Autores

César de Oliveira Tavares, K. (UFS) ; Silva Santos, R. (UFS) ; Rodrigues de Lira, D. (UFS) ; Aprigio dos Santos, C. (UFS)

Resumo

A realização do mapeamento geomorfológico da Região Agreste do estado de Sergipe, nordeste do Brasil, apresenta diferenciações geomorfológicas de paisagens em ambientes sub-úmidos e semiáridos. A metodologia de trabalho baseou-se na utilização de dados de imagens de radar interferométrico – SRTM, utilizados na elaboração do MDT – Modelo Digital de Terreno, possibilitando extrair subprodutos como curvas de nível, relevo sombreado, hipsometria e declividade a fim de sobrepor esses dados com a diversidade litológica, auxiliando na decisão e delimitação das unidades mapeadas, foi desenvolvido inicialmente a este levantamento um inventário de dados que permitiu obter informações a respeito da área estudada, posteriormente, esses dados foram analisados em ambiente SIG, afim de classificar as unidades por meio da classificação por máxima verossimilhança, chegando as unidades geomorfológicas definitivas.

Palavras chaves

Geoprocessamento; Geomorfologia; cartografia do relevo

Introdução

A geomorfologia emprega representações cartográficas com o desígnio de identificar e localizar espacialmente seu objeto de estudo e assim melhor visualizar as formas e os processos recorrentes, buscando informações que deem o suporte melhor compreensão da evolução e dinâmica do relevo. Como toda a representação cartográfica, mapeamentos geomorfológicos modificam-se em função do que se pretende representar e da escala desta representação. A simbologia para mapeamento geomorfológico envolve representações de processos antigos e atuais, material, estrutura, descontinuidades entre outros atributos do relevo. O mapeamento geomorfológico consiste na representação espacial, estabelecida a partir da identificação e investigação da gênese, e do modelado da estrutura superficial da paisagem. Seu objetivo temático é registrar informações sobre as formas e tipos de materiais em superfície, as rochas, o produto de seu intemperismo, o solo, processos superficiais e especificamente, a idade e dinâmica das formas (Cooke e Doornkamp, 1990). Ao realizar os estudos geomorfológicos podem-se compreender quais são as dinâmicas naturais de determinada área, sua condição ambiental, e desta forma, utilizar estes estudos como suporte para o planejamento e ocupação das mesmas, logo os mapas geomorfológicos, representam as formas do relevo a fim de compreender os diferentes arranjos espaciais, suas constituições, e as relações entre diferentes sistemas.O mapeamento realizado a partir das geotecnologias têm apresentado grandes contribuições para os estudos geomorfológicos, pois estes permitem, de maneira eficiente, realizar o levantamento de dados para a análise e estudos. A utilização do Processamento Digital de Imagens - PDI é uma tendência das Geociências, e representa uma maneira eficiente de executar diversas pesquisas. Para os estudos geomorfológicos estas tecnologias possibilitam melhorar a precisão das análises e incrementam a capacidade de processamento de dados (IBGE, 2009).O mapa geomorfológico tem sido útil na gestão do território, por exemplo, na delimitação e classificação de unidades de paisagem, normalmente sendo utilizado para identificar os limites das unidades (GUERRA; MARÇAL, 2006). O objetivo do trabalho foi elaborar um mapa de unidades geomorfológicas para o Agreste Sergipano, utilizando imagens SRTM, assim como de informações adquiridas por meio de mapa geológico, pedológico e do conhecimento prévio dos pesquisadores a respeito da área.

Material e métodos

Para realizar a caracterização e o mapeamento seguiram os pressupostos metodológicos da taxonomia de Ross (1992) e IBGE (2009). Para o processamento dos dados deste trabalho, foi utilizado o pacote de software ArcGis, a partir da licença acadêmica. Para a realização dos objetivos do trabalho foi necessário, inicialmente, realizar um inventário de dados da região do Agreste Central de Sergipe. As imagens SRTM foram obtidas por meio do site da USGS <http://earthexplorer.usgs.gov/>.A área de estudo escolhida, foi feito o levantamento de informações geológicas e geomorfológicas, aplicando as técnicas do software, até chegar no resultado final. A realização de trabalho de campo para reconhecimento da área, coleta de informações, registro fotográfico foi indispensável.

Resultado e discussão

A área de estudo compreende a porção do agreste do estado de Sergipe, localizando-se entre as coordenadas, 10º50’0’’S e 37º50’0’’W. (figura 1) A área de estudo que compreende o agreste abrange de 14 municípios (Itabaiana, Areia Branca, Campo do Brito, Malhador, Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida, Pinhão, Pedra Mole, Frei Paulo, Carira, São Miguel do Aleixo, Ribeirópolis, São domingos, Macambira) localizados nos territórios do Agreste Central Sergipano. Abrangendo uma área de 3.128 hectares, correspondendo a 14,34% do estado de Sergipe. O clima da região é de transição, variando da faixa do clima sub-úmido a semiárido. Uma característica marcante do agreste central e a presença de relevos cristalinos residuais, que representam a herança de um antigo domo batólito reconhecido regionalmente como o Domo de Itabaiana. O Domo de Itabaiana se apresenta como uma paisagem complexa semelhante a superfície de arrasamento da depressão sertaneja. Sua borda compõe um conjunto de maciços cristalinos residuais, correspondente as Serra da Miaba, Serra do Caju, Serra Comprida, Serra de Itabaiana (borda leste), Serra do Capunga e Serra do Machado. Na busca por referencial teórico e levantamento de dados, houve a necessidade de aproximação dos conteúdos teóricos com a prática de análise em campo. A importância dos trabalhos de campo já é reconhecida por muitos profissionais que trabalham com o ambiente físico, sendo evidenciado no pensamento de pesquisadores importantes como o professor Ab’Saber (1975 p. 3). Onde descreve que para compreender as formas de relevo de uma região qualquer, “temos que observá-las pelos mais variados ângulos”. Visando apresentar os resultados obtidos na elaboração do mapa geomorfológico da região agreste central do estado de Sergipe, apresentando todas as etapas e metodologias utilizadas para a composição do mapa, os quais subsidiaram etapas posteriores de definição das unidades Geomorfológicas e a definição do zoneamento utilizando de uma base geológica. Para a obtenção de medidas do relevo (morfometria), bem como os padrões de formas (morfologia). Elaborando um mapa, utilizando a imagem SRTM, por meio da classificação por máxima verossimilhança onde os dados da imagem SRTM foram cruzados com as curvas de níveis, permitindo a identificação das unidades.( figura 2). A respeito das unidades morfoesculturais da área de estudo podemos destacar cinco classes que ficaram divididas em: Plaino aluvial, Encostas com coberturas coluviais, Pedimento detrítico, Pedimentos dissecados e Maciços estruturais. Os Plainos aluviais: superfície plana ou muito pouco inclinada. Formados pelos agentes externos, representados pelo intemperismo, erosão, transporte e deposição, assim criando um solo aluvionar. Geralemente constituído de argila, silte e areia. Como ex. tipo solo Podzólico, Argissolo vermelho- amarelo.Encostas com coberturas coluviais: superfície inclinada composto por sedimentos de rochas e minerais. Relevo suave ondulado, associados a atividades erosivas, formações argilosas, composto de argila, sílica, e grão de quartzo. Exemplo Neossolo litólicos, de textura media. Pedimentos detríticos: referem-se a detritos resultantes do processo de pedimentação, ou seja, recuo paralelo de vertentes em condição climática agressiva (clima seco), cuja duração e extensão são responsáveis pelo desenvolvimento de níveis erosivos, concordantes ou não, aos depósitos subjacentes. Exemplo seriam os solos denominados de, regossolos e areias quartzosas. Pedimentos dissecados: O relevo desta unidade apresenta regiões dissecadas, com altitudes variando entre 300 e 700 metros. Os solos são pobres e rasos, com trechos de melhor fertilidade nos vales. (regossolos, planossolo, vertissolo, latossolo). Maciços estruturais: Maciços estruturais: situam-se em volta dos Pedimentos dissecados, da antiga superfície de erosão herdada do Domo de Itabaiana, são representadas pela serra de Itabaiana, segundo ponto mais alto do estado com 659 m de altitude, pela serra da Miaba com 630 metros, terceiro ponto culminante, e ainda pelas serras Comprida, Cajueiro, Capunga e outros. As figuras 3 e 4, mostra a forma de Maciços como os exemplos.

Figura 1

Localização do Agreste central do estado de Sergipe.

Figura 2

Mapa Geomorfológico do Agreste central Sergipano

figura 3

Fotografias De Maciços Estruturais ( Fonte: O Autor)

Figura 4

Serra Comprida (Fonte: Aprígio)

Considerações Finais

O mapeamento realizado a partir das aplicações geotecnológicas se mostrou de grande eficácia para os estudos geomorfológicos, permitindo o levantamento prévio de unidades geomorfológicas da área estudada, que podem ser utilizados para estudos posteriores. Dessa forma, destaca-se a aplicabilidade do mapa derivado do Modelo Digital de Terreno (MDT), conseguida devido ao procedimento geoestatístico por vetorização semi-automática. O mapeamento das unidades geomorfológicas procurou sintetizar, através dos padrões de formas identificados e os mapas derivados do MDE-SRTM, bem como a análise descritiva do relevo procedida. Este artigo constitui assim uma ferramenta base para outras análises e diagnósticos com objetivo de compreender a dinâmica da Paisagem de forma integrada.

Agradecimentos

Agradeço ao Programa de Apoio da Desenvolvimento de Aprendizagem Profissional (Prodap), pelo financiamento na realização deste trabalho, e ao apoio de colegas do grupo de pesquisa QUACOMA ( Quaternário Continental e Modelagem Ambiental ).

Referências

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística[b] Manual técnico de geomorfologia, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais.[/b] – 2. ed. - Rio de Janeiro: IBGE, 2009. 182 p. – (Manuais técnicos em geociências, ISSN 0103-9598; n. 5). ROSS, Jurandir Luciano Sanches. Registro cartográfico dos fatos geomorfológicos e a questão da taxonomia do relevo. [b]Revista do Departamento de Geografia.[/b] 17-29 pp. São Paulo, IG-USP, 1992. AB’SABER,[b]A. N. Formas de Relevo:[/b] Texto Básico. São Paulo, FUNBEC/Edart, 80p., 1975. DEMEK, J., EMBLETON, C., GELLERT, J. F. & VERSTAPPEN, H. T.. (Eds.).[b]Manual of Detailed Geomorphological Mapping. International Geographical Union Commission on Geomorphological Survay and Mapping.[/b] Academia, Prague. 1972. 320 p. EVANS, I. S. [b]Geomorphometry and landform mapping: what is a landform? Geomorphology[/b], v. 137, n. 1, p. 94–106, 2012. GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. Dos S.[b]Geomorfologia Ambiental[/b]. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006. COOKE, R. U.; DOORNKAMP, J. C. 1990.[b]Geomorphlogy in enviromental managemente; a new introduction[/b]. 2º ed. New York: claredon press, 1990. CHRISTOFOLETTI, A. [b]Mapeamentos geomorfológicos no Brasil. Geociências[/b], v. 2, p.1–6, 1983.