Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico

CARACTERIZAÇÃO DE ÁREA: CARTA TOPOGRÁFICA DE SANTANA – BAHIA

AUTORES
Pereira de Oliveira, J. (UFBA) ; dos Santos Feitosa, G.D. (UFBA) ; Batista dos Santos, A. (UFBA) ; Miranda Silva de Almeida, V. (UFBA) ; Reis Alves, R. (UFBA)

RESUMO
Atualmente, os problemas ambientais têm ganhado um destaque cada vez maior, o que indica uma preocupação crescente no que condiz a dinâmica natural dos ambientes e expõe medidas de manutenção desses sistemas. Esta pesquisa propõe uma caracterização ambiental a partir da carta do município de Santana – BA, analisando variáveis como declividade, uso do solo, litologia, tipo de solo, de forma a esclarecer as diferentes agressões ao meio e as possíveis soluções para sua melhora e conservação.

PALAVRAS CHAVES
Meio Ambiente; Planejamento; Agricultura

ABSTRACT
Currently, environmental problems have gained increasing prominence, which indicates a growing concern that matches the natural dynamics of the environment and exposes measures to maintain these systems. This research proposes an environmental characterization of the letter from the municipality of Santana – BA, analyzing variables such as slope, land use, lithology, soil type, in order to clarify the various assaults on the environment and possible solutions for improvement and conservation.

KEYWORDS
Environment; Planning; Agriculture

INTRODUÇÃO
Pensar em ambiente e seus diferentes estágios de fragilidade nos remetem a pensar no estabelecimento do estudo de algumas variáveis condicionantes. Infundido por essa ideia de organização do espaço, Tricart (1977) lança a teoria da Ecodinâmica baseado no estudo da dinâmica dos écotopos, classificando e dividindo os meios taxonômicos em três grandes tipos de meios morfodinâmicos, estáveis, intergrades e os fortemente instáveis. Posteriormente, Ross (1993) faz uma abordagem dos estudos de Tricart, ampliando o conceito e estabelecendo as unidades ecodinâmicas de instabilidade (muito forte a muito fraca), proporcionando uma melhor análise do ambiente e abrangendo algumas variáveis como relevo, uso do solo, rocha, cobertura vegetal e clima. Ao longo da história, as atividades antrópicas têm interferido na dinâmica do espaço geográfico. A tecnificação, a crescente padronização sócio-cultural e o exacerbado crescimento demográfico interferem significativamente no ambiente natural. Diante de tanta exploração dos recursos naturais, surge a necessidade da preservação, visando o planejamento físico territorial não só com a perspectiva econômica social, mas também ambiental (Ross, 1992). Tratar de planejamento ambiental é pensar em longo prazo na conservação do meio. Sendo importante lembrar que cada ambiente apresenta características próprias, ou seja, cada local analisado é formado por diferentes fragilidades. Mediante a preocupação vista por estudiosos como os problemas que já ocorrem, e com problemas que ainda poderão vir, buscou-se neste trabalho, o estudo e análise da carta de forma a contribuir para a região, mas também para estudos posteriores.

MATERIAL E MÉTODOS
Para realização desse artigo foram adotados alguns processos que proporcionaram resultados positivos quanto aos objetivos propostos. De forma geral, a pesquisa procurou caracterizar a área a partir das informações obtidas com os mapas e assim discutir possíveis soluções. Foi determinada para área de estudo, a carta topográfica de Santana – BA, localizada no extremo Oeste da Bahia, entre as coordenadas geográficas 13° 0’ e 12° 30’ de latitude sul, e 44° 30’ e 40° 0’ de longitude, a oeste de Greenwich, abrangem os municípios de Tabocas do Brejo Velho, Brejolândia, Serra Dourada, Santana, Canapólis e Baianóplois, compreendendo uma área de aproximadamente 11.119 km² (Fig. 01). Após a determinação da área a ser analisada, partiu-se para os desenhos dos mapas, de forma manual, de variáveis como declividade, tipo de solo, geológico e de uso e ocupação do solo, além de informações necessárias para a caracterização do ambiente. A escala espacial utilizada na confecção dos mapas foi a de 1:250.000. Para a elaboração do artigo, partiu-se da metodologia de busca de referencial teórico, e da aquisição de dados da região em questão. O mapa de localização foi feito com base na imagem do satélite Landsat 5 - TM no programa ArcGis 9.3. A base de dados para obtenção dos mapas partiu de informações do CRPM (Serviço Geológico do Brasil) para subsídio geológico, enquanto as informações do solo foram fornecidas pela SEI (Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia). Para melhores resultados foram submetidos a analises quatro mapas temáticos: declividade, solo, uso e ocupação do solo e geológico, de forma a facilitar a compreensão dos diferentes fatores que caracterizam a área.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após os estudo e análise das características físicas apresentadas nos desenhos (mapas), pode-se observar um índice de fragilidade que é caracterizado por Ross (1992) como estável a Noroeste da carta, demonstrando uma área de preservação ambiental. Ao norte e alguns pontos do sul, pode-se notar uma perda maior de instabilidade na faixa onde abrange áreas de vegetação natural. No entanto, a interferência antrópica mostrou-se muito perceptível na parte Sul, o que caracterizou a fragilidade do ambiente como intergrade, embora estável apresenta-se fortemente susceptível a instabilidade. Partindo da análise do mapa de declividade, percebe-se a predominância de uma baixa inclinação. A porção oeste da carta apresenta as maiores altitudes, enquanto que na porção leste-sudeste ocorre um rebaixamento do relevo. Condicionado a isso, há uma potencialidade para a agricultura mecanizada, uma vez que as presenças de alguns canais propiciam e potencializam a prática da agricultura. Além de influenciar na forma com que as atividades antrópicas se desenvolvem no espaço, o substrato rochoso, ou litologia, é fator essencial na composição de diversos elementos presentes na paisagem como padrão de formas de relevo, declividade e solo. A carta apresenta domínios litológicos que compreendem diferentes era como Cenozóica, Neoproterozóica e Mesozóica. As formações são principalmente caracterizadas por rochas sedimentares, principalmente arenitos, presentes no Grupo Urucuia que se distribui pelos estados da Bahia, Tocantins, Minas Gerais, Piauí, Maranhão e Goiás. O solo é um fator determinante no que diz respeito à biosfera. Entretanto, dia após dia vem sofrendo interferências que o modificam de forma bruta. De acordo com o mapa, pode-se perceber que a região é caracterizada por quatro tipos diferentes de solos, os neossolos quartzarênicos, solos podzólicos, latossolos, neossolo litólico. Essa variedade aumenta a importância de se realizar estudos adequados antes de qualquer atividade, quer seja agrícola, urbana ou cultural. Os Neossolos quartzarênicos são um tipo de solo muito profundo, sua principal característica é ser completamente dominado por areia. De acordo com Lepsch (2002, p. 119) esse tipo de solo é caracterizado pela “textura arenosa, profundidade superior a um metro sendo que os grãos de areia são constituídos essencialmente de quartzo, mineral praticamente inerte muito resistente ao intemperismo”. Os solos arenosos são considerados ecologicamente muito frágeis e o uso agrícola deveria ser evitado (Zuo et al., 2008). Solos Podzólicos, são solos profundos e menos intemperizados do que os latossolos, podendo apresentar maior fertilidade natural e potencial. Os Latossolos, são os solos predominantes no Brasil e, em geral, apresentam relevo suave, grande profundidade, alta permeabilidade e baixa capacidade de troca catiônica. Neossolos Litólico são solos pouco desenvolvidos, com contato lítico dentro dos primeiros 50cm, apresentando, portanto, em suas propriedades, influência marcante do material de origem. Na analise de uso do solo foi possível detectar três variáveis que compunham a utilização do solo: pastagem, vegetação natural e cultura de sequeiro. Com a crescente inserção do agronegócio um dos grandes impactos é a falta de preservação do bioma local, o Cerrado. Na região, onde antes predominava a vegetação nativa, hoje se encontra dominada também, pelas áreas de pastagem. A partir da análise do mapa, pode-se distinguir o grande impacto causado na vegetação natural devido ao agronegócio, pois ainda que implantado em áreas de pouca declividade o uso de insumos e da maquinaria têm causado modificações no solo. Mostrando a importância de se estabelecer limites no desenvolvimento desenfreado, de forma a diminuir a crescente perda da estabilidade do meio.

MAPA DE LOCALIZAÇÃO

LOCALIZAÇÃO DA CARTA TOPOGRÁFICA DE SANTANA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi analisado, no presente estudo mostrou uma necessidade explícita de se realizar uma análise geoambiental em regiões de intensa exploração dos recursos naturais. Não basta uma quantificação de áreas, com suas características físicas, se não houver o devido estudo com soluções que visem acima do interesse e pretensão. Foi analisado aqui, o esclarecimento não só de conceitos, mas também a interpretação de dados que visem à melhora do uso e conservação do meio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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