ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO NA APA DO ESTUÁRIO DO RIO MUNDAÚ, TRAIRI-CE.
Autores
Moura, M.T.M. (UECE) ; Cruz, M.L.B. (UECE) ; Silva, M.A. (UECE) ; Almeida, I.C.S. (UECE)
Resumo
O presente estudo verificou o estado de conservação da APA do estuário do rio Mundaú, tendo como indicativo o mapeamento de uso e cobertura vegetal nos sistemas ambientais. O mapeamento de uso e cobertura auxiliou na dentificação de práticas como o desmatamento, para a implantação de carcinicultura e a diminuição de apicuns e salgados. Os dados foram tratados a partir das técnicas de geoprocessamento. A área localiza-se entre os municípios de Trairi e Itapipoca, no o Litoral Oeste do Ceará.
Palavras chaves
RIO MUNDAU; USO E COBERTURA; CARCINICULTURA
Introdução
São os recursos naturais provenientes dos estuários, que sobrevivem várias comunidades no litoral do Brasil. Através da pesca artesanal, da agricultura, do extrativismo de crustáceos, da maricultura e ostreicultura, do artesanato, do turismo e de atividades ligadas a criação de peixe e camarão em viveiro. De acordo com Jatobá, Lins (2008), os estuários sofrem influencias de diversos agentes, como os ventos, descargas fluviais, ondas e marés; são áreas de transição entre o continente e o oceano. São ambientes de baixa permoporosidade, além de localizarem-se em regiões que são protegidas de oscilações direta do nível das ondas, mas influenciado pelos regimes das marés. De acordo com Lacerda et al. (2006), o componente ambiental que mais sofreu alterações na planície fluviomarinha foi a vegetação, essa estimativa foi dada entre os anos de 1999-2004. Para Santos (2012), o amplo desenvolvimento da vegetação de mangue se dá pela composição de sedimentos argilosos e siltosos encontrada nos gleissolos. As principais espécies encontradas são o mangue vermelho (Rhizophoramangle), mangue preto (Avicenniagerminans), mangue branco (Lagucunlaria racemosa) e mangue botão (Conocarpuserectos). O mapeamento de uso e cobertura da área de estudo auxiliou a identificar práticas como o desmatamento, para a implantação de carciniculturas, e a diminuição de apicuns e salgados, ambientes estes de fundamental importância para a dinâmica do estuário, essas ações influenciam em susceptíveis impactos socioambientais na APA do Estuário do Rio Mundaú, localizados entre os municípios de Trairi e Itapipoca, na macrorregião do litoral oeste do Ceará, em média a 165 km da capital Fortaleza.
Material e métodos
A APA do Estuário do rio Mundaú localiza-se entre os municípios de Trairi e Itapipoca, no Litoral Oeste do Ceará. O trabalho se baseia na concepção metodológica geossistêmica, buscando a compreensão das unidades de paisagem da área de estudo. A delimitação dos sistemas ambientais da APA foi feito com base em SOUZA (200). Foi realizado levantamento bibliográfico a respeito do tema, por meio de livros e principalmente artigos eletrônicos, além de visitas sistemáticas a campo, no intuito de conhecer a realidade socioambiental da APA do Estuário do rio Mundaú, incluindo as comunidades que dela adquirem os seus recursos naturais, por intermédio de relatos escritos e orais. A análise dos dados ambientais e sociais seguiu uma visão sistêmica e integrada. Para obtenção de dados geocartográficos, foram utilizados ortofotocartas (2009), fornecidas pelo IPECE, além do mapeamento exploratório dos sistemas ambientais e a poligonal da APA disponibilizada pela SEMACE, em formato vetorial. Os dados foram tratados a partir das técnicas de geoprocessamento, por meio do sistema de informação geográfica – sigQgis, com o sistema de projeção Universal Transversal de Mercator (UTM), datum SAD 69 zona 24S.
Resultado e discussão
Na caracterização geoambiental da APA do Estuário do Rio Mundaú (Figura 1),
foram identificados os sistemas de planície litorânea, planície fluvial e uma
pequena extensão de tabuleiros pré-litorâneos. De acordo com Souza et al.
(2011), tratando-se de sistemas ambientais é necessário fazer um recorte dos
arranjos espaciais que possui semelhanças em seus aspectos físicos, como a
litologia do ambiente de estudo, visando não uma análise desses elementos por
si, mas, sobretudo que aja uma conexão e análise do geossistema.
A planície litorânea é o sistema ambiental que ocupa a menor faixa de
extensão da APA. De acordo com Souza et al. (2009), essa área caracteriza-se por
possuir uma estreita faixa de terras, e um de seus principais potenciais são os
recursos hídricos. Do ponto de vista morfodinâmico são ambientes instáveis e de
extrema fragilidade ambiental, e possui alta vulnerabilidade à ocupação. São
exemplos de subsistemas encontrados nas planícies pré- litorâneas: planícies
fluviomarinhas com manguezais, a faixa praial e os campos de dunas móveis e
fixas. A desembocadura do rio Mundaú também é uma unidade paisagística presente
no sistema ambiental de planície litorânea.
A planície fluvial abrange a maior parte da APA do estuário em
estudo. “[...] são as formas mais características de acumulação decorrentes da
ação fluvial e se distribuem longitudinalmente acompanhando a calha dos rios.”
(SOUZA 2000, p. 48). Essas áreas são drenadas pela sub- bacia Cruxatí/Mundaú, da
bacia do litoral. Por ser um ambiente de ecodinâmica de transição, e com
características naturais propícias para a agricultura, famílias desenvolvem a
agricultura nessas áreas da APA.
O tabuleiro pré- litorâneo abrange a segunda maior faixa de
extensão da APA. A definição dessa área para Souza et al. (2009), é de ambientes
compostos por sedimentos antigos e pertence a formação barreiras. Ambientes de
ecodinâmica estável a medianamente estável, e com baixa vulnerabilidade a
ocupação. Algumas comunidades foram formadas dentro da APA, apesar de serem
proibidas por lei, famílias dependem diretamente dos recursos naturais da área
em estudo.
Em se tratando de mapeamento de uso e cobertura Silva et al. (2013), esses mapas
atuam fornecendo subsídios para as análises e avaliações dos impactos
ambientais. As formas de uso e cobertura da APA do Estuário do Rio Mundaú
(Figura 2) foram mapeadas, e divididas em: áreas ocupadas por comunidades,
carcinicultura, áreas de apicuns/salgado, além de atividades socioeconômicas
ligadas a agricultura, subsidiada pela drenagem do rio Mundaú.
Carta imagem da APA do Estuário do rio Mundaú.
Mapa de uso e cobertura da APA do Estuário do rio mundaú.
Conclusões
A implementação de um plano de manejo eficaz para a conservação da APA, e o incentivo às práticas de exploração dos recursos naturais de forma sustentável, incentivando as comunidades em suas atividades de subsistência, como a mariscagem e a pesca artesanal e do caranguejo. São iniciativas socioambientais, que vislumbram o aproveitamento adequado para esses sistemas ambientais, levando em consideração a ecodinâmica de cada um desses componentes geoambientais, e de suas vulnerabilidades a ocupação, tendo em vista que, as comunidades estão expandindo cada vez mais em direção à área demarcada, como ambiente de preservação ambiental. O mapeamento de uso e cobertura dessa unidade de conservação torna-se importante, para identificar problemas relacionados ao mau uso frequente dos sistemas ambientais, visando à conservação do mesmo e das comunidades que dela sobrevivem.
Agradecimentos
O artigo foi resultado do projeto “As geotecnologias como ferramenta para o zoneamento natural das áreas estuarinas do Estado do Ceará”, coordenado pela profª Dr. Maria Lucia Brito da Cruz, realizada pelo Laboratório de Geoprocessamento do curso de Geografia da Universidade Estadual do Ceará- UECE. Agradecimentos a toda a equipe que finalizou com afinco e competência esse projeto.
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