Autores
Amaral Nunes, A.K. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Dutra Moises, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Maycon, P.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
Resumo
Este artigo objetivou-se em elaborar o mapeamento geomorfológico da bacia hidrográfica do Rio Caiapó – GO. A metodologia foi baseada no Manual Técnico de Geomorfologia (IBGE, 1995) e em LATRUBESSE (2006), onde foi feito a manipulação e interpretação de dados SRTM- Shuttle Radar Topography Mission – de onde foi possível gerar mapas de declividade, hipsometrico e de modelo de sombra. No produto final foi possível identificar oito áreas de denudação, sendo elas as Superfície Regional de Aplainamento (SRA) nas classes II, III e IV, Zonas de Erosão Recuante (ZER) e Morros e Colinas. O uso de tecnologias SIG foi de suma importância para este trabalho, onde foi possível manipular e produzir dados cartográficos.
Palavras chaves
SIG; MDE; Mapeamento Geomorfológico
Introdução
O conhecimento do meio físico e seus processos dinâmicos contribuem na caracterização de possibilidades de um melhor ordenamento do uso do solo, sendo que até pouco tempo este era considerado apenas como informações complementares para os planejadores (LATRUBESSE, 2005). Hoje este é considerado um fator primordial, onde pode explicar graves problemas de ordem ambiental e social causados por ocupações inadequadas no passado e podendo também evitar que novos aconteçam. A geomorfologia procura descrever e diagnosticar as formas de relevo a partir da identificação dos processos morfogenéticos e entender como se deu a dinâmica da superfície terrestre. Esta também é utilizada para entender a dinâmica da sociedade no espaço ao longo do tempo e para planejar futuras modificações. Tendo então disponível um mapeamento geomorfológico de escala média a grande, este serviria como um importante instrumento de gestão. Segundo Casseti (2006), a Cartografia Geomorfológica se constitui em um importante instrumento na espacialização dos fatos geomorfológicos, permitindo representar a gênese das formas do relevo e suas relações com a estrutura e processos, bem como com a própria dinâmica dos processos, considerando suas particularidades. Para Tricart, 1965 apud Casseti 2006, o “mapa geomorfológico refere-se à base da pesquisa e não à concretização gráfica da pesquisa”, permitindo estas abordagens de interesse geográfico como a vulnerabilidade e a potencialidade dos recursos do relevo. De acordo com Latrubesse (2006), o mapeamento geomorfológico é feito de acordo com a classificação das geoformas identificadas, podendo ser elas de sistemas agradacionais (deposição) ou denudacionais (erosão). Os sistemas denudacionais são divididos em 3 níveis, o primeiro identifica o grau de controle estrutural do relevo, o segundo analisa se a área é um lugar mais aplainado ou dissecado e o último caracteriza a superfícies de aplainamento. O uso de sistemas de informações geográficas (SIG) tem contribuído grandemente para os estudos relacionados às estruturas e formas de relevo, gerando assim através de MDT – Modelo Digital de Terreno – uma representação matemática da distribuição espacial das altitudes da superfície terrestre. Sendo que quanto maior a resolução do MDT, mais próximo da realidade este se encontra (NUNES, 2011). Sendo assim o objetivo deste trabalho a identificação de formas geomorfológicas da Bacia Hidrográfica do Rio Caiapó – Go, com base em metodologia de Latrubesse (2006), contando ainda com auxílio dos SIG para manipulação e geração de dados.
Material e métodos
A área de estudo é a bacia hidrográfica do Rio Caiapó, que se encontra no sudoeste do Estado de Goiás, delimitada entre as coordenadas 52º 19’ 30” W e 17º 25’ 45”S. Faz parte da bacia do Araguaia-Tocantins, possuindo uma área de aproximadamente 11. 838,82 km², abrangendo cerca de nove municípios: Bom Jardim de Goiás, Piranhas, Caiapônia, Palestina de Goiás, Amorinópolis, Iporá, Arenópolis, Diorama e Montes Claros de Goiás. O principal curso hídrico da região é o rio Caiapó, onde tem sua nascente no município de Caiapônia e sua foz no Rio Araguaia, seus principais afluentes são Rio Bonito, Rio Piranhas e Ribeirão Santo Antônio. A predominância litológica da região refere-se a rochas de formações Aquidauana e Ponta Grossa, sendo do tipo sedimentar do período Paleozóico e Fanerozóico. Os solos da área são em sua maioria Latossolo e Cambissolo, sendo estes característicos de relevos que podem variar de planos a muito movimentados (AGEITEC, 2016). A metodologia utilizada foi baseada na adotada pelo Manual Técnico de Geomorfologia (IBGE, 1995) e pelo Mapeamento Geomorfológico de Goiás e Distrito Federal (LATRUBESSE, 2006), onde consta em primeiramente fazer um levantamento bibliográfico de estudos e dados cartográficos a cerca da área, logo depois a estruturação da base de dados e ao final a interpretação e delimitação das Unidades Geomorfológicas. A base de dados consta em uma rede de drenagem na escala de 1:100.000 adquirida pelo Sistema Estadual de Geoinformação do Estado de Goiás (SIEG), por onde foi possível delimitar a bacia. Os dados raster foram adquiridos pelo banco de dados do INPE- TOPODATA, onde foi possível obter o Modelo de Digital de Elevação com resolução de 30 metros, a partir do qual elaborou-se a hipsometria, declividade e modelo de sombra. O software utilizado para a produção e manipulação dos dados foi o ArcGis 10.1. Na etapa do levantamento bibliográfico foram encontrados alguns estudos que contribuíram para o trabalho em questão, dando destaque para o trabalho de VALENTE e LATRUBESSE (2009), onde foi feito um mapeamento geomorfológico da bacia do Rio Araguaia (Regional geomorphologic mapping of the Araguaia River Basin, Central Brazil), estando à bacia do Rio Caiapó inserida nesta.
Resultado e discussão
A partir do MDE, foi possível identificar oito formas denudacionais de
relevo na bacia hidrográfica do Rio Caiapó, associadas às Superfície
Regional de Aplainamento (SRAs) e a Zonas de Erosão Recuante (ZER),
(Figura1).
As SRAs são as unidades mais representativas, não apenas da área em estudo
mas de todo Estado de Goiás, sendo gerados pelo arrasamento/aplainamento de
uma superfície de terreno de um determinado intervalo de cotas e este
aplainamento se dá de forma relativamente independente dos controles
geológicos regionais (LATRUBESSE, 2006).
A SRA II B representa a mais antiga e alta superfície identificada, com uma
altitude entre 900 a 100 metros, tendo por características de relevos
tabulares gerados sobre rochas horizontais, sendo suas rochas desenvolvidas
na Bacia do Paraná.
As Superfícies Regionais de Aplainamento III B e IIIC, possuem a mesma cota
de altitudes 550 – 750 metros, mas foram desenvolvidas em formações
distintas.
O primeiro tem por características relevos tabuliformes associados ao
derrame basáltico e também a rochas sedimentares, e o segundo é
característico de rochas paleozoicas da Bacia do Paraná, tendo em seus
relevos Morros e Colinas.
A SRA IV B, são formadas por rochas do embasamento e basaltos da Formação
Serra Geral, tendo relevos muito aplainados. A SRA IV C1 e C2-LA tem por
origem rochas pré-cambrianas, com níveis de lateritas bem desenvolvidas e
relevos muito aplainados variando de 250 – 400 metros.
As Zonas de Erosão Recuante seriam as superfícies que erodiram durante um
tempo associados à rede de drenagem, relevos mais acidentados. Na maioria
das vezes esses estão entre SRA, sendo identificados com faixas de transição
entre Superfícies Aplainadas. Os Morros e Colinas são identificados isolados
a frente das escarpas (ZER), sendo estas remanescentes de litologias mais
resistentes à erosão.
Para a geração do mapa geomorfológico da Bacia do Rio Caiapó, teve-se que
interpretar as imagens SRTM - Shuttle Radar Topography Mission - segundo
como cada uma foi gerada. Para identificação das Zonas de Erosão Recuante
(ZRE), foi preciso dos mapas de declividade e de hipsometria, onde foi
possível encontrar o relevo mais acidentado e erodido. Na figura 2 foi feito
um recorte da área, para melhor identificar algumas das formas encontradas.
As Superfícies Regionais de Aplainamento foram identificadas a partir das
suas cotas de altitude e do grau de declividade, sendo áreas consideradas
planas e com suas respectivas altitudes era possível identificar sua classe
denudacional. A partir do modelo de sombra com o exagero de 9 vezes foi
possível identificar também a estrutura de Morros e Colinas (Figura 3).
Figura 1. Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Rio Caiapó - GO
Figura 2. Recorte da Bacia para melhor identificar estruturas Geomorfológicas: MDE e Declividade.
Figura 3. Recorte da Bacia para melhor identificar estruturas Geomorfológicas: Hipsometrico e Final
Considerações Finais
Através deste foi possível identificar e mapear os compartimentos geomorfológicos da Bacia Hidrográfica do Rio Caiapó, isto por meio de técnicas de Geoprocessamento e mais especificamente de Sensoriamento Remoto. Conforme o produto final criado, foi possível identificar que a área não apresenta grandes formações geomorfológicas, a não ser pelos Morros e Colinas, representando bem o relevo Goiano sendo ele característicos de áreas mais aplainadas. Com isso foi possível deduzir a importância dos Modelos Digitais de Elevação, constituindo em novas possibilidades para a criação de mapas temáticos, se aplicado uma metodologia adequada. Sendo este se bem executado servirá para diversos outros estudos, sendo o mapeamento geomorfológico apenas a base para esses.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos professores e técnicos do Laboratório de Geomorfologia e Geografia Física (LABOGEF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), a oportunidade a nós concedida de estagiar no mesmo e realizar a iniciação cientifica por meio do CNPq, sendo onde foi realizado o presente estudo.
Referências
AGEITEC – Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Cambissolos. Disponível em:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/solos_tropicais/arvore/CONTAG01_8_2212200611538.html>. Acessado em 20 de abril de 2016.
CARVALHO, Thiago Morato; BAYER, Maximiliano. Utilização dos produtos da “Shuttle Radar Topography Mission”(SRTM) no mapeamento geomorfológico do Estado de Goiás. Revista Brasileira de Geomorfologia-Ano, v. 9, n. 1, 2008.
CASSETI, V.: Geomorfologia. 2006. Disponível em:
<http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap1/index. php>. Acesso em 10 de fevereiro de 2016.
INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. TOPODATA – banco da dados geomorfológicos do Brasil. Disponível em: < http://www.dsr.inpe.br/topodata/ >. Acessado em: 04 de fevereiro de 2016.
LATRUBESSE, E. M. Geomorfologia do estado de Goiás e Distrito Federal. Secretaria de Indústria e Comércio de Goiás, 2006.
NUNES, Elizon Dias et al. Mapeamento Geomorfológico: Considerações Metodológicas Utilizando Recursos de Modelos Digitais de Elevação.
SIEG- Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás. Disponível em: < http://www.sieg.go.gov.br/>. Acessado em 01 de março de 2016.
VALENTE;LATRUBESSE -Regional geomorphologic mapping of the Araguaia River Basin, Central Brazil- 2009.