Geotecnologias e Mapeamento Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, oeste do Estado de São Paulo
Autores
Prates, R. (UNESP) ; Rocha, P.C. (UNESP)
Resumo
O mapeamento apresentado na presente pesquisa teve como objetivo identificar as morfoestruturas e as unidades morfológicas presentes na bacia hidrográfica. O mapeamento foi elaborado utilizando dados do MDE obtida pelo levantamento topográfico realizado pela NASA por meio da missão SRTM e da compilação dos mapas geomorfológicos do Estado de São Paulo, mapeados por Ross e Moroz (1996). O mapa geomorfológico permitiu identificar formas do relevo de colinas baixas e médias com topos aplanados.
Palavras chaves
geomorfologia; sensoriamento remoto; relevo
Introdução
A caracterização, identificação e classificação das formas do relevo, geralmente são apresentados por relatórios seguidos por mapas e dados representados de forma qualitativa e quantitativa. Através da cartografia geomorfológica é possível identificar, as potencialidades e vulnerabilidades do relevo, assim como também representar as diversas formas de ocupação e intervenções antrópicas sobre o substrato físico terra (Ross, 1997). A Bacia Hidrográfica do rio do Peixe constitui uma Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI 21) que está localizado no sudoeste do Estado de São Paulo, e possui área de drenagem de 10.769 km2 percorrendo 380 km de extensão. O rio do Peixe abastece e drena importantes municípios na região, como Marília e Presidente Prudente, no qual concentram as principais atividades econômicas regionais e possuem maior percentual de área urbana. A elaboração do mapa geomorfológico da bacia hidrográfica do rio do Peixe teve como objetivo caracterizar as formas do relevo com maior riqueza de detalhe possível. O estado de São Paulo possui um mapeamento geomorfológico oficial realizado por Ross e Moroz (1996), numa escala de 1: 500.000. A elaboração do mapa geomorfológico seguiu a metodologia proposta por Ross (1992) aplicada no mapeamento oficial. O mapeamento geomorfológico foi elaborado com auxilio dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e das técnicas de Sensoriamento Remoto, no qual foi possível caracterizar as formas do relevo presentes na bacia. O desenvolvimento das geotecnologias possibilitou a formação de bases cartográficas com maior diversidade temática e com maior número de informações. As técnicas empregadas, através do geoprocessamento e do sensoriamento remoto são extremamente eficazes, contribuindo para os estudos das mais diversas áreas, especialmente para as ciências exatas e ambientais
Material e métodos
O mapa geomorfológico foi elaborado utilizando dados do Modelo Digital de Elevação (MDE) obtidos através pelo levantamento topográfico realizado pela NASA por meio da missão SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission). A resolução dos dados são de aproximadamente de 90 metros, que foram interpolados utilizando a ferramenta Spline, gerando um modelo digital de elevação com pixel de 30 m. Ao realizar a interpolação foi atribuído um novo valor aos novos pixels, preservando os valores originais de forma estatísticas e gerando um modelo suavizado para o mapeamento. A partir do modelo suavizado foi possível, gerar outro modelo, sombreado do relevo (hillshade) para delimitar os compartimentos geomorfológicos. Os procedimentos foram realizados em ambiente SIG, utilizando principalmente o software ArcGis 10® . O ponto de partida para análise dos dados foi à compilação dos mapas geomorfológicos do Estado de São Paulo, mapeados por Ross e Moroz (1996), baseados nos conceitos de morfoestrutura e morfoescultura para classificação e taxonomia do relevo. Para o mapeamento geomorfológico foi aplicado parcialmente os quatros primeiros táxons, na escala de 1: 250.000, adotados para este trabalho. As unidades morfológicas foram identificadas sobre o relevo sombreado, considerando-se a rugosidade e a intensidade da drenagem (textura). As diferentes formas das unidades são representadas por letras maiúsculas: formas agradacionais, letra A e, formas denudacionais, letra D. As formas individualizadas do relevo (4º táxon) são representadas por formas semelhantes: topos convexos (c), tabulares (t), entre outras formas que são caracterizadas por diferentes tamanhos e pela inclinação da vertente. Os padrões de dissecação foram obtidos a partir das medidas entre a densidade de drenagem ou dimensão interfluvial e o grau de entalhamento dos vales. Os índices foram gerados utilizando o perfil topográfico de cada unidade morfológica, através da ferramenta 3D Analyst do ArcGis 10® .
Resultado e discussão
O Mapa Geomorfológico da bacia hidrográfica do rio do Peixe partiu dos
procedimentos metodológicos adotados por Ross (1992), no qual foi possível
identificar duas unidades morfoestruturais: Bacia Sedimentar do Paraná e Bacias
Sedimentares Cenozóicas e, os modelos de dissecação.
A Bacia Sedimentar do Paraná é uma unidade geotectônica estabelecida
sobre a Plataforma Sul-Americana a partir do Devoniano Inferior, senão mesmo do
Siluriano (IPT, 1981), e possui, dentro do território brasileiro, uma área
aproximada de 1.100.000km². A bacia do Paraná compreende três áreas de
sedimentação independente, que são separadas por profundas discordâncias. As
áreas da Bacia Paraná e Bacia Serra Geral, compreendendo os derrames basálticos
da Formação Serra Geral e bancos de arenitos eólicos da Formação Botucatu e a
bacia intracratônica de arenitos a Bacia Bauru.
A Bacia Sedimentares Cenozóicas encontra-se dentro da Morfoestrutura da
bacia Sedimentar do Paraná, caracterizada pelas planícies fluviais
(morfoescultura) na área mapeada. As planícies fluviais são terrenos planos,
formados pela agradação de sedimentos fluviais arenosos e argilosos
inconsolidados, associados aos depósitos do Quaternário, durante o Holoceno
(Ross, 1996; Ross e Moroz, 1997).
Na bacia hidrográfica do rio do Peixe foram identificadas duas
Morfoesculturas, o Planalto Centro Ocidental e o Planalto Residual de Marília e,
as Planícies Fluviais que fazem parte da Morfoestrutura Bacia Cenozoicas
Sedimentares. As variações fisionômicas regionais permitem a delimitação das
unidades geomorfológicas de forma distinta, nos planaltos, contribuindo para a
caracterização dessas Morfoesculturas. Assim, o Planalto Centro Ocidental e o
Planalto Residual de Marília apresentam topos convexos aplanados ou tabulares
(Figura 1)
As Unidades Morfológicas com formas de topos tabulares (Dt) caracterizam-se por
feições de rampas suavemente inclinada, baixa densidade da rede de drenagem,
vales rasos e vertentes de pequena declividade. As formas tabulares resultam da
formação de processos de dissecação, sobre uma superfície aplanada (IBGE, 2009).
Os Indicie de Dissecação do Relevo da Unidade apresentam grau de entalhamento
entre os vales de 20 a 40m (fraco) e de 40 a 80m (médio) e baixa dimensão
interfluvial.
As formas denudacionais de topos convexos (Dc) apresentam vales definidos e
vertentes de declividades variadas, entalhadas por sulcos e cabeceiras de
drenagem de primeira ordem (IBGE, 2009). As formas dissecadas do relevo indicam
grau de entalhamento dos vales variando fraco a forte e, dimensão interfluvial
de muito grande a média. Nessas unidades, as colinas são médias com topos
aplanados.
As Planícies Fluviais (Apf), unidades morfoesculturais são áreas planas
resultantes de acumulação fluvial que estão sujeitas as inundações periódicas e
ocorrem nos vales com preenchimento aluvial (IBGE, 2009). Os trechos com
Planícies Fluviais aparecem à jusante do rio do Peixe, área de influência do
reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, contribuindo para o
aumento das áreas de Planícies.
A dissecação do relevo permite avaliar a fragilidade do ambiente natural. A
intensidade da dissecação é o primeiro indicador da fragilidade potencial do
relevo, associado com a densidade de drenagem e com o grau de entalhamento dos
canais. Essa combinação de fatores contribui para classificar e identificar a
dissecação do relevo de uma determinada área ou bacia hidrográfica.
Os avanços tecnológicos na área das geotecnologias contribuem de forma
significativa para o desenvolvimento do Mapeamento Geomorfológico. Casseti
(2005) menciona que a Cartografia Geomorfológica é um importante instrumento na
espacialização dos fatos geomorfológicos, permitindo representar a gênese das
formas do relevo e suas relações com a estrutura e processos.
Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do rio do Peixe, oeste do Estado de São Paulo
Conclusões
O mapeamento geomorfológico permite a partir da identificação das formas do relevo, conhecer suas dinâmicas e possíveis transformações que ocorrem na paisagem, como a caracterização de áreas susceptíveis a processos erosivos que através do escoamento superficial podem contribuir para os processos de assoreamento dos rios. A elaboração do mapa geomorfológico da bacia hidrográfica do rio do Peixe poderá auxiliar no planejamento ambiental, conservação dos recursos hídricos e do manejo e uso da terra, identificando as áreas com potencialidades e fragilidades do relevo. Salientamos ainda, a importância das geotecnologias na elaboração do mapeamento geomorfológico que possibilitou a integração de informações em ambiente SIG, permitindo identificar as variáveis necessárias para elaboração do mapa, como: altitude, declividade e as formas dissecação, dados essenciais para os estudos geomorfológicos.
Agradecimentos
Referências
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