Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico
PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGEM ORBITAL NO MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA REGIÃO DA SUB BACIA DOS RIOS MACURURÉ E CURAÇÁ
AUTORES
Souza, D. (UFBA) ; Melo, D. (UFBA) ; Silva, I. (UFBA)
RESUMO
Este trabalho aborda as questões relacionadas ao mapeamento geomorfológico,
empregando imagens de sensoriamento remoto, com o objetivo de apresentar algumas
técnicas de processamento digital de imagens, como as operações artiméticas
multiplicação, adição e subtração) e análise por componentes principais. Todavia,
para transformar as informações morfográficas num documento cartográfico, foi
necessário rebuscar as discussões que envolvem a sistematização cartográfica
geomorfológica.
PALAVRAS CHAVES
Mapeamento geomorfológico; Sensoriamento remoto; Sub bacia
ABSTRACT
This work shows the questions about the geomorphological mapping using remote
sensing images, with the objective to shows some techniques of digital image
processing, like the arithmetic’s operations (multiplication, addition and
subtraction) and the analysis by principals components. However, to transform the
information’s about the description of the relief in a cartographic document, it
was necessary fetch the discussions involving the systematic geomorphological
mapping.
KEYWORDS
geomorphological mapping; remote sensing; watershed
INTRODUÇÃO
Para compreender como os sistemas terrestres funcionam, primeiramente, o homem
estuda seus componentes separadamente (hidrosfera, atmosfera, biosfera e
litosfera) para depois analisar as suas relações e dinâmica. Desta interação,
sintetizada pelas atividades tectogenéticas e mecanismos morfoclimáticos somado
as forças antagônicas (forças endógenas e forças exôgenas), tem-se como
resultado o relevo (Casseti, 1990). E por mais que possam parecer estáticas e
iguais, na realidade são enérgicas e se manifestam ao longo do tempo e do espaço
de modo diferenciado (Ross, 2000).
Essa complexidade reflete no momento de representar tal realidade que, segundo
Ross (1992), a sua representação pode ser considerada relativamente abstrata.
Ross (1992) caracteriza esta morfoestrutura em níveis de conhecimento,
ordenando-os em 6 taxons, baseado nos conceitos de meteorização (CASSETI, 1990).
Com base nisto, Ross e Del Prette (1998), Cunha e Guerra (2000) utilizam a
delimitações de Bacias Hidrográficas para dimensionar seus estudos
geomorfológicos, pois esta se constitui numa unidade fisiográfica, limitada por
divisores topográficos. Com base nesta premissas foi selecionada uma região
situada entre a foz da sub-bacia hidrográfica do rio Macururé e a foz do rio
Curaçá, no estado da Bahia, para caracterização morfográfica por meio de imagens
orbitais. Este trabalho visa prestar uma contribuição aos interessados nos
estudos da geomorfologia.
Segundo o programa de monitoria de recursos hídricos do Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA (2012) a área de estudo compreende a região
de planejamento e gestão das águas XVI – Rios Macururé e Curaçá, é uma divisão
territorial da bacia do São Francisco devido a sua extensão territorial para o
planejamento e monitoria, sendo assim foram criados 8 RPGAs – Regiões de
Planejamento e Gestão das Águas, pode-se então chamar essa região de estudo de
sub bacia. (INEMA, 2012).
MATERIAL E MÉTODOS
A Base de Dados foi composta por 8 Cartas Topográficas na escala 1:250.000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012). A imagem de sensoriamento remoto utilizada foi do satélite Landsat 7, adquiridas do da página da internet do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE (2012). Para cobrir toda a área de estudos foram utilizas 4 imagens, cuja orbita/ponto foram 216/066, 216/067, 217/066 e 217/067, todas de janeiro de 2003.
Com apoio nos trabalhos de Melo (2002), Salinero (2008) e Vargas e Melo (2011) foram efetuadas os processos de georreferenciamento das cartas topográficas e das imagens. Para tanto, foi utilizado o aplicativo ArcGIS 10. A referencia espacial utilizada para o georreferenciamento das cartas são as informações cartográficas contidas na própria carta, sendo elas as Coordenadas Geográficas e o Datum Horizontal (Córrego Alegre). Com relação à exatidão cartográfica, seguiu as recomendações do IBGE (2003).
A correção radiométrica foi efetuada para minimizar os efeitos da atmosfera e da geomorfologia (GUPTA, 1991; MELO, 2002). Em seguida foi efetuada a etapa de mosaico controlado (IBGE, 1998). A partir desta etapa foi utilizado o aplicativo ERDAS 2011.
Com base nos trabalhos de Jensen (1986), Melo (2002) e Vargas e Melo (2011), foi extraída a característica estatística das bandas e o cálculo de índice ótimo apresentado nos trabalhos de Chavez et al (1982) e Vargas e Melo (2011), com o intuito de escalonar as melhores composições coloridas. Para as técnicas de extração de informação temática serão utilizadas a álgebra de mapas, de acordo com Florenzano et al. (2001), IBGE (2001) e também a análise por componentes principais (FLORENZANO, 2008; SALINERO, 2008).
A caracterização morfológica da imagem foi realizada por meio da interpretação visual dos resultados, de acordo com IBGE (1995, 2009), para a geração de uma carta morfográfica (ROSS, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo compreende a sub bacia dos Rios Macururé e Curaçá que são
afluentes da bacia do Rio São Francisco, abrange os municípios: Curaçá,
Juazeiro, Jeremoabo, Jaguarari, Campo Formoso e Abaré. O clima é típico árido e
semi árido com duas estações bem definida inverno e verão, possui índices
pluviométricos baixos, com média anual de 400 a 500 mm ao ano. O bioma
predominante é Caatinga com vegetação espessa (SEI, 2012). Os municípios de
Campo Formoso, Jaguarari, Jeremoabo possuem a geomorfologia mais diversificada
com presença de blocos planálticos setentrionais, chapada do Raso da Catarina,
Tabuleiros dissecados do Vaza-Barris, tabuleiros do Itapicuru. Os municípios
Juazeiro, Curaçá, Abaré possuem a geomorfologia mais homogênea com presença de
pediplano sertanejo, várzeas e terraços aluviais (SEI, 1997)
As cartas topográficas, bem como as imagens tiveram um erros aproximadamente de
0,60 m, estando em consonância com as normativas do IBGE (2003).
Com o intuito de efetuar uma comparação entre as diversas operações foi
utilizado o ajuste por desvio padrão no histograma dos tripletes para melhorar o
contraste entre as feições.
De acordo com a estatística e o IOF da imagem, as bandas que apresentaram
maiores informações foram as bandas 1, 3, 5 e 7. Com destaque para a banda 5 que
aparece nas quatro primeiras composições coloridas. Assim, para a aplicação de
álgebra das bandas, selecionou-se o conjunto de dados referentes às bandas 1, 3
e 7 para serem multiplicadas, adicionadas e subtraídas pela banda 5.
A figura 1 mostra toda a área de estudo, na composições coloridas cor real, com
a banda 1 no canal azul (B), a banda 2 no canal verde (G) e a banda 3 no canal
vermelho (R). Para melhor ilustrar as informações contidas nas composições
coloridas, foram extraídas apenas alguns trechos com informações significativas.
A composição colorida resultante da operação de adição nas bandas 1+5(B), 3+5(G)
e 7+5(R) realçou os domínios morfoestruturais, como os alinhamentos na direção
N-S, controle da drenagem principal e as feições do relevo dobrado.
A composição colorida da operação de multiplicação 1X5(B), 3X5(G) e 7X5(B),
destacou os canais de drenagem e lineamentos na direção N-SO e a presença de
terraços fluviais no canal principal. Destaque também para diferenciação
litológica no centro da imagem e para a borda de estrutura elevada e
interiormente erodida, de forma circular na região NE.
A composição colorida da operação subtração 1-5(R), 3-5 (G) e 7-5(B) destacou
uma área de terraços fluviais na região centro sul da imagem, e também alguns
lineamentos interessantes na direção N-SO e NO-SO, com um ondulação na direção
O, além de linhas de cumeada.
A composição colorida com a principal componentes PC1(R), PC4(G) e PC5 (B) teve
um realce nos canais de drenagem na direção N-SE e para o lineamento na direção
NE-SE, com ondulação na direção E e na direção O- SE.
Figura 01
Composição colorida da área de estudo e os resultado das operações aritméticas e principais componentes num trecho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas composições coloridas das operações aritméticas, observaram-se, de maneira geral, o realce do relevo e de feições morfoestruturais e morfoesculturais, como lineamentos, drenagem e contatos, o que corrobora com resultados obtidos anteriormente. Além disto, verificou-se também a riqueza de informações litológicas realçadas na imagem. Pelos resultados obtidos conclui-se que todas as técnicas empregadas auxiliam na identificação das feições morfográficas e condicionantes hidrogeologicas.
Finalmente, o que se deseja com este arcabouço que ora se oferece é que este, possa abrir novas perspectivas para iniciativas semelhantes como no tratamento de imagem de sensoriamento remoto contribuindo para aperfeiçoamento e o uso cada vez mais das geotecnologias no campo da geomorfologia, hidrogeologia e no mapeamento de áreas degradas.
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