O USO DO MÉTODO GEOSSISTÊMICO NA COMPARTIMENTAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE COREAÚ, CEARÁ.
Autores
Silva, M.M. (UVA) ; Neto, C.A.F. (UFC) ; Paula, D.P. (UVA)
Resumo
O estudo tem como objetivo identificar e caracterizar as unidades geoambientais existentes no Município de Coreaú – Ceará, através da metodologia geossistêmica proposta por Bertrand - onde seu método de análise da paisagem é feito de forma sistêmica considerando a relação existente entre os elementos que a compõem. Neste caso refere-se ao relevo de áreas do semiárido nordestino, no qual tem no seu processo de formação a atuação do clima em sua pedogênese e na predominância no intemperismo físico
Palavras chaves
Análise Geossistêmica; Compartimentação Ambienta; Unidades Geoambientais
Introdução
A Geografia Física estuda a organização espacial dos elementos naturais integrados nos quais resultam da dinâmica dos processos que atuam e se relacionam através dos elementos que compõem o sistema. Essa dinâmica dos processos e relações dos elementos se manifesta na paisagem, que constitui o seu principal elemento de estudo onde a teoria sistêmica é o método mais eficaz no estudo integrado da paisagem. Para Souza (2005, p.127) “a análise geoambiental é uma concepção integrativa no qual resulta no estudo unificado das condições naturais que conduz a uma percepção do meio em que vive o homem e onde se adaptam os seres vivos”. Nesse contexto realizar uma pesquisa ambiental em geografia objetiva compreender as relações entre sociedade e natureza a partir do método geossistêmico no qual os elementos que compõem a paisagem resultam das relações dos elementos físico, biológico e antrópico. Para melhor definição e precisão George Bertrand (1968) dá uma nova estruturação para o geossistema, desta vez mais precisa estabelecendo uma classificação espaço-temporal compatível para os diferentes tamanhos de escala, dando-lhe enfoques aos fatores biogeográficos e socioeconômicos.A incorporação da concepção sistêmica permitiu a Geografia Física maior precisão em seu objeto de estudo numa visão holística do meio natural deixando de lado os estudos fragmentados dos componentes da natureza, dando-lhe um método mais adequado para estudar e explicar os estudos integrados da relação homem natureza.Souza (2000) delimitou oito unidades geoambientais no estado do Ceará tendo o modelo geossistêmico como método de análise da paisagem feita através de um estudo dos seus componentes. A partir da concepção desenvolvida por Souza (2000) o presente estudo objetiva definir e caracterizar as diferentes unidades geomorfolicas de do município de Coreaú – Ceará numa análise sistêmica e integrada visto que este município encontra-se numa área de importante fragmento no Estado do Ceará.
Material e métodos
O trabalho teve por base uma pesquisa bibliográfica sobre método geossistêmico proposto por Bertrand (1968) e a compartimentação territorial e gestão regional do Ceará de Souza(2000). Os métodos permitem através da análise integrada da paisagem a identificação dasunidades de paisagem do município de Coreaú – Ceará. Para compartimentação das unidades geoambientais foi utilizada a metodologia sistêmica de Bertand (1968), nesse caso devido a pequena escala daárea territorial considerou-se apenas as unidades inferiores (geossistema, geofáceis e geótopo) para análise da paisagem do município de Coreaú-Ce.Para análise utilizou-se o mapa geomorfológico e geológico do Relatório de Fases da COGERH (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) 1:800.000, que serviu de base para identificação dos tipos de formações geológicas e geomorfológicas presentes na área de estudo, a base cartográfica do IPECE (Instituto de Pesquisa Estratégia Econômica do Ceará) carta AS.24-Y-C-VI Frecheirinha, utilizou-se as imagens do Satélite CBERS com o mapa temático do relevo da SRIH – Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará numa escala de 1:300.000, onde delimitou-se as unidades do relevo dando-lhes características e localização. Além disso, houve levantamento de campo para localizar e mapear com fotografias as formas encontradas.
Resultado e discussão
As unidades geomofológicas identificadas no município de Coreaú – Ceará são: Depressão Sertaneja, Planície Fluvial, Maciços Residuais (Serras secas e Inselbergs).A Depressão Sertaneja é unidade geoambiental mais representiva espacialmente do município de Coreaú – Ceará, por isso representa o geossistema sendo a região natural da área de estudo. As depressões sertanejas são áreas de superfície pediplanada possuindo níveis altimétricos entre 130 – 150m (Souza, 2000). Essas superfícies estão localizadas em terrenos do embasamento cristalino e possuem inclinação suave de início em direção aos fundos dos vales neste caso a planície fluvial do rio Coreaú e posteriormente em direção ao litoral, possuindo escoamento superficial por rios intermitentes sazonais que apresentam padrão subdendrítico. Os solos da área de depressão sertaneja em Coreaú-CE NeossolosLitólicosEutróficos e Distróficos possuindo textura arenosa, pedregosa e rochosa por conta do relevo ondulado aparecem substratos de gnaisse, granito e quartizito com afloramentos rochosos (COGERH, 2010). Compreende solos poucos desenvolvidos de rasos a muito rasos possuindo apenas o horizonte A sobre a rocha (R) ou sobre materiais dessa rocha em graus mais adiantado de intemperismo, constituindo-se assim um horizonte C. A vegetação típica é a caatinga representada pó dois extratos: Caatinga Arbustiva que ostenta padrões fisionômicos e florísticos heterogêneos compostos de plantas xerófitas e caducifólias, e Caatinga Arbórea que apresenta maior densidade e porte, ambas se caracterizam conforme variação de densidade e extrato conforme o nível altimétrico, tipo e ocupação do solo (RF1 Cogerh\2010). Observa-se nos dois tipos de extratos a retirada da vegetação para dar lugar aos roçados em agricultura de sequeiro e extração de lenha para fornos de caieiras que produzem a cal, que expõe o solo aos agentes erosivos aumentando as áreas de erosão nos interflúvios da depressão sertaneja. Para Souza (2000) as planícies fluviais representam as áreas de acumulação decorrentes da ação fluvial situada nas bordas do leito dos rios. A planície fluvial do rio Coreaú está inserida na depressão sertaneja em terrenos de aluvião e apresenta áreas de inundação com solos aluviais provenientes dos sedimentos depositados ao longo do tempo, essas áreas possuem melhores condições de solos férteis e disponibilidade hídrica (ver foto). Por conta dessas condições nessas áreas ocorre à instalação de uma cobertura vegetal cuja fisionomia é mata de várzea ou mata galeria como Copernicaprunifera (carnaúba) e Licania rígida (oiticica) (FERNANDES, 1990) que desempenham papel protetor do rio evitando assoreamento fixando o solo nas áreas de borda do rio. Na área do alto/médio curso do Rio Coreaú, região limítrofe dos municípios de Coreaú e Frecheirinha nas localidades de Genipapo e Penanduba as áreas de várzea são limitadas pelo aparecimento de encostas com declives acentuados que potencializam e atuam o processo de escoamento fluvial e que condicionam a formação do Rio Coreaú na junção dos riachos Caiçara e Jatobá. Poucos quilômetros logo abaixo numa área de planície fluvial do baixo curso do Rio Coreaú surge uma vasta área plana de planície assim caracterizada. Os Maciços Residuais ‘são formações cristalinas datados do pré-cambriano que aparecem como compartimentos ilhados’ (Souza, 2000), e que se destacam na paisagem do município de Coreaú-Ce classificados como Maciços Residuais secos e Inselbergues. Na região oeste temos a Serra de Penanduba (500 m) na divisa com o município de Frecheirinha – Ceará e a vertente norte da Serra do Carnutim (600 m). Os inselbergs são constituem pelos os pequenos morros de formação cristalina que possuem altitude de até 400m conhecidos no meio popular como “serrote” que aparecem isolados na depressão sertaneja apresentando características climáticas semelhantes. No município de Coreaú – Ceará destacam-se 3 unidades de inselbergs com ênfase para o ‘Serrote do Sítio'.
Conclusões
Através dessa caracterização compreendeu-se a importância do estudo integrado levando em considerando todos os elementos elaborados na teoria geossistemica (BERTRAND, 1968) no qual sistematiza os elementos naturais bióticos, abióticos e ação antrópicatendo como referência o modelo compartimentado por SOUZA (2000). O relevo do município de Coreaú – Ceará caracterizado nesse estudo apresenta unidades comuns no contexto das áreas do semiárido nordestino por conta da influência climática na sua morfogênese e mofodinâmica o que faz da sua morfoestrutura algo típico da região semiárida do Nordeste brasileiro. Assim observa-se que o uso e ocupação do espaço pela ação antrópica e a semiaridez do clima através dos processos exógenos são os fatores atuantes no processo de modelação do relevo coreauense. Realizando a compartimentação das unidades geoambientais do município de Coreaú-Ce observou-se níveis de degradação de moderados a acentuados por conta da ação antrópica continuada por muito temp
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Davis Pereira de Paula pelo seu empenho e atenção no processo de orientação da pesquisa. Ao amigo Carlos Farrapeira pelo auxílio no procesamento dos dados e seus conhecimentos em geoprocessamento. Ao MAG\UVA - Mestrado Acadêmico em Geografia na pessoa da Coordenadora Prof. Dra. Virgínia Holanda pelo excelente trabalho de incentivo a pesquisa. A Cogerh pela atenção e compreensão dos dados requeridos na pesquisa.
Referências
AB’SABER, A. N. Um conceito de Geomorfologia a serviço das pesquisas do quartenário. Geomorfologia, IGEOG-USP, S. Paulo, n. 18, 1969.
BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global- Esboço Metodológico. IGEOG-USP, São Paulo, 1969.
COREAÚ\CEARÁ. Perfil Básico Municipal. IPECE, Fortaleza/CE, 2013.
Relatório de Fase 1 – RF1.BACIA DO COREAÚ\COGERH. 2010.
SOUZA, M. J. N, MORAIS, J. O, LIMA, L.C. Compartimentação Territorial e Gestão Regional do Ceará. Editora FUNECE. Fortaleza/CE, 2000.