ESTUDO MORFOMÉTRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO JACAQUÁ, RS.

Autores

Serres Luiz, R. (UFSM) ; da Silva Knierin, I. (UFSM) ; Trentin, R. (UFSM)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a forma morfométrica da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá, que está localizada no município de Alegrete, RS. Este tipo de estudo é de grande importância pois auxilia no planejamento e gestão dos ambientes naturais, bem como sua preservação. Os métodos utilizados foram primeiramente a delimitação da bacia, elaborando assim o mapa das drenagens e mapa de localização. Para análise utilizou-se parâmetros de hierarquia fluvial, logo dividiu se a bacia hidrográfica em setores como: baixo, médio e alto curso, então calculou se o escoamento superficial, a densidade de drenagem, sinuosidade e análise do índice de circularidade. O estudo destacou o número total de canais, bem como onde há um maior acúmulo de água a partir do escoamento, frente a isso pode saber-se as áreas mais propicias a cheias.

Palavras chaves

Morfometrica; Bacia hidrográfica; Planejamento

Introdução

Estudos morfométricos de bacias hidrográficas são de suma importância, pois auxilia um melhor gerenciamento dos meios naturais, bem como o conhecimento e análise dos recursos hídricos. Análise morfométrica de uma bacia hidrográfica é uma opção que a partir de técnicas consegue-se detalhar o ambiente e as paisagens. Botelho e Silva (2004) destacam que bacia hidrográfica é a célula básica para estudos ambientais. Para Santana (2003) bacia hidrográfica é “uma porção geográfica delimitada por divisores de água, englobando toda a área de drenagem de um curso d’água”. Com este estudo pode-se conhecer melhor a forma da bacia, bem como as diferentes tipologias associadas a rede de drenagem, entende assim a formação das diferentes paisagens. Alguns estudos realizados estabelecem segundo Horton (1945 apud CHRISTOFOLETTI, 1974), um método de estudo quantitativo de bacias hidrográficas, onde pelo ponto de vista metodológica serve como referência do ponto de vista morfogênese e morfodinâmica da paisagem. Para Reckziegel e Robaina (2006), este tipo de estudo auxilia ricamente para estudos do meio ambiente bem como a gestão ambiental dos recursos. Florenzano (2008, p. 17), relacionando-se à estudo morfométricos de relevo, define que este refere-se aos “aspectos quantitativos do relevo”, onde auxilia os estudos geomorfológicos, avaliando alguns aspectos do ambiente. Vários trabalhos se destacam nesta linha de estudo, bem como o trabalho de Baratto e Trentin (2012), a análise das unidades de relevo da Bacia Hidrográfica do Arroio Puitã, RS; o de Nardin e Robaina (2005), o mapeamento de unidades de relevo para a Bacia Hidrográfica do Arroio Miracatú, RS; e também o estudo Trentin et al. (2004), com o mapeamento de unidades de relevo para o alto curso da Bacia Hidrográfica do Rio Itu, RS; Knierin e Trentin (2015) com o trabalho Análise de parâmetros morfométricos da bacia hidrográfica do arroio Lajeado Grande (RS). Assim sendo, o presente trabalho tem como objetivo principal apresentar o estudo dos parâmetros morfométrico da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá- RS, para assim entender a importância e as características encontradas em uma bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica do arroio Jacaquá, situa-se na região leste do município de Alegrete, no 2° Distrito do Passo Novo e localiza-se na região oeste do estado do Rio Grande do Sul, com uma área de 332,68km², é afluente da margem esquerda do rio Ibicuí, onde drenam suas águas, grosso modo, no sentido sul-norte por uma extensão de aproximadamente 55 km, desde sua nascente até sua foz, sob a coordenada 29° 41' 24” S e 55° 11' 50” W (Figura 1).

Material e métodos

O presente trabalho iniciou-se com a seleção e leitura de bibliografias especificas do assunto. Após, com a Base Cartográfica Vetorial Contínua do Rio Grande do Sul, em escala 1:50.000, de Hasenack e Weber (2010) e o ArcGIS versão 10.1 ESRI, delimitou se a bacia, elaborando assim o mapa das drenagens e mapa de localização. Para a análise morfométrica do arroio Jacaquá, utilizou-se os parâmetros, hierarquia fluvial, foram organizados os canais fluviais e o comprimento das vertentes. De acordo com as características, a bacia foi compartimentada em setores, definidos assim: setor alto curso, setor médio curso e setor baixo curso. Para o alto curso utilizou-se a hierarquia fluvial, onde o curso principal adquire a hierarquia de 5ª ordem e para o limite do baixo curso, utilizou-se o terço inferior da bacia, na confluência de uma sub-bacia hidrográfica. A organização dos canais fluviais realizou a partir da classificação de Strahler (1952 apud CHISTOFOLETTI, 1974), os canais sem tributários, os que se destacam de primeira ordem. A junção de canais de primeira resulta um canal de segunda ordem, logo os de segunda gera um canal de terceira ordem, e assim segue a sequência. A análise da densidade de drenagem, seguiu de acordo Horton (1945 apud CHRISTOFOLETTI, 1974) e por Christofoletti (1974) que indica a ligação do comprimento total, diante à área total da bacia, de acordo com a expressão: Dd = Lt/A; em que Dd densidade de drenagem, o Lt comprimento total dos canais, e A área total da bacia hidrográfica. Para a extensão média do escoamento superficial (ℓ) frente a ideia de Villela e Mattos (1975) que é feita uma indicação o estabelecimento da distância média para o escoamento superficial das águas, e calcula-se de acordo: ℓ = A/4Lt, (ℓ representa a extensão média do escoamento superficial); A (área total da bacia hidrográfica) e o Lt (comprimento total dos canais). A sinuosidade do curso d’água (Sin) da bacia hidrográfica, ajustou-se a ideia de Villela e Mattos (1975), que determina a ligação do comprimento do canal principal e o comprimento axial da bacia hidrográfica, que podem ser calculados através da expressão: Sin = LCP/L (Sin=sinuosidade do curso d’água); LCP (comprimento do canal principal) e L (comprimento axial da bacia). Para estabelecer as formas da bacia, foi feita a análise do índice de circularidade (Ic) definido por Miller (1953 apud CHRISTOFOLETTI, 1974) e apresentado por Christofoletti (1974), onde indica a ligação da área de uma bacia com a área de um círculo que tem o mesmo perímetro que o da bacia, onde pode ser indicado com a sentença: Ic = A/Ac; Ic (índice de circularidade), o A (área da bacia) e o Ac (círculo com perímetro igual ao da bacia).

Resultado e discussão

A bacia hidrográfica do arroio Jacaquá, localiza-se na região oeste do estado do Rio Grande do Sul, com uma área de 332,68 km², é afluente da margem esquerda do rio Ibicuí. Sua rede de drenagem possui hierarquia fluvial de 5ª ordem, sendo está o segmento do rio principal da bacia em estudo. Sua rede hidrográfica é composta por 193 segmentos de canais fluviais, onde apresentam a extensão de 382,93km. A hierarquia fluvial de 1ª ordem está distribuída em 137 canais, tendo como comprimento total 150,89km e comprimento médio em torno de 1,10km. A 2ª ordem encontra-se com 44 canais, comprimento total de 98,76km e comprimento médio de 2,24km. A hierarquia fluvial de 3ª ordem totaliza 9 canais, com comprimento total de 25,9km e comprimento médio de 2,87km. A 4ª ordem vem apenas com 2 canais, que tem total de comprimento 27,38km e comprimento médio de 13,69km. A última 5ª ordem corresponde a drenagem do segmento do rio da bacia hidrográfica e tem somente 1 canal, que tem como comprimento total e médio de 79,97km (Tabela 1). A bacia hidrográfica foi dividida em setores, sendo eles: baixo curso, médio curso e alto curso. A partir desta divisão foi realizado o estudo individual de cada setor, conforme a variabilidade morfométrica do local (Figura 2). O alto curso da bacia hidrográfica, apresenta área total de 123,63km² e um perímetro de 49,58km, esse setor consta uma hierarquia fluvial de 4ª ordem e soma o total de 91 canais, com o comprimento total 132,15km e comprimento médio de 18,32km, a densidade da drenagem é de 0,62km e sua sinuosidade do canal principal neste setor é de 1,83. O médio curso está situado na porção central da bacia em estudo, e apresenta-se com 5ª ordem. Possui uma área de 119,67km² e perímetro de 52,87km, e fragmentam-se em 46 canais fluviais, somando o total de 149,23km e um comprimento médio de 38,78km, a densidade da drenagem é de 0,69km e a sinuosidade do canal principal é de 3,38. O baixo curso está situado na porção mais baixa onde situa-se a foz do arroio, drena uma área de 89,37km², que vem com perímetro de 47,43km. Possui o setor com maior hierarquia fluvial o de segmento de 5ª ordem do canal principal, tem a soma de 116 canais fluviais, com o comprimento total de 261,71km e um comprimento médio de 60,13km, a densidade de drenagem é de 0,63km e sua sinuosidade do canal principal atinge 4,93. A densidade em estudos morfométrico é de suma importância pois implica em situações da paisagem, bem como o número de canais de escoamento. Christofoletti (1974) diz que esse índice estabelece o inverso com o comprimento dos rios. O estudo da densidade de drenagem de acordo com, Villela e Mattos (1975) os valores de 0,5 km/km², são bacias hidrográficas com drenagem pobres e a cima dos valores de 3,5 km/km² são bacias bem drenadas, de acordo com isso a bacia hidrográfica em estudo caracterizou-se pela densidade no valor de 1,15 km/km², o que representa uma densidade mediana. A sinuosidade do curso d’água (Sin) da bacia hidrográfica, ajustou-se a ideia de Villela e Mattos (1975), que determina a ligação do comprimento do canal principal e o comprimento axial da bacia hidrográfica. Então, buscou se avaliar o curso principal da bacia, onde constatou se que é a bacia hidrográfica do arroio Jacaquá, possui sinuosidade geral ao longo da bacia de 0,29 isto é o quanto o local é possui curvas, está definição indica o escoamento superficial. O escoamento superficial é um índice onde Villela e Mattos (1975) indica a distância média do escoamento da água da chuva em uma bacia hidrográfica, desde o local que cai a água até onde vai escoando. A bacia em estudo caracterizou com o valor escoamento superficial de 0,21 km, já para cada setor o escoamento deu se nos seguintes valores: 0,6km para o alto curso, 0,55km para o médio curso e 0,31km para o baixo curso. A análise do índice de circularidade total da bacia hidrográfica é de 2,27km, e dos setores alto curso é de 0,63, médio curso possui circularidade de 0,53 e baixo curso possui circularidade de 0,49.

Relação de canais da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá


Setores da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá


Mapa morfométrico da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá


Mapa de localização da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá

Considerações Finais

O presente trabalho de estudo morfométrico da bacia hidrográfica do arroio Jacaquá-RS foi de grande importância, pois forneceu conhecimento mais afundo sobre a rede de drenagem deste arroio, além da valorização dos recursos hídricos, onde auxilia para uma melhor gestão do meio, bem como para o uso e ocupação do solo. Os setores caracterizados da bacia em alto, médio e baixo curso, nos mostra as transformações da topografia, onde a rede de drenagem do arroio pode mudar durante o seu percurso. O estudo morfométrico constatou que o alto curso possui menor densidade de drenagem com o valor de 0,62km, porém a variação da densidade de drenagem é muito pequena nos três setores. Também no alto curso observa-se o menor valor nos comprimentos dos canais no total e na média, mesmo possuindo maior número de canais, e ao longo da bacia estes parâmetros são crescentes, ou seja, a média dos comprimento dos canais é maior no baixo curso e menor no alto curso. Conclui-se que este estudo auxilia num melhor manejo do meio ambiente, bem como para um melhor planejamento ou orientação a todos que vivem ou usam do meio natural.

Agradecimentos

Referências

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