EROSÃO EM ÁREA RURAL NO MUNICÍPIO DE NOVA VENEZA (GO): ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS DA FAZENDA VARJÃO
Autores
Lopes, J.A. (UEG) ; Santos, K.R. (UEG)
Resumo
A área de estudo está localizada na área rural do município de Nova Veneza (GO), onde a fazenda Varjão é pioneira na produção agrícola e na criação de gado. Esse estudo identificou os aspectos geomorfológicos da área em questão, tais aspectos demonstram uma suscetibilidade natural da área à processos erosivos, essa situação foi potencializada pela ação antrópica. A cobertura original foi retirada e em seu lugar implantaram pastagens e agricultura, favorecendo a ação da erosão.
Palavras chaves
geomorfologia; ação antrópica; processos erosivos
Introdução
A cidade de Nova Veneza está localizada na mesorregião Centro Goiano e apresenta população estimada em 8.000 habitantes (IBGE, 2010). A presente produção acadêmica tem como recorte espacial a fazenda Varjão, essa localiza-se a 6 quilômetros da cidade. No decorrer dos anos se pôde notar a evolução de processos erosivos acelerados, esta evolução pode ser atribuída a dois fatores, sendo um de cunho natural, os quais são atribuídos aos agentes intempéricos e a forma do relevo e outro relacionado ao aceleramento do processo erosivo, provocado pelo uso inadequado do solo, seja para a agricultura (hortaliças) ou para a criação de gado. Estes impactos implicam na degradação do meio físico e em consequências econômicas, uma vez que os processos erosivos presentes na fazenda acabam degradando a camada superficial do solo, e por consequência, diminuindo a produtividade. Em suma, este trabalho foca os processos erosivos presentes na fazenda, buscando apontar os fatores contribuintes para esse processo, assim, também buscar conhecer as medidas mitigadoras para o processo erosivo.
Material e métodos
Para delinear os caminhos seguidos nesse trabalho buscou-se aporte metodológico no método Sistêmico, mais especificamente na Análise Integrada do Meio Físico. Segundao Nunes et al. (2006) o sucesso do prognóstico será sempre resultado de uma abordagem totalizante e de entendimento pleno das estruturas espaciais e das diferenciações que acontecem dentro da escala temporal do sistema. Como categoria de análise geográfica estudou-se as mudanças decorrentes na paisagem, uma vez que essa paisagem está em constante mudança pelos agentes exógenos (chuva, vento, frio, calor) e também pela ação humana. Sobre os passos metodológicos, pesquisas em Geomorfologia, como em qualquer outro ramo das ciências que estudam a Terra, percorrem três etapas: trabalho de gabinete ou escritório, trabalho de campo e novamente escritório (ROSS e FIERZ 2005). O trabalho de gabinete constitui-se, sobretudo, na elaboração do projeto, nas pesquisas e na interpretação de dados. Para pesquisas bibliográficas, cartográficas e de documentação pré-existente, portanto, utilizou-se livros, artigos, jornal, teses, dissertações, mapas topográficos e além de mapas temáticos em diversas áreas. Inclui-se no trabalho de gabinete a interpretação de fotos aéreas e de imagens para produção de mapas temáticos preliminares, que serão confrontados com os dados obtidos em campo. O trabalho de campo baseia-se na observação e descrição. Como passos metodológicos utilizou-se pesquisas bibliográficas, assim como mapeamentos de características do meio físico de erosões e análise de uso do solo da região e da fazenda, para a realização do trabalho, as erosões foram cadastradas para ter um maior controle sobre a sua evolução e para nortear o estudo.
Resultado e discussão
Para Christofoletti (1980), as formas representam a expressão espacial de uma
superfície, compondo as diferentes configurações da paisagem morfológica. Já
Infanti Junior e Fornasari (1998) destacam que além de estudar as formas da
terra, as abordagens geomorfológicas consideram em suas análises as atividades
humanas.
O quadro morfológico geral mostra o domínio de vastas superfícies aplainadas,
cortando indiferentemente rochas sedimentares e cristalinas, entalhadas e
recortadas por vales bem encaixados que apresentam fundos planos e vertentes
abruptas. A esculturação dessas superfícies aplainadas podem ser datadas da
primeira metade do terciário, ou mesmo mais antigas, enquanto o entalhamento
subsequente se processou, possivelmente, no decorrer do terciário e do
quaternário. A morfologia de detalhe é pouco variável, apresentando suaves
ondulações, principalmente nas cabeceiras dos riachos e ribeirões, parcamente
movimentando a morfologia horizontal das superfícies aplainadas, domínio
exclusivo de extensos chapadões.
O mapa geomorfológico mostra como está distribuída a geomorfologia do relevo da
fazenda Varjão, onde predomina a superfície regional de aplainamento II A,
segundo Latrubesse e Carvalho (2006).
Levando em conta os dados do estudo feito por Latrubesse e Carvalho (2006) sobre
o estado de Goiás, destaca sobre a zona de erosão recuante:
As Superfícies Regionais de Aplainamento encontram-se escalonadas em
distintascotas e estão geralmente delimitadas por escarpas de erosão, que ocupam
no estado 66.705 km². O grau de desenvolvimento das Zona de Erosão Recuante
varia em função das características da zona que está sendo erodida. Quando a
Zona de Erosão Recuante está associada a grandes bacias de drenagem, esta
unidade pode se estender por amplas áreas e com recuos significativos, enquanto
que em outras oportunidades está limitada às frentes/escarpamentos de chapadões,
inclusive com presença de taludes de detritos.
Sobre a Superfície Regional de Aplainamento III A, Latrubesse (2005) destaca que
ocorre em uma faixa de direção SO-NE na porção central do Estado de Goiás e
borda noroeste da Bacia do Paraná, penetrando como reentrâncias erosivas dentro
da Superfície Regional de Aplainamento II, produzindo escarpas que atingem
várias centenas de metros de altura, ocupando uma área de 33.467 km² entre as
cotas de 550 a850 m.
A área de estudo está localizada segundo Latrubesse e Carvalho (2006) na
Superfície Regional de Aplainamento II A, onde esta superfície está bem
representada nas formações proterozóicas menos resistentes compostas por
ardósias, calcários, dolomitos, entre outras e se estende desde Nova Roma até
proximidades de Caldas Novas, ocupando uma área de 43.282 Km².
A superfície Regional de Aplainamento (SRA) II A localiza-se entre cotas de 900
a 1250 metros de altitude, sendo muito bem desenvolvida e em alguns setores bem
preservadas, tendo uma localização mais representativa no setor central de
Goiás, onde localiza-se a área de estudo e centro sul de Goiás.
A hipsometria revela que a área encontra-se em uma faixa de altitude de 845 a
912 metros. O relevo da região é bastante variado, onde por sua vez do lado
direito da erosão encontra-se altitudes de 999 a 1203 metros e do lado esquerdo
com altitudes inferiores, que variam de 791 a 845 metros.
A curvatura plana da região demonstra que onde encontram-se a concentração de
processos erosivos é uma área de relevo côncavo rodeado por áreas com relevo de
formas convexas. Assim, o relevo da região favorece surgimento de processos
erosivos, há concentração de fluxos nas áreas côncavas.
A análise da curvatura em perfil da região onde esta localizada a cabeceira da
erosão mostra que a mesma esta localizada em uma vertente côncava. Encostas
curtas convexo-côncavas, são características
morfológicas que propiciam a erosão dos solos.
Com essas características naturais e mudanças na cobertura do solo os processos
erosivos se intensificam.
Alguns aspectos geomorfológicos da fazenda Varjão.
Imagem de satélite (2013) e fotografias que demonstram concentração do fluxo e ocorrência de processos erosivos acelerados.
Conclusões
As erosões são resultado da interação de características naturais favoráveis a ocorrência das mesmas e de um uso do solo que não prioriza a conservação dos solos. A forma do relevo favorece o aparecimento de erosões devido à intensa ocorrência de vertentes com forma côncava, que favorece a concentração do fluxo do escoamento superficial em eventos de chuva. Esse fator somado as altas declividades, às características climáticas e a outros fatores. Devido a isso deve-se ter o cuidado para não deixar o solo exposto, o que seria uma medida interessante de contenção das erosões. Cabe ressaltar que esse problema apesar de ter influência direta do meio físico está muito relacionado também as formas de ocupação do solo, dessa forma é preciso repensar as atitudes humanas em relação ao meio físico para que se evite processos de degradação do solo.
Agradecimentos
À Universidade Estadual de Goiás.
Referências
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 3ª ed. São Paulo, EditoraEdgard Blucher, 1980.
INFANTI JÚNIOR, N. & FORNASARI FILHO, N. Processos da Dinâmica Superficial. In: OLIVEIRA, A. M. dos S. & BRITO, S. N. A. de (Org). Geologia de Engenharia. São Paulo: ABGE,1998, p. 101-152.
ROSS, J. L. S.; FIERZ, M. de S. M. Algumas técnicas de pesquisa em Geomorfologia. In: VENTURI, L. A. B. (org.) Praticando a Geografia: técnicas de campo e laboratório em Geografia e análise ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2005.
LATRUBESSE, E. e CARVALHO, T.M. 2006. Geomorfología do Estado de Goiás. Superintendencia de Geología e Mineracão do Estado de Goiás, 143p, Goiânia, Brasil.
NUNES, J. O. R. et al. A influência dos métodos científicos na Geografia Física. Terra Livre: Presidente Prudente. Ano 22, v.2, n. 27. p. 119-130. Jul-Dez/2006