentos de relevo. A metodologia de mapeamento utilizado seguiu as normas estabelecidas pela comissão de mapeamento geomorfológico de detalhe da UGI – União Geográfica Internacional, (Demeck, 1972).
Palavras chaves
mapeamento geomorfológico; paisagem; relevo
Introdução
Analisar e compreender a paisagem trata-se de um processo extremamente complexo, pois, inúmeras são as variáveis envolvidas e as respostas para explicação dos processos geomórficos quase nunca estão em evidência. De acordo com Corrêa (1997), o mapeamento geomorfológico de detalhe tem como principal objetivo, investigar as formas, defini-las e elucidar suas funções dentro do sistema. Dessa forma, o mapeamento das feições geomorfológicas reveste-se de suma importância para a organização e interpretação coerente do território, servindo ainda para auxiliar nos processos de planejamento do espaço. O mapeamento da Bacia do Riacho Pioré é apresentado em escala de detalhe, tendo em vista a carência de mapeamentos geomorfológicos voltados para a elucidação do modelado no semiárido pernambucano, visando identificar, reconhecer e interpretar o significado geomorfológico de determinadas feições. A bacia hidrográfica do riacho do Pioré integra a bacia hidrográfica do Moxotó, afluente da margem esquerda do Rio São Francisco. Encontrando-se inteiramente no Estado de Pernambuco. A bacia em escopo drena áreas do Planalto da Bacia do Tucano – Jatobá. O acesso a área saindo da capital estadual (Recife) é feito utilizando-se a BR-232, até a cidade de Cruzeiro do Nordeste e desta localidade passa-se a utilizar a BR-110 até o distrito de Campos no município de Ibimirim, deste distrito percorre-se 20km até o distrito de Puiu que se encontra no centro da Bacia do Pioré.
Material e métodos
Para a elaboração do banco de dados em ambiente SIG foi utilizado à interpretação da imagem do TOPODATA produzida a partir dos dados no Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). O datum e o elipsóide de referência em todos os cartogramas foi o WGS 84 Zona 24S. O tratamento digital da imagem foi realizada com a utilização dos softwares ArcGis 9.3. A metodologia de mapeamento utilizado seguiu as normas estabelecidas pela comissão de mapeamento geomorfológico de detalhe da UGI – União Geográfica Internacional, Demeck (1972). Realizado o tratamento das imagens foram traçadas as rupturas de declividade diferenciada e linear com base nas curvas de níveis e da realização de perfis topográficos, a fim de identificar quebras de patamares. Após este procedimento foi possível separar as feições e identifica-las dentro dos parâmetros analisados em campo e da proposta metodológica adotada.
Resultado e discussão
Sugere-se a seguinte compartimentação geomorfológica para a área da Bacia do
Riacho Pioré, permitindo sua visualização no âmbito de detalhe na qual está
inserida, a uma escala de 1:50.000 (Figura 01).
1. Cimeira a 700m - Correspondem aos níveis acima de 700 metros de altitude
com uma feição de topo desprovido de cobertura sedimentar e vegetação,
encontrando-se dissecados pelos cursos d’água.
2. Patamares Escalonados - Apresentam-se como degraus a SE da Bacia, com
altitudes variando de 700m à 800m. É uma superfície pouco dissecada e pouco
ondulada, apresenta delgada cobertura sedimentar e muitas áreas com exposição
de rochas (lagedos).
3. Maciços residuais do tipo Inselbergs - São corpos intrusivos isolados,
delimitados por encostas íngremes sob a influência, sobretudo do intemperismo
físico. Em virtude do gradiente de suas encostas, estas se encontram sujeitos
a processos denudacionais com presença, por vezes, de depósito de tálus em sua
base (SILVA, 2007). As cristas encontram-se alinhados de acordo com o trend
regional, do direcionamento das falhas e juntas.
4. Encostas íngremes sem cobertura coluvionar – São áreas que circundam as
superfícies de cimeira das serras. Estas são fortemente onduladas, com
ausência de sedimentos de encosta, sujeitas a intensos processos denudacionais
com formação de ravinas nas coberturas inconsolidadas in situ.
5. Encostas com cobertura coluvionar em alvéolo de cabeceiras – São áreas de
relevo ondulado que se situam na transição entre encostas íngremes da serra e
o “pedimento rochoso” que as circundam. Caracterizam-se por serem feições
deposicionais inclinadas, associadas à coalescência de depósitos coluviais.
6. Pedimentos dissecados e esculpido em rochas sedientar com cobertura
detrítica – São áreas moderadamente planas, constituindo setores de evacuação
de sedimentos com estrutura superficial dominada por neossolos litólicos e
luvissolos crômicos, areno-argilosos sobre os quais se formam um pavimento
detrítico por remoção das fácies mais finas mediante a atuação da erosão
laminar. Essa unidade morfoescultural, está quase que inteiramente delimitada pelas isolinhas de 350 e 550 metros, que se interpõe entre os sedimentos de
encostas. Na maioria das vezes, as rampas de pedimentos, pouco dissecadas,
também separam os ambientes de encostas dos plainos aluviais.
Mapeamento Geomorfológico da Bacia do Riacho Pioré
Considerações Finais
O mapeamento buscou estabelecer a distribuição dos principais conjuntos morfoestruturais e sua relação com a formação de áreas potenciais de estocagem de sedimento.A partir do mapeamento da Bacia do Riacho Pioré foi possível identificar as áreas de estocagem de sedimento assim como as encostas com cobertura coluvionar. Esse processo auxilia de forma significativa para as coletas em campo, tal como permite uma visão completa do modelado, auxiliando na apreciação e compreensão da dinâmica desta paisagem.
Agradecimentos
Referências
CORRÊA, A. C. B. Mapeamento geomorfológico de detalhe do maciço da Serra
da Baixa Verde, Pernambuco: estudo da relação entre a compartimentação
geomorfológica e a distribuição dos sistemas geoambientais. Recife: 1997.
183p. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Pernambuco.
DEMEK, J. (Ed) Manual of detailed geomorphological mapping. Praga: Comm.
Goomorph. Surv. Mapping. IGU, 1972. 368p.
SILVA, D. G. Evolução Paleoambiental dos Depósitos de Tanques em Fazenda Nova, Município de Brejo da Madre de Deus – Pernambuco. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal de Pernambuco, 2007. 155p.