Tipificação de ambientes lóticos nas ecorregiões aquáticas São Francisco e Mata Atlântica em Minas Gerais

Autores

Castro, P.T.A. (UNIVERSIDADE FED. DE OURO PRETO, ESCOLA DE MINAS) ; Melo, M.C. (INSTITUTO SENAI DE TECTNOL M. AMBIENTE SENAI FIEMG) ; Ferreira, H.L.M. (INSTITUTO SENAI DE TECTNOL M. AMBIENTE SENAI FIEMG) ; Freitas, M.D.F.P.P. (INSTITUTO SENAI DE TECTNOL M. AMBIENTE SENAI FIEMG) ; Cordeiro, P.F. (INSTITUTO SENAI DE TECTNOL M. AMBIENTE SENAI FIEMG)

Resumo

O presente trabalho consiste na tipificação de ambientes lóticos localizados nas ecorregiões aquáticas de Minas Gerais. Essa tipificação consiste na agregação das variáveis de grupos litológicos e classes altimétricas, que integradas possibilitam a compartimentação de ambientes com características similares e consequentemente a classificação do estado ecológico. No estudo foram analisadas três áreas piloto que correspondem as bacias de contribuição dos reservatórios Cajuru, Rio de Pedras e Peti

Palavras chaves

Tipificação de ambientes ; ambientes lóticos; ecorregiões aquáticas

Introdução

A tipificação de corpos de água ocorrentes em ecorregiões aquáticas é uma ecotecnologia de suporte à classificação do estado ecológico de ambientes lóticos e lênticos, cujo emprego é crescente na Europa a partir da Directiva Quadro da Águas (2000). Tem nas características de fatores abióticos em escala ampla (geologia, altitude, área de drenagem) a base da identificação de diferentes tipos de curso de água cuja validação está fundamentada em características da estrutura ecomorfológica do habitat e das comunidades aquáticas. Em Minas Gerais, estudos desta natureza vêm sendo desenvolvidos em três áreas piloto referentes as bacias de contribuição dos reservatórios Cajuru e Rio de Pedras, situadas na ecorregião aquática São Francisco e Peti, pertencente à ecorregião aquática Mata Atlântica. Os estudos em desenvolvimento visam a contribuir para o aprimoramento de metodologias aplicáveis à gestão de ambiente aquáticos continentais e avanços no cumprimento do disposto na Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG nº 001/2008.

Material e métodos

As ecorregiões aquáticas consideradas neste estudo integram o conjunto das quatro ecorregiões inseridas no Estado de Minas Gerais. Estas ecorregiões foram delimitadas com base na divisão estabelecida por Abell et al (2008) e a Resolução CNRH nº 32 de 2003 (Regiões Hidrográficas Nacionais), utilizando os arquivos digitais das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH) do Estado. Quanto às áreas piloto, as bacias de contribuição dos reservatórios de Cajuru e Rio de Pedras estão localizados na ecorregião do São Francisco e a de Peti na ecorregião Mata Atlântica A tipificação dos cursos de água que drenam as áreas piloto de estudo foi feita pelo cruzamento dos planos de informação (layers) dos grupos litológicos gerados a partir da síntese geológica dos litotipos que se comportam de maneira similar frente aos processos biogeoquímicos do mapa-fonte CPRM/CODEMIG (2007), na escala 1:1.000.000 e as classes altimétricas definidas a partir do modelo digital de elevação (MDE) de dados digitais do site Brasil em Relevo, apoiado no software ArcGIS 10.0. A validação dos tipos estabelecidos vem se efetivando por meio do estudo de componentes abióticos e bióticos em escala de detalhe em sítios de coleta demarcados para esta finalidade.

Resultado e discussão

Entre os 17 tipos de cursos de água identificados nas ecorregiões aquáticas de Minas Gerais, nove ocorrem na área de Peti, cinco na de Cajuru e três na de Rio de Pedras. No conjunto das áreas os sistemas lóticos drenam terrenos sobre rochas silicosas, vulcânicas e de filiação básica e sobre sedimentos laterizados e sedimentos inconsolidados. Para validação dos tipos em escala de detalhe foram demarcados 42 sítios de coleta localizados acima de 700 m de altitude, dos quais 78,6% drenam sobre rochas silicosas; 16,7% sobre sedimentos inconsolidados e 4,8% sobre rochas de filiação básica (QUADRO 1). O mapa da FIGURA 1 exemplifica a rede de amostragem estabelecida na área de Peti, com a localização dos sítios de coleta demarcados. (Quadro 1) (Figura 1) O adensamento da tipificação dos cursos de água das bacias de contribuição em estudo está sendo trabalhado na escala de 1: 50.000 (ArcGIS 10.0) a partir da correlação e análise estatística multivariada de elementos hidromorfológicos (perfil longitudinal, forma do canal e do vale) com o grupo litológico e altimetria, seguida da análise de agrupamento orientado pela homogeneidade desses descritores.

Quadro1

QUADRO 1 – Distribuição dos sítios de coleta nas bacias de contribuição dos reservatórios de Cajuru, Rio de Pedras e Peti – MG

Figura 1

Figura 1 - Rede de amostragem estabelecida para validar a tipificação de cursos de água da bacia de contribuição do reservatório de Peti, MG

Conclusões

O estudo em desenvolvimento além de contribuir para o aprimoramento de ecotecnologias inovadoras virá ampliar as competências e habilidades de grupos de pesquisa para atuarem de forma interdisciplinar e ampliar o acervo de dados e informações sobre os ambientes pesquisados com reflexos na melhoria da qualidade ambiental das comunidades regionais e locais.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), à Companhia Energética de Minas Gerais – Geração e Transmissão (CEMIG GT) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D ANEEL), pelo financiamento do projeto “Utilização de Índice de Integridade Ecológica para Classificar a Qualidade de Ambientes Aquáticos de Minas Gerais”, sendo este trabalho parte do estudo. Ao IGAM por ceder os arquivos digitais referentes as Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRH.

Referências

Abell, R. Thieme, M.L.; Revenga, C.; Bryer, M.; Kottelat, M.; Bogutskaya, N.; Coad, B.; Mandrak, N.; Salvador Contreras Balderas, S.; Bussing, W.; Stiassny, M.L.J.; Skelton, P.; Allen, G.R.; Unmack, P.; Naseka, A.; Rebecca, N.; Sindorf, N; Robertson, J. ; Armijo, E.; Higgins, J.V.; Heibel, T.J.; Wikramanayake,E.; Olson, D.; López, H.L.; Reis, R.E.; Lundberg, J.G.; Mark H. Sabaj Pérez, M.H.; Paulo Petry, P.. 2008. Freshwater ecoregions of the world. A new map of biogeographic units for freshwater biodiversity conservation. BioScience. 58: 403-414.

Brasil em Relevo (SRTM). Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/ download/>. Acesso em: fev. 2013.

COMIG/CPRM, 2003. Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, escala 1: 1.000.000.

INAG I. P. Instituto da Água I.P. 2008 . Tipologia de rios em Portugal Continental no âmbito da Implementação da Directiva Quadro da Água. I-Caracterização abiótica. Ministério do Ambiente, do ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. Instituto da Água. 39 p. Disponível em: <http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/caracterizacao_rios_am53.pdf>. Acesso em: fev. 2013.


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