AVALIAÇÃO DE REGISTROS SEDIMENTARES NA ÁREA DA ENCOSTA DA FACE LESTE DO DOMO DE ITABAIANA-SE: RESULTADOS PRELIMINARES
Autores
Silva, L.N. (UFS) ; Moura-neto, A. (UFS) ; Lira, D.R. (UFS) ; Santos, C.A. (UFS)
Resumo
O Quaternário é reconhecido por variações das condições climáticas que deixaram na paisagem marcas dessas oscilações. O trabalho objetivou reconhecer características dos depósitos e estruturas presentes nas seções. A encosta encontra-se numa área susceptível as mudanças na sua estrutura, remodelando a forma do relevo, onde foram encontradas depósitos referentes a eventos de grande magnitude ou de alta torrencialidade capaz de remobilizar mantos de alteração em forma de fluxos em curtos.
Palavras chaves
: Depósito coluvial; perfil estratigráfico; fluxo de detritos
Introdução
O Quaternário é reconhecido por oscilações das condições climáticas (períodos áridos, semi-áridos e úmidos) que deixaram na paisagem marcas que evidenciam os processos ocorridos durante essa era (SUGUIO, 1999; CORREA, 2001). Numa abordagem dos estudos sobre o Quaternário existe a possibilidade do reconhecimento dos depósitos sedimentares e de suas relações estratigráficas essenciais para a distinção fundamental do pedoderma (SILVA, 2013). Esses pulsos e condições climáticas diferenciadas contribuíram para formação do modelado terrestre atual. A proposta de trabalho objetivou reconhecer os tipos de eventos que geraram os depósitos preservados nas encostas da Serra Comprida no Domo de Itabaiana, onde foram esquematizadas seções estratigráficas para caracterização dos processos de imbricação e reconhecimento das sequências sedimentares. Estudos desenvolvidos apontam para possíveis processos alternados de estabilidade ambiental, da estrutura de formação da encosta durante o Quaternário. Trata-se de processos relacionados alternados períodos de resistasia e biorresitasia do ambiente, materializadas nos sedimentos que podem dar indícios da dinâmica de dissecação do domo, que por sua vez, o recuo da encosta é acelerado pela antroporresistasia. A imbricação da área é gerada devido a declividade da encosta que juntamente com um evento climatológico é bastante acelerado já que a área da encosta é barlavento. Do fluxo de erosão dos detritos o material transportado vai sendo erodido e sendo modelados da direção desse mesmo fluxo, uma vez que os sedimentos são depositados na base da encosta formando o deposito coluvial desse material. Sendo as áreas mais suscetíveis às mudanças presentes da encosta. Pretendeu-se, portanto, através de estruturas e depósitos sedimentares reconhecer os fluxos responsáveis pela deposição.
Material e métodos
A execução do trabalho seguiu a metodologia proposta por Correa (2001) e envolveu as seguintes etapas: 1. Construção de seções estratigráficas verticais: O levantamento da seção estratigráfica foi feito estabelecendo-se a sucessão de diferentes estratos, foi efetuado com estabelecimento de nível horizontal, individualização das unidades deposicionais, registro e representação do perfil e coleta de materiais. 2. Descrição macroscópica de estruturas sedimentares em campo: 1) a estrutura como uma unidade; 2) as feições internas da estrutura; 3) a estrutura em relação ao material circundante e; 4) a estrutura em sua relação com as estruturas associadas. Descrição de materiais em campo e coleta de materiais para análise: Foram adotados os procedimentos referidos por Vieira e Vieira (1983) na caracterização das propriedades físicas dos solos e sedimentos, como: cor, textura, cerosidade, consistência.
Resultado e discussão
A área na qual foram construídas e descritas as seções estratigráfica, encontra-
se em uma encosta com declividade acentuada e erosão ativa. Está localizada no
setor médio da encosta que se desdobra em dois patamares. O relevo local se
apresenta bastante erodido, que favoreceu a dissecação local e regional,
contribuindo para expor o perfil estratigráfico, situado na media encosta. A
Composição granulométrica e descrição das unidades deposicionais, indicaram
sedimentos areno-siltosos, seguido por sedimentos areno-argiloso. O perfil
textural apresenta variações nos valores de grânulos e seixos de acordo com a
camada analisada. No deposito coluvial houve importante redução de argila e
aumento de sedimentos grossos (clastos). Trata-se de depósito tipicamente
coluvial, ou seja, onde se observam concentrações de constituintes
granulométricos maiores. No presente caso esses clastos são de quartzitos e
estão bem preservados e são predominantemente muito angulosos e também
arredondados. Apresentam constituição granulométrica de seixos suportada por
matriz fina. Trata-se de sequência de estratos de sedimentos grossos (grânulos
e seixos principalmente) e camadas de sedimentos arenosos. O contato entre as
camadas é sempre abrupto, indicando superfície erosiva. Neste caso há arranjo de
sequência dos fragmentos, apresentando imbricação.
localização da área de estudo,a qual está localizada na Sera Comprida na borda oriental do Domo de Itabaiana-SE.
Sequencia de perfis estratigráficos da encosta da Serra Comprida, localizada na borda Oriental do Domo de Itabaiana-SE.
Conclusões
O perfil textural das unidades deposicionais corroborou a distinção entre elas reconhecida em campo. As marcantes diferenças entre os estratos indicam diferentes iyprocessos de encosta e fluxos distintos possivelmente relacionados ao período Quaternário, responsáveis pela deposição dos materiais. O Colúvio da base formado por material heterométrico é típico de depósito gerado por movimento de massa de hidrodinâmica alta. No topo, as áreas arenosas indicam alternância de instabilidade ambiental , material fino sucedido por instabilidade que gerou movimentos de massa que depositaram sedimentos mais grossos.
Agradecimentos
agradeço a Universidade Federal de Sergipe,também a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(CAPES) pela bolsa concedida pelo programa de educação tutorial ( PET) e ao grupo de pesquisa Dinâmica das Paisagens Naturais ( DPN).
Referências
CORREA, A. C. de B. Dinâmica Geomorfológica dos Sistemas Ambientais dos Compartimentos Elevados do Planalto da Borborema, Nordeste do Brasil (Tese de Doutorado). UNESP, São Paulo, Brasil. 346p. 2001.
SILVA, D. G. da. Reconstrução da Dinâmica Geomorfológica do Semiárido Brasileiro no Quaternário Superior a partir de uma Abordagem Multiproxy. (Tese de Doutorado). UFPE, Recife, Brasil. 320p. 2013.
VIEIRA, L.S.; VIEIRA, M. de N. F. Manual de morfologia e classificação de solos. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1983, 313 p.
SUGUIO, K. Geologia do Quaternário e mudanças ambientais: (passado + presente = futuro? )/ kenitiro Suguio.-São Paulo´s comunicação e Artes Gráficas, 1999.