Impactos Ambientais Oriundos da Implantação de Loteamentos: O Caso do Nova Ituiutaba II e IV.

Autores

Silva, J.V.F. (UFU/FACIP) ; Miyazaki, L.C.P. (UFU/FACIP)

Resumo

O objetivo deste trabalho é identificar os principais impactos ambientais decorrentes da implantação dos loteamentos Nova Ituiutaba II e IV. Para isso, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica, trabalhos de campo, elaboração de perfil topográfico. Assim, identificou-se que a forma de ocupação do relevo para a implantação desses loteamentos gerou vários impactos como processos erosivos, assoreamento e aterramento da cabeceira de uma voçoroca.

Palavras chaves

Ocupação; Relevo; Impactos Ambientais

Introdução

O município de Ituiutaba localiza-se na porção oeste da Mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, possui uma área de 2.598,046 km² e uma população estimada de 102.020 habitantes segundo dados do IBGE 2013. Atualmente, estão sendo construídos no município novos loteamentos habitacionais, denominados de Nova Ituiutaba II e IV, aproximadamente 1000 casas. A implantação de lotes habitacionais, no Brasil tem ocorrido sem levar em consideração a dinâmica dos processos naturais. Assim, o processo de terraplanagem, que consiste em técnicas de aplainamento e soterramento do terreno (onde ocorre também o nivelamento do relevo através de cortes nas vertentes), fez com que grande parte da vegetação natural fosse retirada, deixando o solo exposto, diminuindo assim, a capacidade de infiltração por parte da água da chuva aumentando a velocidade de escoamento e intensificando a ação dos agentes erosivos. As ações dos agentes exógenos combinada com o solo exposto causam, principalmente nos períodos chuvosos, impactos negativos ao meio ambiente, como, por exemplo a formação de sulcos, ravinas e voçorocas, provocando o assoreamento de muitos córregos, como também solapamento nas margens desses rios. As erosões também são impactos bastante frequentes em loteamento recém implantados, já que se surgem a partir do escoamento e a concentração das águas das chuvas em determinados pontos da vertente, isso se agrava quando não é realizado uma boa drenagem urbana das águas pluviais. Por tanto, o objetivo deste trabalho é o de identificar os impactos ambientais causados pelas construções dos novos loteamentos, mostrando como os processos utilizados no “preparo” do terreno para construção deixam o solo vulnerável aos processos erosivos.

Material e métodos

Para a elaboração do presente trabalho foram utilizados os seguintes procedimentos: o levantamento de materiais bibliográficos, a caracterização feita a partir do desenvolvimento de trabalhos de campo e, por fim, a elaboração do perfil topográfico do relevo da área estudada. O levantamento bibliográfico consistiu em uma busca de materiais relacionados á impactos ambientais e urbanização, realizadas em livro e em materiais disponíveis na biblioteca e na internet. O reconhecimento da área, bem como, a identificação dos impactos foi feita através dos trabalhos de campo foram realizados no mês de março e junho do ano de 2014, onde, foi possível perceber de uma forma mais concreta os processos erosivos ocorrentes naquele local. O registro dos impactos foi feito com uma câmera digital, no qual contou com o auxílio de um GPS para registrar as coordenadas UTM. E por fim a elaboração do perfil topográfico, no qual, tivemos uma melhor visualização do relevo estudado, para isso foram utilizados o Google Earth e o Corel Draw.

Resultado e discussão

A urbanização pode ser considerada como um processo em que uma determinada localidade sofre transformações, perdendo suas características rurais e adquirindo características urbanas. Com tudo, este processo, ao ser iniciado sem que haja um planejamento e um estudo da área a ser construída torna-se prejudicial ao meio ambiente, gerando impactos ambientais. Segundo Molfi (2009), A degradação ambiental em uma urbanização descomprometida com os condicionantes físico-ambientais pode ser constatada por meio de erosão, deslizamento de encostas, com o consequente comprometimento da qualidade da água, alteração do curso e assoreamento dos corpos hídricos, que podem provocar enchentes, causando prejuízos sociais e danos materiais. Os loteamentos habitacionais Nova Ituiutaba II e IV foram implantados ocupando aparte das áreas de topo, se expandindo pela vertente direcionando-se para o fundo de vale, intensificando, dessa forma, os processos erosivos causados pela ação pluvial devido a declividade do terreno. A expansão territorial da malha urbana quando é realizada sem considerar as dinâmicas dos processos naturais, acarreta em uma série de impactos ambientais no relevo e foi isso que detectou-se na referida área estudada. Neste contexto, os impactos identificados foram o assoreamento do córrego São José (figura 1), que ocorreu devido ao acumulo de sedimentos vindos das áreas onde houve o remanejo do solo e as intervenções na vertente. Outro impacto detectado trata-se dos depósitos tecnogênico, cuja formação está diretamente atrelada às ações antrópicas, que neste caso construiu uma obra de contenção das águas pluviais para conter o processo erosivo e o assoreamento do córrego São José. No entanto, a obra que era composta por um piscinão, cujo aterro foi construído a partir de solo retirado da alta vertente e depositado no fundo de vale, não suportou a quantidade de água oriunda das áreas a montante, rompendo a estrutura. Analisando o perfil de solo deste local é possível perceber que há uma camada com solo muito vermelho e logo abaixo outra camada de solo brumado, fugindo assim do padrão de solos hidromórficos, associados a Gleyssolos e Planossolos, por se tratar de uma obra de engenharia que resultou na construção do piscinão. Além desse impacto provocado pela ação humana, percebeu-se que o loteamento foi construído do lado de uma extensa voçoroca, cujos arruamento do loteamento acompanham a sua extensão. Na cabeceira da voçoroca registrou-se a ação de maquinários da empreiteira realizando obras de aterramento, isso é uma prática não aconselhada, pois apenas é camuflado o processo erosivo, não foi possível identificar se neste local será construído ruas ou residências, pode-se concluir que este local trata-se de uma área de risco para as pessoas que futuramente possam ocupa-las. Para Guimarães et al (2012), A adoção de práticas conservacionistas para a mitigação do processo de erosão por voçorocamento deve contemplar alguns aspectos: a) a estabilização de uma voçoroca depende dos mesmos fatores envolvidos no processo de sua formação; b) a primeira medida de controle a ser considerada consiste no desvio da enxurrada à montante da voçoroca e a preservação da cobertura vegetal natural no seu interior [...]. Sendo assim, entendemos que se faz necessária a utilização de práticas de recuperação eficazes, para que haja uma estabilidade dos processos erosivos tanto nas bordas quanto no interior da voçoroca, evitando os deslizamentos e rebaixamentos de terra. Neste contexto devem-se considerar as dinâmicas dos processos naturais para que muitos impactos sejam evitados no momento de implantação de um loteamento, no qual a dinâmica de evolução da vertente, bem como os processos geomorfológicos devem ser considerados.

ASSOREAMENTO DO CORREGO SÃO JOSÉ

A figura mostra o assoreamento do córrego São José , que ocorreu devido ao acumulo de sedimentos vindos das áreas onde houve o remanejo do solo.

Conclusões

A construção dos novos loteamentos habitacionais Nova Ituiutaba II e IV vêm causando desde o início de suas obras sérios danos ao meio ambiente, como: o assoreamento do córrego São José, o movimento do solo e a formação de sulcos, ravinas e voçorocas. Sendo assim, para que não haja danos maiores, faz-se necessário um planejamento e um remanejamento nas áreas danificadas pelos processos erosivos, e uma reestruturação na forma de uso do solo, intervindo na revegetação da área, não deixando solo exposto para se evitar novos impactos ambientais.

Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer a instituição universitária que nos instiga cada vez mais a descobrir novos horizontes, nos dando a chance de mostrar que somos capazes, e agradecer também a Professora Leda Correia Pedro Miyazaki que nos auxiliou e nos forneceu o conhecimento necessário para a construção deste trabalho.

Referências

GUMARÃES, J. C. C. et all. A Abordagem de Práticas Conservacionista na Recuperação de Voçorocas. Goiânia: Enciclopédia Biosfera, v.8, N.14, p. 997, 2012. Disponível em: <http://www.conhecer.org.br/enciclop/2012a/ambientais/abordagem.pdf> . Acesso em: 31 de jul. de 2014.

IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Minas Gerais: Ituiutaba. 2014. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.phplang=&codmun=313420&search=minas-gerais|Ituiutaba>. Acesso em: 31 de jul. de 2014.

MOLFI, P. R. A Urbanização e os Impactos Ambientais em Palmas: O Caso do Jardim Aureny III. Brasília: UNB, 2009. 130 p. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/4495/3/A%20URBANIZA%C3%87%C3%83O%20E%20OS%20IMPACTOS%20AMBIENTAIS%20EM%20PALMAS_%20O%20CASO%20DO%20.pdf>. Acesso em: 31 de jul. de 2014.

NASCIMENTO, P. A. G. MELO, N. A. MIYAZAKI, V. K. Ituiutaba (MG): Dinâmica Da Produção Do Espaço Urbano e a Habitação Popular. Barra do Garças: Revista Eletrônica Geoaraguaia, 2012. v2, n.2, p 90 – 115 . Disponível em: < https://www. google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fdialnet.unirioja.es%2Fdescarga%2Farticulo%2F4248698.pdf&ei=5GvaU6GgHcrMsQSzuIHgAg&usg=AFQjCNGMr1DjXFFKLAyphoi_vuefVSffdw >. Acesso em: 31 de jul. de 2014.

NEVES, M. J. C. Impactos causados por loteamentos fechados na região metropolitana de São Paulo. São Paulo: UAM, 2006. 79 p. Disponível em: <http://engenharia.anhembi.br/tcc-06/civil-24.pdf>. Acesso em: 31 de jul. de 2014.


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