COMPARTIMENTAÇÃO MORFOPEDOLÓGICA DA MICRORREGIÃO DE QUIRINÓPOLIS, GOIÁS
Autores
Queiroz Junior, V.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Martins, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Barcelos, A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Batista, D.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Franco, D.F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
Resumo
O texto apresenta uma análise integrada dos atributos físicos da Microrregião de Quirinópolis, Goiás, para a determinação dos Compartimentos Morfopedológicos (CMP). A metodologia adotada foi de acordo com Castro e Salomão (2000), utilizando as características semelhantes da geomorfologia, pedologia, geologia e hipsometria para a delimitação dos compartimentos. Como resultado da classificação, foi possível identificar cinco CMP distintos.
Palavras chaves
Geomorfologia; Solos; Litologia
Introdução
Os Compartimentos Morfopedológicos são o resultado da delimitação de unidades da paisagem, tomando como referência a inter-relação entre os elementos físicos da natureza como geologia, relevo e solos que foi descrito inicialmente por Tricart & Killian (1979) e transcrita de forma metodologicamente didática por Castro & Salomão (2000). Este tipo de estudo tem sido amplamente desenvolvido por pesquisadores dos mais diversos ramos da ciência, sendo utilizado como subsidio para planejamento e ordenamento do uso do solo, planejamento ambiental, diagnóstico e controle de processos erosivos por todo território nacional brasileiro (HERMUCHE, GUIMARÃES, CASTRO 2009; SANTOS, BAYER, CARVELHO 2008; CERMINARO, OLIVEIRA 2012; DIAS, MARTINS 2012; FARIA et al. 2013). Desta forma, partindo da crescente demanda das últimas décadas por energia elétrica, obteve-se a implantação de seis Usinas Hidrelétricas – UHE, associadas à conversão de áreas naturais ou pastagem para agricultura, alterando a dinâmica natural da paisagem e a carência de estudos do tipo na Microrregião Quirinópolis no estado de Goiás, a presente pesquisa objetivou realizar uma abordagem morfopedológica conforme metodologia de Castro e Salomão (2000), que servirá de apoio para estudos de cunho físico-ambientais futuros da microrregião.
Material e métodos
A microrregião de Quirinópolis, definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1990) corresponde a nove municípios do estado de Goiás. Situada ao Sul da capital Goiânia, cerca de 280 km, abrange uma área de 16.055,8 km², fazendo limite com os estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A geomorfologia da MRQ é representada por quatro tipos de superfícies, contendo desde a Superfície Regional de Aplainamento – SRAI a IV, Zona de Erosão Recuante – ZER, isoladamente uma pequena área de relevo tipo Morros e Colinas – MC e ainda isoladamente duas Faixas Aluviais – FA a Nordeste da MRQ. As definições de categorias geomorfológicas da região foram conforme Latrubesse & Carvalho (2005). Os solos da MRQ são em sua maioria os Latossolos, totalizando 72,07% da área, sendo 11.571,86 km². A segunda classe de solo em área de abrangência são os Argissolos com 20,78%, totalizando 3.336,00 km². Os Neossolos Quartzarênicos com 6,25%, com 1.003,29 km². Em pequenas porções é possível encontrar Gleissolos 0,90%, sendo 144,65 km². A base cartográfica no formato shapfile (.shp) dos municípios, solos, geologia e geomorfologia foram adquiridas pelo Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás - SIEG, a imagem de Radar do Shuttle Radar Topography Mission – SRTM 90 m utilizada para a confecção do Modelo de Elevação do Terreno – MDE e afins, foram adquiridas do sistema Brasil em Relevo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. A escala adotada para o estudo foi a de 1:250.000 dada a base disponível, sendo apropriada a estudos regionais. As intersecções das informações após pré-processamento foram a partir da ferramenta Intersect contida no Toolbox Overlay do ArcGis 10.1. Após a junção das informações foram identificadas as características homogêneas, para então serem classificadas como CMP. Os critérios foram de acordo com Hermuche, Gu
Resultado e discussão
A partir do levantamento bibliográfico e cartográfico foi possível analisar os
atributos físicos homogêneos da MRQ utilizados para demarcar os CMP, sendo base
geomorfológica, pedológica e hipsométrica da microrregião Quirinópolis, com
cinco compartimentos, sendo que o IV foi dividido em “a e b”, conforme Quadro
01.
O compartimento CMP – I a Nordeste da MRQ apresenta predominantemente topos de
relevos residuais correspondentes as Serras Grande, do Salgado e do Rio Preto,
representados pela SRIIB, com dissecação fraca a média. Neste compartimento há
padrões de relevo que difere dos demais, mesmo que sejam em formas isoladas,
sendo eles a ZER associada a SRIIB e próximo a MC a ao norte destes
compartimentos, pois, de acordo com Latrubesse & Carvalho (2005) “à medida que a
ZER avança e o recuo das vertentes evolui, colinas e morros podem ser
identificados de forma mais desconexa da frente das escarpas”. Também há Faixa
Aluvial ou Planícies Fluviais, representadas por áreas meandriformes associadas
a Gleissolos nos fundos de vale. Solos destes compartimentos são Latossolos
Vermelhos amarelos, Latossolos Vermelho distroférrico, Argissolos Vermelho
eutroférrico, Neossolos e associações, provenientes da geologia da Formação
Adamantina (Vale do Rio do Peixe), Formação Cachoeirinha e Serra Geral.
O CMP – II a Noroeste da MRQ apresenta superfície suavemente ondulada, com
dissecação média com predominância da SRAIIIB, regionalmente localizada na bacia
do Paraná. A geologia proveniente da Formação Adamantina (Vale do Rio do Peixe)
associada a afloramentos ígneos da Serra Geral e a Coberturas Arenosas
Indiferenciadas geraram Latossolos Vermelhos amarelos, Argissolos Vermelhos
amarelos.
O CMP – III está situado a Oeste da MRQ apresenta superfície suavemente ondulada
da SRAIIIB, com dissecação média, apresentando testemunhos tabuliformes isolados
da SRAIIB nos divisores de água do Rios Claro, Verde, Aporé e Corrente. A
pedologia é composta por Argissolos Vermelhos distroférrico distribuídos
principalmente nas bases das formas de relevo residuais tabulares, Neossolos
localizados nos topos dos relevos residuais tabulares, Latossolos Vermelhos
amarelos nas vertentes e Gleissolos nos vales de drenagens. A geologia é
composta por Formação Marília, Adamantina (Vale do Rio do Peixe).
O CMP – IV a, localizado a Leste apresenta planície fluvial do paraná,
dissecação fraca representado pela SRAIVB, área que de acordo com Latrubesse &
Carvalho (2006) “caracteriza-se por um relevo pouco dissecado com a presença de
lagos de formas arredondadas (sistemas lacustres) e de coberturas lateríticas
bem conservadas e potentes com até dois metros de espessura”. Apresenta
predominantemente por Latossolos Vermelhos distroférricos e Gleissolos nos
fundos de vale, originados pela litologia ígnea da Formação Serra Geral e
depósitos Aluvionares isolados. Este compartimento a Leste, faz limite com o
vale do Rio dos Bois, bacia hidrográfica com boa parte de solos muito argilosos
e excedente hídrico.
O CMP – IV b sendo continuação do compartimento anterior é representado pela
Planície fluvial do paraná, porém, com padrão geomorfológico diferente do
compartimento anterior, representado pela SRAIIIB, sendo com dissecação média. O
padrão pedológico e litológico é contiguo ao anterior, apenas com uma pequena
porção de Latossolo Vermelho amarelo.
Por último, o CMP – V conforme Mapa 01, compreende os vales fluviais do baixo
Rio Claro, Rio Verde, Aporé e Corrente, apresentando dissecação fraca a média
representada pela SRAIVB a SRAIIIB respectivamente. Apresentando as mesmas
características do CMP – IV em relação aos sistemas lacustres e coberturas
lateríticas na parte ao Sul. Em relação a pedologia este compartimento apresenta
Latossolos Vermelhos amarelos sobre as vertentes, Argissolos Vermelhos sobre os
fundos de vales. A litologia é representada pelas areias do Grupo Bauru e rochas
ígneas da formação Serra Geral nos fundos de vales.
Síntese das características físicas dos Compartimentos Morfopedológicos da microrregião Quirinópolis
Compartimentação Morfopedológica da Microrregião Quirinópolis e suas respectivas caraterísticas físicas utilizadas para a classificação
Conclusões
A metodologia utilizada para a delimitação dos MCP proporcionou a obtenção de resultados satisfatórios, sendo os diferentes compartimentos da MRQ, constituindo cinco diferentes áreas, mesmo destacando o grande arcabouço Geomorfológico Geológico e Pedológico da microrregião. As bases cartográficas contemplaram a necessidade de um estudo regional, dado a escala adotada. Mesmo que, as bases de solos utilizadas em 1:250000, foram geradas a partir do RADAMBRASIL em escala de 1.1000000, não apresentando detalhamento, o que pode generalizar o resultado ao homogeneizar algumas classes Os compartimentos Morfopedológicos da MRQ apresentaram diferenças significativas quando analisadas a homogeneidade das características físicas, com dissecação de fraca a média. Em termos pedológicos os latossolos e Argissolos estão presentes em todos os CMP, dado as litologias existentes na MRQ, levaram a pedogênese semelhante, sendo as mais evidentes as Formações Adamantina (Vale do Rio do Peixe) e Serra Geral.
Agradecimentos
Referências
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