Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE RAPOSA ATRAVES DE ANÁLISE ESPACIAL E TÉCNICA DE SENSORIAMENTO REMOTO.
AUTORES
Vale, M.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Gomes, A.F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Soares, J.C.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Farias Filho, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)
RESUMO
Este trabalho procura indicar e analisar as principais feições ambientais de
caráter costeiros existentes no município de Raposa, região metropolitana de São
Luis, situado na Ilha do Maranhão. Fundamentou-se nos métodos dedutivo e indutivo,
usando processamento de imagens LANDSAT TM 5, datada de 2008, onde identificou-se
que as áreas dos mangue e as restingas são as porções de maiores riscos ambientais
e que as ações antrópicas são as principais responsáveis pelos impactos nestes
ecossistemas.
PALAVRAS CHAVES
Sensoriamento Remoto; Características Ambientai; Raposa
ABSTRACT
This work seeks to show the main features and analyze environmental character
existing in the coastal town of Raposa, the metropolitan region of São Luis,
situated on the Maranhão Island. Was based on deductive and inductive methods,
using image processing LANDSAT TM 5, dated 2008, where it was identified that the
areas of mangroves and salt marshes are the largest portions of environmental
risks and that human activities are the main responsible for impacts on these
ecosystems.
KEYWORDS
Remote Sensing; Environmental Features; Raposa
INTRODUÇÃO
A configuração e dinâmica das áreas costeiras estão diretamente ligadas aos
agentes ambientais que atuam diretamente e em conjunto e configuram um arcabouço
de paisagens. Nessa perspectiva, estas áreas consideradas naturalmente frágeis
estão diretamente associadas ao antropismo, que pela apropriação desordenada
causam impactos nos ecossistemas costeiros.
As áreas costeiras e litorâneas por se encontrar na interface hidrosfera,
atmosfera e biosfera são regidos por agentes oceanográficos, geoecológicos e
atmosféricos que vão atribuir às mesmas um leque de unidades de paisagem, desde
praias, mangues, dunas, restingas entre outras.
O litoral maranhense de acordo com Maranhão (2000) possui aproximadamente 640 km
de extensão configurando-se como o 2º maior do país. Estende-se desde a foz do
rio Gurupi na divisa do Maranhão com o estado do Pará ate a foz do rio Parnaíba
na divisa do Maranhão com o estado do Piauí (Feitosa e Trovão, 2006). Nesse
contexto observa-se o município de Raposa, este tem suas propriedades ambientais
regidas pelos agentes oceanográficos, eólicos e terrestres, que lhe conferem uma
diversidade de unidades de paisagem.
Para tanto se destacam a utilização de metodologias voltadas a acompanhar e
melhor entender as características ambientais destas áreas através de análises
de imagens orbitais, identificando e elencando as principais feições ambientais,
áreas de risco e áreas impactadas pela ação antrópica nestes ecossistemas
costeiros.
Portanto este trabalho se faz de fundamental importância no que tange o melhor
entendimento dos aspectos ambientais destas áreas em seus diferentes
indicativos, como situação de risco e ainda os impactos nos ecossistemas locais
causados pelas ações humanas, tendo em vista a utilização desses dados como
subsídio em outrora, ajudando em novas pesquisas e intervenções tais como planos
de manejo para a conservação do meio ambiente local a partir de estratégias
voltadas para ações mitigadoras dos problemas existentes.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa se fundamentou no método dedutivo e indutivo que apoiou o trabalho de
campo e a revisão bibliográfica, referente a levantamentos e busca de
informações dos processos naturais e humanos atuantes no local, uso do solo e
impactos ambientais.
Os Sistemas de Informação Geográfica são amplamente utilizados para auxiliar na
modelagem de sistemas ambientais, facilitando análises do meio em diversas
escalas, e propiciando espacialização computacional do mundo real. Como a
espacialidade é característica inerente aos sistemas ambientais, obviamente
ressalta a significância dos sistemas de informação geográfica para os
procedimentos da modelagem (Christofoletti, 1999).
Ao analisar as características ambientais do município de Raposa, também se
buscou integrar a ação humana a partir do processo de ocupação das áreas, para
isso foi feito primeiramente um minucioso levantamento bibliográfico e
cartográfico referente à localização e aos ecossistemas encontrados na área.
Aquisição de imagens de satélites referentes ao ano de 2008 para observação e
analises das propriedades ambientais locais através de softwares de
processamento de dados de sensoriamento remoto.
O aplicativo SPRING, ferramenta utilizada para a geração dos mapas na escala de
1: 50.000, este da imagem LANDSAT TM 5 de 2008, na resolução de 30 metros,
restaurada para 5 metros e formulação de mapa temático.
Buscou-se também a utilização do sensoriamento remoto como ferramenta de analise
espacial. O sensoriamento remoto permite identificar características de
diferentes materiais superficiais. Isto porque estes materiais comportam-se de
modo diverso nos vários comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Por
isso, o conhecimento do comportamento espectral dos alvos é importante no
aprimoramento do uso dos dados coletados remotamente, visto que o sinal
registrado por um sensor depende das características espectrais da superfície
observada (Crósta, 1992, Ponzoni e Disperati, 1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo ocupa o extremo nordeste da Ilha do Maranhão, envolvida pelas
coordenadas Lat. 2º24' e 2º 28' S e Long. 44º01' e 44º06' W, apresentando uma
superfície de 64,0 Km² de área. Possui uma população é de 26.327 habitantes
(IBGE, 2010). Atualmente, apresenta como base econômica a indústria artesanal de
confecções, microempresas de prestação de serviços e, principalmente, a pesca.
Os ambientes da área são regidos pela ação marinha através das correntes de
ondas e marés. De acordo com Feitosa (1996) estas áreas são regidas por marés de
baixa energia, ocorre o acumulo de sedimentos e material orgânico que
proporciona a produção de um ecossistema de manguezal.
Geologicamente a área esta associada às formações Itapecuru, Barreiras e
Sedimentos Recentes (MOURA, 2006), de acordo com Feitosa (1996) apud Rangel
(2000) existe uma predominância de sedimentos quaternários, compostos por
clásticos de granulométrica proporcionalmente homogênea, sendo recorrentes os
ecossistemas de praias, dunas, mangues, vasas e solos lateríticos.
A fisiografia costeira da região compõe-se de extensas baixadas litorâneas com
formações de praias arenosas, dunas móveis, paleodunas, manguezais, marismas e
depósitos de vasas modelados por uma extensa rede de canais, normalmente
preenchidos pela preamar (Feitosa, 1998). O ecossistema de mangues compõe-se de
grandes áreas com diferentes níveis de maturação e de espécies vegetais.
As feições geomorfológicas observadas no município de Raposa são classificadas
como relevo sedimentar, onde se destacam: as praias, mangues, planícies de maré,
dunas e ilhas.
As características ambientais do município de Raposa estão diretamente
relacionadas com a ação dos agentes ambientais e humanos que atuam na área,
nesta perspectiva destaca-se: mangues, praias, dunas, e áreas urbanas.
Devido ao crescimento populacional local e o crescente avanço da urbanização no
município, assim como na capital e nos outros municípios da zona metropolitana
de São Luis, e também pela entrada de técnicas portuárias, criação de técnicas
de contenção de maré que vem alterando a dinâmica dos processos erosivos na
área. Estas áreas confundem-se com solo exposto visto que ambos apresentaram uma
tonalidade de coloração próxima ao vermelho.
Ao formular um mapa no aplicativo SCARTA, observou-se a criação de cinco setores
com uma menor representatividade, evidenciando no município a maior parte ainda
é recoberta por vegetação composta por manguezais, cerca de 60% da área. A
partir da análise destes setores observou-se ainda que este seja o ecossistema
que mais sofre impacto das ações humana, também em função do intenso avanço
urbano no município e retirada dessa vegetação, configurando assim uma área de
grande fragilidade ambiental.
Nota-se ainda na porção Leste e Norte do município áreas de dunas móveis e
praias, em amarelo no mapa. Na faixa de dunas migratórias há pouca influencia
das ações antrópicas, são os fatores eólicos que influenciam diretamente na
configuração da feição, entretanto, ambientalmente considera-se como um ambiente
de grande fragilidade. Por conseguinte observou-se que há uma área de solos
expostos em paleodunas a Nordeste do município caracterizando-se potencialmente
como área de risco a processos erosivos, assim como em espaços localizados mais
ao Norte, e uma pequena faixa ao Sul, onde ora havia vegetação de mangue,
destacado no mapa pela cor laranja.
Ainda podem-se notar setores de moderada fragilidade em restigas e mangues
destacados na cor rosa, e os setores da porção urbana em magenta que ocupa uma
área considerável do município, com crescente avanço a Oeste na cor marrom,
influenciado pelo crescimento populacional.
Estão expostos ainda no mesmo mapa os setores com elevado grau de degradação
ambiental, estes relacionados à urbanização, apropriação do solo e da retirada
da vegetação de restigas e de mangue destacados com os círculos em amarelo.
Mapa Temático Ambiental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avaliou-se que a inserção das técnicas de sensoriamento remoto como método na
análise das características ambientais foi de ótimo uso, pois esta a partir de
procedimentos de realce e melhoramento da qualidade da imagem orbital auxiliaram
amplamente na identificação dessas características na perspectiva de análise
proposta.
As características ambientais de Raposa estão diretamente associadas aos agentes
naturais e humanos, embora se conclua que a influência antrópica sobre meio
ambiente local seja mais intensa, uma vez que o avanço urbano, impulsionado pelo
crescente indice pupulacional, e uso e ocupação desordenado, onde vastas faixas de
vegetação, principalmente de mangue, são devastadas gerando dentre outros
problemas ambientais sérios como em áreas suscetíveis à erosão. Contudo cabe
salientar a necessidade de uma maior preocupação com estas áreas por se tratar de
um ambiente naturalmente muito frágil e atualmente com forte alteração das
características físicas pela ação humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1999. 236 p
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