Anais: Interações pedo-geomorfológicas
ANÁLISE PRELIMINAR EM PARCELAS EXPERIMENTAIS PARA AVALIAÇÃO DA EROSÃO EM SOLOS ARENOSOS – NATAL/RN.
AUTORES
Silva, R.M.S. (UFRN) ; Furtado, M.L.S. (UFRN) ; Ramalho, M.F.J.L. (UFRN)
RESUMO
Apresenta resultados preliminares de um estudo em duas parcelas experimentais com
e sem vegetação, localizadas na Estação Climatológica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte - UFRN. O objetivo da pesquisa é medir o transporte de
sedimentos em relação à precipitação, o solo e a inclinação do terreno, visando
avaliar casos de erosão urbana em Natal. Os resultados mostram que ocorre erosão
no solo arenoso, não só com a ausência da vegetação, mas também em terreno com
baixa declividade.
PALAVRAS CHAVES
cobertura vegetal; ,transporte de sedimentos; erosão
ABSTRACT
Shows preliminary results of a study in two experimental parcels with and without
vegetation, located in Estação Climatológica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte - UFRN. The objective of this research is to measure the
sediment transport in relation to the rainfall, the soil and the slope of the
land, to evaluate cases of urban erosion in Natal. The results show that the sandy
soil erosion occurs not only with the absence of vegetation, but also in land with
low slope.
KEYWORDS
vegetation; sediment transport; erosion
INTRODUÇÃO
A área de estudo encontra-se localizada na Estação Climatologia do Campus da
UFRN em Natal. A pesquisa se fundamenta em uma análise pontual, envolvendo duas
parcelas experimentais, uma com vegetação e outra sem vegetação, as quais foram
montadas com o objetivo de medir a erosão em solos arenosos com baixa
inclinação, comparando-os com a quantidade da chuva e o escoamento superficial.
O trabalho trata de resultados parciais das coletas feitas nos meses de Janeiro
a Abril de 2012. O estudo envolve uma atividade de iniciação científica prevista
para os anos 2012 e 2013, com o objetivo de analisar a relação entre quantidade
de chuva, escoamento superficial e transporte de sedimentos, utilizando como
meio
de medição a técnica do modelo de parcelas experimentais, o qual, de acordo com
Casseti (1983), Guerra (2005) tem sido aplicado para diferentes pesquisas no
âmbito da questão da erosão do solo. Conforme Guerra (1996; 2005), não existem
regras específicas para as dimensões das parcelas de erosão, no entanto o autor
aborda que as parcelas deveriam ter no mínimo 10 metros de comprimento e 1 metro
de largura para melhor mensurar as perdas de solo por erosão durante os eventos
chuvosos. Nesse sentido, considerando o que enfatiza o mesmo autor, sobre o uso
dessa técnica para o estudo dos processos erosivos, fundamenta-se essa pesquisa,
tendo em vista que as parcelas de erosão podem simular condições ambientais que
são comuns no campo e nas áreas urbanizadas. Com base nesse estudo, procura-se
entender as propriedades do solo entre outros fatores controladores da erosão,
que permitem observar como ocorrem o escoamento e o transporte de sedimentos,
visando a uma possível análise em uma escala maior, vendo o caso da cidade de
Natal assentada em terrenos com cobertura superficiais de fraca coesão, que sem
a vegetação ficam vulneráveis à erosão, conforme Ramalho (2007; 2010).
MATERIAL E MÉTODOS
Adaptando a técnica sugerida por Guerra (1996), estão sendo utilizadas duas
parcelas de erosão que juntas somam 10m², representando cada uma 5,0 m x 1,0m,
com declividade em torno de 3%. Uma parcela é coberta por vegetação nativa do
tipo herbácea e a outra representa a mesma área sem cobertura vegetal. A visita
é feita semanalmente e a coleta ocorre de acordo com a ocorrência de chuvas no
período e a deposição de materiais nos recipientes destinados a armazenar água e
sedimentos provenientes das parcelas. Do total acumulado é retirado 1 litro da
água com sedimentos em suspensão, sendo em seguida levado para o laboratório
para a separação por filtragem e pesagem do material retido, usando para isso
papel filtro e balança de precisão. Depois o material é levado à estufa para
evaporar a água e em seguida, para obter o peso seco, queima-se antes a matéria
orgânica em forno mufla.
Nessa fase da pesquisa foram feitas quatro coletas, sendo duas no mês de janeiro
– uma na parcela sem vegetação e a outra na parcela com vegetação. As outras
duas amostras foram coletadas na parcela sem vegetação, uma foi coletada em
fevereiro e a outra em março.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com as precipitações que ocorreram, no período analisado, foi possível observar
e quantificar o escoamento e o transporte de sedimentos, como pode ser
verificado na tabela abaixo. Conforme a referida tabela, observa-se que na
parcela sem cobertura vegetal (PSV) houve maior transporte de sedimentos por
escoamento superficial, pelo qual se constata nos resultados das três (3)
coletas que foram feitas na referida parcela. Enquanto na parcela com vegetação
(PCV) houve apenas uma coleta, a que ocorreu no mês de janeiro, período em que o
solo encontra-se seco e também a vegetação. Com a secura do estrato herbáceo
causada pela insolação do verão, alguns espaços da referida parcela ficam com
pouca proteção e no início das chuvas há mais possibilidades para acontecer
escoamento e transporte de sedimentos. O fato permite se deduzir que quando a
vegetação é escassa ou ausente, o solo fica mais suscetível aos processos
erosivos e passa a se degradar com a sequência das chuvas.
(Tabela 1)
Comparando os resultados dessa análise entre as duas parcelas (PCV - PSV) é
possível notar o quanto a cobertura vegetal é necessária para preservação do
solo ou mesmo para diminuir os processos erosivos, tendo em vista que a
vegetação por ter maior capacidade de absorver mais umidade mantém o solo mais
firme, conforme comentam Pinese Júnior, Cruz e Rodrigues (2008, p. 165):
A umidade do solo tem a capacidade de manter suas partículas unidas, e também
confere à capacidade que a cobertura vegetal tem em mantê-la por um período de
tempo maior do que quando a cobertura está ausente, pelo sombreamento e pelo
fato de as estruturas das plantas amortecerem e, posteriormente, liberarem
lentamente a água das chuvas (PINESE JÚNIOR, CRUZ e RODRIGUES,2008, p.165).
Na análise em questão, observa-se que com as chuvas registradas nos meses de
janeiro, fevereiro e março, ocorreu erosão, conforme a quantidade da
precipitação pluviométrica, cujo efeito se traduz no aporte de sedimentos
transportado junto com a água de escoamento. Observando que entre as duas
parcelas houve apenas uma coleta na PCV e três na PSV, percebe-se que com essa
análise a parcela sem vegetação é mais susceptível ao transporte de sedimentos,
muito embora nem todas às chuvas ocorridas no período causaram condições de
escoamento e erosão.
(Tabela 1) - Perda de solo e precipitação do período janeiro - março d
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados parciais obtidos nessa etapa da pesquisa indicam que há mais escoamento e
transporte de sedimentos na parcela sem cobertura vegetal, refletindo em maior
potencial de desagregação de partículas do solo na referida parcela. O fato
permite observar que o uso do solo, em Natal, precisa ser melhor planejado de
forma que se contenha a erosão urbana, sabendo-se que para isso é preciso
preservar a cobertura vegetal e impermeabilizar as ruas com uma infraestrutura de
drenagem pluvial que seja adequada ao volume de água escoada. Nesse caso,
necessário se faz que as políticas de planejamento urbano saibam criar estratégias
que garantam o desenvolvimento da cidade, levando sempre em conta o sistema pedo-
geomorfológico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
CASSETTI, V. Estudo dos efeitos morfodinâmicos pluviais no Planalto de Goiânia. Tese (Doutorado) -USP, São Paulo, 1983.
GUERRA, A. J. T. Experimento e monitoramento em erosão dos solos. Revista do Departamento de Geografia, Rio de Janeiro, v. 16,p. 32 – 36, 2005.
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PINESE JÚNIOR, J. F.; CRUZ, L.M; RODRIGUES, S. C. Monitoramento de erosão laminar em diferentes usos da terra, Uberlândia-MG. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v. 20, n. 2, p. 157-175, 2008.
RAMALHO, M. F. J. L. Considerações sobre risco de erosão na área urbana da grande Natal/ RN. Territorium, v. 17, p. 161 – 168,2010.
______. Erosão em área urbana: uma abordagem sobre o ambiente e a ocupação do solo nas cidades de Natal e Parnamirim/RN. In: Nunes, E. , et al (org.). Dinâmica e Gestão do Território Potiguar. Natal: EDUFRN, 2007. p. 73 – 93.