ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS SOLOS NAS VOÇOROCAS ARAÇAGY I E II NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR

Autores

Pereira Silva, T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA) ; Domingos Viana, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA) ; das Chagas Abreu Junior, F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA) ; Silva de Morais, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA) ; Serra Lisboa, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA) ; Fernando Rodrigues Bezerra, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)

Resumo

A pesquisa tem como finalidade analisar a morfologia dos solos das áreas degradadas por erosão em São José de Ribamar. Os procedimentos técnicos operacionais foram: Levantamento bibliográfico; Identificação das áreas; Atividade de campo e trabalho de laboratório. As análises morfológicas indicaram que a textura predominante na voçoroca I é argilosa, consistência macia. Enquanto na voçoroca II é arenosa, consistência é ligeiramente dura.

Palavras chaves

Erosão; Voçoroca; Análise Morfológica

Introdução

O processo erosivo causado pela pluviosidade ocorre em todas as partes da superfície terrestre, sobretudo nas áreas onde os totais pluviométricos são mais elevados e esses processos tende a acelerar à medida que diminui a cobertura vegetal e os solos ficam desprotegidos. Nas diversas formas dos processos erosivos, a voçoroca corresponde a um estágio mais avançado e complexo de erosão. Segundo Guerra (1998), as voçorocas são feições erosivas acima de 50 centímetros de largura e profundidade. Abaixo desses valores, as incisões erosivas são denominadas de ravinas. A ocorrência dos processos erosivos envolve vários fatores que segundo Guerra (2012), determinam as variações nas taxas de erosão e podem ser subdivididos em: erosividade (causada pela chuva), erodibilidade (proporcionada pelas propriedades dos solos), características das encostas e natureza vegetal. Segundo (DANÍELS E HAMMER, 1992 apud GUERRA 1996) muitos aspectos do estudo dos solos e dos processos erosivos podem ser resolvidos no campo, no entanto, para aprofundar a investigação é preciso coletar amostras para serem determinadas suas propriedades físicas e químicas em laboratório. Entre as propriedades físicas do solo se destacam teor de areia, silte e argila; densidade real e aparente; porosidade; e teor e estabilidade dos agregados. Os teores de areia, silte e argila, por exemplo, atuam sobre a erosão, à medida que podem oferecer maior ou menor resistência ao destacamento (detachment) e ao próprio transporte pela água resultante do escoamento superficial, difuso ou concentrado. A areia fina e o silte são as frações granulométricas que apresentam maior facilidade de serem erodidas, pois não possuem muita coesão, nem peso suficiente que dificulte a ação da água, tanto no splash, como no escoamento superficial (GUERRA, 2012). O artigo apresenta os resultados obtidos sobre as propriedades físicas dos solos, das voçorocas do Araçagy I e II, da área degradada por erosão em São José de Ribamar (Mapa 01).

Material e métodos

Para alcançar o objetivo desse trabalho de pesquisa as atividades foram divididas nas seguintes etapas: Levantamentos bibliográfico; Identificação das áreas; Atividade de campo e trabalho de laboratório. A identificação das áreas degradadas por feições erosivas, como as ravinas e voçorocas, foi realizada previamente utilizando o software Google Earth (2013), posteriormente foi realizada visita de campo com o auxílio do GPS Garmin, para o georreferenciamento e caracterização dos processos erosivos nos locais pontuados com preenchimento da ficha de campo. As amostras deformadas no talude da voçoroca do Araçagy I foram coletadas no intervalo de 50 cm sendo a primeira coleta a 10 cm totalizando 7 amostras na voçoroca Araçagy I. Na voçoroca do Araçagy II, as amostras deformadas no talude da feição foram coletadas no intervalo de 60 cm, totalizando 21 amostras sendo a primeira coletada a 10 cm. As principais características observadas nas amostras das voçorocas do Araçagy I e II foram: cor, textura, estrutura (forma e tamanho) consistência do solo (seco, úmido e molhado). A descrição morfológica das amostras deformadas no campo foi efetuada segundo Lemos & Santos (1996) e com o preenchimento da ficha de campo para descrição morfológica dos solos do capítulo Técnicas de Pedologia (OLIVEIRA, 2011), como também a utilização da carta de cores para solos Munsell (2009). A declividade do perfil longitudinal nas áreas de coletas das amostras deformadas foi obtida por meio do clinômetro de uma bússola de Geólogo tipo Brunton.

Resultado e discussão

Análise morfológica dos solos A morfologia do solo se caracteriza pela análise da sua aparência no meio ambiente natural e das amostras levadas ao laboratório, como também a descrição dessa aparência segundo as características visíveis a olho nu. As correlações entre as análises morfológicas e as classes de solos e a geologia da área, constituem uma etapa necessária para a compreensão das características dos solos e sua respectiva erodibilidade. Os resultados obtidos sobre a morfologia dos solos das áreas com os voçorocamento estão consonantes com tipologia dos solos e formações geológicas encontrados na área, como os Argissolos Vermelho-amarelo Concrecionário, e as formações Barreiras e Itapecuru. O argissolo vermelho-amarelo concrecionário caracteriza-se pela alta concentração de ferro nos sedimentos areno-argilosos, argilo-arenosos e arenosos finos, sendo geralmente capeado por extensas formações de laterita (petroplintitas), cuja gênese está diretamente relacionada com as condições geológicas e do clima tropical (SATHLER, 2009). A Formação Itapecuru (Cretáceo) é constituída de arenitos róseos avermelhados pintalgados de caulim, com intercalações de siltitos e argilitos. A Formação Barreiras (Terciário) é constituída por conglomerados, arenitos, siltitos e argilitos, com sedimentos mal-selecionados e mal-consolidados (MARANHÃO 1998). Os resultados obtidos foram direcionados na caracterização dos seguintes parâmetros: textura, cor, estrutura (forma e tamanho) consistência do solo (seco, úmido e molhado). A textura predominante do na voçoroca do Araçagy I é argilosa, caracterizado pela presença dos argissolos, a cor predominante foi a marrom-claro-acinzentado (10YR 6/3). A consistência característica é macia, a porosidade dominante encontrada foi pequena, a estrutura variou entre laminar e angular (Quadro 01). Essas características indicam a presença de encrostamento, que sela a superfície do solo, diminuem a infiltração e aumenta o escoamento superficial, influenciando o início de sulcos, ravinamentos e voçorocamento. A textura predominante na voçoroca do Araçagy II é arenosa, mas com ocorrência da textura argilosa na profundidade de 1 m no perfil. A cor predominante é Marrom vermelho claro (5YR 6/3 seca), indicando a presença de óxidos de ferro. A consistência característica é ligeiramente dura, seguida pela característica macia, a porosidade encontrada é pequena, e a estrutura predominante é angular (Quadro 02). Os dados indicam ainda a ausência de agregados no solo e consequentemente, da matéria orgânica, que facilitam a infiltração, e diminuem a ação do escoamento superficial no transporte de sedimentos. As características morfológicas apresentadas indicam um solo com característica de média a alta erodibilidade, o que vem a corroborar com o início do desenvolvimento dos processos erosivos por voçorocamento encontrados no município de São José de Ribamar.

Quadro 01 e Quadro 02–Resultado da análise morfológica em laboratório



MAPA 01 - Mapa de Localização da Área de Estudo



Conclusões

Os procedimentos adotados foram considerados apropriados, para a correta caracterização da morfologia dos solos das voçorocas do Araçagy I e II. Foram encontradas inúmeras dificuldades no decorrer da elaboração do trabalho, como dificuldades de transporte junto à universidade, condições atmosféricas inapropriadas para atividade de campo, atraso nos equipamentos para análise das amostras. Os resultados das análises morfológicas das amostras coletadas nas voçorocas do Araçagy I e II indicaram um solo com alta erodibilidade. Os dados obtidos aliados aos agentes modeladores do revelo da Ilha do Maranhão são fatores importantes que influenciam no transporte e deposição de materiais intemperizados das áreas mais elevadas para as mais áreas mais baixas, podendo causar assoreamento dos cursos fluviais, lagoas costeiras. Dessa maneira, as condições climáticas, fatores oceanográficos, cobertura vegetal e características pedo-litológica são fatores que influenciam a morfodinâmica dos ravinamento

Agradecimentos

Referências

BEZERRA, J. F. R. Geomorfologia e reabilitação de áreas degradadas por erosão com técnicas de bioengenharia de solos na bacia do rio Bacanga. In: Tese de doutorado submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, 2011.
EMBRAPA. Manual de Métodos e Análises Solo. Rio de Janeiro, EMBRAPA/SNLCS. 2011. p. 225
FLORENZANO, T. G. Introdução à Geomorfologia. In: FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. Oficina de textos, São Paulo, SP. 2008
GUERRA, A.J.T; Silva, A.S.da; Botelho, R.G.M. (orgs) Erosão e Conservação dos Solos - Conceitos, Temas e Aplicações. 7° edição, Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2012. 340
GUERRA, A. J. T.; BOTELHO, R. G. M. Características e propriedades dos solos relevantes para os estudos pedológicos e análise dos processos erosivos. In: Anuário do Instituto de Geociências, 1996.
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LEPSCH, I. F. Solos: formação e conservação. 5ª ed. São Paulo. Melhoramentos, 1993.
MARANHÃO. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Maranhão. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Diagnóstico ambiental da microrregião da aglomeração urbana de São Luís e dos Municípios de Alcântara, Bacabeira e Rosário. São Luís, 1998.
SATHLER, R., HELENA, P., GUERRA, A. J. T. e BARROSO, E. V. Caracterização de voçorocas na Ilha do Maranhão. Anuário do Instituto de Geociências, v.32 n.1, Rio de Janeiro, junho de 2009. Disponível em: <http://ppegeo.igc.usp.br/scielo.php?pid=S0101-97592009000100003&script=sci_arttext> acessado em 01 de Abril de 2014.
OLIVEIRA, D. Técnicas de Pedologia: VENTURI, A B (organizador). Geografia: práticas de campo, laboratório e sala de aula/Luís. São Paulo: Editora Saradi, 2011.


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