ANÁLISE DE AÇUDES EM DISTINTAS COMPARTIMENTAÇÕES GEOMORFOLÓFICAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO COREAÚ (CE)

Autores

Vieira Torres, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Sobrinho, J.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ)

Resumo

A pesquisa analisou a qualidade das águas dos açúdes que compõe a bacia Hidrográfica do rio Coreaú (CE), estes, inseridos em unidades geomorfológicas distintas, Gangorra - Granja; Premuoca - Uruoca; Manhoso - Viçosa do Ceará), Itaúna – Chaval; Anjicos e Trapiá III - Coreaú; Várzea da Volta - Moraújo e Tucunduba - Senador Sá, por meio de análises fundamentadas nos parâmetros estabelecidos pelo CONAMA, associando seus resultados a forma de uso e de manejo da população local.

Palavras chaves

Bacia hidrográfica; açudes; análises

Introdução

A pesquisa busca-se um estudo integrado da Bacia hidrográfica do Coreaú – CE, a qual, localiza-se entre as coordenadas geográficas 41° 26’ e 40° 12’ de longitude oeste e 2° 47’ e 3° 56’ de latitude sul, ocupa uma área de 10.633,67 km², abrangendo integralmente a área de 10 municípios e, parcialmente, a de outros 14 municípios (PLANERH, 2005). Apresenta diferentes paisagens, fruto do processo de transformação espacial e paisagística que a constitui. Conforme Santos (2014), não existem qualquer área de terra, que não seja integrada a uma Bacia. Neste contexto, Guerra et al, (2006) salienta a importância da Geomorfologia Ambiental, pois, procura entender a superfície terrestre, por meio de uma abordagem integradora, tendo o ambiente como ponto de partida, assim, sua contribuição para o planejamento e manejo de suas unidades de conservação possam ser identificadas, bem como, a relação entre os elementos se torna fundamental, por estarem interligados e interdependentes. A partir desta contextualização, a região Nordeste composta em sua maior parte por características semiáridas, sofre com a estiagem, por isso a construção dos açudes tornou-se uma alternativa para elevar a disponibilidade de água na região, porém, existe um problema, conforme Barbosa, (2002) falta um conhecimento e acompanhamento na manutenção desses, pois, com o crescimento da população ocorre um desencadeamento de problemas socioambientais. Partindo deste pressuposto, a pesquisa analisou a qualidade das águas dos açudes que compõem a Bacia Hidrográfica do rio Coreaú – CE, estes, inseridos em formas de relevo distintas, Gangorra (Granja) Premuoca (Uruoca), Manhoso (Viçosa do Ceará), Itaúna (Chaval); Anjicos e Trapiá III (Coreaú) Várzea da Volta (Moraújo) e Tucunduba (Senador Sá), por meio de análises fundamentadas nos parâmetros estabelecidos pelo CONAMA, associando seus resultados a forma de uso e de manejo da população local posteriormente serem apresentados, pois, para intervir é preciso conhecer.

Material e métodos

A pesquisa pautou - se um levantamento bibliográfico, vinculado às atividades práticas que envolveram visitas e análises da qualidade das águas dos açudes em destaque, com o intuito de conhecer os componentes naturais, seu funcionamento e as alterações que vem sofrendo com a ação humana. De acordo com Rampazzo (2002) diz que um objeto não se esgota apenas no conhecimento minucioso de suas partes, pressupondo uma síntese, mas sim, buscar estabelecer e entender a conexão dos elementos. Para escolha dos reservatórios, adotou-se como critério a expressão espacial da compartimentação geomorfológica, ou seja, 01 açude na área de planalto; 04 açudes na área de superfície sertaneja e 02 açudes em áreas pré-litorânea. E em seguida, com o intuito de avaliar o impacto das atividades humanas e dos aspectos naturais sobre a qualidade da água, foram coletadas amostras de água nos açudes, as quais seguiram a metodologia apresentada por APHA (1998) a partir dos seguintes parâmetros: a) abastecimento público: turbidez, sólidos totais; pH, oxigênio dissolvido, cor, cloretos, ferro, sólidos dissolvidos totais e sulfato e (b) agricultura-irrigação: alcalinidade, cálcio, condutividade elétrica, magnésio, sódio e potássio. Daí então, mostrar os resultados a população através de palestras ou nas escolas.

Resultado e discussão

Dentro desta lógica, sabe-se que o meio natural tem as suas estruturas organizacionais manifestas nas diferentes configurações que o relevo assume na superfície terrestre. Assim, o “estrato geográfico” de Grigoriev (1968) sob o entendimento de Ross (2006) é fruto dos processos físicos e químicos e também das morfologias composto por uma diversidade de materiais, assumindo na paisagem e somando-se aos elementos sociais são expressos no relevo, e de acordo com Capra (1996) esses elementos não podem ser entendidos isoladamente, são sistêmicos. Neste sentido, os estudos referentes à bacia hidrográfica, conforme as perspectivas geográficas são feitos mediante um esboço teórico-metodológico que considere as interações natureza-sociedade e, como estas, se modelam na paisagem, assim, percebe-se que a mesma se apresenta como um elo significante entre o homem o meio natural, pois se concretiza e externa suas relações. Além de acompanhar, as distintas formas do relevo, vão se constituindo no espaço socioambiental ao longo do processo histórico, criando, sobretudo identidades. A Bacia do rio Coreaú – CE tornou-se objeto de estudo por apresentar uma diversidade geomorfológica e paisagística, onde estão inseridos: superfície sertaneja, maciços residuais, tabuleiros pré-litorâneos e zona litorânea, a qual atua integrando tais unidades, influencia na composição paisagística e com a ação do relevo condiciona o clima, bem como, o percurso dos rios, estes que, carreiam sedimentos e auxiliam na dinâmica natural, a qual vêm sendo alterada pelas transformações sócio ambientais. Assim, em uma análise integrada da paisagem percebe-se que a problemática dos recursos hídricos atinge o solo, a vegetação, com reflexos impactantes na sociedade, em via de regra, possuem em suas proximidades, cultivos agrícolas de subsistência, prática comum na região Nordeste, a qual é feita ainda de maneira tradicional, se constituindo, portanto, uma forte influência nos processos erosivos e, consequentemente, na degradação dos ambientes hídricos. Nas figuras (01 e 02) retratam o desencadeamento dos problemas mencionados acima, causados pela falta de cuidado ambiental, influenciando na qualidade da água, vale salientar que estes, são usados no abastecimento dos moradores locais, existindo, sobretudo, uma relação de dependência. A partir destas observações, buscou-se vincular tais discussões com os resultados das análises destacando alguns parâmetros. Neste caso, os níveis de pH de todos os reservatórios estão dentro do padrão normal estabelecido, a maioria possuem valores que oscilam entre 7,4 a 7,8, embora, observa-se os níveis do Premuoca e Várzea da Volta ultrapassam os valores citados pelo autor, fato atribuído ao baixo volume de chuvas. Ao se referir à Cor (Pt-Co) da água, Lima (2008), afirma que é proveniente da matéria orgânica entre outros, e alteração na coloração pode ser oriunda de esgotos. O açude Várzea da Volta, apresenta níveis mais críticos, foi o único analisado que se encontra acima do parâmetro Cor (80), fator derivante de um grande acúmulo de lixos em seu entorno. Com relação à Condutividade (µS/cm), é caracterizada pela presença de íons dissolvidos na água usada para determinar o nível de salinidade do local. De acordo com as análises, todos os resultados são superiores a 150 chegando até 658, no caso do Premuoca. Vale salientar, que os açudes Premuoca e Várzea da Volta, ambos de ambientes sertanejos, mesmo dentro dos padrões do CONAMA, apresentam valores que se sobressaem aos outros em todos os parâmetros, mostrando, portanto, que precisam de alternativas para amenizar sua situação antes que se tornem impróprios ao consumo.

açude Várzea da Volta - CE

problemas ambientais visível no açude (falta da vegetação ciliar, lixos entre outros.

açude Premuoca (Uruoca - CE)

problemas ambientais no açude( retirada da mata ciliar entre outros.

Conclusões

Conforme Lima (2007), a sociedade é responsável pela preservação do meio ambiente, então, é preciso agir da melhor maneira possível para não modificá-lo principalmente de forma negativa, devido às consequências para a qualidade de vida da atual e das futuras gerações. Ainda nesse contexto, Tachizawa (2001, p.42) aborda que a gestão ambiental envolve a passagem do pensamento mecanicista para o sistêmico, em que um aspecto importante dessa mudança é que a percepção do mundo como máquina é trocada pela percepção de sistema vivo e ativo. Essa mudança se refere a nossa concepção da natureza, da sociedade e como esta se organiza. Observou-se as alterações nos padrões ocasionados pela ação humana em decorrência dos problemas ambientais, influenciando na qualidade das águas, estas, utilizados para o consumo. Neste sentido faz-se necessário trabalhar com a educação ambiental, a qual tem por objetivo a busca de uma qualidade de vida sustentável nas escolas e/ou através de palestras.

Agradecimentos

Torna-se oportuno agradecer ao incentivo do orientador Dr. José Falcão Sobrinho ao desenvolvimento da pesquisa proporcionando um aprofundamento sobre a pesquisa realizada na Universidade Estadual Vale d Acaraú, bem como o apoio da CAPES.

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