Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico
ANÁLISE DO USO DA TERRA E SUSCETIBILIDADE A EROSÃO LAMINAR EM BACIA HIDROGRÁFICA NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL
AUTORES
Nascimento, F.I.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE) ; Lira, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE) ; Galvão, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE) ; Arcos, F.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE)
RESUMO
Através do uso de geotecnologias, foi possível construir cenários de
suscetibilidade a erosão na Bacia do Igarapé Judia - Acre. Vimos que quase 65% da
área total da bacia é ocupada por pastagem, esta por sua vez, encontram-se em
áreas identificadas como de pouco a não susceptíveis e em áreas pouco susceptíveis
a erosão. A área urbana, 18,7 % da área da bacia, está localizada em áreas
consideradas pouco susceptíveis e extremamente susceptíveis, evidenciando o alto
risco de erosão desta classe.
PALAVRAS CHAVES
Bacia Hidrográfica; Uso da Terra; Erosão Laminar
ABSTRACT
Through the use of geotechnology, it was possible to construct scenarios
susceptibility to erosion in the Basin Igarapé Judia - Acre. We have seen that
almost 65% of the total area of the basin is occupied by grazing, this in turn,
are in some areas identified as non-susceptible and in areas slightly susceptible
to erosion. The urban area, 18.7% of the basin area, is located in areas
considered unlikely and extremely likely, highlighting the high risk of erosion of
this class.
KEYWORDS
Watershed; Land Use; Erosion Laminar
INTRODUÇÃO
Bertoni (2008) afirma que, a ingerência gerada pela má utilização das terras e a
perca da fertilidade natural do solo e, o aumento dos processos erosivos, tem
sido um fator decisivo para o surgimento e o desaparecimento das antigas
civilizações. O solo, neste caso, é um recurso natural muito frágil, fácil de
ser degradado e difícil de ser recuperado. Guerra (2009) ainda afirma que
algumas vezes o solo é espesso, e outras vezes, pode ser reduzido a uma delgada
película ou mesmo deixar de existir.
É visto que alguns pontos tornam-se cada vez mais explícitos, e necessários
quanto ao seu estudo e análise. Dentre eles, com grande relevância, surge a
necessidade de metodologias que forneçam subsídios para o planejamento e tomada
de decisões mais precisas, adequadas e ágeis, porém, com visão mais efetiva
quanto à incorporação do componente ambiental, no processo de produção do
espaço.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi de elaborar com a ajuda
das geotecnologias, cenários de susceptibilidade a erosão na bacia do Igarapé
Judia avaliando também o uso da terra nestas áreas, tomando como base os dados
de uso da terra do ano de 2010, possibilitando um indicativo de ordenamento do
uso da terra de acordo com os riscos de suscetibilidade a erosão.
MATERIAL E MÉTODOS
A nascente principal do Igarapé Judia está localizada entre as coordenadas
10º9’14” S e 67º44’14” W (na altitude de 220 metros) e sua desembocadura entre
as coordenadas de 9º58’24” S e 67º47’30” W (na altitude de 130 metros). Está
localizada entre os municípios de Senador Guiomard e Rio Branco, tendo uma área
de aproximadamente 12.310 km².
A elaboração do presente trabalho se deu coma utilização de software de
geoprocessamento, que conforme Duzi (2007) possibilita trabalhar de forma ampla
numa área, fornecendo informações atualizadas e complexas, importante para um
trabalho de análise do meio ambiente.
Os softwares utilizados foram o Spring 5.1.8 (desenvolvido pelo INPE) para a
classificação de uso da terra e o software ArcGis 10, desenvolvido pela ESRI
(Environmental Systems Research Institute) para a elaboração do mapa de
suscetibilidade a erosão, através das extensões ArcMap e ArcToolbox, além da
utilização de produtos de sensoriamento remoto como imagens FORMOSAT (operado
pela Organização Espacial Nacional NSPO de Taiwan) com resolução de 2 metros e
LANDSAT com resolução de 30 metros nas bandas 5 R 4 B e 3 G.
O mapa de suscetibilidade, assim com a quantificação do uso da terra foi
elaborado no software ArcGis 10. Segundo Xavier (2010) o mapa de suscetibilidade
a erosão é elaborado partir dos mapas de erodibilidade das terras e do mapa de
declividade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 podemos visualizar a quantificação do uso e ocupação da terra na
Bacia Hidrográfica do Igarapé Judia no ano de 2010.
É visto que a classe de uso pastagem que corresponde a 78,2 % do setor 1, 78, 1
% do setor 2 e 25 % do setor 3 está localizada em grande parte nas áreas pouco a
não-susceptíveis e pouco susceptíveis. A classe de ocupação floresta, por sua
vez, ocupando 6,4 %, 8,2% e 8,7 dos setores 1,2 e 3 ocupam áreas consideradas
muito susceptíveis. A classe de uso Propriedades rurais que corresponde a 5,9
%, 10,5 % e 0,03 % dos setores 1, 2 e 3, tendo um total de 6% de ocupação na
bacia, está localizada nas áreas consideradas pouco susceptíveis e muito
susceptíveis nas áreas próximas aos cursos d’água.
Com relação a classe de uso e ocupação Área Urbana, que possui um percentual de
uso e ocupação de 6,7 %, e 63, 9 % nos setores 1 e 3, tendo um total de 18,7 na
bacia hidrográfica, podemos afirmar que está classe está localizada nas áreas
consideradas como pouco susceptíveis e extremamente susceptíveis. Os corpos
d’água naturais que corresponde a pouco mais de 2,4 % do total de ocupação da
bacia hidrográfica está localizada nas áreas consideradas como muito
susceptíveis e moderadamente susceptíveis. Já a classe de ocupação corpos d’água
artificiais que representa pouco mais de 0,4 % da classe de ocupação está
localizada nas áreas muito susceptíveis (figura 1).
Tabela 1 – Uso da terra nos setores 1, 2 e 3 da bacia do Igarapé Judia
Figura 1 – Suscetibilidade a erosão na bacia do Igarapé Judia – Acre -
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos afirmar que o uso de geotecnologias é muito importante na tomada de
decisões quanto ao uso das terras e sua localização na bacia. Sendo possível
diagnosticar se uma determinada classe de uso de acordo com a aptidão da área e
com os risco que está área possui a erosão laminar.
É possível afirmar que 64,9 % da bacia, que está sendo ocupada por
pastagem está localizada em áreas pouco a não susceptíveis e em áreas pouco
susceptíveis, não representando assim um risco iminente de erosão do tipo laminar
nestas áreas, enquanto que a classe de ocupação área urbana que representa 18, 7 %
da área da bacia está localizadas em áreas consideradas pouco susceptíveis e
extremamente susceptíveis a erosão, sendo por tanto, um indicador em potencial dos
ricos que este uso representa para erosão nestas áreas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
BERTONI, José; NETO, Francisco Lombardi. Conservação do solo. 6 ed. São Paulo: Ícone, 2008. p.17 – 26.
DUSI, Luciane. Conflitos de uso do solo na gestão ambiental de bacias Hidrográficas – BH URUBICI. 2007. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, da Universidade Federal de Santa Catarina) Florianópolis 2007
GUERRA, Antônio Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 7 ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p.583
XAVIER, F. V. et al. Análise da Suscetibilidade à Erosão Laminar na Bacia do Rio Manso, Chapada dos Guimarães, MT, Utilizando Sistemas de Informações Geográficas. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.11, n.2, p.51-60, 2010.