GEOMORFOLOGIA E ENSINO: A INSERÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS PARA TRABALHAR O CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Autores
Nery, N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Liberato, G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)
Resumo
Sabe-se que os métodos tradicionais de ensino são importantes, entretanto estão se tornando cada vez mais desinteressantes. A inserção da Geomorfologia como conteúdo programático pode se tornar desafiador ao professor, devido à dificuldade em trabalhar um tema tão abstrato, logo, o objetivo desse trabalho é propor melhor método de ensino através de jogos didáticos e dinâmicas para uma interação mais lúdica e fácil com o conteúdo.
Palavras chaves
Geomorfologia; Jogos Didáticos; Ensino
Introdução
Sabe-se que há muito tempo a educação é um desafio, principalmente nas escolas públicas. A falta de interesse dos alunos, a dificuldade dos professores em ensinar a matéria e, muitas vezes, a falta de estrutura das próprias escolas são questões a serem superadas no dia a dia de quem está vinculada à área de ensino- aprendizagem. O trabalho cujo tema é Geomorfologia e Ensino: A inserção de jogos didáticos para trabalhar o conteúdo programático, tem como objetivo analisar e propor novos métodos de ensinar geomorfologia, pois o conjunto aluno, professor e comunidade são os principais “atores” dentro do palco de transmissão do conhecimento. Para então tentar superar o desafio de valorizar a disciplina, esse trabalho propõe métodos de ensino, os quais podem ser um caminho para valorizar a educação, aumentando o interesse dos alunos e facilitando o trabalho dos professores, não só através dos jogos didáticos, mas também através de dinâmicas educativas, deixando assim a forma de ensino mais lúdica e interessante. “Por tudo isso, o que distingue o planejamento no campo social é a necessidade de dar espírito às rotinas, isto é, de realizá-las construindo uma idéia” (GANDIM, 1983, p. 56). O fato de a Geomorfologia ser uma área que está integrada a Geografia a inserção de métodos lúdicos é ainda mais importante, pois às vezes adequar o conteúdo disciplinar a alunos no ensino fundamental pode ser um caminho bastante desafiador.
Material e métodos
Para melhor interação do aluno com a Geomorfologia foi feita primeiramente uma caracterização das turmas, para adequação dos materiais didáticos às séries trabalhadas, posteriormente foram elaborados os jogos didáticos baseando-se em uma dinâmica que instigasse os alunos. O jogo proposto é um jogo da memoria geomorfológico, que mostram processos de formação e de erosão diferentes. O jogo contém 16 peças, com imagens, os quais têm seus respectivos pares, no processo da didática em sala de aula, os alunos devem se dividir em grupos e assim em conjunto descobrir os seus respectivos pares, descoberto os pares, logo depois os alunos devem afixar os pares em um cartaz, onde nele estão contidas as informações que condizem com cada par das imagens. As imagens foram retiradas do livro didático e da internet em relação a cada forma de relevo, as informações dos cartazes foram retiradas do livro e cada informação se refere a duas imagens, é preciso que haja uma explanação anterior sobre a matéria para que não fique somente o jogo. Os materiais utilizados para elaboração dos jogos incluem cartolinas, folhas A4, imagens impressas e plastificadas, canetões, entre outros. Todos possíveis de serem encontrados e feitos sem maiores custos. Essa metodologia é crucial para melhor interação dos alunos com a matéria.
Resultado e discussão
Sabe-se que a principio a Geomorfologia é um conteúdo difícil de ser trabalhado,
pois se trata de um conteúdo abstrato, pois o que vemos na paisagem é o solo a
rocha, a vegetação, o relevo é apenas uma forma;
A partir do relevo como objeto de estudo, a Geomorfologia se ocupa de entender
os vários enfoques que podem ser dados a este, como por exemplo, o que é este
relevo, qual a origem deste, o seu tempo geológico, como este se formou e os
diversos processos envolvidos nesta formação, estando diretamente relacionada à
morfoestrutura e morfoescultura das paisagens descrevendo-as, classificando-as e
explicando-as. (CASETTI, 2001, p.12)
Por esse motivo é necessário que se encontre novas formas de trabalhar o
conteúdo geomorfológico, principalmente nas séries iniciais do ensino
fundamental, visto que anteriormente os alunos tinham pouco ou nenhum contato
com esse conteúdo. Ao mesmo tempo o relevo está inserido diretamente na vida de
cada um. Assim, os jogos didáticos entram num contexto de percepção interessante
da realidade, para que os alunos se sintam inseridos e representados pelo
conteúdo. Para Cunha (2007) não é necessário abolir a linguagem inicial da qual
o aluno adquire quando chega à escola, mas sim aproximá-la do concreto para
diminuir a distância entre a realidade vivida pelos alunos e o conhecimento
científico.
A dinâmica foi aplicada a uma turma de 6ª série (5º ano) após a turma ter sido
divida em grupos, pra facilitar a aplicação quando feito por apenas um
professor, foi feito inicialmente uma revisão bibliográfica em livros didáticos
adequados a cada série, posteriormente foi feita uma seleção de imagem para
ensinar os principais conceitos e formas de relevo. Em seguida cada grupo com
seu par de imagens, ficou “responsável” por uma forma de relevo ou erosão
diferente, como por exemplo, as cadeias de montanhas formadas a partir dos
processos endógenos. Através da linguagem adaptada às crianças que tinham um
faixa etária média de 12 anos. No cartaz informativo contém dicas e informações
sobre as formas de relevo, onde respectivamente cada grupo afixava a imagem no
local correto. Alguns alunos sentiram dificuldades de associar o conteúdo,
talvez essa dificuldade seja atribuída a não convivência do conteúdo
geomorfológico no âmbito curricular do aluno. E cabe ao professor por meio de
observações amenizarem ou sanar essas dificuldades. Assim, Cunha (2007, p. 136)
ressalta;
Outro desafio a ser vencido, é que muitas vezes, em sala de aula, o aluno se
comporta apenas na posição de ouvinte, sem aulas expositivas e sem diálogos,
isso promove o desinteresse dos alunos e professores pelas aulas, gerando um
comportamento robótico. “É provável que professores e alunos assim se comportem
por falta de vivência em outro tipo de abordagem metodológica”
As dificuldades podem ser trabalhadas não só pela aula expositiva, pois
muitas vezes os alunos não estão acostumados com conteúdo geomorfológico quando
o conteúdo é apresentado ao aluno pela primeira vez e por isso os jogos
didáticos proporcionam um papel muito importante para ajudar no ensino
aprendizagem de um tema tão abstrato para alunos de 6º ano, trazendo pra vida
escolar do aluno de forma mais lúdica e clara, atraindo a atenção dos alunos e
promovendo a fixação do conteúdo, Tudo isso fez com eles se interessasse também
pela aula teórica, pois houve o incentivo em aprender para jogar os jogos
inclusos na dinâmica.
Conclusões
O desafio de proporcionar interesse dos alunos ao conteúdo dado fez com que fossem criadas diferentes formas de aplicação do mesmo com o objetivo de dinamizar a aula através dos jogos, a fim de que o aluno garanta os resultados esperados na qualidade do processo educacional. Estas dinâmicas ajudam na introdução à Geomorfologia, sendo uma disciplina que não é facilmente inserida no ensino da Geografia durante as séries iniciais. Trazendo assim para a vida do aluno um ensino mais lúdico e interessante permitindo que o mesmo se envolva com a disciplina de maneira significativa, havendo interação maior entre alunos e professores e melhor aplicação do conteúdo.
Agradecimentos
À professora Leda Correia Pedro Miyazaki pelos conselhos sobre o trabalho e à professora Maria Angélica Magrini pela ajuda com os referenciais teóricos.
Referências
CASSETI, Valter. Ambiente e apropriação do relevo. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1995.
CASETTI, Valter. Elementos de Geomorfologia. Ed.: UFG, 2001. p.11-38.
CUNHA, Maria Izabel de. O bom professor e sua prática. 19. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007.
GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antônio J. T. Novo Dicionário Geológico Geomorfológico. 2. ed, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1983.