O USO DO SOLO NO ALTO CURSO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRETO, MAR VERMELHO-AL
Autores
Melo, E.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS-UNEAL) ; Pontes, D.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS-UNEAL) ; Silva, V.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS-UNEAL)
Resumo
Este artigo traz uma discussão teórica e metodológica do uso do solo no alto curso da sub-bacia hidrográfica do rio Preto bacia hidrográfica do rio São Miguel-AL, importante rio que permeia o estado de alagoas. A área estudada está localizada próxima a cidade de Mar Vermelho - AL. Essa pesquisa proporciona a análise do uso do solo que apresenta o predomínio da pecuária, a exploração de pedreiras e a agricultura de subsistência, e há vegetação apenas nas encostas das serras.
Palavras chaves
Geomorfologia; Bacia ; Solo
Introdução
O estudo da dinâmica ambiental de bacias hidrográficas destaca-se como uma importante ferramenta no que tange o manuseio dos recursos naturais de uma determinada área (CHRISTOFOLETTI, 1980). Pode-se entender bacia hidrográfica como sendo, a área da superfície terrestre delimitada por divisores topográficos drenados por um conjunto de corpos líquidos hierarquicamente distribuídos de acordo com a sua contribuição de água e de sedimentos, assim sendo afluentes e subafluentes que alimentam um rio principal, na qual escoa para um ponto de saída chamada de foz. GUERRA, GUERRA descreve a bacia hidrográfica como, "um conjunto de terras drenadas por um rio principal seus afluentes e divisores topográficos". (2011, p. 76). Quando se fala que bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas por um rio principal e todos os seus afluentes, subentende-se que estas terras referem- se ao solo, a parte mais superficial da crosta terrestre, que tem a vital importância de abrigar os elementos bióticos e abióticos.O solo é um complexo vivo, utilizado pelo homem para os mais variados fins, como as atividades agrícolas e minerais, criação de animais e a edificação das moradias do próprio ser humano, este por sua vez com suas formas inadequadas de exploração e utilização do solo acaba sendo um agente precursor da perda e degradação do mesmo. A dinâmica da paisagem pode ser entendida no espaço físico, no caso da sub-bacia hidrográfica do rio Preto no município de Mar Vermelho-AL, estudando o uso do solo dessa área e identificando os principais elementos que a compõem como: a pastagem, a exploração de pedreiras, as pequenas culturas de subsistência.
Material e métodos
A área de estudo é a sub-bacia hidrográfica do Rio Preto, localizada no território do Município de Mar Vermelho, região serrana do estado de Alagoas, esta refere-se ao alto curso da bacia hidrográfica do Rio São Miguel – AL. Suas águas beneficiam a população local para a dessedentação de animais, para a irrigação das pequenas agriculturas e para o próprio consumo das pessoas que ali residem. Para a realização da pesquisa exploratória, foram utilizados bibliografias referentes a temática para embasamento teórico da pesquisa, como ARAÚJO, ALMEIDA, GUERRA, 2012; GUERRA, CUNHA, 2009; BERTONI, LOMBARDI NETO, 2010; CUNHA, GUERRA, 2008; GUERRA, MARÇAL, 2010; FLORENZANO, 2008. Em seguida foram consultados documentos cartográficos que correspondem à região estudada como as cartas topográficas de São Miguel dos Campos - AL e União dos Palmares-AL, ambas com escala de 1:100.000, assim, a localização e a delimitação da área foi feita. Na questão empírica, foram realizados alguns trabalhos de campo para o reconhecimento da área, em loco com o GPS foram registrados os pontos das coordenadas geográficas UTM (Universa Transversa de Mercator),e também as variações de altitude, visto que trata-se de uma área a qual o relevo apresenta-se bem acidentado. No que se refere à caderneta de campo, foram coletadas algumas questões levantadas anteriormente, como de que forma o uso do solo daquela região estaria sendo utilizado e quais os meios adotados para executar tais funções. Ainda em campo, foi realizado um trabalho fotográfico para comprovação visual dos elementos que compõem a paisagem tanto do uso do solo bem como de seus impactos, mostrando assim, a dinâmica entre os elementos e os processos que compõem uma bacia hidrográfica.
Resultado e discussão
Segundo o IBGE(2014),a ocupação e utilização do solo da região do município de
Mar Vermelho - AL ocorreu inicialmente através das atividades da pecuária e da
agricultura, logo depois com o crescimento na ocupação das terras com novas
residências, começou a ser utilizado o vapor de algodão, a qual desencadeou o
desenvolvimento econômico do município que mais tarde viera a se tornar núcleo
comercial.
A geomorfologia local é reflexo do processo de formação do planalto da
Borborema, por essas características da área em que está inserida é que
encontramos as nascentes que compõem o alto curso do Rio Preto e ocorrem em área
de declive acentuado. Com variações altimétricas de 622m e 200m, seguindo o
percurso do riacho percebe-se que a Geomorfologia Fluvial da região é
configurada com serras e vales, esta que "(...) se dedica a estabelecer relações
entre os processos de erosão e deposição resultantes do escoamento da água em
canais fluviais e as formas de relevo derivadas". (NOVO, 2008, p. 219).
A paisagem da região mostra uma conexão de seus elementos, pois, “(...) a
paisagem é antes de tudo um quadro fisionômico de uma determinada área espacial,
cujo arranjo de seus complexos elementos dá a cada lugar características
peculiares e próprias de si mesmo” (SOARES, 2002, p. 105).
Através das cartas topográficas de São Miguel dos Campos e de União dos Palmares
1:100.000, foi possível identificar o alto curso da sub-bacia hidrográfica do
Rio Preto. Este é formada por três riachos de primeira ordem, sendo o curso
principal de segunda ordem e todos intermitentes. Essa hierarquia de cursos de
água, mostra que trata-se de uma região de nascentes, essas áreas por serem mais
íngremes tendo uma cota altimétrica elevada facilitam a escavação dos leitos
fluviais por conta da força e da velocidade que a água desce.
O solo dessa região é muito utilizado para atividades pecuaristas, que
intensificam os processos erosivos pelo constante pisoteio do gado, com as
chuvas acabam abrindo caminhos facilitando a erosão nas encostas, estas estão
desprotegidas com a falta da mata ciliar que foi devastada para dar lugar a
pecuária, entretanto, deveriam ser protegidas, pois segundo o Código Florestal,
elas tem, "(...) a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas”. (Lei nº 12.651 de 25 de Maio de 2012).
Outra prática que é predominante do uso do solo na região é a agricultura de
subsistência, o cultivo do feijão, do milho, da mandioca e de algumas hortaliças
é realizado por algumas famílias para o próprio consumo, nos arredores do
povoado Escadinha.
Ao longo do riacho de toponímia Chapéu, contribuinte da margem esquerda do Rio
Preto, observou-se um grande impacto ambiental, um fluxo constante de dejetos
residenciais e rejeitos de pocilgas, são lançados diretamente no riacho, sem
nenhuma preocupação com o potencial hídrico do riacho, não considerando se o
mesmo tem condições de depurar tais poluentes. Essa prática é incoerente com a
prática de recuperação florestal de encostas e nascentes que fica a jusante do
povoado.
Na área em que o Rio é denominado de segundo ordem, e tem o Topônimo de Preto,
verificou-se a presença de atividades de mineração, algumas pedreiras onde são
exploradas as rochas graníticas muito usadas nas construções civis, essas
práticas requer a retirada de parcelas de solo para melhor extração da rocha,
causando outro impacto ambiental, como os danos a fauna e a flora, devido à
retirada do solo onde constituem seus habitats, também, os deslizamentos de
terra e a ocupação dos leitos fluviais que estão próximos as explorações com os
fragmentos de rocha.
Vista da geomorfologia do alto curso da sub-bacia hidrográfica do rio Preto. MELO, 2014.
Riacho contribuinte do rio Preto, sem mata ciliar, e a presença da pecuária. MELO, 2014.
Conclusões
A área estudada vem sendo explorada e ocupada predominantemente pela pecuária, isto ocorre, desde o processo de ocupação dessas terras. Percebe-se que ocorre uma maior intensidade próxima aos riachos para a dessedentação animal. Esse tipo de prática promove alguns impactos, pois, o pisoteio do gado promove o rompimento da calha do rio, isso acontece tanto no rio Preto, como em seus afluentes. A vegetação nativa do lugar vem sofrendo alterações para a implantação do pasto, e encontra-se alguns focos apenas nas áreas de maior declividade, nas encostas das serras. A geologia vem sendo comercializada cada vez mais com a extração das rochas à medida que novas pedreiras vão sendo descobertas, estas atividades realizadas sem uma preocupação com a sustentabilidade ambiental acaba ocasionando impactos que pode colocar em risco as potencialidades e disponibilidades dos recursos naturais da região recursos estes, que são fundamentais para o desenvolvimento e manutenção das próprias comunidades.
Agradecimentos
A DEUS EM PRIMEIRO LUGAR, DEPOIS AOS MEUS PAIS E A MINHA ORIENTADORA E COLEGAS.
Referências
BRASIL. Lei nº 12.651 de 25 de Maio de 2012. Código Florestal, Brasília, DF, 25 de maio 2012. Disponível em http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26442253/inciso-ii-do-artigo-3-da-lei-n-12651-de-25-de-maio-de-2012.
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. 2ª. Ed. São Paulo: Editora Blucher, 1980.
GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antônio José Teixeira. NOVODICIONÁRIO Geológico-Geomorfológico. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
IBGE. http://www.cidades.ibge.gov.br/ acesso 26/05/2014.
NOVO, Evlyn Márcia L. de M. Ambientes Fluviais. In: FLOREZANO, Teresa G. (org). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de textos, 2008.
SOARES, F. M. Paisagens e Paisagens: Uso e ocupação da terra na bacia do rio Curu/CE. MERCATOR - Revista de Geografia da UFC. Fortaleza, n. 02. p. 71-78, 2002.