ÁREAS SUSCEPTÍVEIS À EROSÃO NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO DO SANGUE, ESTADO DO CEARÁ: ELEMENTOS CONTRIBUITIVOS AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Autores
Mesquita, E.A. (UECE) ; Albuquerque, E.L.S. (UECE) ; Cruz, M.L.B. (UECE)
Resumo
A Pesquisa foi elaborada na perspectiva de produzir informações capazes de subsidiar o planejamento ambiental da sub-bacia hidrográfica do Riacho do Sangue. Objetiva-se no estudo analisar as áreas susceptíveis à erosão de modo a guiar decisões públicas e privadas capazes de compatibilizar as formas de ocupação, conservação e recuperação da terra. Destaca-se o uso do geoprocessamento como de fundamental importância para a análise das informações referentes à susceptibilidade preliminar à erosão.
Palavras chaves
Planejamento; Erosão; Bacia Hidrográfica
Introdução
Uma das maneiras mais eficientes de fornecer subsídios para elencar áreas prioritárias do ponto de vista de uso, ocupação, conservação e recuperação da terra, perpassa pela análise ambiental, sendo que a melhor forma de avaliar a susceptibilidade da superfície terrestre aos processos dinâmicos atuais se materializa na erosão. Diversos estudos explanam que a erosão consiste no desgaste ou desagregação da superfície, influenciada por fatores físicos ou químicos, com ou sem a participação do homem. Os processos erosivos, por sua vez, acarretam problemas relacionados com a perda de solos, o que pode gerar uma diminuição da produtividade de alguns tipos de culturas, assoreamento de rios, reservatórios etc. Desta forma, a erosão pode ser vista como um dos principais problemas que afetam a ordem socioambiental de uma região. Desta forma, a presente pesquisa visa, com o auxilio das geotecnologias, analisar as informações referentes à relação da erosividade dos solos com a declividade da sub-bacia hidrográfica do Riacho do Sangue, na perspectiva de compatibilizar as formas de uso e ocupação da terra. A avaliação da erosão tem grande importância na evolução do conhecimento e no controle dos processos degradacionais na natureza, especialmente no gerenciamento de bacias hidrográficas, com destaque para os programas de conservação e uso da água e dos solos. Nesse sentido, as técnicas de geoprocessamento constituem um conjunto de ferramentas aplicáveis à obtenção de dados a serem utilizados no planejamento socioambiental. Portanto, as ferramentas computacionais do geoprocessamento são denominadas Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e permitem a realização de análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao mesmo tempo criar bancos de dados georreferenciados que possibilitam o cruzamento e análise de informações diversas (Câmara & Medeiros, 1998).
Material e métodos
O mapa de susceptibilidade preliminar à erosão laminar foi elaborado a partir da metodologia apresentada por Salomão (2012), sendo que esta metodologia leva em consideração as variáveis: 1) erodibilidade relativa dos solos e; 2) declividade do terreno. Desta forma, foi construído um modelo digital da área de estudo contendo a base de dados georreferenciadas, gerados a partir dos planos de informação: geomorfologia/declividade/pedologia. Destaca-se que as técnicas de geoprocessamento permitiram o tratamento dos dados, desde a sua entrada, passando pela edição, armazenamento e análises ambientais. As classes de susceptibilidade foram obtidas a partir do cruzamento dos dados de erodibilidade relativa dos solos da bacia, a saber: Argissolos Vermelho Amarelo, Luvissolos Crômicos, Planossolos Háplicos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Litólicos, Neossolos Quartzarênicos, Neossolos Regolíticos, com as classes de declividade do terreno propostas por Salomão (2012), esquematizada da seguinte forma: < 6%; de 6% a 12%; de 12% a 20%; e > 20%. Assim, com base nos critérios de definição das classes de susceptibilidade à erosão laminar, foi estabelecida esta classificação: classe I - Extremamente Suscetível; classe II – Muito Suscetível; classe III - Moderadamente Suscetível; classe IV - Pouco Suscetível; classe V - Pouco à Não Suscetível.
Resultado e discussão
Em virtude da perspectiva sistêmica adotada na pesquisa, o mapa de
susceptibilidade à erosão reúne os planos de informação de erodibilidade dos
solos em consonância com a declividade do terreno, possibilitando a sua
representação espacial. Corrobora-se que quanto maior o comprimento de rampa,
maior é o acumulo de enxurrada e sua energia, o que se traduz em maiores taxas
de erosão, especialmente nos segmentos inferiores do terreno (SCHWARZ, 1997).
Conforme os resultados obtidos (Figura 1), a classe I - Extremamente Suscetível,
foi verificada em 6 % da área da bacia, as áreas que apresentaram essa classe
devem ser indicadas para preservação ou para reflorestamento.
A classe II - Muito Suscetível, foi observada em 67 % da área. Observa-se que
esta classe foi encontrada na maior parte da área de estudo, sendo assim merece
uma olhar aguçado das devidas autoridades. Destaca-se ainda que esta classe é
razoavelmente favorável à ocupação por pastagem e culturas perenes, dependendo
principalmente da declividade apresentada.
A classe III - Moderadamente Suscetível e a classe IV - Pouco Suscetível
representam, juntas, cerca de 20% da área. São setores mais indicadas a ocupação
por pastagem e culturas perenes, nas áreas com declividades inferiores a 20% e,
eventualmente, culturas anuais, porém quando utilizadas com culturas anuais
exigirá práticas intensivas de controle de erosão.
A classe V - Pouco à Não Suscetível, representou 8% da área da bacia,
correspondendo a terrenos sem problemas especiais de conservação.
Conclusões
O estudo objetivou analisar a susceptibilidade à erosão na sub-bacia hidrográfica do Riacho do Sangue, levando em consideração as características naturais (solos e declividade), em face aos processos erosivos. Constatou-se que a susceptibilidade à erosão, quando apresentado em forma cartográfica, permite uma clara interpretação do risco de erosão, tendo em vista a concepção de síntese proporcionada pelo mapa. As estimativas e as espacializações das informações referentes à susceptibilidade à erosão corroboram para um ordenamento do uso e ocupação da terra, evitando assim o acontecimento de desastres naturais, tais como enchentes e deslizamentos de terra. Via de regra, a compreensão sistêmica da natureza possibilita trazer a atenção dos planejadores e autoridades para as regiões mais frágeis, com destaque para os setores de relevo acidentado e com solos com alta erodibilidade.
Agradecimentos
Referências
CÂMARA, G. DAVIS, C. Arquitetura de Sistemas de Informação Geográfica. In: Introdução à Ciência da Geoinformação Org. CÂMARA, G. DAVIS, C. MONTEIRO, A. M. V.INPE. São José dos Campos, 2001.
CÂMARA, G.; MEDEIROS, J. S. de. Princípios básicos em geoprocessamento. In: ASSAD, E. D.; SANO. E. E.Sistemas de informações geográficas: aplicações na agricultura 2. ed. Brasília: EMBRAPA-SPI/EMBRAPA SPAC, 1998. p.434.
SALOMÃO, F. X. T; Controle e Prevenção dos Processos Erosivos. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A S. da.; BOTELHO, R G. M; (Orgs.) Erosão e Conservação dos Solos: Conceitos, Temas e Aplicações. Rio Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2012. cap. 7, p.230-267.
SCHWARZ, R. A. Perdas por erosão hídrica em diferente classes de declividade, sistemas de preparo e níveis de fertilidade do solo na Região das Missões –RS. Dissertação de Mestrado –Universidade Federal do Rio Grade do Sul. Porto Alegre. 1997