USO DE MAQUETES NO ESTUDO DAS FEIÇÕES DO RELEVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autores

Silveira, P.C. (UFRGS)

Resumo

Essa pesquisa tem como objetivo demonstrar a importância do uso de maquetes, na educação básica, para a compreensão de conceitos em geomorfologia.

Palavras chaves

Didática; Relevo; Recurso Didático

Introdução

O advento do espaço virtual propicia acesso a informações rápidas e condiciona o educando a acreditar na ineficiência do espaço escola e a vislumbra-la como um ambiente fechado a interações. Esse pensamento condicionado, no entanto, é corroborado pela postura fechada de alguns profissionais da educação que erroneamente posicionam-se como detentores do saber universal, colocando os alunos na posição de meros depósitos de conhecimentos/informações, ou seja, exploração de uma educação bancária (FREIRE, 1997). Aos professores abertos a inovação concentrando-se na busca por formas interativas e alternativas de aprendizagem, apresentando aos educandos a relação mutua educando-educador no processo que é ensinar e aprender (SILVA E MUNIZ, 2012). O uso de recursos pedagógicos diversificados, como as maquetes, para a inter- relação entre conteúdos estabelecidos para a Geografia Escolar pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – é, cada vez mais, uma forma de atrair atenção dos jovens da Educação Básica e despertar sua curiosidade com relação as temáticas a serem trabalhadas. Isso porque, além de colaborar para o processo ensino-aprendizagem, as maquetes auxiliam no desenvolvimento cognitivo dos adolescentes (GONDIM, 2013). As maquetes são uma importante ferramenta para a Geografia Escolar, propiciando ao estudante a identificação da realidade apresentada pela simulação tridimensional do espaço. A construção desse recurso pelos jovens permite a eles compreender o espaço trabalhado e valorizar os conhecimentos prévios (SILVA e MUNIZ, 2012). Assim, essa pesquisa tem como objetivo demonstrar a importância do uso de maquetes para a compreensão de conceitos em geomorfologia.

Material e métodos

O trabalho foi iniciado com uma sondagem dos conhecimentos preliminares dos estudantes através de questionário dissertativo em duas turmas de primeiro ano do Ensino Médio e a partir da observação de mapa dos aspectos físico-naturais do Rio Grande do Sul, extraídos de Simielli (2006) foram confeccionadoscartazes com expressões, frases e desenhos que, no imaginário dos adolescentes, remetessem as feições do relevo gaúcho. Em um segundo momento foi aplicada uma sequência didática-teórica para esclarecer as principais questões relacionadas ao relevo do Rio Grande do Sul, descontruindo ideias e estabelecendo conceitos fundamentais sobre clima, geomorfologia, estrutura geológica e vegetação do Rio Grande do Sul. Os resultados dessas construções foram explorados em apresentações de curta duração realizadas pelos estudantes, utilizando de painéis com ilustrações, leitura de resumos e infográficos. Posteriormente, foi proposta a dinâmica de construção de maquetes de representação do relevo do estado do Rio Grande do Sul extraído de Simielli et al. (1991) com escala de 1:500.000. A construção da maquete foi realizada sobre o mapa base, sobrepondo o papel vegetal e realizando cópia de cada curva de nível separadamente. Todos os contornos foram transferido para o isopor utilizando cores diferentes para ressaltar cada curva (cores quentes para as maiores altitudes e cores frias para as menores). Em seguida, com uso de um alfinete, foi perfurado o contorno, ficando a curva demarcada no isopor. O isopor foi recortado utilizando agulha aquecida e colados um sobre o outro, partindo das maiores para as menores altitudes. Após secar, utilizamos uma mistura de papel toalha, cola e água. As feições foram desenhadas com uso de tinta de tecido e pincéis macios.

Resultado e discussão

A partir da construção de maquetes, os estudantes conseguiram apreender, com maior facilidade, conceitos da geografia física, partindo do nível abstrato (teoria) ao concreto (construção do recurso didático). Foi possível identificar a compreensão dos alunos pela aplicação de questionários de multipla escolha e pela elaboração de apresentações orais para exposição das maquetes. Ao término do trimestre, as maquetes das turmas de primeiro ano foram expostas e apresentadas pelos estudantes as demais classes do Ensino Médio (cinco turmas de segundo ano e duas de terceiro ano) e Séries Finais do Ensino Fundamental (uma turma de cada série, do 6º ao 9º ano), nesse momento foi possível perceber que grande parte dos alunos das turmas do primeiro ano detinham conhecimento a respeito da classificação geomorfológica do Rio Grande do Sul e conseguiam aplicar conceitos de estrutura e morfologia do relevo em suas falas. Assim, os estudantes conseguiram desenvolver habilidades e competências fundamentais ao primeiro ano do Ensino Médio Politécnico, como a interpretação de produtos cartográficos e a identificação do processo de transformação dos meios físicos. Além disso, pode ser percebido durante todo processo de construção a constante busca por temas referentes aos aspectos físico-naturais do RS, como hidrografia, uso do solo, tipos de vegetação e clima.

Conclusões

Os recursos pedagógicos, quando associados a construção de conceitos e aplicação de conteúdos, ampliam a compreensão dos adolescentes. Nesse processo encaixam-se os mapas e, enquanto elemento cartográfico em terceira dimensão, as maquetes. Muitas vezes o ensino de conceitos em geomorfologia passa a ser meramente descritivo, não constituindo em algo motivador e, frequentemente, sendo visto como algo distante da realidade dos adolescentes. Assim, no campo pedagógico, maquetes de relevo, bem como outros recursos didáticos que quebrem a inércia da sala de aula são instrumentos fundamentais para o ensino de geografia.

Agradecimentos

Referências

FREIRE, P. Educação" bancária" e educação libertadora. MHS Patto, Introdução à Psicologia Escolar, p. 61-78, 1997.

GONDIM, L. B.; et al. O uso das maquetes e de revistas em quadrinhos no ensino de geografia. Revista Eletrônica Geoaraguaia. Barra do Garças-MT. V 3, n.2, agosto/dezembro. 2013. p 46 - 55.

SILVA, V. da; MUNIZ, A.M.V. A Geografia Escolar e os recursos didáticos: o uso das maquetes no ensino-aprendizagem da Geografia. Geosaberes. Fortaleza, v. 3, n. 5, jan. / jun. 2012. p. 62-68.
SIMIELLI, M.E.R. Geoatlas. Editora Ática: São Paulo, 2006.

SIMIELLI, M.E.R.; GIRARDI, G.; BROMBERG, P.; MORONE, R. & RAIMUNDO, S.L. Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didático. Boletim Paulista de Geografia, nº 70, AGB, São Paulo, 1991, pp. 5-21.


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