Anais: Geotecnologias e mapeamento geomorfológico
PLANOS DE CONTINGÊNCIA: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS
AUTORES
Xavier-da-silva, J. (UFRJ) ; Marino, T.B. (UFRRJ) ; Goes, M.H.B. (UFRRJ)
RESUMO
São apresentadas considerações teóricas e práticas sobre a construção de planos de
contingência e tipos de logística associados; exemplos desses planos são
apresentados e informado o acesso, na Internet, a situações reais tratadas segundo
a metodologia adotada. Conclusões sobre a natureza e a aplicação de planos de
contingência encerram o texto.
PALAVRAS CHAVES
Geoprocessamento; Plano de Contingência; Logística Emergencial
ABSTRACT
Theoretical and practical considerations are presented on the construction of
contingency plans and logistics associated types, examples of these plans are
presented and informed access, through Internet, in real situations dealt
according to the adopted methodology. Conclusions about the nature and
implementation of contingency plans conclude the article.
KEYWORDS
Geoprocessing; Contingency Plan; Emergency Logistics
INTRODUÇÃO
A coleta de dados cada vez mais numerosos e diversificados traz à tona o
problema de se apresentarem esses registros de ocorrência sob várias formas
numéricas, verbais, textuais, figurativas (mapas rudimentares e fotos,
inclusive) e serem aportadas aos sistemas de processamento por diferentes
mídias. Torna-se necessário criar os meios de organizá-los, tratá-los e
apresentá-los em seus contextos taxonômico e territorial, para se obter um
conhecimento coordenado da realidade, ou seja, transformar os dados em
informação geoincluída. Entenda-se Geoinclusão como a inserção cuidadosa de uma
iniciativa utilizadora ou modificadora de condições ou recursos ambientais,
dentro das possibilidades e limitações existentes no ambiente em que a
iniciativa será concretizada, de forma a maximizar o uso dos recursos
disponíveis, mitigar os efeitos negativos dos desastres ocorridos e a minimizar
as probabilidades de desastres ambientais futuros.
No caso das investigações aqui consideradas, dirigidas para o apoio à
decisão em operações de combate a emergências ambientais, é preciso entender de
forma clara sua estrutura de conceitos, métodos e técnicas, o que permite
analisar com propriedade os fatores envolvidos nas missões de defesa civil, de
forma que o curso das ações efetuadas esteja prévia e corretamente apoiado, sem
excessos poluentes de dados, sempre visando a minimização das chances de perdas
materiais e de vidas.
O presente texto é resultante de uma apresentação feita no IX Fórum
Nacional de Defesa Civil, onde foi discutido. O trabalho é composto por três
partes relativamente extensas e correlatas, sendo cada uma delas contribuinte
para esclarecimentos úteis sobre a natureza e o uso de sistemas de informação,
em particular na criação de planos de contingência relativos a desastres
ambientais.
MATERIAL E MÉTODOS
É aqui denominado como logística emergencial o ramo do conhecimento que, através
de análises e previsões feitas em ambiente de carência de dados e de informação,
procura ainda assim dar apoio informativo e operacional ao atendimento a
emergências ambientais de toda ordem. Torna-se essencial a informação sobre as
localizações e características das entidades e eventos envolvidos na situação
ambiental de emergência. Exemplificando com o caso dos bombeiros, apresentado
adiante, a informação essencial refere-se às relações de proximidade entre o
local da emergência e os locais com recursos hídricos disponíveis (hidrantes,
cisternas, piscinas, lagos e rios são exemplos), ao que devem ser somadas as
proximidades eventuais relativas a pontos críticos (creches, hospitais, asilos,
prisões são alguns exemplos). É importante notar que o caráter aleatório da
ocorrência de emergências exige um mapeamento prévio destas entidades ao longo
do território de responsabilidade de cada grupamento de bombeiros, ao que se
soma o conhecimento da rede de circulação viária, o qual pode ser usado em
cômputos de melhores trajetórias em termos de tempo.
Ficam, assim, corretamente conjugadas a utilização de uma logística preventiva,
associada à manutenção da validade da informação contida na base de dados
(condições de uso e vazões de hidrantes, por exemplo), com os clássicos e, por
vezes dramáticos, aspectos da logística emergencial, sempre exercida em ambiente
de incerteza.
ACESSO AO SISTEMA VICON/SAGA/WEB
Os exemplos apresentados de forma sumária neste trabalho podem ser consultados
no endereço www.viconsaga.com.br, juntamente com outras iniciativas de
Geoprocessamento em andamento no LAGEOP/UFRJ. Essa consulta é recomendada para
os leitores do presente texto, em particular para uma correta apreciação do
trabalho desenvolvido quanto à vigilância e controle de ambientes e criação de
planos de contingência para enchentes e desmoronamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O SISTEMA VICON/SAGA WEB DA UFRJ: ALGUMAS APLICAÇÕES
Trata-se de um sistema de informação idealizado e desenvolvido pelo Laboratório
de Geoprocessamento da UFRJ, que hoje atua em diversas linhas de aplicação.
Estas linhas abrangem desde a gestão de recursos de uma propriedade rural,
passando por aplicações em educação e cidadania até a vigilância e controle
ambiental em desastres. O sistema tem sido empregado na gestão de informações em
desastres, em parceria com o CENACID/UFPR (Centro Nacional de Apoio Científico
em Desastres da Universidade Federal do Paraná), entidade da qual participam
dezenas de pesquisadores de universidades do todo o país. O centro tem mais de
10 anos de experiência em apoio a emergências ambientais, tendo atuado em muitos
desastres usando uma versão do VICON/SAGA especialmente criada pelo LAGEOP/UFRJ.
São exemplos de ocasiões destas aplicações: enchentes na Bolívia e Equador,
terremotos no Peru, Chile e Haiti, além de diversos atendimentos pelo Brasil,
inclusive no maior desastre ambiental brasileiro, ocorrido nas serras próximas
ao Rio de Janeiro, em 2011. O CENACID tem reconhecidos méritos técnicos e
humanitários e foi agraciado pela ONU com o Green Star Award (maiores detalhes
em http://www.cenacid.ufrpr.br/).
Com relação à aplicação feita pelo Grupamento Técnico de Suprimento de Água para
Incêndios do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
(GTSAI/CBMERJ), representa um caso em que os problemas de logística emergencial
são numerosos e as decisões relativas às iniciativas a serem tomadas frente a
uma emergência devem ser tomadas no ambiente de incerteza e possibilidade de
pânico que muitas vezes cerca a ocorrência de problemas ambientais. Como a
localização específica de emergências, para quem está iniciando operações de
socorro, em princípio, pode estar situada em qualquer ponto da jurisdição de um
quartel, é forçoso que exista o maior conhecimento possível sobre a área
geográfica abrangida. Este conhecimento é, fundamentalmente, dirigido aos
recursos hídricos disponíveis e aos pontos críticos que deverão exigir atenção
especial (hotéis, hospitais, asilos). Em relação a esta aplicação, deve ser
ressaltada a enorme responsabilidade deste emprego do VICON/SAGA/UFRJ pelo
GTSAI, nos três últimos “réveillons”, festividades que congregam cerca de dois
milhões de espectadores e são realizados em Copacabana, no Rio de Janeiro (vide
Figura 2).
Uma aplicação do VICON/SAGA/UFRJ que deve ser mencionada refere-se ao município
de São José do Vale do Rio Preto, RJ. Trata-se da sugestão, feita pelo
Laboratório de Geoprocessamento da UFRJ (LAGEOP/UFRJ), de um banco de dados
especificamente dirigido para a elaboração de planos de contingência e
acompanhamento de enchentes e desmoronamentos no território do citado município.
Na Figura 1, pode ser identificada a maioria de entidades e eventos considerados
relevantes para a vigilância e controle de situações de enchentes e
desmoronamentos naquele município, que emblemático quanto à ocupação humana da
área serrana fluminense.
Sistemas de informação, entendidos como estruturas de partilhamento de dados
(registros de ocorrência) e informação (ganhos de conhecimento) podem ser
criados para uso em situações de desastre ambiental e para a preparação prévia
de pessoal, equipamentos e instalações para o enfrentamento de tais situações
ambientais de emergência. São características relevantes de tais sistemas de
informação:
• Abrangência e concisão necessárias à sua especificidade;
• Atualização imediata de dados feita na periferia da rede de estações;
• Ampla circulação de dados, na vertical (cadeia de comando) e na
horizontal; disponibilização dos dados após triagem não mutiladora (liberdade de
informação);
• Coleta móvel de dados independente da Internet;
• “Backup” automático em equipamento autônomo;
• Equipamentos, programas e manutenção de baixo custo.
Figura 1
Sistema VICON/SAGA, versão Desastres, em operação no desastre ambiental decorrente das chuvas de janeiro de 2011 – Teresópolis – Rio de Janeiro
Figura 2
Recursos hídricos disponíveis - Réveillon 2010/2011/2012 em Copacabana – Rio de Janeiro - Brasil
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem, pelo menos, dois tipos de planos de contingência:
A. Referentes a situações ambientais datadas, para as quais todos os tipos de
preparação, em princípio, podem ser efetuados, ficando a aplicação da logística
emergencial restrita a situações totalmente imprevisíveis e ressaltada a
importância de uma logística de caráter preventivo, com obtenção de informações
atualizadas e confiáveis (manutenção e informação sobre o funcionamento de
hidrantes da área geográfica a ser abrangida, no caso dos “reveillons” de
Copacabana, por exemplo);
B. Referentes a tipos de desastres ambientais possíveis. São os casos, entre
outros não apresentados, de enchentes e deslizamentos/desmoronamentos de
Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto, no Estado do Rio de Janeiro,
caracteristicamente dominados pela logística emergencial, em particular pela
incerteza quanto aos locais específicos que poderão ser afetados pelos eventos
desastrosos. Nos casos dos locais citados justifica-se um plano de emer
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