ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELAS CONSTRUÇÕES URBANAS NAS VERTENTES DO CÓRREGO SÃO JOSÉ, LOCALIZADO NOS BAIRROS CANAÃ 1 E 2, SITUADOS NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA - MG
Autores
Pedro, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - CAMPUS PONTAL) ; Santos, W.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - CAMPUS PONTAL)
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar os impactos ambientais causados pela ocupação das vertentes do córrego São José, localizado nos bairros Canaã 1 e 2, em Ituiutaba/MG. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: revisão bibliográfica, trabalhos de campo, elaboração de perfis topográficos. Assim, identificou-se que o processo de ocupação das vertentes gerou processos erosivos, transporte e acumulação de sedimentos, assoreamento, acumulo de lixo, entre outros.
Palavras chaves
Ocupação; Vertentes; Impactos
Introdução
A ação humana se constituiu relevantemente como um agente que modifica o meio ambiente, alterando o equilíbrio e a dinâmica dos processos naturais, tornando- se o principal fator para a existência de problemas ambientais. Sabe-se que com o desenvolvimento da cidade, ocorre o crescimento populacional, assim como a demanda por moradia, sendo assim, o relevo é de grande importância para a expansão dessa malha urbana, por isso deve ser levado em consideração quando ocupado. Segundo Casseti (1991) o modo capitalista de se produzir separa os homens em classes e o espaço em mercadoria, influenciando assim no poder de compra, portanto, os detentores de capital, ou seja, os que têm maior poder aquisitivo adquirem lugares (relevos) de boa qualidade para se viver, já os que não detêm um poder de compra maior passam a viver em áreas com condições inferiores, expostos aos riscos existentes. O Estado como agente de produção do espaço urbano, segundo Corrêa (1989),atua também na organização espacial da cidade. Sendo assim, quando as áreas desvalorizadas são ocupadas é preciso que o Estado tenha um maior cuidado no planejamento ambiental urbano, tornando necessária a construção de obra de infraestrutura (principalmente, implantar um sistema de escoamento e captação de águas pluviais que adéqua com a realidade do terreno), para evitar processos de movimento de massa nas vertentes, bem como assoreamento dos cursos d’água nos fundos de vale. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar os impactos ambientais causados pela ocupação das vertentes localizadas próximas ao córrego São José, localizado no bairro Canaã, situado no município de Ituiutaba – MG.
Material e métodos
A metodologia aplicada para se alcançar o objetivo proposto, envolveram os seguintes procedimentos metodológicos: a)Levantamento bibliográfico, para compreender o planejamento urbano e os processos de ocupação das vertentes, bem como, discutir as causas e os impactos ambientais; b)Trabalho de campo, para validar as informações nos perfis topográficos e identificação dos principais impactos ambientais, decorrentes do uso e ocupação da terra, bem como analisar as vertentes; c)Elaboração de perfis topográficos, elaborado a partir de imagem do Google Earth6, utilizando o programa CorelDRAWX6, para analisar a morfologia da vertente e verificar em quais segmentos os bairros estão ocupando.
Resultado e discussão
Os bairros Canaã 1 e 2 fazem parte do Programa Minha Casa Minha Vida, no qual
possui em média 1.000 casas, cujas famílias contempladas possuem baixa renda. É
possível observar que os bairros ocupam todo o compartimento vertente, cuja
forma foi alterada devido aos processos de terraplanagem, que envolve o
nivelamento da vertente, o corte para construção de taludes e a formação de
aterros. Conforme Casseti (2005), as modificações na forma da vertente alteram o
equilíbrio dinâmico dos processos naturais, provocando um determinado
desequilíbrio que aceleram os processos geomorfológicos, que são responsáveis
pela esculturação e evolução da vertente. Com essa aceleração vários impactos
são gerados, dentre eles existem os diretos, tais como os processos erosivos,
assoreamentos e solapamento de bordas dos córregos e os indiretos, retirada da
vegetação, deposição de lixo entre outros.
Foi observado que existem pouquíssimas fontes de captação pluvial, e as que
existem não suportam a quantidade de água que escoa pelas ruas, pois as bocas de
“lobos” estão entupidas de lixo e entulho, sendo assim, as águas pluviais que
escoam vertente a baixo, ou seja, que desce a montante e vai em direção ao sopé
da vertente, acabam atingindo o córrego São José, que recebe todos os sedimentos
e detritos oriundos de lotes vazios. Outro impacto ambiental são aqueles
causados pelas erosões, acarretando no desprendimento de sedimentos, no
transporte e na deposição dos mesmos, isso provoca o assoreamento do córrego São
José.
Segundo Castro et. al. (2003), os processos erosivos são iniciados pelo impacto
das gotas de chuva sobre a superfície, ocasionando a desagregação das partículas
do solo, essa ação acarreta o escoamento superficial, ou seja, essas partículas
são suspensas através do volume de água e são arrastadas pelas encostas.
Verificou-se a falta de áreas verdes associadas às matas ciliares na margem do
córrego. Assim, Pedro (2011) ressalta que essa situação prejudica a infiltração
das águas pluviais, pois sem a vegetação para amortecer as gotas da chuva a
maior parte das águas pluviais provocam o efeito “splash”, deixando de infiltrar
e passando a escoar. Pode-se notar ao redor do bairro Canaã a presença de
entulhos de construção, sedimentos e lixos às margens da Área de Preservação
Permanente (APP), junto ao córrego São José, mostrando um verdadeiro descaso dos
órgãos públicos na ocupação deste relevo e uma falta de planejamento urbano e
ambiental. Também, vale ressaltar que os moradores possuem sua parcela de culpa,
pois estes por sua vez depositam lixos e restos de materiais de construção nas
áreas periféricas do bairro. Sabe-se que há coleta seletiva na cidade e que o
caminhão de lixo passa três vezes na semana. Portanto, é preciso uma
conscientização da população na questão dos impactos ambientais.
Foto tirada por Willian de Abreu dos Santos que mostra a ocupação da vertente e sua impermeabilização no bairro Canaã.
Foto tirada por Willian de Abreu dos Santos, que mostra a presença de lotes vazios no bairro Canaã.
Conclusões
A partir desta pesquisa foi possível observar que a construção do bairro Canaã 1 e 2 em Ituiutaba-MG, não ocorreu com um planejamento adequado para a ocupação do relevo. Não foi levada em consideração a declividade do mesmo, onde a ocupação aconteceu de forma não planejada o que pode ser observado pela falta de galerias pluviais para o escoamento da água da chuva que vem da montante no sentido jusante, podendo acarretar diversos impactos ambientais de curto ou longo prazo. Todo este processo de ocupação envolve vários agentes transformadores do espaço urbano, onde em alguns casos esta ocupação se leva em consideração apenas os interesses de alguns e não os das pessoas que ali irão residir. Não se nega a expansão da malha urbana, mas o que é jogado em discussão é a forma como os loteamentos e os bairros estão sendo implantados, não há preocupação em evitar os danos ao meio ambiente, e muito menos se preocupam com a qualidade de vida dos moradores destes locais.
Agradecimentos
Agradecemos as Docentes Drª Leda Correia Pedro Miyazaki e a Drª Maria Angélica Oliveira Magrini pelo incentivo na elaboração deste artigo, pela ajuda e orientação a nós Discentes, e aos demais que de forma indireta e direta auxiliaram tanto na forma pessoal quanto acadêmica. Agradecemos também a Fapemig por financiar a participação no evento.
Referências
CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: Contexto, 1991.
___________. Geomorfologia. [s.1.]:[2005]. Disponível em <http://www.funape.org.br/geomorfologia/>. Acesso em: 25 jul 2014.
CASTRO, Antônio L. C. et al . Manual de Desastres: Desastres Naturais. Brasília: Ministério da Integração Nacional, v. 1, 2003, p. 122.
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989.
PEDRO, Leda Correia. Geomorfologia Urbana: Impactos no Ambiente Urbano decorrente da forma de apropriação, ocupação do relevo. Geografia em Questão, São Paulo, v. 04, n. 1, 2011, p. 153-172.