A COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICOS DA REGIÃO SUDESTE DA BAHIA

Autores

Santos, R. (UNICAMP)

Resumo

Este trabalho tem como objetivo fazer a caracterização dos aspectos físicos da região sudeste da Bahia. Para isso foi utilizado a compartimentação geomorfológica como metodologia descritiva. Foram considerados três compartimentos para a região Planície Fluviomarinho, Planalto Costeiro e Planalto Pré-litorâneo. Esta análise foi realizada em âmbito regional como estudo prévio, podendo ser empregada aos municípios, gerando um planejamento ambiental em função da sociedade.

Palavras chaves

Planejamento Ambiental; geossistemas; Bahia

Introdução

O Brasil apresenta uma extensa área litorânea, com diferentes feições e singulares características físicas e paisagens, isto faz deste ambiente uma propicia área de estudos, podendo ser empregada metodologias descritivas para possíveis planejamentos ambientais. Os estudos geomorfológicos sempre apresentaram fundamental importância para o entendimento dos ambientes naturais principalmente a partir da década de 1970, ao qual integrou a teoria geossistemica, possibilitando a integração dos subsistemas e estudos que facilita a verificação das alterações na dinâmicas e morfologia do relevo diante do tempo. A análise descritivas das formas de relevo e o mapeamento geomorfológico gera um diagnóstico mais detalhado de possíveis áreas para estudos geoambientais. Mediante os aspectos geomorfológico, geológico, pedológico, climatologia, biogeográfico e hidrográfico que conjuntamente em uma visão holística forma os sistemas geoambientais. O geossistema é caracterizado por elementos geográficos e sistêmicos. Junto aos elementos geográficos apontam uma combinação espacializada entre os elementos abióticos, bióticos e antrópicos. Como sistêmicos considera três conceitos: espacial, natural e antrópico (PISSINATI et.al. 2009). Diante da necessidade de compreender as interações existentes entre os elementos da paisagem. Este trabalho tem por objetivo fazer a caracterização dos aspectos físicos da região sudeste da Bahia para possibilitar a elaboração de planejamentos ambientais. Utilizando a compartimentação geomorfológica como metodologia descritiva. Podendo assim, ressaltar a importância destes aspectos, melhorando a viabilidade de estudos mais aprofundados, para o planejamento de futuras áreas de zoneamento ambiental e com este a possibilidade de resguardar e aprimorar o uso dos recursos naturais existente na região.

Material e métodos

Caracterização da área de Estudo O sudeste da Bahia localiza-se entre as coordenadas geográficas de 13 ° 40’ 00” e 16 ° 20’ 00” de latitude sul e 40° 00’ e 39 ° 00’ de longitude W. Englobando 53 municípios, que se especializam em quatro bacias hidrográficas sendo Bacias Hidrográficas do Leste, Recôncavo, Prado e Contas, tendo como formação vegetal remanescentes de Mata Atlântica, em meio a plantações de cacau, que foi durante décadas a base econômica da região, hoje tem como base o comercio, polos de informatica e o turismo que através do melhoramento da infraestrutura como construção de novos aeroportos e rodovias propiciando o desenvolvimento regional. Procedimento Metodológico Para se alcançar o objetivo deste trabalho foi realizado a compartimentação geomorfológica da área de estudo. A geomorfologia em seu sentido mais amplo tem sido frequentemente usada, para classificar as formas e processos da superfície terrestre. A compartimentação geomorfológica apresenta importante papel na descrição física e morfológica da conjuntura estrutural das paisagens. Para a delimitação dos compartimentos geomorfológicos foram consideradas as unidades taxonômicas, além dos conceitos de Morfoestrutura e Morfoescultura. Para isso e para a elaboração do mapa usando o software ArcGis 10, utilizado dados secundários, disponibilizadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) na escala cartográfica de 1:100.000. Além do Sistema de Informação Geográfica (SIG), constitui uma das principais ferramentas para a descrição e análise geomorfológica, pois auxiliam a compreensão das relações geográficas na visualização, pesquisa e modelagem dos dados espaciais (BORGES, 2008). Foram considerados três compartimentos para a região Planície Fluviomarinho, Planalto Costeiro e Planalto Pré-litorâneo, tendo os subsistemas caracterizados para possíveis analises e elaboração de planejamento ambientais.

Resultado e discussão

A compartimentação geomorfológica da região sudeste da Bahia, apresentou-se em três unidades geomorfológicas sendo, Planalto Costeiro; Planalto Pré-litorâneo e Planície Fluviomarinha(Figura 1): Planalto Costeiro constituído pelo domínio Mares de Morro o qual apresenta feições de relevos de topos tabulares. Ab’Saber (2003) considera que esta unidade “exprime a fisionomia de relevos cuja superfície apresenta uma profunda decomposição das rochas e uma máxima presença de mamelonização topográfica”. Esta unidade apresenta-se capeada por sedimentos do terciário do Grupo Barreiras apresentando uma altitude média de 60 metros; sofrendo interrupções nas embocaduras dos rios Cachoeira e Almada, onde apresentam mangues e areias litorâneas, BARBOSA & DOMINGUES, 1996). Os solos presente neste compartimento têm como material de origem os granitos e granulitos. Formando as seguintes classes de solos, Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, Espodossolo Hidromórfico, Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e Latossolo Amarelo Distrófico e presença de gleissolo próximos a zonas de alagamento. Desta forma os solos deste unidade são desenvolvidos, com textura argilosa e médio/argilosa, solos profundos muito intemperizados e de boa drenagem (EMBRAPA, 2006). O compartimento apresenta clima Tropical quente e úmido com médias térmicas anuais de 23°C, o índice pluviométrico entre 2400 mm na porção mais próxima do litoral e de 1500 mm na porção mais a oeste, influenciando a formação vegetação, esta higrófila. A unidade zona costeira que historicamente são as áreas mais populosas e antropizadas. Planalto Pré-Litorâneo geomorfologicamente,este complexo é representado por relevos montanhosos, com altitudes entre 400 e 800 m, com alguns topos residuais que atingem cotas superiores a 1.000 m. (RADAMBRASIL, p. 164, 1999). As rochas são do Arqueano/ Proterozóico, trata-se de um gnaisse fitado com faixas claras de quartzo e feldspato e faixas escuras ricas em biotitas e anfibólio. Ocorrem também intrusões básicas e outras rochas de grande importância, pôr serem a matriz dos melhores solos para cacauicultura; rochas alcalinas-sieníticas, sienitos, granulitos, biotita-gnaisse e outras (GONÇALVES, 1975). Além do cultivos agrícolas, há também a pecuária que ocupa grandes áreas cobertas por Chernossolo Háplico. O compartimento apresenta também Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico, Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, Latossolo Amarelo distrófico. Estas classe de solos são muito intemperizados de boa drenagem, solos profundos e pouco profundos em alguns casos, caracterizam-se também por grande homogeneidade de características ao longo do perfil (EMBRAPA, 2006). Planície fluviomarinha compreende a Unidade Geomorfológica de Região de acumulação, com as seguintes feições Planície resultante da combinação das ações marinhas e fluviais nas embocaduras de rios sujeitos às penetrações das marés; contendo mangues e terraços.Destaca-se na paisagem o relevo de cuestas que é constituído de arenitos finos a conglomeráticos, de coloração pardo-amarelada, cinza-esverdeado e avermelhada, regularmente a mal selecionados, argilosos, pouco feldspáticos, raramente micáceos e caulínicos e com frequentes marcas de onda e estratificações cruzadas (RADAMBRASIL, 1999, p. 52). O compartimento apresenta afloramentos de rochas pré-cambrianas, no fundo marinho e em forma de ilhas, que representam testemunhos da retrogradação da linha da costa, em consonância com a elevação pós-glacial do nível do mar. O clima tropical quente e úmido proporcionou a formação de Latossolo Amarelo distrófico, Espodossolo Hidromórfico, Argissolo Vermelho-amarelo distrófico, Neossolo Quartzarênico. A área apresenta de plantação de coco, Brejo, Restinga, Mangue e em áreas com altitude superior a 80 metros de altitude encontra-se Remanescentes de Mata Atlântica e área em que a vegetação se encontra em processo de regeneração.

Figura 1

Compartimentação Geomorfológica da região sudeste da Bahia

Conclusões

A caracterização das variantes físicas, permitiu a identificação de três unidades geomorfológica para a região, permitindo a identificação das paisagens, suas formas morfológicas predominante, a estabilidade ou instabilidade do terreno diante das ações erosivas e intempéricas ressaltando suas potencialidades de uso. O planejamento tornasse imprescindível para as práticas e atividades de uso da terra, favorecendo ações que promovam o manejo adequado da área, a conservação ambiental e o seu uso sustentável. Este trabalho é de cunho regional apresentando-se em uma escala pequena. Assim para melhor nível de detalhes, efetivação de ações e elaboração de zoneamentos ambietais. Está metodologia pode ser empregada por municipais, auxiliando os órgãos que gerem as ações de planejamento e a efetivação das mesmas. Torna-se indispensável a realização de estudos ambientais prévios, compreendendo a importância e conservação da paisagem e as características ambientais que as regulam.

Agradecimentos

Referências

AB’SABER, A. N. Os domínios da natureza no Brasil: Potencialidades paisagísticas. 6ª edição. São Paulo, SP: Ateliê Editorial, 2003.

BARBOSA, J.F.S., DOMINGUES, J.M.L. Mapa geológico do Estado da Bahia – Texto explicativo. Salvador: Universidade Federal da Bahia, governo do Estado da Bahia, 1996, 382 p.

BORGES, M.E.S. Mapeamento geomorfológico da bacia do rio Preto e suas relações com a agricultura. (Dissertação de mestrado). Universidade de Brasília. Brasília, 2008.


EMBRAPA - CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa - Solos, 2006. 306 p

GONÇALVES, E. 1975. Geologia econômica e recursos naturais. Ilhéus, CEPLAC/IICA. 142p. (Diagnóstico Sócio Econômico da Região Cacaueira, 6).


PISSINATI, Mariza C.; ARCHELA, Rosely S. Geossistema território e paisagem rural sob a ótica Bertrandiana. Geografia - v. 18, n. 1, jan./jun. 2009 – Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Geociências. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia

RADAMBRASIL. Potencial dos Recursos Hídricos. Levantamento de Recursos Naturais volume 24, suplemento. Folha SD.24 Salvador. Rio de Janeiro.1999.
SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Mapas digitalizados do Estado da Bahia: base de dados. Salvador: SEI, 2008. CD-ROM.


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