Anais: Interações pedo-geomorfológicas
INTEGRAÇÃO DE DADOS PEDO-GEOMORFOLÓGICOS COMO SUBSÍDIO AO MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL, ATRAVÉS DE SIG, NO MUNICÍPIO DE CARUTAPERA – ESTADO DO MARANHÃO
AUTORES
Ponte, F.C. (UFPA) ; Furtado, A.M.M. (UFPA)
RESUMO
O trabalho pretende contemplar a distribuição dos aspectos obtidos sobre o meio
físico integrando a Geologia, Geomorfologia, Solos e Vegetação/uso através da
ferramenta cartográfica. Envolve a análise e representação das unidades pedo-
geomorfológicas para a concepção de um estudo geoambiental, através do Sistema de
Informações Geográficas, referendadas com trabalho de campo. A integração desses
dados enseja a avaliação das potencialidades e limitações detectadas no município
de Carutapera - MA
PALAVRAS CHAVES
Pedo-geomorfologia; geotecnologias; mapeamento ambiental
ABSTRACT
The work intends to address the distribution of points obtained on the physical
environment, integrating Geology, Geomorphology, Soils, Vegetation through the
cartographycal tool. Involves the analysis and representation of the pedo-
geomorphologycals unities for the conception of a study geoenvironmental, by the
system geographic information (SIG), referring works in field. The integration of
these datas gives rise to the valuation of the potentiality and limitation
detected on city Carutapera.
KEYWORDS
pedo-geomorphology; geotechnology; environmental mapping
INTRODUÇÃO
A necessidade do levantamento de questões relacionada ao meio físico, no que
tange ao seu uso e ocupação, vem a merecer uma abordagem interdisciplinar
integrada, que visa detectar possíveis problemas ambientais em vários municípios
brasileiros. São áreas com limitações do seu potencial natural, resultando num
aglomerado de aspectos que se tornaram inaproveitados, ora pela falta de um
planejamento adequado ou ignorado, por desconsiderar onde as vocações do terreno
não são respeitadas, fato este que vem acorrendo em diversas áreas municipais,
nas quais não existe uma preocupação com a preservação ou conservação do solo.
O trabalho em foco apresenta um estudo preliminar sobre impactos ambientais no
município de Carutapera, na mesorregião do oeste Maranhense, na fronteira com o
estado do Pará, tendo por limite oeste o rio Gurupi.
É um município que apresenta uma das maiores extensões de mangue do estado do
Maranhão, a qual possui cerca de 30 Km de extensão.
A área possui características físicas da zona costeira a qual constitui uma
continuidade da unidade de relevo conhecida como das reentrâncias paraenses-
maranhenses, cuja geologia local é representada por depósitos quaternários de
pântanos e manguezais além de aluviões holocênicos as margens do rio Gurupi.
Possui ainda sedimentos terciários do grupo Barreiras além de litologias
correspondentes a suítes intrusivas do Pré-cambriano.
Á área de mangue se insere nas planícies fluviomarinhas, as margens da qual se
instalou o sítio urbano da cidade, desenvolvendo-se depois para o sul sobre os
tabuleiros do grupo Barreiras e pelas áreas de dissecação colinosa de topos
convexos que constituem os trechos mais elevados do município.
Em relação aos solos, estão presentes o Gleissolo, o Latossolo amarelo, os
Plintossolos e os Argissolos vermelho-amarelo.
O clima tropical equatorial úmido apresenta temperatura média de 28°C e
pluviosidade anual de 2000 mm.
MATERIAL E MÉTODOS
A caracterização pedo-geomorfológica e geambiental se deu através do cruzamento
de temas (geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação/uso), utilizando-se
produtos de sensoriamento remoto, o que possibilitou um refinamento e a redução
da escala de 1:250.000 para 1:100.000.
Inicialmente realizou-se levantamento bibliográfico das condições fisiográficas
da área, para alimentar o banco de dados com informações dos aspectos físicos e
sócio-econômicas, que subsidiaram à elaboração do produto final.
Para a análise geoambiental, integrando aspectos físicos e uso potencial e
atual, foi feito a priori um levantamento geomorfológico, cujas unidades de
relevo foram detalhadas através do MDE (SRTM), o qual gerou
dados morfométricos (amplitude altimétrica, dimensão interfluvial e
declividade), que aliados ao tema de pedologia tornaram possível à
caracterização pedo-geomorfológica, gerando subsídios ao mapeamento
geoambiental, através do cruzamento com os demais temas trabalhados.
Os critérios basearam-se na definição de áreas homogêneas, tendo como base
referencial as classes de relevo, aliada a estrutura litológica, que somadas aos
demais temas (solos, vegetação/uso), proporcionou a seleção de atributos
inerentes a cada unidade geoambiental.
A criação do banco de dados, partiu da carta planialtimétrica - DSG, incluindo
os temas supracitados (IBGE), além de produtos orbitais (MDE-SRTM e imagem
Landsat-222061/26062010), referenciado ao SAD69 e projeção UTM.
A partir do MDE gerou-se o mapa hipsométrico, o qual subsidiou a mensuração dos
elementos morfométricos e a definição das classes de relevo.
O mapa de uso foi elaborado a partir da interpretação da imagem
landsat, que aliada as classes do layer do IBGE, resultou em um dado mais
refinado.
O cruzamento se deu através da extension spatial analyst do software ArcGis, que
a princípio converteu os temas para modelo raster e depois os integrou através
da ferramenta raster calculator, gerando assim o mapa geoambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização Pedo-geomorfológica:
Considerando a importância da Geomorfologia como integradora dos demais aspectos
fisiográficos, foi possível mapear a distribuição dos solos e relacioná-los as
compartimentações do relevo, definindo as seguintes zonas:
1 – Planície Fluviomarinha: Corresponde aos sedimentos trazidos pelo mar que se
associam aos fluviais, com relevos planos e interflúvio superior a 5.000 m,
sendo colonizada por extensas zonas de mangues, com predominância dos gleissolos
sálicos.
2 – Planície de Terraço: Localiza-se acima da várzea fluvial do rio Gurupi com
cotas de 5 a 10 m, ocorrendo sobre relevo plano. Apresentam sedimentos aluviais
provenientes do Quaternário, com a presença dos gleissolos tiomórficos.
3 – Tabuleiros Aplanados: Constituído por sedimentos terciários da formação
Barreiras, com cotas entre 15 a 30 m, onde predominam os Latossolos amarelo. O
relevo é plano com declive inferior a 2%.
4 – Áreas Inundáveis: São trechos que se encontram sob diferentes regimes de
inundação. Correspondem aos campos inundáveis de formação pioneira, constituído
por material areno-argiloso.
5 – Pediplanos: São áreas aplanadas, pouco entalhadas, contemporâneas a
períodos áridos do Pleistoceno, onde o clima atual tende a dissecá-los,
predominando os Plintossolos. Apresentam relevo relativamente plano com declive
entre 2 a 5%, distribuídos em dois níveis (conservados e rebaixado), com cotas
entre 20 a 40 m.
6 – Áreas Colinosas: São as de maior altimetria, apresentando áreas de rocha
intrusiva. Predominam os Argissolos, por vezes associados aos Plintossolos.
Ocorrem em relevo relativamente ondulado com declive entre 5 a 15%.
Mapeamento Geoambiental:
O cruzamento de informações do uso com as unidades do relevo mostrou a
individualização de áreas relativamente homogêneas que revelaram a diversidade
da paisagem, o que possibilitou a definição de 08 classes geoambientais:
CLASSE I – Refere-se às Planícies Fluviomarinhas e Fluviais, com uma área total
de 38.795 ha. A paisagem é de topografia plana sendo recomendadas a preservação,
em face da sua vulnerabilidade. Esta unidade refere-se às áreas que ainda
apresentam-se preservadas, equivalendo a 30.575 ha.
CLASSE II – Corresponde as áreas antropizadas, formadas por pastagens e
vegetação secundária, detectadas tanto nas planícies de terraços, como nas
planícies fluviomarinhas, perfazendo um total de 6.080 ha.
CLASSE III – Apresenta ora influência de água doce ora de água salgada, estando
sujeito aos regimes de inundação, com área de 624,00 ha, da qual 260,00 ha
correspondem a pastagem e regeneração. São áreas que apresentam elevadas
restrições, em vista de seu regime hídrico e do seu caráter textural.
CLASSE IV – Refere-se ao relevo pediplanado, com área de 40.393 ha, distribuídos
em dois níveis. Apresenta um relevo suavemente ondulado, com declive não
superior a 5%, caracterizando-se pela presença de
fragmentos de floresta, estes com uma área de 14.790 ha. Esta classe apresenta
uma maior vocação para a pecuária em detrimento da agricultura, em face do
concrecionamento existente.
CLASSE V – Corresponde as áreas antropizadas localizadas nas unidades
pediplanadas, apresentando uma área de 24.500 ha, da qual 14.540 ha corresponde
a pecuária.
CLASSE VI – Refere-se a áreas planas da formação barreiras, com ocorrência de
solo exposto que inclui a área urbana de Carutapera, detendo uma área de 8.855
ha. Tal unidade apresenta-se intensamente antropizada, por estar inserida na
área de expansão urbana.
CLASSE VII – Contempla setores mais elevados, com uma topografia suave ondulada
a ondulada, topos convexos, totalizando uma área de 23.670 ha, com elevações
não superiores a 70 m. Esta unidade caracteriza-se pela presença de poucos
fragmentos florestais, equivalentes a 7.800 ha.
CLASSE VIII – Corresponde também às áreas colinosas, sendo caracterizadas por
atividades de intenso antropismo, perfazendo uma área de 15.800 ha, da qual
9.150 ha é pecuária.
Figura 01
Mapa pedo-geomorfológico do município de Carutapera,
estado do Maranhão.
Figura 02
Mapa geoambiental do município de Carutapera, estado
do Maranhão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mapeamento permitiu detectar como se comportam as unidade ambientais em suas
relações de geologia, relevo, solo e vegetação/uso. Os Gleissolos devem ser
preservados apesar de que as áreas de mangue já começam a ser afetadas, o que vem
sucedendo nas áreas contiguas no litoral do Pará e ilha do Maranhão. Em relação
aos plintossolos, estes sugerem uma menor utilização considerando suas limitações
para atividades agrícolas, em razão da intensa presença de concreções e
consequentemente pela sua má drenagem, sendo sua utilização recomendada, se
consideradas as devidas restrições, para a pecuária. Quanto aos Latossolos e
Argissolos, estes apresentam um relativo potencial que pode ser aproveitado tanto
para agricultura quanto para pecuária, desde que haja a implementação de técnicas
adequadas, principalmente nas unidades que apresentem ocorrência de concreções e
relevos com declividades relativamente acentuadas, a exemplo principalmente dos
Argissolos, que ocorrem em relevo mais ondulado.
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