Anais: Ensino de Geomorfologia, formação e profissionalização do Geomorfólogo

UTILIZAÇÃO DE MAPAS TÁTEIS COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA FÍSICA DO MARANHÃO

AUTORES
Garcês Júnior, A.R. (UFMA) ; Santos, I.P.F. (UFMA) ; Castro, J.S. (UFMA) ; Silva, J.S. (UFMA)

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo mostrar a experiências de construção de mapas táteis em oficinas realizadas na Universidade Federal do Maranhão com bolsistas do PIBID e alunos do C.E. Gonçalves Dias. Os principais resultados foram maior compreensão a partir da construção e visualização de mapas táteis relacionados ao clima, vegetação, relevo do Estado do Maranhão que foram oportunizados nas oficinas dentro dos espaços da universidade e posteriormente utilizados nas aulas de geografia na escola.

PALAVRAS CHAVES
Geografia; Didática; Mapas Táteis.

ABSTRACT
This paper aims to show the experience of constructing tactile maps in workshops held at the Universidade Federal do Maranhão with fellows of PIBID and students of CE Gonçalves Dias. The main results we more understanding from the construction and visualization of maps related to climate, vegetation, topography and areas of the state of Maranhão morphoclimatic that were made in the workshops and later used in geography lessons.

KEYWORDS
Geography; Didactic; Tactile Maps.

INTRODUÇÃO
O ensino e a aprendizagem dos conteúdos de geografia física são vistos por professores e estudantes como os conteúdos mais difíceis de ensinar e aprender, no entanto, nos cursos de licenciatura em geografia vem se desenvolvendo uma forma mais dinâmica e ilustrativa para facilitar o processo de ensino- aprendizagem destes conteúdos. Os mapas sempre foram utilizados como ferramenta didática em geografia, pois ilustra aquilo que o aluno vê nos conceitos e teorias, e faz com que o aluno tenha contato com realidade diferente da vivida por ele. Para Castrogiovanni e Costella (2007, p. 7), a leitura de um mundo cada vez mais globalizado, é fundamental a compreensão dos mapas. Os mapas são ferramentas importantes para a compreensão do mundo, sendo ainda mais relevante no entendimento do espaço físico, pois possibilita a compreensão do espaço em sua totalidade através de análises. Como afirma Santos (1992) “o espaço deve ser considerado como uma totalidade, entretanto, através de análises, deve ser possível dividi-lo em partes e reconstituí-lo depois para um maior entendimento do mesmo”. É de suma importância a inserção de metodologias de ensino que venham contribuir e facilitar o processo de ensino-aprendizagem em geografia, além de proporcionar aos alunos que ele seja não só o decodificador, mas o codificador, onde possa ser um construtor de mapas e melhor compreender o mundo através do espaço vivido (OLIVEIRA e LAHM, 2009). Este trabalho tem como objetivo apresentar as experiências de construção de mapas táteis em oficinas com bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, vinculado à CAPES, área de Geografia pela Universidade Federal do Maranhão e suas aplicações em uma escola pública de ensino básico.

MATERIAL E MÉTODOS
Utilizou-se neste trabalho a metodologia da pesquisa-ação, que para Thiollent (1988) “é um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo”. Primeiramente para realização das atividades de confecção dos mapas táteis foi necessário a utilização e definição dos moldes a serem utilizados, levando em consideração os elementos cartográficos, escala e conteúdo, já que determinados conteúdos necessitam de redução de escalas para que a informação seja dada com maior precisão. De posse dos moldes, foram iniciadas as oficinas com os bolsistas do PIBID que posteriormente desenvolveram a atividade de confecção no C.E. Gonçalves Dias, estabelecimento de ensino público do estado. Nas oficinas foram feitas atividades de colagem e elaboração variadas de mapas táteis, sempre levando em consideração a utilização de materiais de fácil aquisição, que não apresentassem poluição visual e também pudessem ser utilizados nas aulas de geografia atendendo a todos os alunos, principalmente aqueles com necessidades especiais. Na etapa das oficinas foram confeccionados diversos tipos de mapas táteis utilizando-se de variados materiais, como: isopor, massa acrílica, papéis com texturas e cores diferentes, cola, tesoura, tinta guache, pincel, E.V.A. tinta de alto relevo, lápis de cor e régua. As temáticas foram: domínios morfoclimáticos do Brasil e Maranhão, clima e relevo do Maranhão, dentre outros. A última etapa ocorreu na escola C.E. Gonçalves Dias junto ao acompanhamento das aulas de geografia abordando os aspectos físicos do Estado do Maranhão. Os alunos foram distribuídos por equipe para a confecção dos mapas e por fim apresentados e expostos em sala.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cartografia tátil é uma ramificação da cartografia (LOCH, 2008) e é responsável pela elaboração de mapas para o ensino de geografia para deficientes visuais, porém, também se apresenta como um eficiente instrumento para o ensino de alunos sem deficiência ou que não se declara com alguma necessidade especial. Para Loch (2006, p.33), os mapas são veículos de transmissão do conhecimento que pode ser o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma que 'cada mapa tem seu autor, uma questão e um tema, mesmo os mapas de referência geral, os topográficos ou os cadastrais'. Sendo assim, na aprendizagem em geografia, sobretudo no que tange o ensino de conteúdos da área física, a utilização e confecção de mapas permite ao aluno uma melhor percepção do espaço e entendimento da dinâmica econômica, distribuição populacional, dentre outros. A construção dos mapas pelo aluno se mostra satisfatório no processo de ensino-aprendizagem, pois o mesmo é responsável pela elaboração passando a ser um agente importante na construção do conhecimento. O desenvolvimento de atividades didáticas que envolvam a cartografia tátil e o ensino geografia física proporciona várias contribuições para o processo de ensino-aprendizagem, como pode ser observado na construção de mapas de geografia fisica do Maranhão com bolsistas do PIBID – geografia e posteriormente com alunos do C.E. Gonçalves Dias. Como resultado, a construção dos mapas proporcionou mais do que conhecimentos, oportunizou novas leituras do espaço e aproximação dos alunos numa relação social que, sentados separados, cada um em sua carteira construíram os mapas orientados pelos bolsistas do PIBID que anteriormente já haviam participado de oficinas de confecção de mapas táteis (FIGURA 1). Os mapas foram elaborados obedecendo critérios de elaboração levando em consideração elementos como textura e cores, de forma a facilitar a compreensão na leitura do mapa e que possibilitasse a utilização, também, no ensino com alunos deficientes visuais (FIGURA 2). As atividades de confecção de mapas despertaram nos alunos o interesse pelos conteúdos, percebido pelo entusiasmo e empenho durante as atividades. É notável que todas as atividades que estejam voltadas para melhorar o ensino-aprendizagem em geografia são válidas, sobretudo quando aluno torna-se um agente participante na construção do saber, do seu saber, trazendo consigo suas experiências.

Figura 1: Mapa tátil de vegetação .

Fonte: GARCÊS JÚNIOR, Audivan Ribeiro, novembro de 2011.

Figura 2: Confecção de mapa de relevo do Maranhão.

Fonte: GARCÊS JÚNIOR, Audivan Ribeiro, novembro de 2011.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento de atividades que mobilizem a turma e que dinamizem o ensino de geografia garante resultados satisfatórios em sua conclusão. Portanto, a inserção da cartografia tátil na escola de ensino básico e nos cursos de licenciatura em geografia mostra-se como um importante instrumento didático. No que tange o ensino de geografia física do Maranhão, a confecção dos mapas é um dos meios que possibilita acesso às informações sobre a geografia do Estado, pois são escassos livros didáticos que ilustram os aspectos naturais do Estado do Maranhão dificultando ainda mais o entendimento da dinâmica do espaço maranhense. É salutar iniciativas que contribuam para o ensino de geografia física do Maranhão de forma a tornar o conteúdo perceptível pelos alunos e torna-lo participante na construção do saber geográfico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
CASTROGIOVANNI, A. C.; COSTELLA, R. Z. Brincar e cartografar com os diferentes mundos geográficos: a alfabetização espacial. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.

LOCH, R. E. N. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais. Florianópolis. UFSC, 2006.

LOCH, R. E. N. Cartografia tátil: mapas para deficiente visuais. Portal da cartografia, v. 1., n. 1., 2008, Londrina – PR. Disponível em: <http://wwww.uel.br/revistas/uuel/index.php/portalcartografia>. Acesso em maio 2012.

OLIVEIRA, C. G de; LAHM, R. A. Utilização De Modelos Táteis no Ensino de Geografia. In: Encontro Nacional de Práticas de Ensino em Geografia, 10, Porto Alegre; Anais...Porto Alegre: ENPEG, 2009, p. 02.

SANTOS, M. Espaço e Método. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1992.

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 4. Ed. São Paulo: Cortez, 1988.