Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO PARA O MAPEAMENTO USO DO SOLO DA SAFRA VERÃO 2011/2012 DO DISTRITO DE MARAVILHA
AUTORES
Rossi Cervi, W. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA)
RESUMO
Existe uma grande dificuldade na obtenção de dados espacializados sobre áreas
longe da expansão urbana. Nesse contexto, gerou-se um mapa de uso e ocupação do
solo do Distrito de Maravilha, localizada no município de Londrina-PR. Utilizou-se
para este trabalho imagens de satélite para o reconhecimento da ocupação da área e
estudos em campo para aquisição de dados atuais sobre a safra verão 2011/2012. Os
seus resultados visam à consolidação do sistema como uma ferramenta para toda
sociedade.
PALAVRAS CHAVES
Mapa de Uso do Solo; Banco de Dados; Imagens de Satélite
ABSTRACT
There is great difficulty in obtaining spatial information on areas away from
urban expansion. In this context, was generated a Land Cover Map from Maravilha
District, at Londrina-PR. Was used for this study satellite images for the
recognition of the occupation of the area, and field works to summer crops
2011/2012 data’s acquisition. The results achieved, aim to consolidate the system
as an important tool for whole society.
KEYWORDS
Land Cover Map; Database; Satellite Images
INTRODUÇÃO
A aquisição de informações sobre as características biofísicas de áreas que
ocupam lugar de destaque no papel econômico de um município é uma importante
ferramenta a cerca do ordenamento, planejamento e gestão territorial (ALMEIDA
et. al., 2011). Estas informações quando espacializadas se tornam interativas
aos olhos do poder público, já que facilita o monitoramento de áreas distantes,
de difícil acesso, conservação dos recursos naturais, bem como auxiliam na
denuncia sobre irregularidades legislativas e fiscais.
O presente estudo retrata os primeiros resultados sobre o mapeamento do
uso e ocupação do solo do Distrito de Maravilha, situado no município de
Londrina-PR. O qual fornecerá subsídios para uma análise macro, envolvendo todo
o município, além de outras áreas mapeadas. Esta é a segunda fase do mapeamento
dos distritos de Londrina (Distrito de São Luiz foi o primeiro distrito
mapeado), que engloba não só o mapeamento de uso da terra, mas também de toda a
malha fundiária distrital, com base em documentos imobiliários cadastrais.
O projeto é realizado pela parceria entre a Universidade Estadual de
Londrina (UEL), o qual dispõe de todo o material técnico para realização dos
mapeamentos e cálculos de área. E a Secretaria Municipal de Agricultura e
Abastecimento (SMAA), a qual fornece suporte logístico para incursões e coleta
de dados in loco.
Como objetivos, buscou-se a construção de um banco de dados referentes às
classes de uso do solo analisadas na safra verão 2011/2012 e suas respectivas
áreas, a partir de imagens de satélite de alta resolução. Contudo o trabalho
baseia-se na integração de três estratégias principais: a) aquisição dos
materiais; b)criação do banco de dados cadastrais; c)criação dos polígonos
referentes ao uso do solo.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo se localiza na porção leste do município de Londrina,
englobando uma área de aproximadamente 12,5 ha. Possui em sua maioria áreas
rurais, com uma pequena malha urbana que representa apenas 25% da população
total do distrito. E é caracterizada por grandes estabelecimentos
rurais(LONDRINA, 2000). Este local apresenta-se com muitas variações entre os
tipos de uso do solo, nesse contexto utilizou-se uma classificação manual, já
que a classificação automática não oferece um bom desempenho na discriminação de
áreas com assinaturas espectrais semelhantes.
Foram adquiridas gratuitamente, junto à Secretaria de Desenvolvimento
Urbano/PARANACIDADE um total de 10 cenas (5100x5545 pixels) de imagens
ortorretificadas SPOT-5 (Satellite Pour l'Observation de la Terre) para o ano de
2005, cobrindo todo o município. As imagens possuem uma resolução espacial de 5
metros, consideradas de alta resolução em se tratando de grandes áreas
agrícolas. Os arquivos TIF dessas imagens foram abertos na plataforma
computacional ESRI ARCGIS 9.3, bem como todos os processos realizados nesse
trabalho.
O banco de dados cadastral foi criado para armazenar as informações referentes
ao tipo de uso do solo, em formato databasefile. De maneira incial, o seu
preenchimento ocorreu não determinando diretamente o tipo de cultura, as
informações variavam em apenas três classes de uso: áreas passíveis de uso
agrícola (rugosidade baixa); áreas de pastagens (rugosidade média); áreas de
matas (rugosidade alta). Isso se deve a baixa confiança inicial nas imagens, por
se tratarem de 2005.
A partir da integração das etapas anteriores foram criados os vetores poligonais
em shapefile para determinar os talhões do uso do solo. Inicialmente, devido à
baixa quantidade de informações foram criados aproximadamente apenas 400
polígonos que variavam entre as três classes de uso inseridas no banco de dados.
Todos os processos mencionados foram trabalhados no sistema geodésico SAD69.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os primeiros resultados surgem na avaliação qualitativa da integração das três
primeiras etapas. Nesse contexto, utilizou-se imagens GeoEye, provenientes do
software gratuito googlearth para o refinamento da informação e para a definição
da safra verão (varia entre milho e soja nessa região) fez-se as coletas em
campo.
A utilização das imagens GeoEye significou um avanço considerável para o estudo.
Além de se tratar de uma imagem de altíssima resolução (resolução espacial de 41
cm a 1,65m) (RUDORFF et.al., 2009), a data de passagem do satélite pela área que
foi disponibilizada pelo software é bem recente (30 de setembro de 2011 - final
da safra de inverno de 2011). Com isso foi possível ter uma ideia da localização
das áreas agricultáveis, bem como criar outras classes de uso do solo, a partir
da diferenciação, por exemplo: entre cultura de laranja e café; pastagens e
matas em recuperação (matas secundárias); matas e florestas de eucalipto. E
também maior nitidez na visualização de olericulturas e outros estabelecimentos
(sedes, granjas, entre outros).
A readequação feita nos polígonos através somente de critérios comparativos
entre as duas imagens, foi realizado inteiramente no Laboratório de
Geoprocessamento da UEL. Porém em relação às culturas anuais e áreas de
pastagens com vegetação baixa ainda geraram dúvidas, devido não só a semelhança
entre as palhadas em algumas áreas, mas principalmente em virtude rapidez com
que se mesclam diferentes usos do solo. Cabe ressaltar que em determinadas áreas
com declives maiores, há a presença de um sobreamento gerado por algumas
encostas, o qual gera dificuldade na determinação do uso da área. A partir da
geração dessas dúvidas, realizaram-se incursões a campo para observar as
características da paisagem, validar os polígonos já cadastrados e solucionar as
dúvidas.
Os resultados em relação ao Distrito de São Luiz, o qual se fez o mapa de uso do
solo da safra 2010/2011 houve uma diferença entre o número de polígonos (1457
polígonos gerados em São Luiz). Isso se deve não só pela diferença entre as duas
áreas (São Luiz possui cerca de 3000 ha a mais que Maravilha), mas também pelas
diferenças do uso do solo. Maravilha possui uma paisagem bem mais homogênea
(grandes propriedades) em relação a São Luiz.
Foram ao todo gerados 893 polígonos e 16 categorias de uso e ocupação do solo. O
cálculo da área de cada categoria foi fornecido para que se possa ter uma ideia
da estimativa da produção distrital (tabela 1).
Em relação às classes geradas junto ao produto final (Figura 1 - escala
cartográfica com o máximo de detalhes em 1:80000) é importante ressaltar que se
subdividiu a categoria matas em três partes: Mata ciliar (facilmente observadas
pelas imagens de satélite às margens de cursos d’agua); Mata (foi considerada
qualquer formação florestal com mais de 0,5 ha. Áreas de matas menores em meio a
formações de florestas secundárias ou como extensões de vegetação ciliar não
foram consideradas); Mata em recuperação (floresta secundária, vista com clareza
in loco). Além disso, existem especificidades as quais não se permite adéqua-las
a outras classes, são elas: pesquisa (área de estudo da Embrapa, na qual se
realizam diversas atividades); lazer (área de chácaras sem fins econômicos).
Tabela 1
Classes de Uso do Solo geradas e suas respectivas
áreas.
Figura 1
Mapa de Uso do Solo do Distrito de Maravilha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados apresentados, vários estudos que visam mensurar a
qualidade da metodologia empregada neste trabalho estão projetados. Em um
primeiro
momento, fez-se uma parceria com o Laboratório de Topografia da UEL para
verificar
a variação no tamanho das áreas dos polígonos de uso do solo gerados neste
trabalho, em relação a um GPS RTK (Real Time Kinematic) com precisão milimétrica
(BLEPPER, 2007). A partir da próxima safra verão (2012/2013) algumas correções
necessárias serão feitas, bem como o estabelecimento de dados estatísticos sobre
essa comparação.
Enfim, acredita-se que os primeiros resultados tenham trazido um saldo positivo,
no que se refere à agilidade pela qual se realizou o mapeamento em relação ao
Distrito de São Luiz. Outra etapa deste trabalho já foi iniciada com o
recolhimento de informações a cerca das propriedades rurais no Distrito do
Espírito Santo, região central do município. Alguns ajustes poderão ser feitos
para tornar o sistema mais confiável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ALMEIDA, A.S.; SANTOS, R. L.; CHAVES, J.M. Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo do Município de Jeremoabo-Ba: Uso do Algoritmo Máxima Verossimilhança (Maxver). In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR). ISBN: 978-85-17-00056-0. Anais...Curitiba, 2011.
BLEPPER, M. Atualização das bases cadastrais, em áreas de ocupações irregulares, a partir de imagens de alta resolução espacial. Curitiba, 2007. 102 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Geodésicas) – Universidade Federal do Paraná.
LONDRINA. Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento. Atlas do município de Londrina/ Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento; Coordenadora: Cecilia Cesar Eller. Londrina: A Secretaria, 2000.
RUDORFF, B.F.T; MELLO, M.P.; SHIMABUKURO, Y.E. Imagens de Satélite de Sensoriamento Remoto no Brasil. In: 2° Simpósio de Geotecnologias do Pantanal. Anais...Corumbá, 2009.