Anais: Geomorfologia costeira
DINÂMICA COSTEIRA: O CASO DAS DUNAS DO LITORAL DE SÃO LUÍS - MA.
AUTORES
Silva, A.N. (UFMA) ; Rocha, P.N. (UFMA) ; Silva, S.S. (UFMA)
RESUMO
Em São Luís hoje já se somam mais de 1.000.000 de habitantes, com uma parcela de
alto poder aquisitivo. Nesse sentido, construtoras e grandes empreendimentos estão
instalando edifícios e obras públicas no litoral do município afetando o
ecossistema local, além das áreas de duna, foco do estudo. O trabalho tem o
intuito em abordar as principais transformações ocorridas nos aspectos sócio-
espaciais e ambientais do litoral de São Luís, em particular das dunas que cercam
boa parte da mesma.
PALAVRAS CHAVES
Dunas; Ecossistema; Litoral
ABSTRACT
In São Luís today already have more than 1,000,000 inhabitants, with some of them
in high purchasing power. In this sense, construction companies and large
enterprises are installing buildings and public works on the coast of the city
affecting the local ecosystem, beyond the dune areas, the focus of study. The work
is intended to address the main changes in the socio-spatial and coastal
environment of São Luís, in particular the dunes that surround much of the same.
KEYWORDS
Dunes; Ecosystem; Coast
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda as principais transformações ocorridas nos aspectos
sócio-espaciais e ambientais do litoral de São Luís, em particular das dunas que
cercam boa parte da mesma. Tendo em vista o desenvolvimento de atividades que
modificam o ambiente natural, tais ações provocam uma série de agravantes
sociais e ambientais, como o risco a perda da biodiversidade, do movimento
natural migratório das dunas além do risco em que prédios de alto padrão possam
ser atingidos futuramente pelas dunas.
As dunas possuem significativa mobilidade, sendo ocasionados pela direção dos
ventos, além de alguns casos, substituir alguma formação geológica ou
ecossistema. Segundo Souza (2008), genericamente, as dunas costeiras ocorrem
onde existe grande suprimento de sedimentos arenosos, ventos constantes capazes
de selecionar e mover as areias e um local apropriado onde estas podem se
acumular. São regiões que possuem alta demanda do turismo, além de ser palco de
moradias, torando-se um agravante para os mesmos, pelo fato das dunas serem
tanto moveis quanto fixas.
Reportando-se a questão da capital maranhense, o que se percebe hoje é que o
litoral de São Luís está vivenciando a época do seu maior auge especulativo, em
que prédios de alto padrão instalam-se naquela região, vizinhas as áreas de
dunas, tendo suas licenças de construção concedidas pelo órgão municipal,
permitindo danos ao ambiente físico natural. Fazem-se necessárias atitudes que
possibilitem maior fiscalização dos gestores públicos a respeito das
construtoras que permitem a instalação de empreendimentos imobiliários em área
de proteção ambiental da cidade de São Luís.
Sendo assim, este trabalho científico aborda de que forma a ação do homem
impacta socialmente, ambientalmente além do espaço sendo as dunas o foco do
estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Para realização do presente trabalho destacam-se como atividades importantes:
levantamento de material bibliográfico concernente a trabalhos já realizados sobre
a presente área de estudo, seleção e consulta de material cartográfico que serviu
de subsídio à pesquisa, realização de trabalhos de campo objetivando a observação
direta in loco a fim de conhecer melhor a realidade do local, detectando os
principais processos responsáveis pela mudança na paisagem e os agentes atuantes
no litoral de São Luis – MA e levantamento fotográfico, cujas imagens
fundamentaram diversas discussões e percepções aqui apresentadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O litoral ludovicence, composta pelas seguintes praias denominadas de Olho D’
água, Litorânea, Calhau, Caolho, Praia do Meio, Ponta d’areia, São Marcos além
da Região Metropolitana. Possui 32 km² de extensão. É banhado pela Baía de São
Marcos e pelo Oceano Atlântico. (Secretaria de Turismo Municipal).
O clima de São Luís caracteriza-se em ser tropical, quente e úmido. As maiores
concentrações pluviométricas ocorrem de janeiro a julho, sendo o triênio
fevereiro-abril o mais chuvoso do ano, apresentando média de 444,96mm no mês de
março e, a menor média no mês de setembro (11,44mm). O clima da região se
caracteriza, fundamentalmente, por apresentar um período de chuvas bem definido,
nos meses de janeiro a julho, e outro seco no restante do ano (SEMOSP – São
Luís).
De acordo com Santos (2010), na praia da Ponta d’areia as Dunas que se
apresentam quase sempre desprovidas de vegetação. Essas formações datam do
período Quaternário, constituídas predominantemente por areia fina e muito fina
de coloração embranquecida, o que facilita o seu deslocamento sob efeito eólico.
Durante a baixa-mar aparecem os afloramentos rochosos em alguns pontos da praia.
De acordo com Guerra apud Santos (2010, p. 03):
Afloramento é qualquer tipo de exposição de rochas na superfície da Terra. Na
área de estudo é evidente a presença desse tipo de afloramento. Estes se
apresentam intemperizados por dissolução química e oxidação (intemperismo
químico) e intemperismo do tipo trincamento das rochas provocado pela variação
de temperatura e o choque das ondas (intemperismo físico). Por outro lado, os
organismos biológicos (tapete algário, cracas e ostras) se apresentam como
agentes protetores das rochas.
De acordo com os resultados obtidos além das visitas à campo, a cada ano, se
observa acréscimos da especulação imobiliária e isso vem a refletir em vários
aspectos negativos, como o contraste social em que a classe de alto padrão
dividem o mesmo espaço com a classe de menor poder aquisitivo, demonstrando a
falta de planejamento e gestão além de retratar um cenário bem conhecido do
Brasil, a distribuição irregular das riquezas produzidas.
Os grandes investimentos na infraestrutura no local é um dos grandes percalços
para a mudança na paisagem. De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental da
gestão municipal de São Luís (RIMA), o prolongamento da Avenida Litorânea (que
abrange as áreas de dunas) iniciará após o final da mesma, na praia do Calhau,
início da pavimentação existente, na praia do Olho d’Água. Portanto, percebe-se
que áreas de dunas nativas irão ser extintas para prolongar uma via e desafogar
outras avenidas da região (figura 1).
Prolongamento Av. Litorânea
Inicio dos trabalhos para prolongamento da Av.
Litorânea em São Luís.
Fonte: Jornal Imparcial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que há necessidade de um estudo mais aprofundado com nível de
detalhamento que possibilite maior precisão quanto às irregularidades
estabelecidas através de processos antrópicos modificam a paisagem tendo em vista
a migração das dunas na área analisada. O litoral ludovicense está marcado por
fortes contrastes sociais, como a ocupação desordenada chegando às dunas com
construções imobiliárias, estruturas urbanas como shoppings, motivam a especulação
imobiliária voltada às classes de poder aquisitivo maior da sociedade que se
sobrepõe contra as classes menos favorecidas que habita o mesmo espaço. Assim,
tais atividades geram uma série de impactos ambientais destacando-se: o lançamento
in natura de esgoto tornando o banho impróprio, com níveis auto de coliformes
fecais acima do uso permitido, desmatamento da vegetação litorânea e a construção
de edifícios afetam o processo de transporte de sedimentos eólicos provocando
desequilíbrios na estabilidade da linha de costa.
AGRADECIMENTOS
Aos professores da Universidade Federal do Maranhão, Jorge Hamilton e Ellen por
terem concedido apoio técnico e científico na elaboração deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
Projeto de Prolongamento da Avenida Litorânea e da Duplicação e Prolongamento das Ruas das Cegonhas até a Litorânea, em São Luís – MA.
http://www.saoluis.ma.gov.br/custom_files/File/projeto_ampliacao_litoranea/RIMA/RIMA.pdf
SILVA, Simone Cristina de Oliveira. SALES, Vanda Carneiro de Claudino. processos morfodinâmicos na praia da ponta d’areia: uso de espaços litorâneos e impactos ambientais. Universidade Federal do Ceará.
AB’SABER, A. N. Contribuição a Geomorfologia do Estado do Maranhão. Notícia
Geomorfológica. Campinas: Departamento de Geografia da Unicamp, 3 (5): abr.1960.p35/40.
FEITOSA, A.C. e CHRISTOFOLETTI, A. A caracterização geomorfológica das praias do litoral norte do município de São Luís-MA. In: Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 5. São Paulo, 1993.p231/236.
SANTOS, J. H. S. Lençóis Maranhenses atuais e pretéritos: um tratamento espacial. Tese de Doutorado. UFRJ, 2008.
SANTOS, Luiz Eduardo Neves dos. Problemas ambientais urbanos: uma radiografia do espaço ludovicense. Ano 05 - Nº 16 - Junho de 2010. Disponível: http://www.territoriogeograficoonline.com.br/site/?modulo=mat&chave=1831&mod=Artigos%20Cient%EDficos. Acesso: 12/06/2012.
Secretaria Municipal de Turismo. Disponível em: http://www.saoluis.ma.gov.br/setur