Anais: Interações pedo-geomorfológicas
SOLOS E VEGETAÇÃO: INTER-RELAÇÕES NA PAISAGEM DA BACIA DO RIO SAPUCAIA – JAPARATUBA-PIRAMBU/SE
AUTORES
Dias dos Santos, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE/DGE) ; de Souza Alves, N.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE/DGE) ; Bispo Valenzuela, G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE/DGE) ; dos Santos Santana, F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE/DGE) ; Pinheiro dos Santos, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE/DGE)
RESUMO
Este estudo,fundamentado nos princípios sistêmicos, objetiva
analisar as inter-relações entre solo e vegetação na bacia do rio Sapucaia. Na
área constata-se forte interação entre solo e vegetação, resultado das
características texturais dos solos, associadas à topografia e clima. As formações
vegetais Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga e vegetação
higrófila ocorrem, respectivamente, sobre as seguintes classes de solos –
ARGISSOLOS, NEOSSOLOS e GLEISSOLO
PALAVRAS CHAVES
Paisagem; Solo e vegetação; Bacia do rio Sapucaia
ABSTRACT
This study is based on systemic principles and aim to analyze the interrelations
between soil and vegetation in the region of Sapucaia river’s bay. At this area
there is a strong relationship between soil and vegetation, a result of textural
characteristics of soils, associated with topography and climate. The vegetations:
Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado and Restinga, and higrófila vegetation
can be found, respectively, on the following classes of soils -Ultisols, Entisols
and Gleysols
KEYWORDS
Landscape; soil and vegetation; river basin Sapucaia
INTRODUÇÃO
A paisagem é resultante da interação dinâmica entre os elementos naturais,
dentre os quais se destacam, principalmente, a topografia, a vegetação e os
solos. O clima constitui o elemento fundamental na condução das alterações de
todo o sistema ambiental.
O solo constitui um elemento importante na formação das paisagens, pois fornece
suporte e nutrientes para o desenvolvimento da vegetação. Por outro lado, os
elementos da dinâmica atmosférica atuam sobre as feições morfológicas,
contribuindo para a definição de características que permitem individualizar
cada classe de solo.
A vegetação, por conseguinte, possui intensa relação com o solo, uma vez que
contribui para a sua fertilidade, com adição de matéria orgânica, além de
proteger o solo do efeito splash e outros processos morfogenéticos, controlando
a intensidade da ação dos processos erosivos, que podem ser gerados a partir da
ação do escoamento superficial.
A paisagem da bacia do rio Sapucaia está submetida a um clima subúmido e é
caracterizada geomorfologicamente pelos Tabuleiros Costeiros e Planície
Costeira. Estas unidades apresentam associações de solos, sendo predominantes as
classes dos ARGISSOLOS AMARELOS e VERMELHO-AMARELOS, NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS e
GLEISSOLOS HÁPLICOS, sobre as quais se desenvolvem as formações vegetais –
Floresta Estacional Semidecidual, Restinga, manchas de Cerrado e espécies da
Caatinga.
Dentro do contexto sistêmico de Bertrand (2004), essas inter-relações entre os
elementos da paisagem associadas ao componente antrópico define um Geossistema.
Dessa forma, este modelo se aplica à análise do presente trabalho que propõe o
estudo das inter-relações entre solos e vegetação na paisagem da bacia do rio
Sapucaia – Japaratuba – Pirambu/SE.
MATERIAL E MÉTODOS
A bacia do rio Sapucaia possui uma área de 68,7km², inserida parcialmente nos
municípios de Pirambu e Japaratuba. Ela integra o grupo GC-1, de pequenas bacias
costeiras cujos rios deságuam no oceano Atlântico, sendo uma unidade de
Planejamento (UP3) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos de Sergipe.
As análises deste estudo foram fundamentadas nos pressupostos sistêmicos
(BERTRAND, 2004; CHRISTOFOLETTI, 1999). Seguindo essa concepção buscou-se uma
forma mais apropriada para entender a dinâmica das interações entre os
condicionantes da paisagem.
Para a realização deste estudo, foi efetuado o levantamento bibliográfico e
cartográfico, tendo sido utilizados: o Mapa topográfico, folha Japaratuba
(SC.24-Z-B-V), escala 1:100.000 (SUDENE, 1974); Atlas do estado de Sergipe,
mapas com escala 1:500.000 (UFS, 1979); mapas temáticos e texto do Projeto
RADAMBRASIL (BRASIL, 1983); texto e mapa da Geologia e Recursos Minerais do
Estado de Sergipe, escala 1:250.000 (SANTOS; MARTINS; NEVES; LEAL, 1998); Mapa
de solos da folha Japaratuba (SC.24-Z-B-V), escala 1:100.000 (LOPES; OLIVEIRA
NETO, 1999).
Também foram realizadas pesquisas, para coleta de dados e informações, junto a
órgãos públicos como SEPLAN/SE (Secretaria de Estado de Planejamento), SRH
(Secretaria de Recursos Hídricos), EMBRAPA/SE (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Tabuleiros Costeiros), CODISE (Companhia de Desenvolvimento
Industrial e Recursos minerais de Sergipe) e CEMESE (Centro de Meteorologia de
Sergipe), além de trabalhos de campo. A análise do clima foi efetuada apenas com
base nos dados de temperatura e pluviosidade da estação meteorológica do
município de Japaratuba, uma vez que Pirambu não possui estação meteorológica.
A análise dos materiais permitiu a elaboração de um mapa pedológico e de um mapa
de formações vegetais originais, que facilitaram a compreensão das inter-
relações entre estes elementos da paisagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área deste estudo caracteriza-se por apresentar as litologias – Formações
Superficiais Continentais representadas pelo Grupo Barreiras; Depósitos eólicos
litorâneos atuais; Depósitos eólicos continentais; Depósitos terraços marinhos e
Depósitos flúvio-lagunares (SANTOS; MARTINS; NEVES; LEAL, 1998), que se associam
a duas unidades geomorfológicas – Tabuleiros Costeiros ou Planície Costeira,
sobre as quais se desenvolveram diferentes classes de solos.
O clima na bacia do rio Sapucaia corresponde ao tipo subúmido, caracterizado por
apresentar de quatro a cinco meses de deficiência hídrica no verão e bom
excedente de chuva no outono-inverno. Tais características interferem na
dinâmica hídrica do solo e consequentemente, se reflete sobre as formações
vegetais.
A análise do balanço hídrico indicou que os solos começam a perder água a partir
de novembro e esta condição se estende até março, caracterizando o período de
deficiência hídrica. E que a partir do mês de abril até agosto registra-se o
período de excedente hídrico – período onde se registra o maior índice
pluviométrico.
As características desse clima interferem no metabolismo do conjunto florístico
da área, que durante o período mais seco perdem as folhas, adaptando-se a
deficiência hídrica. Além disso, constata-se a redução do nível das águas dos
riachos que drenam a área e da ação do intemperismo químico, que se torna menos
atuante.
Com base nas análises dos mapas de solo e observações em campo, pode-se observar
que as principais classes de solos encontradas nesta área são os ARGISSOLOS,
NEOSSOLOS e GLEISSOLOS, que ocorrem associados a outras classes.
Os ARGISSOLOS caracterizam-se por apresentar contraste textural e má drenagem.
Na área de estudo esta classe encontra-se representada pelos ARGISSOLOS AMARELOS
Distróficos e ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos em associação com
NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS (ALVES, 2010). Eles predominam nas áreas de vertente
ocupadas pela Floresta Estacional Semidecidual, apresentando-se fortemente
degradada em razão da ação antrópica – cultivos e áreas de pastagens.
A classe dos NEOSSOLOS, correspondente a solos pouco desenvolvidos, está
representada pelos NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Órticos, associados aos ESPODOSSOLOS
FERRIHUMILÚVICOS Hidromórficos e aos ARGISSOLOS AMARELOS Distróficos (ALVES,
2010), ocorrendo em topo tabulares com espraiamentos arenosos. A vegetação
típica sobre estes solos são Cerrado e Restinga, em alguns setores antropizado –
devido à atividade mineradora.
Os GLEISSOLOS compreendem uma classe de solos hidromórficos, que se encontra em
ambientes periodicamente ou permanentemente saturados por água. Na área estudada
está representado pelo GLEISSOLOS HÁPLICOS Ta Eutrófico que ocorrem em
associação com os ORGANOSSOLOS HÁPLICOS e com NEOSSOLOS FLÚVICOS (ALVES, 2010).
Estes solos encontram-se nas depressões da planície de inundação e lagoas,
apresentando vegetação hidrófila ou higrófila.
Sobre as morfologias da Planície Costeira a vegetação de Restinga é predominante
nos topos das dunas, contribuindo para reduzir a mobilidade dos sedimentos.
Enquanto nos terraços marinhos verificam-se apenas gramíneas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do estudo das inter-relações dos solos e vegetação numa bacia
hidrográfica reside no fato de permitir compreender a dinâmica do sistema
ambiental de modo integrado, evidenciando a paisagem como um produto resultante da
interação dos elementos que compõem a dinâmica natural.
O clima é reconhecido como fator condicionante para todos os elementos da dinâmica
ambiental, na área da bacia do rio Sapucaia. Portanto, a diversidade de formações
vegetais que ocorrem são influenciadas principalmente pelas características dos
tipos de solos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Coordenação de Pesquisa (COPES) da Universidade Federal de Sergipe pela
oportunidade de acesso à bolsa do Projeto de Inclusão e Iniciação Científica
(PIIC).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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