Anais: Geocronologia e evolução da paisagem
EVOLUÇÃO PALEOGEOGRÁFICA DA REGIÃO ESTUARINA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ – SERGIPE
AUTORES
Macedo, H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Araújo, H.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Bezerra, G.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Carvalho, I.S.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
RESUMO
Mais do que qualquer outro sistema físico, o ambiente costeiro caracteriza-se
pelas
frequentes mudanças.Por meio de uma série de etapas metodológicas o presente
trabalho teve como principal objetivo, demonstrar como ocorreu a evolução
geomorfológica da região estuarina da bacia hidrográfica do Rio Piauí,
demonstrando como os eventos descritos por Bittencourt (1983) atuaram a partir do
máximo da transgressão mais antiga até os dias atuais.
PALAVRAS CHAVES
Evolução da Paisagem; Paleogeografia; Estuário
ABSTRACT
More than any other physical system, the coastal environment is characterized by
frequent changes.Por through a series of methodological steps the present work
had as main objective was to demonstrate how the geomorphological evolution of the
estuarine region of Piauí River watershed, demonstrating how the events described
by Bittencourt (1983) worked from the maximum of the transgression earliest to the
present day.
KEYWORDS
Evolution of the Landscap; paleogeography; Estuary
INTRODUÇÃO
Mais do que qualquer outro sistema físico, o ambiente costeiro caracteriza-se
pelas frequentes mudanças, tanto espaciais quanto temporais, que acabam
resultando em uma série de feições geomorfológicas e geológicas. Segundo
Rossetti (2008, p.247) ”esse grande dinamismo costeiro advém da complexa
interação de processos deposicionais e erosivos relacionados com ondas,
correntes de maré, correntes litorâneas, além da influencia antrópica”.
Em qualquer período geológico, a ação dos processos litorâneos afeta uma faixa
de largura reduzida, mas as flutuações do nível marinho, principalmente no
decorrer do Plioceno e Quaternário, permitem distinguir formas subáreas
atualmente submersas nas águas oceânicas, assim como verificar a existência de
formas e terraços escalonados, esculpidos pela morfogênese marinha, localizados
a várias altitudes acima do nível do mar.
De acordo com Araújo (2010) devido aos processos de circulação, a região
estuarina é favorável ao acúmulo de sedimentos, interagindo sobre eles dois
agentes naturais de tendências opostas. Segundo Araújo,
“De um lado, as ondas provocando transporte de sedimentos paralelo e oblíquo à
costa, tendem a fechar a embocadura, estabelecendo a continuidade da costa. Por
outro lado, o transporte pelo escoamento do prisma de maré, volume de água que
penetra no estuário durante a preamar, somado aos escoamentos fluviais produzem
condições dinâmicas que levam a descarga da água do rio para o mar e tendem a
afastar as areias trazidas pelas ondas, produzindo a configuração de bancos e
barras.” (ARAUJO, 2010, p. 124)
Portanto o presente trabalho tem como principal objetivo demonstrar como ocorreu
a evolução geomorfológica da região estuarina da bacia hidrográfica do Rio
Piauí, demonstrando como os eventos descritos por Bittencourt et al. (1983)
atuaram a partir do máximo da transgressão mais antiga até os dias atuais.
MATERIAL E MÉTODOS
O artigo foi desenvolvido a partir de uma série de etapas metodológicas,
descritas a seguir. Na primeira etapa foi realizada uma revisão bibliográfica e
levantamento das variáveis associadas às condições geológicas pretéritas e
atuais baseados nos seguintes materiais: literatura especializada, documentos
cartográficos, dados secundários, elaboração de cartas temáticas e pesquisa
direta.
Na analise dos documentos cartográficos, destaca-se a utilização como
referência os mapas topográficos da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE), na escala de 1:100.000, Folhas: SC – 24-Z-A-III Carira e SC-
24-Z-B-I (Estância), ano de 1974 e o Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de
Sergipe – CD Rom (2010) elaborado pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado
de Sergipe, como também atualização e acréscimos de elementos importantes
espacializados na área da pesquisa.
Na segunda fase foi desenvolvido trabalho de campo com observações in loco
utilizando-se o GPS como instrumento de apoio e a câmera fotográfica digital,
além dos registros em caderneta de campo.
Finalmente, na terceira etapa deste projeto, foi realizada a sistematização das
informações obtidas e a redação final do texto possibilitando uma analise geral
da área estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Bacia Hidrográfica do Rio Piauí possui uma área geográfica de 4.150 km²,
equivalentes a 19% do território estadual e abrange 15 municípios, onde estão
totalmente inseridos terras de seis municípios: Salgado, Santa Luzia do Itanhy,
Estância, Boquim, Pedrinhas e Arauá (SEMARH, 2012). As coberturas quaternárias
holocênicas extensivas à faixa costeira da bacia hidrográfica em apreço,
abrangem os depósitos quaternários diferenciados em terraços marinhos, depósitos
eólicos litorâneos e depósitos de mangues (Figura 01).
No evento número I, erodidos pelo mar durante a transgressão Mais Antiga, os
sedimentos do Grupo Barreiras, resultaram em falésias que recuaram até quando o
evento atingiu o seu máximo. Concomitantemente, os baixos cursos dos rios da
região foram afogados, formando estuários.
Segundo Araújo (2010) o evento número II ocorre em condições climáticas de
semiaridez e chuvas esparsas e violentas a regressão subsequente à transgressão
Mais Antiga. Isso favoreceu a geração de depósitos arenosos com leques aluviais
coalescentes no sopé das falésias esculpidas nos sedimentos do Grupo Barreiras.
Nesse período, os ventos trabalharam a superfície desses depósitos formando
campos de dunas com sedimentos oriundos da planície costeira sobre a falésia do
Grupo Barreiras.
No evento III, que corresponde ao máximo da penúltima transgressão (120.000
anos A.P.) ao longo da qual o mar erodiu os depósitos de leques aluviais
coalescentes, restando apenas alguns testemunhos isolados, encostados no sopé do
Grupo Barreiras (CPRM, 1998). Nessa época, a exceção dos locais onde restaram
esses testemunhos, o mar retrabalhou as falésias esculpidas pela transgressão
Mais Antiga, e, mais uma vez, os baixos cursos dos rios da região foram
afogados, transformando-se em estuários.
Durante o evento número IV, a regressão subsequente à penúltima transgressão
foram depositados os terraços marinhos pleistocênicos a partir das falésias do
Grupo Barreiras e dos testemunhos dos leques aluviais coalescentes, com
instalação simultâneas de uma rede de drenagem em sua superfície.
A última transgressão ou evento número V, cuja idade máxima foi em torno de
5.100 anos A.P., os terraços marinhos pleistocênicos foram parte erodidos pelo
mar, e as falésias do Grupo Barreiras, em alguns locais, mais uma vez
retrabalhadas. Esse evento corresponde ao máximo da última transgressão, quando
os rios da região foram pela última vez afogados e formaram-se corpos lagunares
na região, a partir do afogamento da parte inferior dos vales entalhados no
Grupo Barreiras e da rede de drenagem instalada nos terraços marinhos
pleistocênicos durante a regressão subsequente à penúltima transgressão.
No evento VI, durante a regressão subsequente à ultima transgressão, o modelado
da costa adquiriu formas finais. Foram edificados os terraços marinhos
holocênicos, dispostos externamente aos terraços marinhos pleistocênicos, as
lagunas perderam sua comunicação com o mar, foram colmatadas e evoluíram para
pântanos, onde se formaram depósitos de turfa. Também se desenvolveram como
observados por Martin et .al (1980) citado por Araújo (2010) três gerações de
dunas, com origens vinculadas a existência de uma terceira geração de dunas, com
origens vinculadas a existência de uma terceira geração mais recente que 5.100
anos Bittencourt (1983) citado por Araújo (2010). Esses dois autores
subdividiram está ultima geração em dois conjuntos: o Mais Antigo e o Mais
Recente.
Os terraços marinhos holocênicos constituem o segundo nível de terraços
marinhos, é encontrado ao longo de toda faixa costeira da bacia Hidrográfica do
rio Piauí. Estão dispostos na parte externa dos terraços marinhos
pleistocênicos, com poucas elevações e topo variando de poucos centímetros a
basicamente alguns metros acima do nível da atual preamar (Figura 02).
Região Estuarina do rio Piauí
Figura 01 – localização da Região estuarina do Rio
Piauí / SE
Fonte: SEMARH, 2012
Evolução Paleogeográfica
Figura 02 - Esquema da evolução paleogeográfica
quaternária da costa do Estado de Sergipe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conhecimentos acumulados sobre o quaternário, nos últimos anos experimentam um
notável progresso. Neste trabalho procurou-se integrar os episódios continentais e
marinhos, sendo na área em apreço marcada em sua fisiografia pelas descidas do
nível do mar nos últimos 120.000 anos A.P. Na Zona proximal são identificadas
barras estuarinas de maré em processo de coalescência ou já continentalizadas
entre em construção colmatam progressivamente o ambiente.
Posteriormente segmentos terraceados colonizados por vegetação antrópica, enquanto
os patamares situados a nível intermarés, particularmente as ombreiras rumo a
jusante, em franca progressão, acolhem mangues, também em expansão. Na zona distal
a disposição espacial dos feixes de restingas sugerem duas gerações de dunas com
altitudes variando 4 metros de altitude.
AGRADECIMENTOS
Quero expressar minha gratidão ao meu orientador o Prof. Dr. Hélio Mario de Araújo
o qual tem me ensinado a busca constante pela qualidade e aplicabilidade de nossas
pesquisas em forma de resultados para todo sociedade. Agradecer também aos meus
companheiros de pesquisa, a Izabella S.M.Carvalho e o Givaldo Bezerra pelas
discussões.Agradecer a CAPES, pela oportunidade de fazer parte do quadro de
bolsistas e possibilitar a realização dessa pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ARAUJO, Hélio Mário de. O estuário e sua dinâmica na Bacia inferior do rio Sergipe: considerações paleogeográficas e evolução Geomorfológica. In: VILAR, José Wellington Carvalho; ARAÚJO, Hélio Mário de. Território, Meio Ambiente e Turismo no Litoral Sergipano. 1 ed.; São Cristovão: Editora UFS, 2010.
BITTENCOURT, A. C. S. P. ; MARTIN, L. ; DOMINGUEZ, J. M. L. ; FLEXOR, J. M. ; FERREIRA, Y. A. . Evolução Paleogeográfica Quaternária da Costa do Estado de Sergipe e da Costa Sul do Estado de Alagoas.. REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIENCIAS, v. 13, n. 2, p. 93-97, 1983.
ROSSETTI, Dilce de Fátima. Ambientes Costeiros. In: FLORENZANO, Teresa G. (org.). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. 1 ed.; São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
SERGIPE (2012) disponível e:
http://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias/modules/tinyd0/index.php?id=20