Anais: Geocronologia e evolução da paisagem
MUDANÇAS PAISAGÍSITICAS E NA DINÂMICA DE SEDIMENTOS RESULTANTES DA CONSTRUÇÃO DO ESPIGÃO COSTEIRO NA PRAIA PONTA D'AREIA, SÃO LUÍS – MA.
AUTORES
Sousa, A.S.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Corrêa, M.C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Filho, M.S.F. (DEGEO-UFMA) ; Sousa, A.S.S. (ANHANGUERA UNIDERP)
RESUMO
Neste trabalho são analisadas as intervenções humanas e seus reflexos na Praia
Ponta D´areia como a construção do espigão costeiro, fazendo uma abordagem
perceptiva da paisagem e identificando ajustes possíveis e mudanças nas unidades
geomorfológicas da área. Com a recente construção do espigão costeiro, mudanças
significativas já vêm ocorrendo na dinâmica de sedimentos no local e tais
alterações podem ser intensificadas, alterando as feições geomorfológicas locais.
PALAVRAS CHAVES
Espigão costeiro.; Praia Ponta D´areia.; Feições geomorfológicas
ABSTRACT
This paper analyzes the human interventions and their effects on Ponta D'sand as
the construction of the coastal ridge, and does a perceptual landscape and
identifying possible adjustments and changes in geomorphological units in the
area. With the recent construction of the coastal ridge, significant changes have
been occurring in the dynamics of sediments in place and such changes can be
enhanced by changing the local geomorphological features.
KEYWORDS
Spike coastal environment; Ponta D'sand. ; geomorphological features
INTRODUÇÃO
A zona costeira pode ser entendida como o limite dinâmico que define a transição
entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa que sofre várias
transformações pelo simples fato de está sujeita a vários processos geológicos.
É considerada um dos ambientes mais desejáveis para utilização humana, por
sua importância cientifica, econômica e ambiental, constituindo-se em um
delicado equilíbrio ecológico onde há uma grande pressão antropogênica e
de exploração de recursos, sendo portanto uma das zonas mais dinâmicas
do planeta (MANSO et al, 2001).
No Brasil, as zonas costeiras são resguardadas pela Lei Nº 7.661, de 16
de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá
outras providências. Para os efeitos desta Lei, considera-se zona costeira o
espaço de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis
ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre.
Em São Luís – MA, a ocupação do território se deu a partir das praias e a faixa
costeira passou a ser intensamente povoada fato que contribui para a ocorrência
de vários problemas a exemplo da construção de moradias muito próximo à zona de
praia. Atualmente, uma problemática ambiental e social se configurou, em função
do avanço do mar sobre as moradias construídas irregularmente muito próximas à
faixa litorânea. Diante disso, muitas intervenções têm sido feitas pelos
governantes para evitar prejuízos financeiros à população (financeiramente
privilegiada) que habita a referida a área e aquela que apresenta maior destaque
é a construção recente de um espigão costeiro, tanto pelas suas dimensões,
quanto pelos problemas ambientais que ocasiona.
O presente trabalho analisa as alterações ambientais, inclusive paisagísticas,
da zona costeira da praia Ponta D´areia, após a construção de um quebra-mar que
tem como função principal proteger a costa da ação das ondas e a retenção de
sedimentos de forma a impedir a erosão costeira.
MATERIAL E MÉTODOS
O artigo foi fundamentado na percepção geográfica como suporte na observação das
formas de relevo; com exercícios de percepção do meio físico pautado em
conhecimentos empíricos sobre fenômenos geológicos bem como feições
geomorfológicas presentes na paisagem.
A consulta bibliográfica priorizou várias outras referências que já trataram
sobre a construção de espigões de contenção marinha e impactos causado pela
erosão costeira no Brasil e no estado do Maranhão, sobretudo relacionados à orla
marítima da praia Ponta D´Areia. Para a realização desta etapa foi feita
inicialmente uma investigação em bibliografia na internet e depois na Biblioteca
Central da UFMA, no Laboratório de Hidrologia do Departamento de Oceanografia e
Limnologia da UFMA e no NDPEG – Núcleo de Pesquisas e Estudos Geográficos do
Departamento de Geociências da UFMA.
Ainda consta-se a comparação através de registros fotográficos in loco no mês
de setembro de 2011 e junho de 2012 para fazer um acompanhamento das alterações.
No segundo momento, foram analisados e interpretados os dados acerca do meio
físico da ilha de São Luís.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo refere-se à praia da Ponta D’Areia pertencente à Mesorregião do
Norte Maranhense e a Microrregião do Aglomerado Urbano de São Luís. Região
litorânea ao noroeste do município de São Luís, a 5 km do Centro da cidade, com
coordenadas geográficas: 2º 29'41'' e 2º 29'11'' de Latitude Sul; 44º17'45'' e
44º18'23'' de Longitude Oeste.
Geomorfologicamente, o local onde se encontra a praia e que atualmente abriga o
bairro da Ponta D’Areia, possuía uma exuberante vegetação e dunas recobertas por
vegetação típica de áreas costeiras. Após a construção da Ponte José Sarney, na
década de 1970, facilitando o acesso, ocorreu modificações da paisagem natural,
como remoção de dunas e desmatamento (SANTOS, 1993).
Esta zona costeira apresenta, conforme Costa (2007), formações geológicas com
presença de arenitos finos, avermelhados, amarelados, róseos, folhelhos sílticos
cinza esverdeados e argilitos amarelos acastanhados. Além disso, apresenta costa
arenosa, com dunas que quase sempre estão despojadas de vegetação. Essas
formações datam do Quaternário, constituídas predominantemente por areia fina e
muito fina de coloração embranquecida, o que facilita o seu deslocamento pela
dinâmica eólica.
A área também possui uma notável falésia, qualificada por Guerra (2005), como
falésia viva, pois sofre erosão e transporte de material clástico mal
selecionados e muito mal consolidados, cujas cores são variadas, e são
transportados para outras áreas.
Atualmente este ambiente costeiro apresenta sérios problemas geofísicos,
desencadeados pela inserção de infraestrutura urbana e socioambiental. Em
virtude do avanço de maré no local, observa-se processos erosivos acelerados,
sobrecarga na infraestrutura, favorecendo a degradação do espaço.
A ação considerada com uma solução definitiva para conter o avanço do mar foi a
construção do espigão costeiro na orla marítima (figura 1). De acordo com a
Secretaria de Infraestrutura (SINFRA) tem 572 metros de extensão, a largura da
estrutura varia de 7 metros no ponto mais próximo da terra a 13 metros. A
altura, de 4 metros a 14 metros. A obra foi idealizada para melhorar a qualidade
da paisagem e a vida de quem mora na área, com o objetivo maior de evitar o
avanço da erosão provocada pelo progresso das marés, o que poderia comprometer a
orla da Capital até o limite do Rio Bacanga. A força das ondas já havia
destruído parte da pista e ameaçava os prédios localizados no entorno. Além
disso, a areia era arrastada das margens para o canal por onde passam as
embarcações, prejudicando a navegação. Logo o quebra-mar foi criado para desviar
o fluxo das águas (MARANHÃO, 2011).
Os empreendimentos a exemplo dos acima mencionados trazem consequências ao
ambiente físico, modificando a paisagem natural o que na concepção de Farinaccio
(2008), podem alterar significativamente a dinâmica de transporte de sedimentos
longitudinalmente à costa, pelo aprisionamento destes junto á estrutura rígida
de direção, impedindo sua movimentação á soltamar, surgindo com isso, fenômenos
erosivos e encalhamento da linha de costa.
Na dinâmica da paisagem após o espigão, ainda são reconhecidas afloramento de
feições rochosas como elemento do estirâncio, além de variações morfológicas com
diferentes comportamentos, incidindo intenso processo de sedimentação e erosão
devido aos fatores exógenos, destacando-se os de origem oceanográfica.
A expectativa segundo HM (2008) é de que haja aumento de uma faixa de praia
permanente de até 70 metros de areia. Na área mais próxima do quebra-mar. A
faixa de areia da praia já aumentou em dois metros (figura 2) aproximadamente, e
à medida que a orla avança já é possível notar “engordamentos” (aumento do
volume) de alguns centímetros em uma área de aproximadamente 150 metros da base
do espigão. Esse avanço da faixa de areia é progressivo e atingirá sua plenitude
em cinco anos segundo o projeto, podendo se estender em até 300 metros ao longo
da orla.
Figura 1
construção do espigão costeiro na praia Ponta D
´areia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Figura 2
Espigão coberto por sedimentos na área mais
próxima a base.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar que, embora o projeto executivo não tenha sido executado
totalmente e, com isso, o espigão costeiro não tenha sido totalmente concluído,
com estimativa de um aumento de cerca de 400m, e ainda pavimentação do mesmo. A
obra ainda não causou impacto positivo, mais já apresenta sinais negativos para
orla costeira de São Luís. Portanto, sua aceitação depende do cumprimento do seu
papel.
Vale ressaltar que a praia em estudo também é atingida por problemas de natureza
antrópica, sendo crescentes as agressões àquele ambiente. As obras de engenharia
são em grande maioria responsáveis pela descaracterização natural das diferentes
feições do espaço físico, alterando a morfodinâmica da zona costeira.
Diante da presente análise, ficam claros os danos causados pelo homem à paisagem e
a necessidade de ações políticas e governamentais mitigadoras como estas são
mínimas quando se pensado na proporcionalidade das problemáticas aos ambientes
costeiros.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que sempre está a me guiar, multiplicando o tempo
para eu possa cumprir com todas as minhas obrigações. E num segundo momento
agradeço a minha irmã Serlir pela paciência em me enviar aparatos bibliográfico
sempre que necessário. E por fim, sou grata a duas pessoas essências na realização
desta obra; a amiga Maria Claudia pelo incentivo e cooperação e ao meu prof.
Marcelino Farias que é sempre o “pai dos desorientados”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
COSTA, F. W. D.; MARTINS, G. E. D.; GONÇALVES, M. F. P. O crescimento urbano e os impactos socioambientais no município de São Luís: o caso da Ponta D’Areia – SÃO LUÍS/MA/BRASIL. Simpósio de Geografia Física Aplicada, XII, 2007, Natal-RN. Anais... RN: Imagem Gráfica e Editora, 2007. p. 1-6.
FARINACCIO, A. Impactos na dinâmica costeira decorrentes de interações em praias arenosas e canais estuarinos de áreas densamente ocupadas no litoral de São Paulo, uma aplicação do conhecimento á área não ocupadas. São Paulo, SP: USP, 2008. (Tese de Doutorado em Oceanografia de São Paulo)
GUERRA, A. J. T., CUNHA, Batista, S. da, (orgs). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 6ª ed. Rio de Janeiro/RJ: Bertrand Brasil, 2005.
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HM Consultoria e Projetos de Engenharia Ltda. EIA-FINAL/ Estudo de Impacto Ambiental Espigão Costeiro da Ponta da Areia e Dragagem do Canal de Acesso ao antigo Porto de São Luís. São Luís, 2008.
MANSO, V. A. V.; TOLDO JR., E. E.; MEDEIROS, C.; ALMEIDA, L. E. S. B. Perfil Praial de Equilíbrio da Praia de Serinhaém, Pernambuco. Revista Brasileira de Geomorfologia. V. 2, Nº. 1, 2001. p. 45 – 49.
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SANTOS, J.H.S. Introdução ao Estudo Geomorfológico e Sedimentológico da Praia da Ponta d’Areia, São Luís – MA. São Luís: UFMA, 1989..
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