Autores

Narbaes, A.C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM) ; Almeida, R.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM)

Resumo

Este trabalho analisa a susceptibilidade de erosão, processos de erosividade e erodibilidade, correlacionados com o processo de voçorocamento. O estudo foi realizado na Serra do Tepequém, a qual está situada no Município de Amajari, em área limite do Estado de Roraima com a Venezuela. Analisou-se que na serra apresentou diversos patamares, a erosividade é maior do que a erodibilidade nos solos da serra Tepequém. Mas isso não se dá de uma forma geral, como vimos nas analises do platô que apresentou grande resistência do solo e está coberto por vegetação.

Palavras chaves

Erosividade; Erodibilidade; Voçorocamento

Introdução

Uma linha feita entre a vegetação dos florestados de Manaus até a área colinosa dos campos de Boa Vista- de sudeste para noroeste- torna possível a identificação de mudanças radicais nas paisagens e condições geoecológicas regionais. Partindo-se dos altos tabuleiros da Formação Alter do Chão (Pará), dominados por florestas amazônicas densas e altamente diversas atinge-se por fim, as colinas onduladas da depressão intermontana de Boa Vista. As florestas equatoriais amazônicas de interflúvios perdem continuidade, alterando-se com faixas de campos nativos e estreitos filetes de floresta pertencentes aos afluentes e subafluentes do rio Branco. Buritizais emergentes se destacam ao longo dos corredores das matas ciliares. Entender a dinâmica geomorfológica da serra Tepequém, analisando os aspectos geológico, geomorfológico. E averiguar a susceptibilidade de erosão(processos de erosividade e erodibilidade), seja natural ou antrópica, é o principal objetivo deste estudo, isso com base nos ensaios realizados in lócus, tais como infiltrômetro de Hills e penetrômetro de impacto.

Material e métodos

A porção norte do Estado de Roraima apresenta uma diversidade de feições geomorfológicas, que contribuíram no estabelecimento de uma paisagem bem distinta e quase única dentro do cenário amazônico. Evidenciam-se neste cenário, feições geomorfológicas formadas por planaltos dissecados, bordejados por pediplanos intramontanos, bem como, relevos residuais que se individualizam nas extensas áreas de planícies. Esta paisagem, constituída por diferentes cenários, reflete a complexidade no arranjo tectônico das unidades geológicas e a história paleoclimática que levaram à formação dos terrenos de Roraima e por sua vez contribuíram no desenvolvimento dos diferentes tipos de solos desta região. (BESERRA NETA, 2007). Utilizou-se uma proveta, infiltrômetros e um penetrômetro. O Penetrômetro é um equipamento de ação mecânica no solo, medindo apenas a resistência que este oferece à sua penetração, ou seja, a erodibilidade do solo em relação à erosão. Enquanto que o infiltrômetro é um equipamento para a erosividade, isto é, a capacidade que a água tem em causar erosão. A proveta é um recipiente de 1L. As análises foram realizadas a partir da construção de tabelas e gráficos para os dados obtidos.Seguido de um referencial teórico-metodologico.

Resultado e discussão

Geologia A serra Tepequém constitui uma feição sedimentar do Paleoproterozóico, representadapela Formação Tepequém (CPRM, 1999) que mantém correspondência a Formação Arai, unidade basal do Supergrupo Roraima (BORGES; D’ANTONA, 1988; SANTOS et al., 2003). Borges e D’Antona (op. cit.) realizaram o estudo mais detalhado de sua estratigrafia, propondo a correlação desse pacote sedimentar (Formação Tepequém) com a Formação Arai do Bloco Pacaraima, e subdividindo-a em três membros, da base para o topo: Membro Paiva, Funil e Cabo Sobral, que são constituídos por conglomerados, arenitos, siltitos, argilitos e níveis de rochas piroclásticas, sendo todo pacote sedimentar estimado em 210,0 metros de espessura. Posteriormente, Fernandes Filho (1990) subdividiu em sete unidades a sucessão sedimentar da serra Tepequém, a partir da diferenciação litológica, estrutura sedimentar e continuidade lateral. (BESERRA NETA, 2007). Geomorfologia Importantes contribuições à caracterização das unidades de relevo, em âmbito regional em Roraima, cabem a Guerra (1957), Barbosa e Ramos (1959), Franco, Del’ Arco e Rivetti (1975), Melo et al. (1978) e CPRM (1999). Conforme a divisão das unidades de relevo proposta por Franco, Del’ Arco e Rivetti (opcit.), a serra Tepequém está relacionada à unidade morfoestrutural Planalto Sedimentar Roraima e apresenta topo irregularmente aplainado, com altitudes máximas de aproximadamente 1.100 metros. A serra tem cerca de 70 Km2 de superfície e apresenta contornos de escarpas abruptas, que se limita com extensos pedimentos ravinados. Esta se destaca em meio ao Planalto Dissecado Norte da Amazônia, cuja paisagem é dominada por relevo de colinas ravinadas com altitudes de até 900 metros. A superfície aplainada que antecede a serra Tepequém, corresponde a unidade morfoestrutural Pediplano Rio Branco – Rio Negro (FRANCO; DEL’ARCO; RIVETTI, 1975), cujas altitudes variam de 80 a 160 metros.(BESERRA NETA, 2007). Solo As contribuições para a caracterização dos solos em âmbito regional em Roraima devem se aos trabalhos do RADAMBRASIL (BRASIL, 1975) e Serruya (2002). A nomenclatura de classes de solos utilizada por esses autores foi adaptada a nova classificação da EMBRAPA (1999). Desse modo, identificam-se na área de estudo, segundo os autores supracitados, os seguintes tipos de solos: Neossolo litólico distrófico; Neossolo quartzarênico e Argissolo vermelho amarelo. (BESERRA NETA, 2007). Processo de voçorocamento Formação de voçorocas A formação das voçorocas de Tepequém provém de dois modos, ou por um fator natural, ou por um fator antrópico. Ressaltando que voçorocas são “características erosivas relativamente permanentes na encosta, possuindo paredes laterais íngremes e em geral, fundo chato, ocorrendo fluxo de agua no seu interior durante os eventos chuvosos” Guerra & Cunha(1998). Para Bigarella e Mazuchowski (1985) a voçoroca é um canal de drenagemcom paredes abruptas, com fluxos temporários ou eventualmente pequenos, erosão geralmente intensa e cabeceira bastante íngreme e escarpada. Oliveira (1999) descreve as ravinas e voçorocas como incisões resultantes de desequilíbrios naturais ou induzidos pela ação antrópica. Na época do garimpo, era muito comum a emergência da mesma, pois a atividade garimpeira diamantífera contribuía na intensificação do desenvolvimento de algumas voçorocas. As evidências são as valas escavadas pelos garimpeiros, ao longo das planícies intermontanas, com intuito de canalizar as águas pluviais e potencializar o processo erosivo, aproveitando a diferença do terreno, com fim de alcançar mais facilmente o horizonte de cascalho subjacente. Com isso o material menos denso era arrastado, o mais denso ficava concentrado e era lavado, assim realizando a coleta dos diamantes. Essa atividade garimpeira tinha como consequência as voçorocas. Vale ressaltar que Tepequém ainda é uma reserva garimpeira, portanto, atualmente ainda é possível realizar essa atividade mineira. Outros modos de surgimentos das voçorocas, era pelas formigas saúvas(Atta cephalotes). As saúvas para construírem suas casas, retiravam parte do solo, formando “bolsões” internos, cujos fragilizavam o solo e ao entrar em contato com a agua cada vez mais se expandiam. As formigas ao formarem essas incisões, podemos relacionar com as atividades biogênicas, retratando a porosidade e o surgimento dos dutos. Os dutos (pipes) ou túneis são grandes canais, abertos em subsuperfície, com diâmetros que variam de poucos centímetros ate vários metros. Guerra & Cunha (1998).“(...) Os dutos são responsáveis pelo transporte de grande quantidade de material em subsuperfície e, à medida que esse material vai sendo removido, se vão ampliando os diâmetros desses dutos, podendo resultar no colapso do solo situado acima. Esse processo pode dar origem, com muita frequência, nas paredes laterais dessas voçorocas, provocando a ampliação das mesmas”.Guerra & Cunha (1998). A erosão é um processo exógeno e é causado pela água das chuvas. O processo erosivo começa quando o solo é atingido pelo splash e consequentemente formação de crostas, com a selagem dos solos; depois a infiltração da água e a formação de poças à medida que o solo torna-se saturado. A partir daí a água começa a escoar na superfície, primeiramente em lençol, depois através de fluxos lineares que evoluem para microravinas, algumas formam cabeceiras que podem bifurcar e formar novas ravinas (GUERRA, 1999). A erosão em solos arenitos são mais rápidos do que em solos argilosos, pois este se torna uma selagem nos solos. Na serra Tepequém, grande parte de seu solo é arenito. Apresenta-se também como neosolo litólico, fino, que já está em contato com a rocha. nos baixios há concentração de poças de água, favorecendo o potencial da erosividade em Tepequém. Mas enquanto a erodibilida de (resistência do solo) no platô ocorre diferente. Penetrômetro aplicado na escarpa De forma geral observou-se no Gráfico 1 que o número de batidas aumentou conforme as camadas do solo. Todavia, a diferença foi de apenas 01 batida para cada haste do penetrômetro. Enquanto que no platô o número de batidas variaram de 02 a 03. Comparando-os, (Gráfico 1 e 2), pode-se dizer que as camadas do solo do platô são mais resistente comparado com as camadas do solo da vertente. Em relação ao ensaio do penetrômetro aplicado no platô (Gráfico 2), foram necessário mais batidas nos intervalos dos hastes 19,5 a 24,5 e 24,5 a 29,5. O que provavelmente tinha alguma rocha em uma camada mais profunda. Na área do platô há uma densa camada de cobertura vegetal, e a vegetação permite que em suas raízes acumule água. Os valores da diferença entre a quantidade de infiltração e tempo controlado não apresentaram tanta variação. Diante desse resultado, a erodibilidade do solo possui pouca variação nas camadas mais interiores. O solo é arenito e tem mais facilidade para a infiltração, por está localizado em área com declividade, a vertente é do tipo côncava o que facilita ainda mais o acúmulo de materiais. . Em relação ao ensaio do penetrômetro aplicado no platô (Gráfico 2), foram necessário mais batidas nos intervalos dos hastes 19,5 a 24,5 e 24,5 a 29,5. O que provavelmente tinha alguma rocha em uma camada mais profunda. Na área do platô há uma densa camada de cobertura vegetal, e a vegetação permite que em suas raízes acumule água.

Gráfico 1

Representação da variação de batidas a cada haste penetrada no solo.

Gráfico 2

Representação da variação de batidas a cada haste penetrada no solo.

Gráfico 3

Utilização do infiltrômetro na vertente.

Gráfico 4

Utilização do infiltrômetro no platô.

Considerações Finais

Por meio deste trabalho conclui-se que a erosão é o principal agente exógeno que influi o relevo da serra Tepequém. Esta modela formações de rochas pela energia cinéticas das águas. As áreas que compõem a vertente se apresentam, diferentemente do que pensam, sobre ser apenas uma área plana. Na serra apresentou diversos patamares, a erosividade é maior do que a erodibilidade nos solos da serra Tepequém. Mas isso não se dá de uma forma geral, como vimos nas analises do platô que apresentou grande resistência do solo e está coberto por vegetal. E nas demais áreas onde o uso do solo descontrolado fez com que a cobertura vegetal mudasse, o solo está descoberto pela vegetação e mais acessível ao escoamento da água, sendo erodido pela mesma.

Agradecimentos

Nossos sinceros agradecimentos a Universidade Federal do Amazonas-UFAM pela oportunidade concedida para a realização desse estudo a partir de financiamento de diárias concedidas para o trabalho de campo da disciplina de Geomorfologia do curso de Geografia; ao Prof. Mrs Deivison Carvalho Molinari/UFAM pelos conhecimentos transmitidos durante a disciplina.

Referências

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